Discurso durante a 170ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Posicionamento contrário ao Projeto de Lei nº 5.029/2019, que prevê alterações na legislação eleitoral, a exemplo do aumento dos recursos do Fundo Partidário.

Anúncio da apresentação de projeto de lei que estabelece novos parâmetros para a constituição do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha.

Críticas ao Ministro do STF Gilmar Mendes.

Autor
Jorge Kajuru (PATRIOTA - Patriota/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Posicionamento contrário ao Projeto de Lei nº 5.029/2019, que prevê alterações na legislação eleitoral, a exemplo do aumento dos recursos do Fundo Partidário.
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Anúncio da apresentação de projeto de lei que estabelece novos parâmetros para a constituição do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha.
PODER JUDICIARIO:
  • Críticas ao Ministro do STF Gilmar Mendes.
Aparteantes
Eduardo Girão, Juíza Selma, Telmário Mota.
Publicação
Publicação no DSF de 18/09/2019 - Página 20
Assuntos
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Outros > PODER JUDICIARIO
Indexação
  • CRITICA, PROJETO DE LEI, OBJETIVO, ALTERAÇÃO, LEGISLAÇÃO, PROCESSO ELEITORAL, ENFASE, FUNDO PARTIDARIO, RECURSOS FINANCEIROS, PARTIDO POLITICO.
  • REGISTRO, APRESENTAÇÃO, PROJETO DE LEI, ALTERAÇÃO, REDUÇÃO, FUNDO PARTIDARIO, RECURSOS, DESTINAÇÃO, PROCESSO ELEITORAL, ELEIÇÕES, CAMPANHA.
  • CRITICA, MINISTRO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), GILMAR MENDES.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO. Para discursar.) – Eu fico feliz de saber que vou tê-lo como companheiro, como já o tenho aqui no Plenário.

    Em relação ao Senador Paim: tomara, amigo Paim, que seja verdadeira a palavra mágica "PEC paralela", porque o cheiro que eu tenho dela é de PEC balela.

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – Certo, Senador Telmário? Distante de mim há muito tempo, não sei por que... Está próximo do seu amigo Romero Jucá? Quando eu vejo o Romero Jucá aqui no Plenário, eu ponho a mão no bolso, quando ele vem aqui.

    Bem, começo assim com bom humor, porque – brasileiros e brasileiras, nossas únicas vossas excelências, meus únicos patrões, seu empregado público Jorge Kajuru – fui convidado pelo jornal digital O Antagonista a, em poucas palavras, definir o que pode – tomara não – acontecer aqui hoje, no Plenário deste Senado, terça-feira, 17 de setembro de 2019. Eu escrevi da seguinte forma: "Olha o caixa dois aí, gente!".

    Projeto de lei altera regras eleitorais e partidárias, amplia o uso do dinheiro público, esvazia os mecanismos de controle e dificulta a punição por irregularidades. Quer um exemplo? Doações para os candidatos usadas com advogados e com contabilidade ficarão fora da conta do teto de doação e gasto eleitoral – um crime! Já passou na Câmara, aprovado a toque de caixa, e pode ir à votação hoje, aqui no Senado. O Senado vai compactuar? – pergunto às senhoras e aos senhores. A Pátria amada vai aceitar?

    Imagine que estranha combinação: o fundo partidário aumenta mais de 100% para a eleição do ano que vem, e os partidos ainda ganham uma legislação amiga na hora de prestar contas. Para mim, Presidente Lasier, uma excrescência – excrescência! –, ou seja, mais gasto e menos controle, mais dinheiro público e menos controle.

    Deste tema já me ocupei duas vezes recentemente: o dinheiro público destinado aos partidos políticos. Só que hoje eu quero agregar um tema a ele relacionado: o projeto que altera regras eleitorais em discussão nesta Casa – na verdade, uma brecha para evitar o controle dos gastos partidários.

    Sobre o valor, a Comissão Mista de Orçamento do Congresso, que analisou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), sugeriu R$3,7 bilhões – isso para um país que financeiramente está milionário e economicamente é o melhor do mundo, em que não há desemprego. São quase R$4 bilhões – bilhões! – para gastança no ano que vem em eleições municipais. Depois, no Orçamento encaminhado pelo Executivo, o valor caiu para R$2,5 bilhões, com informação a posteriori de que houve engano e o correto seria R$1,8 bilhão. Mas, como em Brasília os ventos parecem soprar apenas em uma direção – a dos privilegiados –, volta a se falar nos iniciais R$3,7 bilhões, quase R$4 bilhões.

