Discurso durante a 171ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro sobre a negligenciada preservação ambiental em países europeus, segundo os quais o Brasil deveria preservar melhor a Floresta Amazônica.

Autor
Luis Carlos Heinze (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Luis Carlos Heinze
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MEIO AMBIENTE:
  • Registro sobre a negligenciada preservação ambiental em países europeus, segundo os quais o Brasil deveria preservar melhor a Floresta Amazônica.
Publicação
Publicação no DSF de 19/09/2019 - Página 63
Assunto
Outros > MEIO AMBIENTE
Indexação
  • REGISTRO, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, BRASIL, CRITICA, EUROPA, DESTRUIÇÃO, FLORESTA, COMENTARIO, ESTADO DO AMAPA (AP), ESTADO DO PARA (PA), ESTADO DO ACRE (AC), ESTADO DO AMAZONAS (AM), ESTADO DE RONDONIA (RO), REPUDIO, ACEITAÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, NORUEGA, ALEMANHA.

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, um colega que me antecedeu algum tempo atrás falava aqui que grandes fundos econômicos no mundo, que somam mais de U$800 trilhões, dizem que nós temos que proteger a Floresta Amazônica. Não sou contra. Acho que também devem ser protegidos o Estado do Amazonas, o Acre, o Amapá, Roraima, Rondônia, Pará, enfim, todos os Estados do Norte do País. Agora, eu vou apresentar um dado – os colegas Parlamentares prestem atenção.

    Foi remontada da história 8 mil anos atrás que a África tinha 67 bilhões de hectares; a Ásia tinha lá 15 bilhões de hectares; a América do Norte, 10 bilhões; a América Central, 1,779 bilhão; a América do Sul, 1,170 bilhão; a Rússia, 1,759 bilhão de hectares; a Europa, 469 milhões de hectares; e a Oceania, 1,431 bilhão. Total: 64 bilhões de hectares tinha o mundo 8 mil anos atrás.

    Agora, vamos apresentar este quadro, que foi realizado questão de 10 anos atrás, eu acho que no ano de 2010, 2012, por aí: a África, que tinha 67 bilhões, dispõe de apenas 7,8% da área, ou seja, 527 milhões; a Ásia, que tinha lá 15 bilhões, tem apenas 844 milhões; a América do Norte preserva 34%, ou seja, 50 milhões dos 10 que tinha; a América Central, apenas 9%; a América do Sul preserva 54,8% – a América do Sul é a região do mundo que mais preservou suas florestas e, nela, o Brasil é que preserva mais do que toda a América do Sul –; a Rússia preserva 29%; a Europa, senhoras e senhores, pasmem aí, apenas 0,3%.

    Prestem atenção: devastaram todas as suas florestas – todas! Tinham lá no início 46 bilhões de hectares preservados. Têm apenas 300 milhões. A Oceania preserva apenas 22%. Portanto, isso é importante.

    E agora esses fundos, que, nos seus países, na América do Norte, na América Central, na Oceania, na África e principalmente na Europa, devastaram todas as suas florestas, hoje eles vêm dizer que o Brasil tem que preservar. Aos colegas da Região Norte do Brasil que eu citei, o Estado do Amazonas, o Acre, o Amapá, Roraima, Rondônia e o Pará, vejam, nós temos nessa região, do bioma Amazônia, 419 milhões de hectares. É o que nós temos nessa região. Nós preservamos 86,2% desse bioma. Utilizam-se, Senadora Kátia Abreu, com agricultura, apenas 2,1% ou 2,3% e 10,5% com pecuária. Portanto, no bioma Amazônia, apenas 12,6% é utilizado com agricultura. A hidrografia está em 2%, a infraestrutura está em 1%, e nós temos 86% protegidos.

    Agora, vou mostrar um trabalho realizado em que a Dinamarca explora só com agricultura 76% do seu território; a França, 58% só com agricultura; a Alemanha, 56,9%. E o Brasil? No Brasil, 7,6%, e na Amazônia apenas 2%.

    Portanto, esses fundos têm que entender que, depois que eles devastaram as suas áreas, hoje vêm cobrar que o Brasil as preserve. Eu não sou contra a preservação. Agora, não adianta vocês pegarem especificamente a Alemanha, a Noruega ou não sei quem e dar apenas 2 bilhões para fazer fiscalizações no bioma Amazônia. Foram apenas US$2 bilhões, depois que eles devastaram e exploram praticamente todos os seus territórios.

    O que eu falei da Dinamarca, da França e da Alemanha são apenas áreas com agricultura. Se eu usar áreas com as florestas e com a produção de animais, seguramente, vai quase 100% do seu território. Hoje, querem que nós preservemos todo o nosso território. Portanto, é importante que raciocinemos nessa direção.

