Discurso durante a 203ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Reflexão sobre os posicionamentos de S. Exa. no Parlamento no momento de polarização política no País, sobretudo no Estado do Amazonas.

Expectativa pela conclusão da votação da reforma da previdência.

Autor
Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Reflexão sobre os posicionamentos de S. Exa. no Parlamento no momento de polarização política no País, sobretudo no Estado do Amazonas.
PREVIDENCIA SOCIAL:
  • Expectativa pela conclusão da votação da reforma da previdência.
Publicação
Publicação no DSF de 24/10/2019 - Página 20
Assuntos
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL
Indexação
  • COMENTARIO, ASSUNTO, EXPOSIÇÃO, POSIÇÃO, ORADOR, RELAÇÃO, AUSENCIA, ENTENDIMENTO, POLITICA, LOCAL, PARLAMENTO, ENFASE, ESTADO DO AMAZONAS (AM).
  • EXPECTATIVA, MOTIVO, CONCLUSÃO, APROVAÇÃO, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), REFORMA, PREVIDENCIA SOCIAL.

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - AM. Para discursar.) – Palavras que depois que são ditas não tem como recolher. Você até modifica, mas não recolhe, foram ditas e têm que valer.

    Presidente Anastasia, Sras. e Srs. Senadores, ouvindo o Senador Confúcio falar – e falar tanto a palavra esperança, que é o que nos move a estar todos os dias aqui em sessões no Plenário –, as pessoas que nos conduzem, que nos trouxeram até aqui esperam de nós, pelo menos, que tenhamos opinião, que possamos dar opinião a cada tema, a cada gesto, a cada aceno.

    Ontem, a reforma da previdência, concluída hoje, que é uma reforma que tomou quase que o ano inteiro, foi o assunto pertinente, foi a bala de prata – e a gente sempre dizendo que pode até não resolver, mas é necessária. E eu assumi aqui, Presidente, a postura que assumi na campanha quando prometi votar pela reforma da previdência. Apresentei algumas emendas, que, infelizmente, não foram aprovadas, acatadas – mas isso faz parte do jogo político –, tentando corrigir algo que chamo de incorreções e até de injustiças. Aquela que o Senador Paim citou ontem é uma delas, mas existem algumas outras. Mas eu também tenho consciência de que, numa guerra, não há como não haver feridos. Numa guerra, não há como não correr sangue. Aí você fala: "Mas tem que ser do pobre?" Não. Não tem que ser na base da pirâmide. De preferência, teria que ser acima. E, se essa reforma não é a com que todos nós sonhamos, é a de que o Brasil precisa. Por isso, o voto deste Senador do Amazonas foi "sim" e continuará sendo "sim". Aí vamos cumprir outra etapa.

    Mas é dever nosso, Presidente Anastasia. Eu entendo assim: uma vez que o eleitor amazonense me tornou Senador, ele quer que eu opine, ele quer que eu fale, ele quer que eu seja transparente.

    E eu vejo agora, neste momento de polarização, do perigo da polarização direita-esquerda, que se autoalimentam, um precisa do outro: a direita não vive sem a esquerda; a esquerda, sem a direita. Um extremo não vive sem o outro, se retroalimentam. Precisam e discordam, porque eu vejo, Senador Anastasia, e aprendo muito isso com o senhor, no extremo, o perigo de ser. A gente opina e quem é esquerda te chama de reacionário; a gente opina e quem é direita te chama de comunista. Eu já tive o prazer de ser chamado, nesta Legislatura, Presidente, de comunista e de reacionário. Eu fui chamado pelos dois lados, o que significa que eu tento fazer a coisa correta. Para mim, as coisas são definidas. As cores já estão definidas. Então, há conceitos de que a gente não pode abrir mão e um deles é o conceito de justiça, do certo e do errado.

    E o Senado é bom para isso. Esta Casa, Senador Lucas, que daqui a pouco vai ocupar a tribuna, é boa para isso, Reguffe. A gente, do alto da tribuna do Senado, por ser uma Casa de pessoas que chegam aqui já com experiência, pode falar um pouco dessa experiência que a gente tem. E a experiência política que carrego é aquela que me diz: "Fale, opine e se meta, diga o que você foi fazer lá". A gente traz muito o recado regional. É impossível ser da Amazônia e não trazer um recado amazônico. É impossível ser da Amazônia e ver tanta besteira, ver tanta idiotice falada pelos ambientalistas e não rebater. Assim como a gente vê diariamente analistas políticos falando besteira o tempo todo.

    Chega a ser risível, Reguffe, assistir a alguns programas políticos analisando uma coisa que eles supõem que esteja acontecendo. Mas é a função. E nós aqui padecemos, estamos à mercê disso. A opinião pública é que nos move.