    Essa dinheirama equivale a mais que o dobro de R$1,7 bilhão destinado aos partidos para uso na batalha das urnas no ano passado, em que boa parte de nós fomos eleitos. E ainda há um detalhe: a distribuição vai ser, gente, por 21 partidos, e não mais para 35, como em 2018, no ano passado.

    Se o montante do fundo partidário passar mesmo de R$1,7 bilhão para R$3,7 bilhões, o reajuste será de 117%. No mesmo período, dois anos, o salário mínimo, que era de R$954, em 2018, passará a ser de R$1.039, em 2020, uma variação de 8%. O índice de aumento do fundo partidário dá 14 vezes o índice de variação do salário mínimo, fonte de sobrevivência da maioria massacrante da população brasileira. Quanta insensatez! Quanta insensatez! Quanta falta de consciência social!

    Mais vergonhoso do que isso só o Projeto de Lei 5.029, de 2019, que pode ser votado hoje nesta Casa, que altera as regras eleitorais e partidárias e amplia as brechas para o caixa dois, com diminuição da possibilidade de punição quando da ocorrência de irregularidades.

    Vamos a algumas mudanças que causam espanto.

    Na prestação de contas, o uso do SPCA, sistema eletrônico da Justiça Eleitoral, torna-se facultativo, o que permite a cada partido usar um modelo contábil diferente. Consequência: dificuldades para o controle das autoridades eleitorais e para a fiscalização pública por causa do fim da padronização. Mais uma: doações para os candidatos, usadas com advogados e contabilidade, ficarão de fora da conta do teto de doação e gasto eleitoral. Aí vale a pena lembrar de novo o Neguinho da Beija-Flor: "Olha o caixa dois aí, gente!". A proposta também amplia a possibilidade de uso do fundo partidário. Além dos gastos advocatícios e com contabilidade, ficam permitidos pagamentos de multas eleitorais e compra de sedes partidárias e de passagens aéreas para não filiados em casos de congressos, reuniões, convenções e palestras – tudo com dinheiro do público.

    Afora a questão da transparência, outras modificações introduzidas pelo projeto criam dificuldades para qualquer punição da Justiça no caso de mau uso do dinheiro público pelos partidos políticos. De acordo com o texto desta lei biltre – assim eu a defino –, uma legenda só poderá ser punida caso fique comprovado o dolo, ou seja, que o partido agiu com consciência de que estava...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – ... infringindo a lei, ou seja, o político faz a festança com o dinheiro do contribuinte e depois diz simplesmente o quê? "Ah, errei, não tive a intenção de malversar." Oras, bolas! E o pior: a regra vale, inclusive, para casos já em análise pelos tribunais e que não foram objeto de decisão definitiva. Senador Girão, é quase uma anistia. Senadora Selma, é anistia, literalmente. E o projeto vai além: prevê o perdão dos erros, desde que eles sejam corrigidos até o julgamento da prestação de contas. Quanta bondade! Eu quase choro. Que emoção!

    Existem muito mais aberrações, razão pela qual o projeto provocou repúdio de representantes de entidades como Transparência Brasil, Transparência Partidária e Contas Abertas. Chamou a atenção a celeridade com que o projeto de lei foi aprovado na Câmara Federal, no início deste mês de setembro, e a rapidez com que tentou votá-lo aqui no Senado, na quarta-feira da semana passada. Ainda bem que houve obstrução, e o assunto foi jogado para a pauta desta semana, com uma novidade: terá de passar pela Comissão de Constituição e Justiça antes de ser submetida ao Plenário.

    Vamos ver se, assim, se pautará a reunião dos Líderes daqui pouco.

    Finalizo perguntando: vamos prosseguir com esse desvario?

    Nós, a maioria eleita no ano passado, graças aos ventos da mudança, vamos votar uma lei que remete a um passado recente que o País quer sepultar? É justo colocar os contribuintes no lugar das empreiteiras? É justo colocar os contribuintes no lugar das empreiteiras e fazer uso sem controle do dinheiro destinado aos partidos políticos? Como vamos explicar tal desatino aos nossos filhos e familiares e aos nossos eleitores?

    Por um lado, mais do que duplicar o dinheiro para as eleições; por outro, afrouxar o controle dos gastos dos partidos na campanha. Para mim, isso tem um aspecto simbólico: é como escrever a palavra trouxa na testa de cada brasileiro.

