Discurso durante a 204ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Preocupação com eventual decisão do STF contrária à prisão de condenado sem segunda instância.

Pesar pela morte do jornalista Saulo Gomes.

Autor
Eduardo Girão (PODEMOS - Podemos/CE)
Nome completo: Luis Eduardo Grangeiro Girão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PODER JUDICIARIO:
  • Preocupação com eventual decisão do STF contrária à prisão de condenado sem segunda instância.
HOMENAGEM:
  • Pesar pela morte do jornalista Saulo Gomes.
Aparteantes
Luis Carlos Heinze, Vanderlan Cardoso.
Publicação
Publicação no DSF de 25/10/2019 - Página 47
Assuntos
Outros > PODER JUDICIARIO
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • PREOCUPAÇÃO, DECISÃO JUDICIAL, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), PRISÃO, CONDENAÇÃO, SEGUNDA INSTANCIA.
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, JORNALISTA, REPORTER, FRANCISCO CANDIDO XAVIER.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE. Para discursar.) – Já que V. Exa. tocou nesse assunto, meu irmão querido Senador Vanderlan, eu lembro a última vez em que o senhor estava sentado nessa cadeira, da felicidade que tomou conta do seu ser na aprovação da Lei das Teles, que já está gerando muito investimento para o Brasil. Eu fico feliz de ter colaborado de alguma forma com aquele momento tão bem construído por V. Exa. aqui no Plenário. Foi uma unanimidade e foi um momento de vitória para o povo brasileiro. Possibilidades realmente muitas de a gente, cada vez mais, avançar na área tecnológica e trazer emprego para o Brasil.

    Parabéns ao Senador Heinze pelo belo pronunciamento.

    Eu subo a esta tribuna agradecendo a Deus, primeiramente, pela oportunidade de estarmos aqui hoje com saúde, com serenidade para trocar uma ideia com os brasileiros que estão nos ouvindo pela Rádio Senado e nos assistindo pela TV Senado...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE) – ... em um momento que a gente sabe que a audiência está muito dividida e com razão. O brasileiro está com o olho no julgamento do Supremo Tribunal Federal agora.

    Eu tive a notícia não muito boa de que o placar está 3 a 2. A Ministra Rosa Weber acabou votando contra a prisão em segunda instância, que é um anseio do povo brasileiro que se mantenha essa prisão em segunda instância. Por vários motivos, que a gente já discutiu aqui durante a semana, com vários Parlamentares mostrando que 90% das decisões do Supremo Tribunal Federal e também do STJ – do Supremo até num número maior – são mantidas do que vem da primeira e da segunda instância.

    Então, a esta altura do campeonato, o Supremo querer reverter isso? A gente ouve aqui nos corredores que faz parte de um acordão. Eu me recuso a acreditar nisso. Quero esperar o fim do julgamento, mas o que a gente ouve aqui é isso, que é um acordão, que o objetivo é liberar mesmo, para liberar alguns políticos corruptos poderosos condenados por corrupção. Serão liberados aí estupradores, pedófilos, traficantes, sequestradores.

     Eu espero, sinceramente – eu ainda tenho muita fé no homem, e esse julgamento só vai terminar na próxima semana –, eu espero muita sensibilidade, serenidade dos ministros para não darem esse passo atrás, porque o povo brasileiro vai ficar extremamente decepcionado, porque nós estamos passando por um processo de limpeza no País. A Operação Lava Jato, que é alvo de articulações como essa, é um patrimônio que vem inspirando, novamente, a população brasileira a acreditar no País dela, a ter a convicção de que a justiça, cada vez mais, está existindo para todos, sem distinção, sem seletividade, mas o Supremo, ultimamente, vem, infelizmente, jogando contra. E não é só o Supremo. Fazemos aqui...

    O Sr. Luis Carlos Heinze (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Senador Girão.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE) – Por favor.

