Fala da Presidência durante a 198ª Sessão Especial, no Senado Federal

Encerramento da Sessão Especial destinada a comemorar o Dia do Médico e a homenagear personalidades da área da saúde que trouxeram relevantes contribuições à medicina.

Autor
Nelsinho Trad (PSD - Partido Social Democrático/MS)
Nome completo: Nelson Trad Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Encerramento da Sessão Especial destinada a comemorar o Dia do Médico e a homenagear personalidades da área da saúde que trouxeram relevantes contribuições à medicina.
Publicação
Publicação no DSF de 19/10/2019 - Página 39
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • ENCERRAMENTO, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, DIA NACIONAL, MEDICO, HOMENAGEM, PESSOAS, AREA, SAUDE, IMPORTANCIA, CONTRIBUIÇÃO, MEDICINA.

    O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) – Registro também a presença do Sr. Allan Duailibe, Superintendente da Região de Saúde Sul da Secretaria de Saúde do Distrito Federal; do Diretor do Hospital Materno-Infantil de Brasília, Sr. Rodolfo Alves Paulo de Souza; do Coordenador de Cardiologia do Sírio-Libanês, Sr. Carlos Henrique Rassi.

    Já estamos entrando na última parte da sessão, até porque o Dr. JJ. Camargo tem que pegar o voo até às 14h30, tem que se dirigir ao aeroporto.

    Quero dizer aos senhores, de uma maneira muito particular, que as pessoas que aqui foram homenageadas, que aqui se encontram, contribuíram de alguma forma para aquilo com que desejo aperfeiçoar a minha vida. Esse vídeo a que nós vamos assistir agora é de uma dessas pessoas que tenho como exemplo. Volta e meia, assisto a essa entrevista, leio alguma coisa sobre ele. Para mim, é um ícone da Medicina brasileira.

    Pode passar o vídeo.

(Procede-se à exibição de vídeo)

    O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) – Vou procurar ser breve para poder encerrar a nossa sessão.

    Queridos colegas doutores e doutoras, apenas uma reflexão: por que escolhemos ser médicos? Essa é uma provocação bem interessante, porque nas outras ciências, na maioria das vezes, encontramos conformação à pergunta por questões contextuais, familiares ou mesmo vocacionais. No que concerne aos profissionais da ciência da Medicina, tenho a impressão de que a missão assumida de cuidar ou mesmo de salvar vidas guarda em si algo transcendental. Médico é um instrumento de Deus para curar os males dos homens na Terra, privilégio divino de ajudar pessoas neste plano.

    No Juramento de Hipócrates, tão bem representado no início pela artista, prometemos estimar, tanto quanto aos pais, aquele que nos ensinou essa arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar nossos bens; ter seus filhos por nossos próprios irmãos; ensinar-lhes essa arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração, nem compromisso escrito.

    Prometemos aplicar os regimes para o bem do doente, segundo nosso poder de entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém daremos por comprazer nem remédio mortal, nem um conselho que induza a perda. Conservaremos, dessa forma, imaculada a nossa vida e nossa arte.

    Para ser médico é preciso se emocionar com a vida salva ou mesmo sentir a dor pela perda de alguém. Ser médico é cuidar do próximo sem preconceito ou distinção.

    Para sermos médicos precisamos estar conscientes de que teremos que abdicar de muitos momentos caros junto aos nossos familiares. Nossos filhos só vão entender isso com o tempo.

    Meus parabéns aos doutores que convivem com essa dura realidade da saúde brasileira de perto. Parabéns aos médicos que deixam suas cidades para ir para regiões ribeirinhas atender em uma comunidade muitas vezes esquecida e carente de atenção. Meus parabéns aos médicos que têm a sensibilidade de renovar a esperança no paciente e em seus familiares nos momentos mais difíceis do tratamento.