    De minha parte, não quero esse dinheiro do contribuinte. Não fui eleito com ele. E, se a lei permitisse, doaria o meu quinhão para uma instituição séria. Fim.

    Passando das palavras à ação, informo que ontem protocolei projeto de lei para estabelecer novos parâmetros para a constituição do fundo partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha. O objetivo desse meu projeto é claro: reduzir a participação dos recursos públicos no financiamento dos partidos políticos e suas campanhas eleitorais de modo a abrir esforço para a arrecadação junto aos filiados, simpatizantes e eleitores. O projeto também prevê a possibilidade de devolução de recursos do fundo partidário ao Tesouro Nacional, o que hoje não é permitido, ao contrário do que ocorre com o fundo de financiamento de campanha. Meu projeto ainda propõe a redução do dinheiro para o fundo eleitoral, com redução de 30% para 10% do percentual de recursos do orçamento destinados ao atendimento das emendas de Parlamentares.

    Peço aos pares apoio para esse projeto de lei que apresentei sobre fundo eleitoral e rogo que deletemos esse projeto que dificulta a fiscalização do uso do dinheiro do público pelos partidos políticos. Seria uma demonstração de respeito à Pátria amada.

    Agradecidíssimo.

    O Sr. Eduardo Girão (PODEMOS - CE) – Senador Kajuru, o senhor me permite um aparte?

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – Com prazer, Senador Girão. É evidente.

    O Sr. Eduardo Girão (PODEMOS - CE. Para apartear.) – Em primeiro lugar, eu queria dizer da minha imensa alegria. Estava no gabinete agora, estudando umas matérias, e vi o seu pronunciamento, ouvi, a equipe também atenta, sobre a sua entrada no Podemos. E eu disse: olha, você vai me perdoar, eu vou correr ao Plenário, porque eu quero ser o primeiro, eu não sei se o Senador Lasier, eu saí correndo, não vi nem o que foi que o senhor falou depois.

    O SR. PRESIDENTE (Lasier Martins. PODEMOS - RS) – Fui o primeiro.

    O Sr. Eduardo Girão (PODEMOS - CE) – Foi o primeiro? (Risos.)

    Então, vou ser o segundo a dar os parabéns. Eu me sinto muito feliz em estar combatendo o bom combate com V. Exa. aqui.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – É recíproco.

    O Sr. Eduardo Girão (PODEMOS - CE) – A sua coragem é algo admirável. No meu Estado, no Estado do Ceará, o cearense tem muito respeito por V. Exa. E eu fico muito feliz, porque a gente vê um coração bondoso, uma pessoa que está querendo transformar o País, com muita ousadia no bem. Então, essa é a primeira parte desta minha consideração.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – Muito obrigado.

    O Sr. Eduardo Girão (PODEMOS - CE) – A segunda é sobre o seu lúcido pronunciamento sobre essa questão que nós vamos votar – espero que não hoje. Espero que seja cumprido o acordo de quarta-feira da semana passada. Todo o Brasil viu, todo o País assistiu a que foi feito um acordo aqui, de que primeiro teria que passar por uma Comissão, que foi definida a CCJ, e não passou ainda. Então, não houve essa deliberação da CCJ, e espero que não venha para o Plenário hoje à noite, porque o Podemos e outros partidos – e nós tivemos uma reunião hoje de um grupo chamado Muda Senado – já definiram que vão obstruir.

    A população brasileira...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Eduardo Girão (PODEMOS - CE) – ... graças a Deus, acordou, está acompanhando o que está acontecendo, está indignada, com razão, com legitimidade, sobre essa cama de gato. Eu digo que é uma cama de gato.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – Cama de gato.

    O Sr. Eduardo Girão (PODEMOS - CE) – Porque a cama é esse projeto absurdo, que tira a transparência completa num momento em que todo mundo quer transparência. O Brasil inteiro quer transparência. Ele tira. O gato vem depois. O gato é a questão da LDO, o fundão para aumentar 2 bilhões.

    Então, acredito que a sociedade não leve essa rasteira, não vai levar essa rasteira. Eu tenho certeza da sensibilidade aqui da maioria dos Senadores, que hoje ou amanhã vão rejeitar esse projeto.

