Pela Liderança durante a 194ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento do Sr. Lázaro Brandão, ex-Presidente do Bradesco.

Autor
Telmário Mota (PROS - Partido Republicano da Ordem Social/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Pesar pelo falecimento do Sr. Lázaro Brandão, ex-Presidente do Bradesco.
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2019 - Página 27
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ENCAMINHAMENTO, VOTO DE PESAR, MORTE, EX PRESIDENTE, BANCO PARTICULAR, APRESENTAÇÃO, PESAMES, FAMILIA, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR. Pela Liderança.) – É verdade. E com muita honra, porque ali muitos e muitos dos nossos conterrâneos roraimenses se tratam, porque Roraima ainda não tem essa estrutura que hoje tem, graças a Deus, o Estado de V. Exa., o Estado de Goiás.

    Sr. Presidente, eu nunca falei desta tribuna – eu sempre usei a outra tribuna. Hoje é um dia especial, um dia triste, mas um dia de uma memória que tem que ficar registrada nos Anais desta Casa.

    Srs. Senadores, Sras. Senadoras, telespectadores e telespectadoras da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, Sr. Presidente, considerado um dos banqueiros mais poderosos da América Latina, Lázaro Brandão, ex-Presidente do Bradesco, morreu hoje aos 93 anos, dos quais dedicou 75 anos ao banco que viu nascer, sendo 36 anos no alto comando do Bradesco.

    Eu comecei a trabalhar no Bradesco aos 17 anos e saí com 34 anos, porque fui fundar o Tribunal de Contas do meu Estado. Naquele momento em que saí, eu fiz uma reclamação trabalhista contra o banco. Os advogados de um lado e de outro, é claro, foram disputar isso no fórum competente, mas eu fiz uma carta – eu era auditor do banco onde havia sido gerente – ao Sr. Brandão. Fui da Bahia para Belém de carro para, de lá, ir para Roraima. Ao chegar a Belém – não havia ainda, Senadora Selma, celular; eu sou de um tempo bem antigo –, eu recebi, dirigindo para casa: "Olha, o Sr. Brandão quer falar com você". Ele era já o todo-poderoso do Bradesco. Então, eu peguei o telefone – tinha o número – e liguei para o assessor, e ele me atendeu. Ele disse: "É o inspetor Telmário Mota?". Eu disse: "Ex-inspetor, sim. Sou eu, Sr. Brandão". Ele disse: "Olha, eu queria falar pessoalmente com você. Eu entrei no Bradesco com 16 anos. É a minha vida. E você me contou toda a sua história no Bradesco". Eu nunca tive uma falta durante 17 anos, nem uma falta. Eu fiz três cirurgias, e fazia no período de férias, que era para não prejudicar a rotina no meu trabalho. Ele disse: "Eu mandei pagar integralmente o que você está me solicitando". É a primeira grande exceção no Bradesco. Por isso, eu estou aqui hoje, para lembrar esse homem que, sem nenhuma dúvida...

    Vou falar um pouco aqui da história dele. Um banqueiro, que parecia que não tinha nenhuma sensibilidade, ao ler a minha história no banco, presenteou-me com essa posição humanitária da parte dele. Ele deixou... Ele sucedeu o Amador Aguiar, fundador do Bradesco. Ele deixou a Presidência do Conselho do Bradesco no final de 2017, quando Luiz Carlos Trabuco assumiu o posto, mas ainda atuava como Presidente das empresas controladoras do Bradesco.

    Homem de visão de futuro, inesgotável capacidade de trabalho, foi uma personalidade marcante, que influenciou todos que com ele conviveram. Será sempre lembrado pelo talento, honradez e capacidade empreendedora. Esse foi, sem nenhuma dúvida, Brandão. Seu Brandão, assim que nós sempre o tratamos – Seu Brandão.

    Eu chegava ao banco, na Cidade de Deus, às 6h.

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – Eu queria um pouquinho de tempo, porque este homem me marcou, marcou época.

    Eu chegava, Sr. Presidente, ali às 6h30. E ele já estava caminhando com Amador Aguiar. Quando um dos diretores do banco foi sequestrado, naquela época, V. Exa. sabe disso...

    Seu Brandão, como era tratado nos corredores do Bradesco, dedicou mais de 75 anos ao banco. Economista e administrador de empresas, começou a trabalhar em 1942, aos 16 anos, logo na fundação da Casa Bancária Almeida & Cia, que deu origem a um dos maiores bancos privados do País, que é o Bradesco. Quando eu trabalhava lá, tinha 120 mil servidores. Era o maior da América Latina, em todos os sentidos.

    De origem humilde, vivendo em pacata cidade do interior, visava alcançar a sustentabilidade própria. Imaginem qual era o sonho deste grande homem brasileiro! Degrau por degrau, Sr. Presidente, Brandão passou por todas as áreas do banco fundado pelo mítico bancário Amador Aguiar. A cada escala, Brandão foi assumindo cargos de gestão.

    Em 1963, 20 anos após a sua contratação, foi nomeado diretor. Passados 14 anos, já em 1997, assumiu a Vice-Presidência. Amador Aguiar, que já tinha 73 anos de idade, apostava em Brandão como seu sucessor, e não errou. A ascensão ao cargo máximo do banco ocorreu em apenas quatro anos. Em 1981, Amador Aguiar passou a Brandão a Presidência Executiva do Bradesco. Em 1990, transferiu ao seu pupilo a responsabilidade de comandar também o Conselho de Administração do banco.

    Amador Aguiar morreu em 1991. Brandão acumulou, então, os dois cargos de Presidente – Executivo e do Conselho – até 1999. Deixou a Presidência Executiva...

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – ... que foi transferida a Márcio Cypriano, que exerceu o cargo por dez anos.

    Em 2016, ao completar nove décadas de vida, 74 anos de Bradesco, 36 no alto comando do banco, afirmou que se aposentar era uma necessidade iminente, mas um desejo longínquo. Tinha satisfação com o trabalho, afirmava.

    E já concluindo, Sr. Presidente, em outubro de 2017, Brandão renunciou à presidência do Conselho do Bradesco, que ocupava desde 1990, e às demais funções que exercia nas empresas controladoras do banco. Ele manteve, contudo, a presidência do conselho das controladoras do grupo, entre elas a Fundação Bradesco, que é a controladora até hoje.

    Por fim, para a família Bradesco, foi uma honra trabalhar, conviver e ser inspirada por esse ícone e grande líder, cuja ausência será muito sentida. Mas ficou a lição.

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – A lição da dedicação ao trabalho. Trabalhava oito horas por dia, com 75 anos de trabalho. Ele trabalhava oito horas por dia. Um exemplo a ser seguido. E no Bradesco, em que eu entrei aos 17 e saí aos 34, em todos os papéis estava escrito: "Só o trabalho produz a riqueza." Amador Aguiar e Brandão deixaram isso de exemplo para os brasileiros.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2019 - Página 27