Discurso durante a 202ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Ponderação sobre os indícios de recuperação da atividade econômica brasileira.

Autor
Jorge Kajuru (CIDADANIA - CIDADANIA/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Ponderação sobre os indícios de recuperação da atividade econômica brasileira.
Aparteantes
Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 23/10/2019 - Página 44
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • REGISTRO, INDICIO, RECUPERAÇÃO, ECONOMIA, PAIS, BRASIL, EXPOSIÇÃO, ANUNCIO, CAIXA ECONOMICA FEDERAL (CEF), ANTECIPAÇÃO, SAQUE, FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO (FGTS), COMENTARIO, PAGAMENTO, BENEFICIARIO, BOLSA FAMILIA, OBSERVAÇÃO, CRIAÇÃO, EMPREGO, CARTEIRA DE TRABALHO.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO. Para discursar.) – Brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências, meus únicos patrões, Pátria amada, uma bela semana, com paz, saúde e Deus, a todos nós e a todas aqui do Senado Federal.

    Na tribuna hoje, manifesto o meu desejo – envolvido por otimismo – de que se tornem efetivos os sinais de que a crise econômica, surgida em meados de 2014, pode estar começando a dar adeus ao Brasil.

    Presidente Lasier Martins, eu sei do seu senso de justiça. Chegar aqui e apresentar números negativos do IBGE é bem fácil. Quando finalmente há alguns positivos, eu creio ser coerente, no mínimo. As evidências são tênues, mas percebo que empresários, analistas econômicos, jornalistas especializados já detectam indícios de que a situação tende a melhorar. Agora, fica a dúvida: isso significa que a reforma da previdência tem que ser aprovada? Dúvida! Nós aqui do Legislativo temos muito a contribuir, propondo um debate sério e responsável que nos conduza à aprovação das reformas estruturais de que tanto o País precisa.

    Parece que setores do Executivo já captaram os novos eflúvios. Recentemente, anunciaram medidas que podem ajudar no estímulo ao otimismo e resultem em confiança, matéria-prima indispensável à superação das crises econômicas.

    A Caixa Econômica Federal anunciou ontem, 21/10, a antecipação dos saques de até R$500 do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para não correntistas do banco. Com isso, todos os trabalhadores poderão fazer os saques ainda neste 2019, mudando o calendário anterior, que previa saques no ano que vem para os nascidos de julho a dezembro. Estima-se então que a medida vai injetar mais R$12 bilhões na economia. Volto à pergunta: isso significa que a reforma da previdência tem que ser aprovada? Dúvida!

    Na semana passada, o Governo anunciou o décimo terceiro pagamento para os beneficiários do Bolsa Família, uma espécie de bônus de Natal, um dinheiro aparentemente pequeno em seus valores nominais, mas de muita valia para os mais desafortunados da nossa população pobre. E trata-se de muita gente: 13,5 milhões de famílias. O décimo terceiro do Bolsa Família vai significar R$2,5 bilhões circulando na economia de áreas geográficas em que predomina a pobreza. Somando-se aos R$12 bilhões da antecipação do saque do FGTS, são R$14,5 bilhões de dinheiro extra em circulação para impulsionar as vendas de fim de ano e, de certa forma, alavancar a largada da economia em 2020.

    Afora medidas pontuais, há um aspecto que não pode ser desprezado. Quando se pensa em superação da crise, que é obviamente o emprego, aí é preciso dar ênfase a uma razoável notícia por enquanto: em setembro, foram criadas mais de 157 mil vagas com carteira assinada, resultado mais positivo para o mês desde 2013.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Kajuru, permite um aparte?

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – Permito, Senador Paulo Paim, com prazer.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para apartear.) – Senador Kajuru, quero cumprimentar V. Exa., porque daqui a uma hora nós vamos decidir aqui a vida de mais de 100 milhões de brasileiros. V. Exa. está correto em falar, neste momento, da delicadeza dessa reforma.

    Está aqui do meu lado, por exemplo, o Chico Vigilante. Ele está quase mendigando aqui para falar com um Senador ou com outro, para que entendam a situação deles. E ele me perguntava: "Paim, qual é o crime que a gente fez? É porque a gente defende o patrimônio dos Senadores e Deputados? É porque a gente defende os filhos deles nas salas de aula, porque lá está o vigilante?". Qual é o crime que eles fizeram para botarem no texto da Constituição que eles estão proibidos de se aposentar?