    Eu queria, como terceiro assunto – peço perdão por estar me estendendo ao Presidente Lasier Martins –, perguntar-lhe, é uma pergunta que eu quero lhe fazer, que não está no seu discurso, mas ontem repercutiu muito a sua fala daquela tribuna...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Eduardo Girão (PODEMOS - CE) – ... falando sobre o depoimento do Ministro Gilmar Mendes à Folha de S.Paulo, numa entrevista em que ele disse que, se o Senado abrir a CPI da Lava Toga, o Supremo vai trancar.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – É.

    O Sr. Eduardo Girão (PODEMOS - CE) – Para mim foi uma declaração de um voto. Ele fala outras questões e mostra o posicionamento claro dele. Ele antecipou o voto. Eu lhe pergunto: V. Exa. vai entrar com um pedido de suspeição, de impedimento com relação a isso? O Brasil quer saber qual é a posição que o Senado vai ter, para não ficar acovardado numa situação grave, já que essa CPI caiu na boca do povo brasileiro, e ele quer a verdade, ele quer saber o que é que está por trás disso tudo. E V. Exa. é um dos líderes desse movimento.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – Como o senhor me conhece bem, Senador Girão... Primeiro, agradecidíssimo por todas as palavras. Ontem, às 4h30 da tarde em ponto, eu protocolei. Eu não poderia perder essa oportunidade.

    Essa era uma obrigação minha, porque ele se tornou, Senadora Selma, minha querida amiga, suspeito ao dar essa entrevista infeliz no final de semana, a que o Presidente Lasier também assistiu, a que o Senador Reguffe assistiu, a que o Senador Telmário assistiu, a que o Senador Paim assistiu. Não é possível que alguém tenha concordado com a entrevista dele. Ele deu um tapa na cara da sociedade brasileira e deu um tapa na cara maior ainda... Aliás, aqui, não. Aqui ele deu um tapa nas nossas duas caras. Ele deu um tapa na nossa cara. Ele disse: "Eu mando, eu faço o que eu quero, pronto e acabou". E antecipou o seguinte: não adianta haver CPI, porque, se convocar Ministro, ele não vai. Ora, isso é brincadeira, gente! Isso é um desrespeito!

    Por isso é que eu chamei essa figura, que gosta de adjetivar as pessoas, de um homem bandalho e biltre. Já que ele é muito culto, ele deve ter definido na hora. Para quem ficou o tempo inteiro ligando no Gabinete 16, perguntando: "Kajuru, você chamou o Ministro Gilmar Mendes do quê?" Eu o chamei de santo, de santo do pau oco.

    Então, é claro que eu entrei, e vamos agora torcer para que, pelo sorteio, um ministro do bem receba esse recurso meu, em que coloco, com embasamento completo, a suspeição dele. Ele não pode mais julgar aquele mandado de segurança que lá já está há 14 dias. Entendeu? Ele disse que pediria ao Presidente Davi esclarecimentos. Pediu nada! O Presidente só escreveu três palavras para ele lá. Não pediu nada, absolutamente nada. Ele já tem a opinião dele, tanto que ele deu a sua opinião no final de semana. Como é que ele vai aceitar uma CPI da Toga sendo ele, evidentemente, um dos alvos da nossa investigação. Ele não tem essa coragem e muito menos a honradez, Senador Girão, para abrir uma CPI como essa. Quem não deve não teme, mas ele deve e deve demais. Essa é a realidade.

    A Sra. Juíza Selma (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSL - MT) – Sr. Presidente, Senador...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – Com prazer, Senadora Juíza Selma.

    A Sra. Juíza Selma (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSL - MT. Para apartear.) – Senador Kajuru, permita-me também um aparte.

    Eu vim junto com o meu amigo Girão, que encontrei no corredor muito feliz com a notícia da sua vinda para o Podemos. Eu quero dizer ao senhor e a todo o Brasil da minha admiração pelo seu trabalho, pela sua força e pela sua coragem. O senhor, ainda hoje pela manhã, estava passando mal, o senhor que passara a noite em um hospital, e o senhor agora está aqui. Quem o vê nem percebe o problema de saúde que o senhor está enfrentando. A gente precisa externar isto para o povo brasileiro ver: uma pessoa que dá ao povo brasileiro mais do que a sua própria saúde, uma pessoa que dá ao próximo mais do que a si mesmo.

    Então, o senhor é uma pessoa a quem eu admiro demais e de quem quero ser amiga para todo o sempre do sempre...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – Já é.

    A Sra. Juíza Selma (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSL - MT) – ... porque eu tenho muito a aprender com V. Exa.

