Discurso durante a 189ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Insatisfação com a ausência de aumento real para o salário mínimo no País.

Autor
Zenaide Maia (PROS - Partido Republicano da Ordem Social/RN)
Nome completo: Zenaide Maia Calado Pereira dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL:
  • Insatisfação com a ausência de aumento real para o salário mínimo no País.
Aparteantes
Rogério Carvalho.
Publicação
Publicação no DSF de 10/10/2019 - Página 15
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL
Indexação
  • CRITICA, AUSENCIA, AUMENTO, REAJUSTE, SALARIO MINIMO.

    A SRA. ZENAIDE MAIA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RN. Para discursar.) – Sr. Presidente, colegas Senadores, vocês que estão nos assistindo, hoje eu vi uma votação do Congresso Nacional, pois hoje foi a vez do Senado, sobre o aumento real do salário mínimo, que tinha um destaque de vários partidos.

    E fiquei triste em ver que o Congresso Nacional não quer dar um aumento real para o salário mínimo, só cobrir uma inflação, inflação que eu questiono muito como dona de casa porque, quando eu vou fazer a minha feira, eu não vejo nenhum produto mais barato. É impressionante. Os juros diminuíram, a taxa Selic, mas isso não chegou ao povo brasileiro.

    Então, lembrando que se diz que não aumentam o salário mínimo porque isso vai desempregar as pessoas. Eu discordo plenamente disso. Quem ganha até dois salários mínimos é quem pega e, na hora em que recebe o seu salário, vai lá comprar no comércio local, movimentando a economia e arrecadando para o Governo.

    Se tira o poder de compra do trabalhador, do homem e da mulher deste País, se tira o poder de venda do comércio, gente, e o Governo não arrecada. Se tira o poder de compra do trabalhador da indústria, é claro que a indústria não vai vender e o Governo não vai arrecadar.

    Então, como eu tenho dito aqui – e a gente ouve muito dizer: "Tem que dar credibilidade aos investidores, por isso que tem que haver uma reforma da previdência, tem que abrir mão de 100% do espaço aéreo" –, e continuo dizendo: o que faz o empresário ampliar o seu negócio é a demanda. Não adianta! Se não houver quem compre... Um exemplo bem próximo: se eu tenho uma padaria que serve uma sopa, o que é muito comum, se eu tenho dez mesas, o que me faz aumentar para 20 e contratar as pessoas é quando a demanda, a quantidade de gente que chega à padaria já não dá, as dez mesas não dão.

    O que me preocupa, e isso acho que não é uma questão de partido nem de cor, é a falta de um plano para alavancar a economia. Precisamos que invistam nos setores que geram emprego e renda.

    E digo mais: o Estado brasileiro tem que fazer isso. Nenhum País do mundo saiu de uma crise econômica sem o investimento do maior investidor, que é o Estado. Nós temos um Estado com cinco bancos estatais criados para fomentar a economia, e infelizmente a gente não vê isso.

    Aqui eu não estou questionando desidratar, reformar isso, mas quero dizer que se não investirmos nos setores que geram emprego e renda, podem desidratar, podem reformar, podem fazer equilíbrio fiscal de toda maneira, porque não vai ter como arrecadar. Com 38 milhões de brasileiros desempregados e subempregados, quem vai consumir neste País? Quem? A pergunta é essa. Quem vai consumir? Quem vai ao mercado comprar? Quem vai... Se o mercado não vende, a indústria não vende. E a minha preocupação: o Governo não arrecada. E nós precisamos sim...

    Eu estou dizendo aqui que a gente tem sugestões. O Governo deveria investir na construção civil, na agricultura familiar. Os dois têm um retorno financeiro grande, principalmente a construção civil, Senador Anastasia, porque ela alavanca a economia rápido, já que ela emprega do homem analfabeto ao engenheiro. E ainda mais, ela gira a economia dos Municípios vendendo material de construção, cimento, tudo isso, e chega ao setor que produz esse material.

    Então, me preocupa – e eu acho que é a maior preocupação que a gente tem que ter aqui –, além dessas pautas que estão aí, a falta de investimento nos setores deste País que geram emprego e renda. Não é tirando o poder de compra do trabalhador, meu amigo Jorginho, que o comércio vai vender, que a indústria vai vender e que o Governo vai arrecadar. Olhem, vejam o que fizeram os países quando tiveram uma crise econômica: chamaram bancos e empresários, vou citar aqui os americanos, porque são sempre um exemplo para a gente os Estados Unidos, um exemplo de capitalismo, em 2008, o governo os chamou. Não tem nenhum banco, mas tirou do Tesouro Nacional.

     Indústria automobilística, construção civil. Tirou US$5 trilhões do Tesouro e chamou os bancos e empresários. Dois anos de carência para vocês, 1% ao ano de juro. Agora, quero meus empregos de volta. E foi assim que o Governo americano, depois da crise de 2008, alavancou a economia.

    Continuo insistindo: podemos fazer as reformas que quisermos...

    O Sr. Rogério Carvalho (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Senadora, eu queria só dar uma informação.

    A SRA. ZENAIDE MAIA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RN) – Pois não.

    O Sr. Rogério Carvalho (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE. Para apartear.) – Parece que o ex-Senador Ronaldo Caiado sofreu um infarto e não está bem. É essa a informação que eu recebi agora. Infelizmente é uma notícia muito ruim. Desculpe, Senadora.

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Anastasia. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - MG) – Senador Rogério, eu estou aqui assustado com essa notícia, porque de fato estou sabendo pela palavra de V. Exa. Acho que todos nós aqui estamos assustados. Vou pedir informações, e vamos rogar pela sua pronta recuperação.

    O Sr. Rogério Carvalho (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Por favor, Presidente.

    A SRA. ZENAIDE MAIA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RN) – Com certeza, gente, é um colega. E um infarto, para estar internado, não deve ser... E essa vida que a gente leva, de preocupações, quando passa para o Executivo é maior, porque tem salários de trabalhadores para pagar, e é isso.

    Mas só para finalizar, chamando a atenção para que este Congresso não está aqui para criticar o Governo, para dificultar a vida do Brasil, e sim para unir forças, mas cobrando desse Governo uma reforma tributária justa e solidária, mas também cobrando investimento do Estado brasileiro nos setores que geram emprego e renda.

    Obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/10/2019 - Página 15