    As nossas terras têm valor e têm que pagar. Quem sabe por serviços ambientais? Eu não quero devastar os 450 milhões que nós temos na Amazônia e plantar soja. Mas, se nós fôssemos plantar soja, o que nós teríamos lá? Um arrendamento em torno de 50, de 60 bilhões por ano. Esse é o valor, que é o valor venal, se o mundo tivesse que nos pagar. É apenas como um exemplo. Não estou dizendo que nós façamos isso. Agora, esse é o valor que vale.

    Então, eu chamo a atenção dos colegas Senadores do Amapá, do Pará, do Acre, da Amazônia, de Rondônia, para que vejam os valores que nós temos lá, naquelas áreas. E agora o mundo quer nos usar.

    Falam hoje nas queimadas. Nós pegamos dados sobre as queimadas que nós temos hoje nas demais partes do mundo. Pegamos dados para que vocês possam prestar atenção. E vocês não ouvem falar, nesses processos, do que estão usando hoje nesses países, onde estão queimando as mesmas florestas. Portanto, é importante e vou chamar a atenção para isso, e a gente nunca ouviu falar do que está acontecendo nesses países.

    Apenas abrindo aqui o WhatsApp, vou mostrar a vocês um dado importante que nos foi apresentado, na semana passada, na Comissão de Agricultura, dos países que estão queimando também, e a gente não ouve nenhum meio de televisão ou mídia social fazendo essas colocações sobre essas queimadas nesses países.

    Vejam aqui: nós temos hoje na Angola queimando praticamente quatro vezes mais do que no Brasil; Congo, uma vez e meia que no Brasil. O Brasil também tem queimadas, a Zâmbia tem queimadas, a Austrália tem queimadas, a Bolívia tem queimadas, a Rússia tem queimadas, a Indonésia tem queimadas, a Tanzânia tem queimadas, a África do Sul, enfim... Alguém dos colegas Parlamentares ouviu esses países com queimadas? Só falam do Brasil. São segundas intenções que têm com o nosso povo. Eu não sou da Região Norte, mas eu sou brasileiro e aquilo é patrimônio do Brasil.

    Portanto, eu chamo a atenção dos colegas Parlamentares que estão nos ouvindo e aqueles que estão nos assistindo através da TV Senado. Por isso que o mundo hoje nos teme. O Brasil, que nos anos 70 era importador de alimentos, hoje exporta para mais de 180 países os alimentos, as carnes, os grãos.

    Senadora Selma, V. Exa., que é do Rio Grande do Sul, hoje a senhora é eleita pelo Estado que mais produz no Brasil, que é o Estado do Mato Grosso.

    Então, nós temos que ver os interesses que esses povos têm contra o Brasil. Eu não estou querendo devastar. Agora, não podemos aceitar uma esmola da Noruega, da Alemanha ou de quem quer que seja. "Ah, tem US$2 bilhões." Isso não é nada perto do valor que aquelas terras têm hoje para o Brasil depois que a Europa preserva apenas 0,3% do que tinha 8 mil anos atrás. Devastaram tudo! E assim é nos Estados Unidos, assim é na América do Norte, assim é na Índia, na África, na China e no Japão.

    Portanto, é importante que nós tenhamos essa reflexão.

    Não adianta esses grandes fundos internacionais. US$800 trilhões valem o quê? Para eles, valem...

(Soa a campainha.)

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – E nós temos que preservar sem recebermos absolutamente nada?

    É o chamamento que eu faço e peço a atenção de todos os colegas Senadoras e Senadores e de quem nos assiste neste momento através da TV Senado ou pelas redes sociais desta Casa. Portanto, chamo a atenção. Isso é Brasil. Nós somos brasileiros. Se o mundo quiser nos usar, que nos pague, nos pague por serviços ambientais. Não precisa devastar a Floresta Amazônica, mas aquilo tem preço, aquilo tem valor: as maiores reservas de diamantes do mundo, as maiores reservas de água doce do mundo, de madeira do mundo e reservas minerais incalculáveis. Portanto, querem preservar para o quê? Aquilo é nosso, é do Brasil, um País que passa por crise. E lá, na Região Norte do País, há mais de 500 mil produtores rurais que temos que ser preservados e que vivem quase que na miserabilidade. Portanto, preservemos essas nossas reservas. Agora, o mundo que nos pague se quiser nos utilizar,...

(Soa a campainha.)

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – ... não dar um troco, Senadora Soraya, uma esmola para nos preservar.

    Imagine se nós fizéssemos o contrário. Se fosse na França, se fosse na Alemanha, se fosse na América do Norte, se fosse na Índia, se fosse na China, em qualquer país e nós fizéssemos então o contrário: fôssemos lá dizer que eles têm que preservar, depois que eles devastaram tudo. Aqui estão os números, esses números não mentem, essa é a realidade do mundo 8 mil anos atrás, é a realidade do mundo neste momento.

    Portanto, é importante que o mundo nos olhe, nos enxergue e nos respeite.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/09/2019 - Página 63