    Quero dizer também da minha alegria de compartilhar com o senhor o grupo Muda Senado, Muda Brasil nessa nossa luta pela instauração da CPI para que possamos, de uma vez por todas, esclarecer se há irregularidade ou se não há irregularidade, se foi correto ou se não foi correto. O que não pode é ficarmos, justamente nós, a única instituição que tem esse poder, amordaçados por conta de jogos políticos não republicanos, eu diria. Nós não podemos ficar amordaçados por isso. O povo brasileiro quer, o povo brasileiro está pedindo.

    Com relação às declarações do Sr. Gilmar Mendes nessa fadada entrevista, eu gostaria de esclarecer que não é só suspeito, como também transgrediu o Código de Ética da Magistratura...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – Sim, coloquei isso no papel.

    A Sra. Juíza Selma (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSL - MT) – ... ao se manifestar em relação a um processo que está em andamento.

    Então, o senhor tem toda razão e eu espero, assim como o senhor, que a justiça seja feita, seja aplicada nesse mandado de segurança e que, ainda que não seja, nós consigamos aqui no Senado o êxito de abrir essa CPI.

    Essa declaração que ele deu no sentido de que nenhum ministro convocado vai lá para dar depoimento, eu também acredito que não, e não temos como conduzi-lo coercitivamente. Porém, nós não precisamos ouvir as pessoas investigadas. Se você instaura um inquérito, a pessoa que quer ser ouvida é o réu.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – Claro.

    A Sra. Juíza Selma (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSL - MT) – Se não quiser, não precisa ser ouvido. Do que se precisa, quando se faz uma investigação, é buscar provas, porque o réu não tem sequer o dever de falar a verdade.

    Então, a oitiva de qualquer pessoa investigada numa CPI, do investigado, é o de menos. Se os ministros não vão, não tem problema. Nós podemos, por exemplo, investigar as pessoas que, no caso, foram prejudicadas pela decisão que nós estamos questionando, ou seja, pessoas que foram objeto de busca e apreensão nas suas residências, pessoas que tiveram os seus sites cortados, o seu Facebook. Essas pessoas vão aqui vir nos contar o que está acontecendo. E isso é prova.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – Sim.

    A Sra. Juíza Selma (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSL - MT) – Então, o fato de o investigado não querer comparecer, para nós, eu creio que não faz muita diferença.

    Volto a lhe dar os parabéns pela decisão de ir ao Podemos. Se Deus quiser, será a maior bancada deste Senado Federal e, se Deus quiser, nós vamos ver um membro do Podemos, do Muda Senado presidindo aquela Mesa, assim como agora preside o nosso querido Lasier Martins.

    Um grande abraço.

    Muito obrigada pela palavra.

    Obrigada, Sr. Presidente.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – E Deus quer, Senadora Juíza Selma Arruda.

    Muito obrigado, de coração.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – Senador Kajuru, o senhor me permite um aparte?

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – Claro.

    Sabe da admiração que tenho. Desde o começo do nosso trabalho aqui, pensamos de forma igual.

    Só, rapidamente, Senador e amigo querido Telmário, como já saiu na imprensa, na coluna do Lauro Jardim do jornal O Globo, eu não queria que saísse, mas neste País vaza tudo. Então, saiu a nota. Eu não tenho nenhuma vergonha de dizer, até porque sou iluminado por Deus e vou sair dessa como já saí de outras piores. Eu já fiz seis cirurgias, uma com duração de 13 horas.

    Eu, infelizmente, estou com um tumor benigno no pâncreas. Então, é difícil, você não consegue... Eu estou aqui de pé, a dor é insuportável, eu tenho que ficar sentado o tempo inteiro e dói, eu deito e dói, mas eu não poderia ficar fora desta sessão de hoje, não poderia. Como não quero ficar fora da votação da reforma da previdência, que, evidentemente, até agora não me agradou, porque não atendeu até agora os nossos interesses, que não são nossos, são da população, especialmente a mais carente. Então, não vou ficar fora, porque vão dizer que eu fui covarde. Eu pedi ao médico e ele disse: "Kajuru, não pode. Você tem que fazer urgentemente". Mas depois eu vou ter que ficar 30 dias em tratamento. Então, eu vou pedir a Deus que me socorra para que eu continue aqui.