    O Sr. Luis Carlos Heinze (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS. Para apartear.) – Por favor, só um aparte.

    Eu me solidarizo com V. Exa. Também já falei na semana passada, e repito hoje aqui, que nós esperamos que os outros cinco ministros que ainda restam votar entendam o que a sociedade brasileira está precisando. E não é apenas isso. O mundo inteiro não tem esse... Parece que há apenas um país no mundo que não utiliza essa prática. Será o Brasil? Pelo amor de Deus! É uma vergonha para o povo brasileiro.

    Portanto, esperamos que dos cinco ministros que ainda restam votar nós possamos ter esse placar, que não precise ir para o desempate do Ministro Toffoli. Cinco a cinco seria... Eu conversava com o Esperidião há pouco tempo aqui. Nós esperamos que esses ministros nos deem essa alegria. Não a nós, mas ao povo brasileiro.

    Muito obrigado.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE) – Muito obrigado.

    O SR. PRESIDENTE (Vanderlan Cardoso. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - GO. Para apartear.) – Senador Girão, é interessante que já é a terceira vez que é o mesmo assunto e a mesma votação. Mesmo assunto. Eu me solidarizo com o senhor. eu já falei isto aqui: nós não podemos retroceder.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE) – Não podemos.

    O SR. PRESIDENTE (Vanderlan Cardoso. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - GO) – Em hipótese alguma.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE) – Não podemos.

    O SR. PRESIDENTE (Vanderlan Cardoso. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - GO) – É interessante, Senador, e eu quero aqui deixar até nossa indignação, que, no caso do amianto, que foi no Brasil, principalmente na cidade de Minaçu, que só exporta, o Supremo foi muito rápido e tirou, no nosso País, quase 200 mil postos de trabalho. Baniu o amianto, e ficou provado aí que não existe nada daquilo que falaram.

    Então, eu me solidarizo com o senhor deixando aqui minha indignação com essa votação e também com relação aos postos de trabalho, por alguma decisão equivocada que foi tomada em relação ao amianto no Brasil.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE) – Muito bem.

    Eu agradeço o aparte tanto do Presidente desta sessão, Senador Vanderlan, como do Senador Heinze, que estão de acordo com o que pensa – posso até dizer aqui – a maioria esmagadora do povo brasileiro, que quer o fortalecimento da Operação Lava Jato, que quer que a prisão em segunda instância seja mantida em nossa Nação, e nós estamos vivendo um momento de dilema, porque o Supremo está votando agora – enquanto eu estou falando aqui, o Supremo está votando –, e o placar, repito, está em 3 a 2. Quem foram os ministros que votaram a favor da prisão em segunda instância, que realmente combate essa chaga que deixa nosso Pais de joelhos para o mundo, que é a chaga da corrupção que mata, porque é por causa dela que falta o remédio nos hospitais, os equipamentos, onde falta a merenda escolar na educação?

    Quem foram os ministros até agora? O Relator, Ministro Marco Aurélio Mello, votou contra a prisão de segunda instância. Depois, houve uma virada. Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso colocaram o placar em 3 a 1 a favor da ética, 3 a 1 a favor do bem, a favor da verdade, a favor de uma política contra a impunidade. E agora vem o voto da Ministra Rosa Weber. São 3 a 2.

    A esperança é a última que morre. Eu acredito muito que os próximos cinco ministros, que têm filhos, que têm netos que vão estar neste País depois que a gente se for, pensem nesses filhos, nesses netos. Que Nação eles querem para as gerações que vêm por aí? Que Nação eles querem? Uma nação onde impera a impunidade? É isso? Então, é um momento de xeque, em que o Supremo precisa mostrar realmente a sua cara para o Brasil, porque muitas decisões têm vindo na contramão. Esperemos que eles deem de presente essa votação, mantendo a prisão de segunda instância.

    O Sr. Presidente gostaria de saudar os visitantes aqui da galeria?

