Discurso durante a 195ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Insatisfação com a atuação do Governador do Estado de São Paulo (SP), João Doria, em especial com o tratamento dado à Polícia Militar do Estado.

Autor
Major Olimpio (PSL - Partido Social Liberal/SP)
Nome completo: Sergio Olimpio Gomes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO ESTADUAL:
  • Insatisfação com a atuação do Governador do Estado de São Paulo (SP), João Doria, em especial com o tratamento dado à Polícia Militar do Estado.
Aparteantes
Juíza Selma, Styvenson Valentim.
Publicação
Publicação no DSF de 18/10/2019 - Página 19
Assunto
Outros > GOVERNO ESTADUAL
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ENFASE, TRATAMENTO, POLICIA MILITAR, COMENTARIO, REUNIÃO, ALTO COMANDO, DESRESPEITO, CORONEL, REGISTRO, AUSENCIA, REVISÃO, SALARIO.

    O SR. MAJOR OLIMPIO (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSL - SP. Para discursar.) – Exma. Sra. Presidente destes trabalhos, Juíza Selma, que conheço pelo tempo de mandato, mas o suficiente para parecermos irmãos, fraternos no pensamento, até na forma de votar, de nos expressarmos. Para nosso orgulho, V. Exa. está sempre presente e do lado certo da lei.

    Eu gostaria de agradecer a todos os Senadores que, todos os dias, em cada Comissão, em cada manifestação, aqui nos ensinam. Alvaro Dias falava agora, um verdadeiro professor, amigo, orientador de todos os momentos; Styvenson, Heinze, cada um pelos seus Estados.

    Dirigindo os trabalhos agora esse mais que irmão, Girão. O coração desse homem é muito maior do que o tórax, é muito maior do que ele mesmo, transcende sempre com coisas positivas. Nós nos conhecemos nos primeiros dias do ano, antes do mandato. O Girão – como eu, recruta, porque ainda iríamos assumir o mandato – não articulando no lado ruim da palavra, mas buscando consenso para que nós tivéssemos um Senado diferente, que pudesse ser a inspiração do povo brasileiro. Ainda não é, não é Girão?

    Por isso é que nós ficamos naquela bandeira, dizendo: "Muda, Senado, que muda o Brasil". E nós não temos pressa, não. A cada momento, estamos mais em sintonia com o povo brasileiro. O Girão, nas manifestações como Parlamentar aqui dentro, na mobilização que faz fora, até nas vigílias, pelas orações pelo povo brasileiro, vai dando exemplo sempre, às 24 horas do dia.

    Eu vim à tribuna hoje e estou tendo a felicidade de ter aqui um Vereador, amigo, irmão, representante de Pirajuí. Ontem estivemos juntos. Hoje eu falava com a rádio de Pirajuí que estou devendo fazer uma visita até para agradecer, porque tive 30% dos votos válidos lá em Pirajuí.

    Ontem o meu Vereador que está agora na tribuna dizia: "Olhe, o senhor mandou um recurso que se transformou numa ambulância, mas, como o Prefeito é do PSDB, o PSDB é ligado com o Doria, o Doria não gosta do senhor, não se pode dizer que a ambulância veio pelo senhor". Então, eu estou contando em segredo agora só para o Brasil todo, porque nós não estamos preocupados. O importante é a ambulância estar com as pessoas. Se o Prefeito está apertado pelo Doria lá, deixem o coitado do Prefeito. O importante é a população saber que o recurso chegou. Isso nós vamos continuar fazendo, isso não depende de bandeira partidária.

    Eu venho hoje para dizer ao Brasil da minha tristeza por uma série de atitudes, mas mais por uma atitude mais recente que o Governador João Doria, de São Paulo, tomou. Ele foi para um evento anteontem, em Taubaté, e algumas pessoas, familiares de policiais, veteranos policiais militares, cobrando o que é justo, o que é direito, fizeram uma manifestação. Irado, o Governador passou, de forma extremamente desrespeitosa, a chamar os manifestantes de "vagabundos aposentados", "vagabundos policiais aposentados". Bradava e dizia: "Os que estão nas ruas merecem o nosso respeito. Agora, vagabundos aposentados"... E dizia: "Vai para casa, vagabundo aposentado". Não estou exagerando, porque as mídias no País todo estão mostrando. Em determinado momento, ele diz: "E depois vocês têm que receber duzentinhos do Major Olimpio, que é quem mobiliza vaias".