    Votei "sim" pela reforma da previdência. Se perceber e vir a votação, mesmo acusado pelos bolsonaristas de que não apoio, se você observar, 90% estivemos com o Presidente, porque o Brasil precisa. Agora, a gente não pode deixar de observar quando alguém entra numa loja de cristal e quebra tudo. Eu acho que a gente precisa, sim, estar na tribuna aqui, Anastasia, todos os dias, dizendo o que pensa, mesmo que não concordem com a gente, porque somos nós que podemos levar esperança a essa gente. Então, nós não podemos desistir nunca de falar, desistir nunca de insistir. Para você que ainda acredita no País, tem que acreditar. Você brasileiro, você brasileira, tem que perceber que há homens que acreditam no País, que acreditam em si, que é possível sim melhorar, que é possível sim chegar aonde se quer.

    Está sendo citado muito o Chile. O Chile foi exemplo. Eu vi o Ministro Paulo Guedes: "Porque no Chile, a capitalização do Chile...", e a gente sempre combatendo. Está aí, não se pode camuflar: o progresso tem que estar acompanhado, Senador Dário, do bem-estar do cidadão. A renda per capita do Chile, os altos índices disso e daquilo, mas lá embaixo, na pirâmide, o povo sofre. E é aquele povo que sofre com transporte público, com a tarifa que aumenta, com a energia que aumenta. Então, não adianta desenvolvimento, se autointitular Primeiro Mundo se o povo lá na base continua sofrendo.

    Daí, Presidente Anastasia, ocupar sempre esta tribuna para fazer a comparação com aquela gente que vive a usar a Amazônia como trampolim e até como meio de vida. Agradeço a Deus, todos os dias, a possibilidade de poder estar aqui e bater na mesma tecla. A mim não me importa se o que eu digo vai ao encontro e concorda com o Ministro do Meio Ambiente ou com o Presidente Bolsonaro – paciência, é bom –, e a mim também não me importa se vai ao contrário, também não me importa.

    Eu disse aqui, Senador Dário, eu disse aqui, Senador Cid, que eu não fui eleito Senador para agradar ninguém; a minha eleição foi para ser Senador da República, não foi para ser mister simpatia. Então, aqueles que carregam a vontade de só agradar não exercem o seu papel; aqueles que têm medo de desagradar não podem exercer o seu papel. E aqui a consciência é tranquila, a maturidade, Senador Anastasia, é tamanha que a gente concorda no almoço e diverge na tribuna, ou ao contrário, e continuamos amigos, cada um com a sua responsabilidade. O senhor com uma responsabilidade maior, por ter sido Governador, de representar o seu Estado e a República, e eu com a responsabilidade que tenho de representar o Amazonas, ao mesmo tempo em que estou Senador da República.

    Portanto, aproveito esse dia calmo e tranquilo, porque a calma e a tranquilidade sempre trazem uma mensagem. Daqui a pouco teremos dois destaques para serem votados, a minha tendência é votar com o Relator. Acompanhei o trabalho do Senador Tasso do começo ao fim. Mesmo não sendo contemplado nas minhas emendas, não há nada a reclamar. Eu acho que o Senador Tasso merece de todos nós a solidariedade de entender que ele fez o melhor, que o ideal ficou um pouco distante, mas o melhor foi feito.

    Portanto, a minha tendência daqui a pouco é votar com o Relator, dizendo "sim" ao relatório e, por fim, encerrar aqui a nossa parte e dizer, com a reforma da previdência: "Toma, Presidente, a bola agora está contigo. Pare de reclamar, pare de estar de braços cruzados. Faça alguma coisa, Ministro Paulo Guedes, a reforma foi dada, o Congresso entendeu, na sua maturidade, a reforma, tão difícil, foi dada a você. Agora, trabalhe, pare de falar, não inventa que agora depende da reforma tributária. Não invente mais nada, por favor. Faça este País destravar, andar, viver, chegar lá na base, porque, se a base não foi atendida, se a base não tiver condições, a coisa explode". Apesar de o brasileiro, nós temos, na história, revoluções sem tiro, revoluções sem sangue. Isso é da índole do brasileiro, mas também é da índole do brasileiro não se acomodar, reclamar, mostrar, falar da sua insatisfação.

    Está aí a reforma da previdência. Com a bola o Presidente Bolsonaro, com a bola o Ministro Paulo Guedes. Mas esqueçam o Chile, esqueçam o seu sistema de capitalização, façam bom proveito da reforma da previdência, parem de reclamar e parem de querer jogar sobre os ombros do Senado toda a responsabilidade – que agora é sua, que agora é do Executivo – de destravar este País, de fazer o País funcionar.

    Obrigado, Presidente Anastasia.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/10/2019 - Página 20