    O SR. PRESIDENTE (Vanderlan Cardoso. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - GO) – Nossos jovens, não chegou aqui ainda de qual colégio, mas sempre é uma honra ter visitas aqui, principalmente de jovens. Sejam sempre bem-vindos!

    Vocês são os professores?

(Manifestação da galeria.)

    O SR. PRESIDENTE (Vanderlan Cardoso. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - GO) – Não, estão acompanhando.

    Bem-vindos! É um prazer enorme.

    Senador Girão.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE) – A galeria está sempre aberta, como a Casa para recebê-los.

    O SR. PRESIDENTE (Vanderlan Cardoso. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - GO) – Sempre aberta.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE) – E a gente fica feliz em ver cada vez mais jovens brasileiros e brasileiras vindo aqui ao Plenário conhecer como é que funciona esta Casa, que é de vocês. A gente está aqui para servir vocês.

    Eu subo a esta tribuna, neste momento, para fazer um pronunciamento sobre um grande repórter, um grande jornalista brasileiro...

    O SR. PRESIDENTE (Vanderlan Cardoso. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - GO) – Senador Girão, são os alunos de ensino fundamental do Colégio Dom Pedro II aqui de Brasília. Sejam bem-vindos!

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE) – Muito bem. Muito bem. Deus abençoe vocês!

    Ontem, Presidente Senador Vanderlan, foi um dia em que nós perdemos nesta vida a convivência conosco de um grande jornalista, um repórter conceituado, um homem de bem, ético, o jornalista Saulo Gomes. Ele morava em Ribeirão Preto e fez palestras no Brasil e no mundo sobre trabalhos – eu vou citar alguns aqui – de repercussão muito grande.

    Eu tive a oportunidade de conviver com ele em um momento importante da minha vida, no ano de 2010. Eu já disse, inclusive para V. Exa., que a minha vida se transformou a partir de uma síndrome do pânico, que eu tive há mais de 20 anos. A dor me fez abrir uma perspectiva espiritual.

    Eu era uma pessoa extremamente materialista e não me preocupava muito com as coisas da eternidade – podemos dizer assim –, com crenças. A partir do momento em que tive contato com a doutrina espírita e estudei um pouco a obra do Chico Xavier e de tantos outros nomes, como Divaldo Franco, o Dr. Bezerra de Menezes, aquilo me deu uma nova perspectiva de vida. Eu sou muito grato pela amplitude que eu recebi e, ao mesmo tempo, serenei mais a minha mente, reforcei a ação a favor do bem, a favor da paz e me preocupei mais com o próximo. Quando a gente se preocupa com o próximo, acaba deixando de se preocupar com o nosso egoísmo, com o nosso próprio umbigo. Para mim, a perspectiva do espiritismo, da vida após a morte, foi decisiva para uma vida mais serena, mais feliz. Eu não nego isso; muito pelo contrário, eu reforço isso e agradeço.

    O Saulo foi uma pessoa que me ajudou muito, porque ele foi o repórter do Chico Xavier. Ele trabalhava na TV Tupi. Não é do teu tempo também, não é do meu tempo. Mas naquela época, com televisão preto e branco e o programa de maior audiência que nós tínhamos no Brasil era o Pinga-Fogo, programa de repercussão imensa. Ele entrevistou o Chico Xavier. Foi um dos articuladores para que o Chico Xavier estivesse na TV Tupi. O Brasil parou para assistir isso. Foi algo que é comentado geração por geração. E o Saulo foi um grande amigo do Chico e lançou livros do Chico Xavier também, sempre do ponto de vista do jornalismo investigativo.