    Em primeiro lugar, eu já disse que não admito que o Doria queira me medir pela régua dele. Em segundo lugar, nunca dispus de recurso, Alvaro, Selma, Styvenson, Arns, para poder montar ou contratar pessoas para uma manifestação. E se tivesse, não o faria, porque a causa da dignidade dos policiais, o sofrimento... Nós não precisamos pagar pessoas para se mobilizar. O Governador, totalmente descompensado, atribuiu a mim – eu aqui, dentro do Senado –, porque ele não consegue se olhar no espelho.

    Houve uma formatura de sargentos da Polícia Militar na sexta-feira. Eu estava lá com o Jair Bolsonaro. O Jair Bolsonaro foi ovacionado por 10 mil pessoas que ocupavam o Sambódromo do Anhembi, por ser o Jair Bolsonaro. Quanto ao Major Olimpio, secundariamente, as pessoas batem palmas pela minha história de vida. E pela própria história de vida, pelas atitudes, pela forma dissimulada que tem, ensaiada, o João Doria foi vaiado quando foi anunciado. Ele, mais do que depressa, numa entrevista coletiva, disse: "Major Olimpio montou uma orquestração contra mim". E ainda constrangeu o Comandante da Polícia Militar, o Secretário da Segurança Pública, que estavam na mesa, dizendo: "Pergunte aqui ao Comandante e aos oficiais se eles concordam comigo ou concordam com o Major Olimpio". Que coisa mais covarde fazer uma pergunta a quem não pode responder.

    E devo dizer que Doria me tirou para dançar, e nós vamos dançar de rostinho colado. Não tem conversa. Eu ainda não apresentei a ele o meu sonzinho de feira, que eu usava solitariamente. Hoje já tenho vários Deputados comigo, Tadeu, Mecca, Derrite e tantos outros que estão comigo hoje também, já com sonzinho de feira.

    O Geraldo Alckmin arrebentou a Polícia Militar e a Polícia Civil em São Paulo. Durante oito anos, Alvaro... O Alvaro enfrentou o Geraldo Alckmin na eleição para a Presidência. Mas o Alckmin, com aquela carinha de médico de família, carinhoso, foi terrível com a Polícia Civil e com a Polícia Militar. Ele deu 4% de revisão de salário em oito anos.

    E comecei, sim, com um carrinho de som – um carrinho, não, um sonzinho de feira –, indo aos eventos onde ele estava e dizendo para ele: "Eu estou aqui, tido como louco, para dizer que o que o senhor está fazendo com a polícia não se faz. São pessoas que morrem pela causa". E ele insistiu. Nós demos para ele, contando para todo o Brasil quem era ele, modestamente. Eu tinha só um microfone ali na Câmara dos Deputados, dizendo ao Brasil: "Preste atenção, porque o que é ruim para São Paulo pode ficar ruim para todo o Brasil".

    E quis o destino que, na eleição para a Presidência, o Alckmin tivesse 4% dos votos. E os policiais de São Paulo dizem, com muito orgulho: "Foi a paga por tanta maldade com a família policial".

    O Doria está conseguindo ser até pior. Em dez meses, tem promovido ações de humilhação de policiais. Girão, você que é um cara educado como é... Ele, numa reunião com o Alto Comando da Polícia Militar – gravada, numa live –, conversando diretamente com as pessoas, chamou a atenção do Cel. Castilho, que é o Chefe da Inteligência da Polícia Militar, dizendo: "Coronel, desligue esse telefone, e se quiser, saia da sala." Como o Coronel é da inteligência, o Comandante-Geral determinou a ele: "Faça a ata da reunião." E ele estava o tempo todo fazendo a ata no telefone. E mais que isso, ele divulgou ele humilhando um Coronel da Polícia Militar. Depois ele se retratou, de forma a dizer: "Olhe, foi sem querer, uma brincadeirinha. Estou aqui com o Coronel." E o Coronel, mais do que constrangido, junto com ele.