    São tantos os exemplos de personalidades que mereciam ser citadas neste dia de homenagem. Gostaria de lembrar o nome de médicos brasileiros que se tornaram celebridades no mundo da Medicina, como o Dr. Zerbini, cujo vídeo acabamos de ver, como o Dr. Adib Jatene; e de médicos brasileiros que agregaram novas técnicas reconhecidas pela ciência mundial. Falo do Dr. José Eduardo Sousa, que foi o primeiro médico a fazer cateterismo no Brasil e criador do stent. Também faço uma referência ao Dr. José Osmar Medina Pestana, criador do maior centro de transplantes do mundo; também ao Dr. Antônio de Salles, que criou o marca-passo cerebral, que revolucionou o tratamento do mal de Alzheimer, da anorexia, da depressão e da obesidade. Por fim, não poderia deixar de mencionar o nome da Dra. Zilda Arns, médica pediatra e sanitarista brasileira, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, tia do nosso ilustre colega, Senador Flávio Arns, pelo Paraná.

    Tenho uma grande satisfação – e aqui peço licença pelo meu egoísmo, mas imagino que alguns aqui tenham filhos médicos – de ver minha história sendo refletida na vida da minha filha, Maria Cecília Amorim Trad... (Palmas.) ... que recentemente passou no vestibular e passou a cursar Medicina. Sou testemunha do seu empenho, da sua dedicação e, em seu nome, gostaria de homenagear todos os acadêmicos de Medicina que buscam na arte dessa ciência a construção de suas vidas.

    Por fim, senhores e senhoras, queridos colegas, gostaria de fazer um merecido registro. Todos devem ter conhecimento de um paciente de mais de 60 anos que tinha um linfoma em fase terminal, tomava morfina todo dia e recebeu alta após ser submetido a um tratamento inédito na América Latina. Ele deixará o hospital livre dos sintomas do câncer graças a um método 100% brasileiro, baseado em técnica de terapia genética descoberta no exterior e conhecida como CAR T-cells.

    O paciente submetido ao tratamento é o mineiro Vamberto Luiz de Castro, funcionário público, aposentado, 62 anos. Antes de chegar ao interior de São Paulo, ele tentou quimioterapia, radioterapia, mas eu corpo, com essa doença, não respondeu a nenhuma das técnicas. Em um tratamento paliativo, com dose máxima de morfina, o paciente deu entrada na cadeira de rodas, no dia 9 de setembro, no Hospital das Clínicas, em Ribeirão Preto, com muitas dores, perda de peso, sem conseguir se locomover. O tumor havia se espalhado por vários órgãos. O prognóstico, de acordo com os médicos, era de menos de um ano de vida.

    Como última tentativa, o grupo médico incluiu o paciente em um protocolo de pesquisa. Testaram a nova terapia, até então nunca aplicada no Brasil. No início de setembro, o corpo do paciente estava tomado por tumores; na semana passada, no entanto, a maioria deles já havia desaparecido, e os que restam, segundo os médicos, sinalizam a evolução da terapia.

    Parabéns aos médicos brasileiros envolvidos nessa conquista, chefiados pelo Dr. Dimas Tadeu Covas, coordenado do Centro de Terapia Celular da USP de São Paulo.

    Para a gente mudar uma história que inspira um sorriso, uma esperança, a gente tem que ter a inspiração de Deus. Que nós, que nos dedicamos a cuidar de vidas todos os dias, possamos reconhecer essa importância e, com isso, o meu respeito a todo esse conhecimento.

    Para você, colega doutor, colega doutora, o meu muito obrigado.

    Termino com uma frase do professor discípulo do Dr. Zerbini, Adib Jatene: Ele dizia o seguinte: "A função do médico é curar. Quando ele não pode curar, ele precisa aliviar. E quando ele não pode curar nem aliviar, precisa confortar. O médico precisa ser especialista [em alma] e em gente".

    Muito obrigado. (Palmas.)

    Está encerrada a sessão.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/10/2019 - Página 39