    Rapidamente, sobre o partido, o Senador Alvaro Dias foi o primeiro a me chamar, durante a eleição ainda. Então, é uma questão de gratidão. Quem não tem gratidão, não tem caráter. Eu já estava conversando com a amiga querida Eliziane, do Cidadania. Hoje, inclusive, a gente definiria. Eu vou explicar a ela a situação, porque eu não quero criar um constrangimento para ela. Dentro do partido dela, há pessoas com as quais eu não tenho boa relação, o que é totalmente diferente do Podemos, em que todos são meus amigos, com todos eu tenho boa relação e, principalmente, por eles tenho admiração.

    Senador Telmário, desculpe pelo tempo, com o maior prazer, querido. Estava com saudades de ouvir a sua voz.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – Eu mais ainda.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – Principalmente, aquela, quando você falou: "Ladrão, vagabundo!".

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR. Para apartear.) – Eu quero parabenizar V. Exa. pelo pronunciamento. E fico feliz em ver um partido como o Podemos, um partido novo, agregando valores, porque a gente sabe que tem as melhores intenções. Aqui, tirando V. Exa., o Senador Girão, a Senadora Selma...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – Reguffe.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – O Reguffe, não. Nós entramos juntos. Nós viemos também do PDT. Eu, ele e o Lasier somos do PDT e, por uma questão ideológica...

    O SR. PRESIDENTE (Lasier Martins. PODEMOS - RS) – É porque queriam nos expulsar. (Risos.)

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – ... acabou que saímos pela janela.Saímos expulsos os três.

    O SR. PRESIDENTE (Lasier Martins. PODEMOS - RS) – Antes de nos expulsar, saímos.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – O Reguffe saiu primeiro.

    Mas me deixe dizer uma coisa para você: esta Casa... Eu espero que, realmente, esse movimento que começa a acontecer... E as grandes mudanças começam assim, nesse calor da boa vontade. Eu acho que o Podemos, fazendo essa filiação maravilhosa de pessoas que realmente estão com uma visão de mudança de metodologia, de sistema, de politicagem, etc., realmente pode acontecer.

    Nós sabemos que está em curso essa questão da...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – ... CPI da Lava Toga. Eu já assinei duas vezes e acho que erramos nas duas vezes em alguns procedimentos, etc., etc. Agora há a terceira vez.

    Mas eu queria aqui, aproveitando exatamente a Selma, o Girão, o Lasier e todo mundo, dizer o seguinte: o meu Estado, lamentavelmente, tinha um Senador que é o maior ladrão do País e o maior ladrão do meu Estado. O cara está envolvido no roubo de 1 bilhão, envolvido em venda de medida provisória. Em todos os roubos da Lava Jato, ele está junto. Esse Gilmar Mendes segurou os processos dele até todos caducarem. Quatorze projetos ficaram no Supremo Tribunal, e eu tentando empurrar. Agora desceram alguns. E os juízes de primeira instância não fizeram nada. Já prenderam o Temer, já prenderam o Lula, mas ninguém prende o ladrão do País, o cara que vem sendo Líder de três Governos e está envolvido em todas as denúncias de corrupção – todas. A Polícia Federal denunciou os filhos dele no roubo de 32 milhões no Minha Casa, Minha Vida. Tocou para o rumo da delegacia. Em dois anos, os filhos desse homem movimentaram 3 bilhões sem trabalhar. Ele está envolvido no roubo de 1 bilhão. E ele circula aqui dentro como se fosse Senador da República...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – Conselheiro da Presidência.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – ... faz parte desse emprego, vai à Comissão, estava na reunião de Líderes.

    Então, eu pergunto o seguinte: não é melhor, antes de matar o rato do vizinho, matar o rato de casa? Então, pense nisso.

    Obrigado.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – Ele supera Marconi Perillo, então? Ele é o maior?

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR. Fora do microfone.) – Dez vezes mais.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – Para mim, ele era Vice-Líder.

    Bom, eu agradeço ao Presidente Lasier...

    O SR. PRESIDENTE (Lasier Martins. PODEMOS - RS) – Obrigado.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO) – ... pela paciência e agradeço todos os apartes. Muitíssimo obrigado.

    Que tenhamos hoje uma tarde tranquila, e não intranquila, como na semana passada, e que os nossos colegas, por favor, tenham suas opiniões, sejam duros, mas não desqualifiquem quem pensa diferente, porque, para dar a sua opinião, você não precisa desqualificar a opinião do outro ou da outra, pelo amor de Deus!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/09/2019 - Página 20