    A revisão de salários dos servidores públicos e, portanto, dos policiais militares, no Estado de São Paulo, vem no dia 1º de março. Não é o mês de março a data-base; é o 1º de março, uma lei de 2006. Faz-se a revisão constitucional, pelo menos a revisão inflacionária. Muitos Governadores não têm feito.

    E o Doria disse na sua campanha, olha: "Votem em mim porque eu sou Bolsonaro desde criancinha." Criou, botou milhões de camisetas nas pessoas "Bolsodoria". O Bolsonaro até quebrou o pau comigo, porque eu disse: "Ah, esse cara é 171". Tanto que o Kajuru falou aqui 17/1, e as pessoas já entenderam. Mas ele é o artista principal do filme, nascido em 17 de janeiro: é 171 mesmo! E aí, se diz, eu digo às pessoas: você compraria um carro usado do Doria, dizendo que nunca bateu, único dono, carro de médico, carro de mulher? Se você for ver, o odômetro estará virado... Aquilo ali é danado!

    Mas passou dos limites. Ele diz com a maior prepotência do mundo, e agora manifestou de público a sua verdadeira imagem... Como ficou mais ou menos essa expressão dele "vagabundos aposentados" para os policiais, os policiais estão se mobilizando em todo o País. O pai do Neto – um grande craque do Corinthians, amigo do Kajuru, que hoje é comentarista de futebol na Bandeirantes, de muito sucesso – é um veterano policial rodoviário, nosso irmão. Está lá, com 90 anos de idade. Ele deu um recadinho para o Doria ontem, está até sujeito a ser punido administrativamente. Só faltava o Governador mandar recolher preso o pai do Neto, porque se indignou de ser chamado de vagabundo.

    O problema do "vagabundo", além da ofensa direta... A Selma é juíza, sabe muito bem disso. A expressão "vagabundo" no meio policial transcende até aquele que não gosta de trabalhar. "Vagabundo", Styvenson, no linguajar do policial, é o bandido. "Olha, prendeu o vagabundo! Trocamos tiros com os vagabundos!" Então, parece que ele escolheu a pior palavra para um policial, e a gente vê policiais veteranos chorando, falando: "Pelo amor de Deus, eu dei os melhores anos da minha vida, a minha saúde". Não tem Natal, não tem Ano Novo, não tem o dia de aniversário do filho, não tem o dia de aniversário de casamento. Está na escala, está lá; se faltar, é crime militar, não é falta ao serviço.

    Então, é um sentimento muito triste. O Doria é o Comandante em Chefe da Polícia Militar de São Paulo. No dia 7 de setembro, ele não foi ao desfile. Depois, perguntaram: "Por que o senhor não foi ao desfile para receber a continência da sua tropa da Polícia Militar, dos policiais civis, dos alunos das escolas estaduais que foram desfilar, das Forças Armadas, respeitosamente ao Governador?" Ele falou: "Não, eu fiz uma opção, eu fui trabalhar". Como quem diz: quem vai a um desfile cívico é o que não tem o que fazer.

    Então, eu quero dizer exatamente... Estou dizendo para o Brasil: cuidado, essa nuvem negra que está momentaneamente sobre São Paulo quer se expandir para todo o Brasil. E eu vou dizer uma coisa: o que eu puder fazer para dizer às pessoas desse tipo de personalidade doentia... Não suporta em nenhum momento ser contrariado com nada. Uma coisa horrorosa!

    É uma tristeza. O sentimento é de tristeza. Ele fez uma retratação ontem, dizendo: "Olha, realmente, eu me excedi um pouco, porque baderneiros foram lá para atrapalhar o evento". E eu quero dizer, Governador Doria: onde eu puder estar, se a agenda me permitir estar em eventos públicos, estarei lá. Agora, aposentados, policiais, familiares, pensionistas... O que dizer para uma pensionista de um policial que morreu em serviço?

    E agora o Governador de São Paulo, autoridade máxima no Estado, Comandante em Chefe da Polícia Militar, usa a expressão "vagabundos". Há policial que está na cadeira de rodas. E quantos nós temos? Nós temos, no Estado de São Paulo, quase 5 mil policiais deficientes físicos, Girão, alguns próximos aos 90 anos de idade, e recrutas novos, que, nos primeiros serviços, são baleados, com bala na coluna, acidente de viatura, queda em local de ocorrência.