    Eu estava agora com mais de cem vigilantes reunidos, porque eles não podem passar para cá, não deixam eles passarem. Então, eu fui lá nas Comissões – e o resto está lá fora ainda. Eles estão perguntando: "Paim, qual é o crime que nós fizemos?". Eles não estão pedindo sequer que este Plenário tem que garantir a aposentadoria deles, mas que só não a proíbam. Querem botar um texto na Constituição dizendo que quem defende o povo, quem defende todos nós que estamos aqui não pode se aposentar. Tiram de 25 anos de contribuição, jogam para 40 anos e botam idade de 65 anos sem nenhuma transição – nenhuma transição! Nem escala de ponto nem nada, simplesmente proibindo.

    Senador Kajuru, hoje é um dia histórico.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – Histórico.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Como eu disse para o mal ou para o bem, cada um há de escrever a sua história. E, um dia, vai ser contada a história do que foi a reforma que poderá acontecer hoje, em que ainda nós Senadores – eu me incluo, eu não sou melhor que ninguém – temos a oportunidade de fazer com que o prejuízo seja menor para esses homens e mulheres que trabalham, no caso específico, em áreas de alto risco.

    Eu não consigo sorrir, eu estou aqui, confesso, muito triste...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – Eu também.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Agora, a minha tristeza não me tira o direito de pedir para V. Exa. esse espaço, que eu acabei pedindo, para dizer que, daqui a minutos, o Presidente vai sentar lá, nós vamos entrar no debate, e eu quero que me respondam perguntas que eu vou fazer. Eu tenho certeza de que a maioria dos Senadores, novos ou velhos – eu digo em relação ao tempo da Casa –, está sensível com a situação de quem trabalha em linhas de alto risco, serviço periculoso.

    Desculpe, Senador...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – O que é isso?

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu cumprimento V. Exa. por tratar deste tema.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – Essa mesma tristeza sua eu desabafava com a Senadora Leila Barros meia hora atrás. Nós dois estamos assim hoje.

    E não é só o caso do Chico, dos milhões de vigilantes; são outros segmentos, outras classes trabalhadoras.

    Esses números aqui, penso eu que a gente não pode chegar aqui e comemorá-los como se eles fossem suficientes para a reforma da previdência ser aprovada. Tudo bem, os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) indicam uniformidade; nenhuma das 27 unidades da Federação teve saldo negativo de empregos em setembro; ampliando o prazo para 12 meses, o número de novos empregos formais é superior a 548 mil. Sim, são boas notícias que passam a mim em todo momento, no meu "zap", nos meus telefonemas. Ao meu Gabinete 16, chega, a todo momento, esse tipo de informação. Ainda não há motivo para comemorações efusivas! Afinal, a taxa de desemprego cai vagarosamente e está em 11,8%, e...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – ... a desocupação ainda atinge 12,6 milhões de brasileiros.

    Presidente, eu tenho mais qual tempo pelo nosso regime?

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – Eu só quero dizer o seguinte. Eu aqui não posso esconder. Eu já falei – aliás, me parece que V. Sa. estava na Presidência – de um arrependimento profundo. Eu registrei em cartório, quando fui eleito, que dividiria o meu voto com o meu eleitorado goiano e com os brasileiros através de pesquisas confiáveis. Como, cada vez mais, é difícil uma pesquisa confiável, o que eu fiz? Eu criei uma plataforma, que é americana, em função dos bots – entenderam, não é? –, dos robôs, dos fanáticos. Ela não chega a 100% nesse ambiente tóxico, cheio de opiniões extremistas, mas ela chega a 80%. A minha nova pesquisa já está no ar – quem é a favor ou contra a reforma – e une e-mails, seguidores...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – ... e Whatsapp. Essa é a diferença dela. Eu estou utilizando o e-mail como o maior instrumento de pesquisa, porque o método se chama SurveyMonkey, uma plataforma especificamente criada com este propósito, para a gente filtrar e saber realmente o que pensa a sociedade brasileira sobre a reforma. Porque, francamente, penso eu, entendo e sei que – muitos Senadores e Senadoras concordam comigo – a sociedade brasileira, em maioria absoluta, não tem nenhum conhecimento real dessa reforma da previdência.

    Agradecidíssimo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/10/2019 - Página 44