Discurso durante a 204ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Celebração pelo aniversário de 350 anos da cidade de Manaus-AM.

Autor
Eduardo Braga (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/AM)
Nome completo: Carlos Eduardo de Souza Braga
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Celebração pelo aniversário de 350 anos da cidade de Manaus-AM.
Publicação
Publicação no DSF de 25/10/2019 - Página 32
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, MANAUS (AM).

    O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM. Para discursar.) – Eminente Senador Izalci, Presidente desta Casa, eu quero começar agradecendo ao nosso Senador Confúcio pela permuta, saudando os nossos Senadores aqui presentes.

    Mas, Presidente, eu estou vindo à tribuna hoje... A gente não escolhe o lugar onde a gente nasce, não é verdade? Deus decide onde a gente nasce, mas a gente escolhe o lugar onde a gente vive, trabalha, cria raízes, tem os filhos. E Manaus foi a cidade que acolheu a mim e à minha família, meu pai, minha mãe. E foi em Manaus que nós conseguimos crescer, conseguimos gerar empregos, conseguimos começar na vida pública, como Vereador.

    Hoje, Presidente, Manaus completa 350 anos. E eu quero usar da minha fala para homenagear a capital do meu querido Estado do Amazonas e cumprimentar o querido povo amazonense.

    Sou nortista de nascimento e manauara por formação, opção e paixão. Quero dizer que nasci em Belém do Pará e me graduei na Universidade Federal do Amazonas. Já fui Vereador pela cidade de Manaus, aos 21 anos de idade. Eu me elegi Deputado Estadual com a maioria da minha votação em Manaus. Depois, Deputado Federal, também com a maioria da minha votação em Manaus. E acabei sendo Vice-Prefeito de Manaus, Prefeito da cidade de Manaus, onde tive a oportunidade de estar em todos os becos, vielas, ruas, conhecendo Manaus como a palma da minha mão, e tudo isso graças à generosidade daquele povo, porque todos os cargos que exerci foi pelo voto, e pelo voto direto da população.

    O Amazonas ainda me honrou com o mandato de Governador do Estado do Amazonas por duas vezes e o mandato de Senador da República por duas vezes. Esse desempenho sempre foi em função da generosidade daquele abençoado povo amazonense e de uma relação de amor e respeito que eu busco permanentemente para com a minha querida Manaus e com meu querido Amazonas.

    Presidente, Manaus foi fundada em 24 de outubro de 1669, a partir do Forte São José da Barra do Rio Negro, para demonstrar a presença lusitana e fixar o domínio português na Região Amazônica, tendo em vista a pressão que existia, meu caro Senador Esperidião Amin, pelas conquistas espanholas, pelo Pacífico, versus as conquistas portuguesas, pelo Atlântico.

    Naquela época, já era considerada uma posição estratégica, em Território brasileiro, a ocupação da Amazônia. Antes de os europeus chegarem à Amazônia, no século XVI, eram numerosos os povos indígenas que habitavam a região. Esses se dividiam em diferentes etnias, que se diferenciavam por suas línguas e costumes e dedicavam-se à pesca e à cultura da mandioca, promovendo um intenso comércio intertribal. Suas habitações eram amplas e arejadas, feitas de troncos de árvores e cobertas de palha.

    Toda essa miscigenação cultural resultou em um formato único para a minha querida cidade de Manaus, com comércio, tecnologias e artesanato muito próprios e característicos da nossa cidade, além de uma alimentação riquíssima, nutritiva, própria e única.

    Os 350 anos de Manaus são marcados por seu protagonismo no panorama nacional. Apesar de distantes, isolada territorialmente do restante do Brasil, a cidade registra grande relevância estratégica, cultural, econômica e política.

    A Cabanagem é nosso marco histórico e político – marco de resistência, erudição e relevância política do povo manauara. A Cabanagem foi um movimento político e um conflito social ocorrido entre 1835 e 1840, no Estado do Pará, envolvendo homens livres e pobres, sobretudo indígenas e mestiços, que se insurgiram contra a elite política local e tomaram o poder.

    A entrada da comarca do Alto Amazonas, hoje Manaus, na Cabanagem foi fundamental para o nascimento do atual Estado do Amazonas. Durante o período da revolução, os cabanos da comarca do Alto Amazonas desbravaram todo o espaço onde houvesse um povoado, para assim conseguir um número maior de adeptos ao movimento, ocorrendo com isso uma integração das populações circunvizinhas e formando assim o hoje conhecido Estado. E isso é muito característico do povo amazonense, um povo que se uniu por vontade própria para lutar em prol de interesses comuns, um povo que decidiu estar junto, uma união que não foi imposta, mas democraticamente conquistada.

    Economicamente, a relevância de Manaus tem origens históricas. Tem sido um dos grandes expoentes do Brasil. Durante o ciclo da borracha – para alguns que não conhecem a nossa história –, o Amazonas chegou a representar 40% do PIB brasileiro. E também, com a idealização da Zona Franca de Manaus, pôde ocupar econômica e socialmente, de forma sustentável, respeitando, portanto, a floresta e o meio ambiente, um distrito industrial de mais de 600 indústrias em Manaus.