    Eu tenho a honra de ter também presente neste recinto do Senado o Guilherme Velho, que também é escritor, desse ponto de vista de investigação, inclusive, que, com muita coragem, faz o que Kardec dizia lá atrás, que é o codificador do espiritismo, e colocava que há a obrigação de desmascarar quem está fraudando, porque existem médiuns e existem alguns que se acham médiuns, e isso realmente traz uma confusão. Para aceitar uma verdade, você tem, muitas vezes que rejeitar dez mentiras. Então, é algo extremamente importante esse trabalho que o Guilherme Velho faz. Ele escreveu alguns livros: Psicografia: Casos Investigados. Eu ganhei aqui de presente esse livro dele. E há esse outro livro, que é o mais novo, Vida após a Vida. O Guilherme está ali acompanhado de dois irmãos, o Almir Laureano, que é lá da Paraíba, um homem da paz, um homem do bem, assim como o também irmão Cleber Costa, do Rio Grande do Norte. Ambos conheciam o Saulo Gomes, um homem que é uma referência no jornalismo e que nasceu em 2 de maio de 1928, no Rio de Janeiro. Iniciou sua brilhante carreira de 62 anos como jornalista em 1956, quando foi o primeiro colocado em um concurso em que concorriam 200 jovens para uma vaga de repórter da Rádio Continental.

    A vida o encaminhou naturalmente para o segmento da reportagem investigativa em virtude dos diversos casos de chacinas promovidas pelo então famoso Esquadrão da Morte. Por ter ajudado a desvendar vários crimes, sofreu dois atentados à sua vida.

    Em 1974, após o golpe militar, o jornalista Saulo Gomes se tornou o primeiro profissional da área a ser proibido de exercer a sua função. Atuou em todos os veículos de comunicação como rádio, revista, jornal e TV. Recebeu, ao longo de sua carreira, mais de 50 prêmios, troféus e diplomas, realçando sua responsabilidade e lisura na procura pela verdade dos fatos sem ceder aos apelos sensacionalistas. Por dezenas de anos foi eleito o melhor repórter investigativo do Brasil.

    Também foi escritor, ocupando por 15 anos a cadeira número 28 da Academia Ribeirãopretana de Letras.

    Em seu primeiro livro, O Último Voo – uma investigação sem limites, de 1996, ele pesquisa as causas de um acidente que gerou comoção nacional. Foi a queda do avião que transportava a banda Mamonas Assassinas, que estava no auge de um sucesso meteórico. Até hoje o seu disco de estreia foi recordista de vendas no Brasil e o campeão do mundo no dia do lançamento. O acidente ocasionou a morte de todos os membros da banda e dos pilotos. Havia, na época, uma opinião geral, manifestada pelos meios de comunicação, de que o piloto seria o responsável pelo acidente fatal. Saulo corajosamente assume posição contrária baseando-se em uma mensagem mediúnica recebida...

    O SR. PRESIDENTE (Vanderlan Cardoso. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - GO) – Senador Girão, só um aparte, por favor.

    Queria, antes de os alunos do curso de Direito da Unifran (Universidade de Franca) saírem, agradecer a eles a visita ao Senado Federal, que sempre estará de portas abertas. Para nós é um prazer enorme ter a visita de vocês. Um abraço!

    Obrigado.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE) – Então, olhem só que interessante. Havia uma tese, que estava sendo amplamente espalhada na mídia, de que o piloto seria o responsável por aquele acidente do Mamonas Assassinas. O Saulo, esse repórter investigativo, meu amigo, que partiu ontem para o mundo espiritual, assumiu uma posição corajosa, oposta ao que estava sendo divulgado, Senador Elmano Férrer, a partir de uma mensagem mediúnica recebida pela Monica Buonfiglio, que afirma que, alguns dias após o acidente, enquanto preparava o café da manhã em sua residência, visualizou ao seu lado o guitarrista da banda, Bento Hinoto, que pedia de mãos juntas, como numa súplica, que ela transmitisse às pessoas que o piloto não teve culpa do acidente.

