Discurso durante a 154ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da exploração sustentável da Amazônia com a geração de emprego e renda para as populações locais.

Autor
Telmário Mota (PROS - Partido Republicano da Ordem Social/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MEIO AMBIENTE:
  • Defesa da exploração sustentável da Amazônia com a geração de emprego e renda para as populações locais.
Publicação
Publicação no DSF de 04/09/2019 - Página 20
Assunto
Outros > MEIO AMBIENTE
Indexação
  • DEFESA, EXPLORAÇÃO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, REGIÃO AMAZONICA, MEIO AMBIENTE, EMPREGO, RENDA.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR. Para discursar.) – Sr. Presidente, Senador Lasier, do Rio Grande do Sul; Senador Plínio, de Manaus, do Amazonas; Senador Kajuru, de Goiânia, Goiás; Srs. Senadores, Sras. Senadoras, telespectadores e telespectadoras da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, nos últimos dias, muito se falou, Senador Kajuru, sobre a Amazônia.

    Num intervalo curto de tempo, surgiram especialistas, Senador Plínio, de toda a ordem: ambientalistas, agricultores, cientistas etc; de todos os lugares do mundo, noruegueses, franceses americanos; com os mais elevados títulos acadêmicos, mestres, doutores, pós-doutores. Cada um, com uma proposta mais sofisticada do mundo. Todos foram consultados.

    Só se esqueceram de perguntar a quem realmente conhece a Amazônia, a quem nasceu e se criou na beira do rio, a quem dedicou toda uma vida à floresta. Ninguém teve a coragem de perguntar, Senador Kajuru, aos amazônidas qual a sua solução para a Amazônia, Senador Plínio.

    Nas maiores universidades e bibliotecas do mundo, nos centros de tecnologia da Nasa, é muito fácil dizer o que deve ser feito com a Amazônia. É muito simples dizer que a floresta tem de ser preservada.

    Difícil é ir além do discurso ambientalista barato e encontrar soluções concretas para as necessidades reais de sobrevivência das mais de 20 milhões de pessoas que vivem nessa região, pessoas essas que, apesar de viverem no pedaço de terra mais rica do mundo – com depósito de ferro, manganês, alumínio, cobre, zinco, níquel, cromo, titânio, fosfato, ouro, prata, platina, paládio, ródio, estanho, nióbio, tântalo, zircônio, terras raras, urânio e diamante –, são extremamente pobres.

    Não se engane, Senador Kajuru, não se engane. Não são madeireiros, garimpeiros que fazem pressão sobre a floresta. O que faz pressão sobre a floresta é a pobreza, é a fome, é a miséria desses 20 milhões que moram ali naquela terra brasileira. São os amazônidas. Nenhum amazônida derruba um pé de árvore simplesmente porque quer. Derruba porque necessita alimentar-se, alimentar sua família. Nenhum ribeirinho vai para o garimpo porque quer. Vai porque é a única possibilidade de ganhar o dinheiro dele.

    Só encontraremos uma solução definitiva para a preservação da Amazônia quando pararmos de tapar os olhos para essa realidade e enfrentarmos esse problema.

    Prova de que nunca enfrentamos os desafios da Amazônia com a seriedade que eles exigem é que nunca foi desenvolvida no Brasil uma política de Estado para a Amazônia.

    Durante o período militar, houve um planejamento que resultou na Zona Franca de Manaus, terra do Senador Plínio, e em algumas obras de infraestrutura na região.

    Mas isso já se perdeu, como a Transamazônica. Foi descontinuado. Já passou da hora de olharmos para a Amazônia e principalmente para os amazônidas com a atenção que eles merecem.

    A região amazônica brasileira é a última fronteira natural com alto potencial econômico a ser explorada no mundo. A biodiversidade, o conhecimento dos povos nativos sobre o uso farmacológico da flora, a diversidade da fauna, a capacidade florestal de contribuir para a estabilização do clima, regime natural de regulação de precipitações hídricas do Planeta, o volume fantástico de água doce, os minérios, são bens de interesse econômico mundial e que devem ser, Senador Kajuru, explorados em prol do Brasil, em especial dos que vivem na região.

    Precisamos, Srs. Senadores e Senadoras, desenvolver ferramentas que transformem todo esse potencial econômico em emprego, em renda para as milhares de pessoas que precisam da floresta para sobreviver com prosperidade para um povo que só conhece a miséria, a miséria imposta por políticas erradas.

    Nesse sentido, pergunto aos Srs. e Sras. Senadoras, por que não explorarmos de forma sustentável o petróleo, o gás natural na Amazônia? Por quê? Zinco e chumbo no norte do Mato Grosso? Cobre no Amapá? Ferro no Pará? Estanho e tântalo em Rondônia? Ouro, diamante, petróleo e nióbio em Roraima, o Estado mais pobre do Brasil? O País está de costas para o nosso Estado, que paga hoje o custo da migração venezuelana, e paga sozinho – e paga sozinho. Por que não salvar as futuras gerações de brasileiros que vivem na Amazônia? Por que não levarmos educação para essas crianças, Senador Plínio, da nossa região? Por que não levarmos saúde para os enfermos? Para agradar ambientalistas e nações que pouco se importam conosco?

    Ora, o Presidente da França não salvou uma igreja do fogo e quer salvar a Amazônia? Demagogo! Está em baixa a sua popularidade, péssimo gestor, metendo-se onde não é da conta dele. A Amazônia é dos brasileiros e dos brasileiros sofridos, maltratados, que estão miseráveis, que estão passando fome, necessidades, porque estão sentados na terra mais rica do mundo e não podem explorá-la de forma sustentável.

    É possível fazer tudo isso com respeito à nossa legislação ambiental, com respeito ao meio ambiente e à cultura tradicional. Precisamos acabar com a falsa percepção de que não é possível explorar os potenciais econômicos de forma sustentável. Bem menos de 5% da Amazônia é suficiente para resolver todos os problemas socioeconômicos da região e ainda sobrariam 95% para a contemplação ambientalista.

    Apenas a título de exemplo, na década de 70, a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM)...

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – ... Serviço Geológico do Brasil, descobriu na região da Cabeça do Cachorro, na reserva biológica do Morro dos Seis Lagos, no Amazonas, terra do Senador Plínio, um total de minério estimado na reserva de cerca de 2,89 bilhões de toneladas de nióbio – 2,89 só numa reserva indígena. Se nós vendermos no mercado cada tonelada dessa por US$15 milhões, nós vamos sair de um PIB hoje de 3% porque é o PIB brasileiro hoje no mundo é 3% – para 37%. É isto que eles não querem: que o Brasil saia da colônia, de uma terra de consumidores para uma terra do desenvolvimento da produção.

    Portanto, Srs. Senadores e Sras. Senadoras, estamos literalmente deitados em berço esplêndido, literalmente. Os povos da Amazônia não querem privilégios, não querem destruir a floresta; só querem usufruir da sua própria riqueza, riqueza essa que nos foi negada. Impuseram-nos voto de pobreza e miséria goela abaixo, sem ao menos perguntar o que queríamos. Só agora, décadas depois, estamos criando coragem de questionar.

    Finalizando, povos da Amazônia, Governo Federal, sociedade civil, todos aqueles que querem um futuro próspero para a Amazônia, contem com este Senador na defesa de seus interesses. Amazônia para os amazônidas.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/09/2019 - Página 20