    Além disso, o setor de turismo na região é muito privilegiado. Afinal, estamos no meio da Floresta Amazônica, a maior floresta em pé do mundo, fonte de curiosidade de toda a humanidade. Acredito que poucos são os que nunca desejaram conhecer de perto esse tesouro brasileiro. Somos o maior destino de turistas na Amazônia e o oitavo destino brasileiro mais visitado por estrangeiros. Temos um significativo número de hotéis – hotéis de selva, hotéis urbanos – em nossa região metropolitana e no interior do Amazonas que funcionam também como atrativos turísticos. Além disso, uma de nossas principais atrações turísticas é o Teatro Amazonas, símbolo arquitetônico e cultural datado de 1896, época áurea da borracha, e patrimônio histórico nacional. O Mercado Municipal de Manaus, conhecido como Mercadão, também se destaca como uma grande atração turística da nossa cidade. Datado de 1883, foi tombado como patrimônio histórico e artístico nacional pelo Iphan, em 1º de julho de 1987, por ser um dos principais exemplares da arquitetura de ferro, sem similar em todo mundo.

    Tal protagonismo fez com que Manaus, uma cidade tão isolada, se tornasse hoje a sétima cidade mais populosa do Brasil, com mais de 2 milhões habitantes, e faz com que seu Índice de Desenvolvimento Humano figure entre os mais altos do País.

    No terreno cultural, Manaus é berço de escritores, compositores, poetas, músicos, atores e atrizes conhecidos em todo o Brasil, como: Anibal Beça, autor dos livros Filhos da Várzea e Folhas da Selva; Milton Hatoum; Teixeira de Manaus, saxofonista; o sambista Chico da Silva; além de ser terra também de Malvino Salvador, um dos grandes atores da atual teledramaturgia brasileira.

    Na Amazônia, Manaus é a maior aglomeração urbana, com mais de 15% da população de toda a Região Norte do Brasil, reunindo mais de 50% da população do nosso Amazonas. Manaus é, sobretudo, uma terra de gente guerreira e batalhadora, que soube driblar as dificuldades impostas pelo ambiente selvagem, e construir uma sociedade progressista, cultural e economicamente rica e ambientalmente sustentável no meio da Floresta Amazônica, uma cidade que soube aliar o desenvolvimento e a preservação ambiental.

    Ao longo dos 38 anos de vida pública, Presidente, que hoje carrego na minha vida e trajetória política, muitos desses anos foram dedicados à minha querida cidade de Manaus. Lá pude ajudar a implantar alguns dos marcos da nossa civilização. Se olharmos para Ponta Negra, lá tem um pouco do nosso trabalho. Se olharmos para a ponte sobre o Rio Negro, lá tem um pouco do nosso trabalho. Se olharmos para o Prosamim, um projeto de recuperação ambiental, de saneamento e acima de tudo de valorização do ser humano, lá tem um pouco do nosso trabalho. Se olharmos para o gasoduto que traz energia limpa para a cidade de Manaus, lá tem um pouco do nosso trabalho. Se olharmos para a linha de transmissão de energia que interliga Manaus a Tucuruí, lá tem um pouco do nosso trabalho. Se olharmos as grandes avenidas da cidade de Manaus, lá está uma marca de quando passei pela prefeitura e de quando passei pelo Governo do Estado do Amazonas. Foram mais de 30 mil habitações construídas para atender a 30 mil famílias que não tinham um lar para chamar de seu e criar as suas famílias. Construí as primeiras escolas de tempo integral da cidade de Manaus. Construí feiras, mercados. Pude, portanto, contribuir para a história de uma cidade que é pujante, mas, acima de tudo, generosa com quem a visita e com quem opta por morar naquela cidade.

    Sou manauara, portanto, de coração e apaixonado pelo meu Estado. Sou eternamente grato tanto a Manaus quanto ao meu querido interior do Amazonas, para os quais eu tenho dedicado horas e horas da minha vida pública, dias e dias da minha vida pública, tentando diminuir as desigualdades, porque, eminente Presidente, Manaus, com mais de 50% da nossa população, é responsável por mais de 90% da nossa economia.

    Eu costumo dizer que ser brasileiro nas praias do Rio de Janeiro é um desafio, mas ser brasileiro nas barrancas do Rio Juruá, do Rio Purus, do Rio Amazonas, do Rio Negro é ser brasileiro duas vezes, porque lá nós precisamos persistir e jamais desistir.

    Portanto, no dia de hoje, venho a esta tribuna para abraçar e parabenizar a minha querida Manaus, pelos seus 350 anos. Venho a esta tribuna para agradecer àquele povo tão maravilhoso e tão querido como o povo manauara e para dizer que, nos anos que ainda tenho com força física, mental e um coração apaixonado pelo Amazonas e pela nossa querida Manaus, espero poder dedicar mais recursos e mais políticas públicas para que nós possamos gerar emprego, renda respectivas e oportunidades de vida melhor para um povo que apenas quer o direito de poder dar uma vida melhor aos seus filhos.

    Qual é o pai, qual é a mãe, Sr. Presidente, Srs. Senadores, Sras. Senadoras, que não quer o melhor para o seu filho? Todos queremos, eu quero, o senhor quer, o brasileiro que nos assiste quer, a brasileira que nos assistir quer.

    Assim é o amazonense, manauara ou itacoatiarense ou manacapuruense; de Lábrea, de Tabatinga ou de qualquer rincão do meu querido Amazonas. Somos brasileiros e queremos ter os mesmos direitos, queremos ter os mesmos sonhos, queremos ter as mesmas oportunidades.

    Por isso, peço a Deus que abençoe a minha querida Manaus, que dê sabedoria aos nossos governantes para que os manauaras, os amazonenses e os brasileiros possam olhar para o futuro e dizer: "Temos uma estrada que nos levará a um progresso com justiça social e responsabilidade ambiental".

    Muito obrigado, Presidente.

    Parabéns a Manaus.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/10/2019 - Página 32