    Nós precisamos ter muito respeito. Nós já temos que levar uma consideração, na nossa manifestação de civismo, aos nossos heroicos homens das Forças Armadas, das polícias – não só a Polícia Militar, mas também a Polícia Civil, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, as guardas municipais, os agentes penitenciários, pessoas que estão do lado do bem, do lado da sociedade.

    Quando entra uma pessoa fardada num estabelecimento comercial nos Estados Unidos, as crianças se levantam para tirar foto juntos. Mesmo nunca tendo visto aquele policial, aquele homem das Forças Armadas, as pessoas vão lá e dizem: "Muito obrigado pelo que você faz pelo meu país". Como é que nós vamos levar um sentimento desses, se o Governador de um Estado, que tem o maior efetivo policial do Brasil, chama os veteranos da polícia dele de "vagabundos, vagabundos aposentados"?

    Eu recebi manifestações de sindicatos de aposentados de várias áreas, dizendo: "Major, o sujeito não pode dizer isso. E não é só com o policial, não; é com qualquer cidadão aposentado de qualquer área". Como é que vai usar uma expressão destas, "vagabundo aposentado"? Muito triste para São Paulo! Há um sentimento de luto de cada policial militar neste momento. Nós estamos tendo a solidariedade de todas as outras categorias profissionais, dos nossos irmãos policiais civis. Foi só um momento. O tratamento que ele deu ali aos policiais militares é o que ele quer dar a todos os servidores, a todos os policiais. Isso é muito triste!

    Pior do que a mentira, só a meia verdade.

(Soa a campainha.)

    O SR. MAJOR OLIMPIO (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSL - SP) – Ele lançou uma propaganda dizendo de uma superpolícia, policiais descendo de corda de helicópteros, atirando, com balaclava, parecendo o filme do Robocop, e a gente sabendo que os policiais têm que morar em favelas, têm que dar um beijo na mulher e nos filhos sem a mínima certeza de que vão voltar, sem saber se vai chegar um policial, na madrugada, para dizer à viúva: "Veja-me roupas dele, porque ele está no necrotério. Nós vamos velá-lo pela manhã. Morreu em serviço".

    Então, isso entristece demais. Não é uma coisa de caráter político ou partidário, é simplesmente uma constatação.

    Eu tenho a obrigação. Sou Senador por São Paulo, com muito orgulho. Não é com alegria que eu venho à tribuna dizer essas coisas.

    Eu gostaria de estar disputando politicamente com o Governador em São Paulo, mas dentro de um outro plano. Vamos ver quem faz mais pela população, porque nós dois juntos temos obrigações com a população. Acabou a eleição, acabou a encrenca, agora vamos pensar no bem comum, vamos pensar nas pessoas, mas ele não pensa assim. É revanchista, é maldoso com aqueles que fazem o juramento pela sociedade.

    A Polícia Militar não é do governo "a", "b" ou "c", não é de direita, não é de esquerda, não é de centro. A Polícia Militar é uma instituição da população. É uma instituição do Estado. Ela é permanente. Daqui a cem anos nenhum de nós estará aqui, mas nas ruas, em todo o Brasil, nós teremos um polícia militar, que fez um juramento e de até morrer, se preciso for, em defesa da sociedade. O Capitão Styvenson, que é bem mais novo do que eu, acabou de sair do corpo de tropa, do serviço ativo, a população no Rio Grande do Norte o reconheceu e isso para nós é um orgulho. Reconheceu um jovem, que está atuando nas ruas e disse: "Vai ser o nosso representante, vai ser o representante do Rio Grande do Norte, na Casa de representação dos Estados, na Câmara Alta, na maior estrutura da República e da democracia brasileira". Em 208 milhões de pessoas, 81 foram escolhidos para representar 208 milhões de pessoas, e isso, para nós, tem um valor muito grande.

    Então, Styvenson, você representa, neste momento, para mim a tropa efetiva da Polícia Militar, dos corpos de bombeiros, são mais de 600 mil homens; pelo menos um terço deles, 200 mil estão na escala neste momento. Alguns podem estar em enfrentamento com marginais, outros dando assistência à população, fazendo um parto em viatura, atendendo ao público, fazendo a segurança para que um juiz possa fazer o julgamento, para que o juiz possa chegar em casa vivo e tenha segurança para os seus. É a nossa missão, que não tem cor, não tem cara, não tem partido político, não tem nada.

    Então, parabéns a todos os policiais militares e bombeiros militares e na sua pessoa, Styvenson, que você saiu da tropa, tirou a farda – não vai sair a farda de você, nunca –, e, para nosso orgulho é um jovem Senador aqui neste Parlamento.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Muito obrigado.

    A Sra. Juíza Selma (PODEMOS - MT. Para apartear.) – Senador Major Olimpio, permita-me um aparte?

    Você vai querer falar também, não é, Styvenson?

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Não.

    A Sra. Juíza Selma (PODEMOS - MT) – Eu vou falar, vou ser muito breve.

    Major, eu fiquei muito triste quando eu soube dessa atitude do Governador de São Paulo. Triste como cidadã. Meu Estado é Mato Grosso, não é São Paulo, mas, triste por ver a forma desidiosa com que um sujeito que foi eleito no maior Estado brasileiro, Sr. Presidente, no maior Estado brasileiro, se refere a pessoas que estão aposentadas... Aposentadas porque trabalharam; vagabundo não se aposenta, não: nem o vagabundo da gíria policial e muito menos o vagabundo que não trabalha. Esse não se aposenta. O vagabundo da gíria policial vai preso ou morre, e o vagabundo que não trabalha depende dos outros.

    Os aposentados, você chamar pessoas de mais idade que você, não ter respeito pela idade, pela experiência, não ter respeito pela farda, Major, isso é de uma falta de categoria, de classe, é de uma falta de conteúdo político, que irrita! E eu vou lhe dizer: eu tenho um amor pela Polícia muito especial. Os senhores sabem, eu estive com seguranças anos e os vi colocarem o corpo na minha frente para me defenderem.

    Então, eu não admito, no Mato Grosso e em lugar nenhum do mundo, que se desrespeite uma farda, muito menos uma farda que já está dobrada, que já está guardada, porque já cumpriu a sua missão.

    Então, Major Olimpio, saiba que sou absolutamente solidária às suas palavras, ratifico todas as suas palavras. E digo mais: da forma como o senhor disse educadamente, hoje, eu, pela emoção, me dou a liberdade de não ser tão educada. Eu quero dizer ao povo brasileiro, Major Olimpio – eu quero dizer ao povo brasileiro, Major Olimpio: cuidado, porque esta praga vai querer chegar à Presidência da República, vai querer chegar muito mais longe do que está. Quem não respeita o cidadão não merece voto. Quem não respeita o idoso não merece voto, quem não respeita o aposentado, quem não respeita uma farda, Major Olimpio... Ora, quem não respeita uma farda? Um Governador de um Estado faltar com o respeito com a própria instituição que ele governa...

    Se colocou a culpa no senhor, eu acho é muito bom. O senhor sabe por quê? O senhor está incomodando e o senhor vai ser o Governador do Estado de São Paulo, se Deus quiser, porque o senhor é um cara do bem, o senhor é um cara que tem respeito, o senhor é um cara que me orgulha, está aqui ombreando este Senado.

    Eu tenho certeza absoluta de que essa vai ser a resposta do povo de São Paulo para esse desmando desse Governador.

    Muito obrigada.

    Desculpa a emoção.

    O Sr. Styvenson Valentim (PODEMOS - RN. Para apartear.) – Senador, eu queria fazer um aparte, mas, já que o senhor está aqui embaixo, pode ficar aí mesmo, pode ficar perto.

    Eu ia dizer, Senador, que, para um governante, para um comandante maior de tropa, que é o Governador de um Estado, se comportar da forma como se comportou, eu não vou dizer que, não vou usar as palavras que a amiga Selma, a Senadora Selma usou, mas, além de desqualificar o que a gente já vive na prática... Porque o policial não sofre só isso, ele sofre todos os dias quando vai para a rua, ele sofre todos os dias quando faz uma abordagem, ele sofre todos os dias quando está diante de alguma autoridade com carteirada, ele sofre todos os dias esse tipo de tratamento que a população lhe dá, mas não da forma pública como um Governador deu, porque ele é o comandante da Polícia Militar.

    Em relação à fala dos aposentados, eu não sei qual a raiva que as pessoas têm da PM, eu não sei qual a raiva que as pessoas têm dos policiais e dos aposentados. Eu espero que elas nunca se aposentem.

    A Sra. Juíza Selma (PODEMOS - MT) – Só quem tem raiva de polícia é bandido.

    O Sr. Styvenson Valentim (PODEMOS - RN) – Eu sempre digo isso, Selma: só quem não gosta de PM é bandido, é vagabundo.

    Então, não dá para vestir a farda e ser o vagabundo.

    Entendi bem a conotação de que o senhor falou, mas eu queria deixar claro que, quando é para pedir voto, Selma, quando é para fazer campanha, todo mundo usa segurança pública, todo mundo vai equipar a polícia, todo mundo vai melhorar salário, todo mundo vai corrigir os problemas da polícia. Todo mundo, para fazer campanha – o que vai fazer daqui a pouco, não é? –, que tem essa pretensão de querer ser Presidente. A ganância é grande, a ganância é gigantesca, quer devorar tudo. Então, quem vai ser o próximo vagabundo que ele vai chamar, num surto desse de histérico?

    Se não tem competência para ser Governador do Estado de São Paulo, pede para sair. Faz como os militares. Se não tem competência para estar naquele lugar, saia, seja honesto ou nem entre, porque, claro, a ofensa que ele fez não é só a mim, porque polícia é polícia em todo lugar, do Rio Grande do Norte a São Paulo. Nós somos uma corporação. Independentemente de onde estejamos, Major – até aqui no Senado, eu e o senhor –, nós somos corporativistas, sim, Heinze. Nós somos, praticamente, irmãos, unidos pela mesma situação, pela dificuldade em manter a ordem pública e manter a paz pública.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Styvenson Valentim (PODEMOS - RN) – E ouvi o que ouvi... Eu vi o vídeo. Se ele queria ofender o senhor, que o ofenda diretamente. Agora ofender uma categoria, ofender aposentados, valendo-se daquela situação, além de infeliz, mostra o nível cognitivo que ele tem para ser político, porque, até para ser policial, precisa, pelo menos, evitar gerar uma ocorrência como essa.

    Então, fica minha solidariedade aqui para os policiais militares. Não há nenhum vagabundo dentro da PM nem aposentado. Para quem já deu a vida, já deu seu tempo de serviço, com todas as dificuldades que a gente tem, é um respeito, é um perdão, é uma desculpa. Não fui eu que chamei. Nunca faria isso com os policiais militares, mas é um pedido de desculpa em relação a essa pessoa.

    E que ele reveja e pense as próximas candidaturas, porque o País não está mais dormindo como era antes. As pessoas se lembram de tudo. E, hoje, através das redes sociais, a gente sabe o que cada um está fazendo. Então, o mínimo que ele pode fazer, já que o senhor disse que ele desrespeitou um coronel, já que ele desrespeitou um aposentado, já que ele desrespeita as forças de segurança, é explicar o motivo por que essas pessoas não se simpatizam com a PM. Por que as pessoas têm tanta raiva do símbolo da Polícia Militar, que é manter a ordem e a disciplina e proteger a vida, com risco para o próprio policial?

    Muito obrigado, Senador Olimpio. E quero dizer que aqui no Senado não há só o Capitão, mas há o Major também. E conseguimos chegar a este ponto com o nosso trabalho e não fazendo nenhum tipo de artimanha política. Como o senhor disse, com um carrinho de mão, um carrinho de som, indo reclamar. E eu fazendo meu trabalho de policial militar, virando, cada vez mais, o jogo contra a população que nunca queria deixar que isso mudasse aqui dentro, contra as pessoas que nunca quiseram, nunca permitiram que desocupassem essas cadeiras. Então, foi o povo norte-rio-grandense que escolheu. E, tendo na figura do Cap. Styvenson essa pessoa, eu creio que eles não concordam com isso.

    Então, se ele pensar em ser candidato a Presidente, praticamente – quem gosta de polícia não vota nele – ele vai ter voto só do PCC e do Comando Vermelho.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/10/2019 - Página 19