    Eu não sei se vocês lembram, mas uma coisa que me marcou muito também foi que o baterista ou o guitarrista, eu não sei – saiu até numa reportagem de amplitude nacional –, na véspera do acidente, foi cortar o cabelo e, conversando com as pessoas – um dos integrantes da banda –, enquanto o estavam filmando no cabeleireiro e tudo, parou, cumprimentou as pessoas e disse assim: "Inclusive eu tive um sonho noite passada de que o avião caía e a gente morria, sei lá". Aí saiu. Esse vídeo, que alguém gravou na véspera do acidente, depois veio à tona. É o que se chama de pressentimento. Ele teve esse pressentimento.

    Então, o que é que aconteceu? O Saulo questiona nesse seu livro: "Será que os mortos não estão em condição de responder?". Uma atitude muito ousada no mundo ainda predominantemente materialista em que pesou muito sua credibilidade como jornalista investigativo.

    Ele escreve, no ano 2000, o livro Quem Matou Che Guevara, em que novamente faz valer seu talento investigativo ao pesquisar, entrevistar e coletar informações novas a respeito dos acontecimentos que antecederam a morte do revolucionário cubano.

    Vejam que ele é eclético: vai de um lado para o outro, pesquisa política, música, religião. É um ser humano formidável.

    Em seu último livro, de 2014, intitulado A coragem da inocência de Madre Maurina Borges da Silveira, ele aprofunda as investigações sobre o que teria acontecido com a única freira católica presa e torturada durante a ditadura militar no Brasil. Havia, na época, cogitações de que a freira teria sido estuprada, engravidado e, depois, abortado na prisão. O próprio D. Paulo Evaristo Arns contribuiu com a elucidação – D. Paulo Evaristo Arns é parente do nosso querido Senador Flávio Arns. Madre Maurina, depois de muitos anos de exílio, retorna ao Brasil após entrada em vigor da Lei da Anistia, indo residir justamente na mesma cidade escolhida por Saulo, o repórter investigativo Saulo Gomes: em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Ela faleceu ou – como os espíritas chamam – desencarnou em 2011, sofrendo de Alzheimer aos 86 anos.

    Em 1968, houve o acontecimento mais marcante da vida de Saulo Gomes, quando conhece pessoalmente o médium Francisco Cândido Xavier. Viaja várias vezes a Uberaba, acompanhando os trabalhos de psicografia do médium, que recebeu milhares de comunicações de entes queridos desencarnados que transmitiam às suas famílias e aos amigos notícias sobre a continuidade da vida no plano espiritual. Saulo fica impressionado, principalmente com os casos de crianças desencarnadas que traziam os detalhes de sua curta passagem pela Terra, junto com a explicação das razões da morte prematura em consonância com a vontade amorosa de Deus. Passa, então, a entrevistar várias mães, que vinham de todas as partes do Brasil à procura de uma mensagem consoladora de seus filhos. Fica emocionado com o depoimento de pessoas que antes estavam em completo desespero e agora voltavam a viver em paz. Tal trabalho jornalístico resultaria na publicação, em 2010, do livro As Mães de Chico Xavier, que foi adaptado em seguida, transformando-se – porque foi uma fonte inspiradora – num filme para as telas de cinema de todo o País.

    Depois de presenciar situações fenomenais ao lado de Chico Xavier, o Saulo conseguiu convencê-lo a participar pela primeira vez – isso já foi anterior ao lançamento do livro, lá atrás – de um programa de altíssima audiência na TV Tupi, o Pinga Fogo, onde a bancada, composta principalmente por jornalistas, entrevistava ao vivo personalidades importantes do Brasil. O programa foi ao ar no dia 28 de julho de 1971 – eu não tinha nem nascido ainda, olha só o impacto que esse programa teve –, ao vivo em rede nacional, uma coisa rara naquela época.

    A previsão inicial era que o programa tivesse a duração de uma hora apenas, o padrão normal daquela entrevista televisiva, mas acabou surpreendentemente se estendendo por mais de três horas. É que a audiência foi crescendo de forma acelerada até atingir o maior índice da história da TV brasileira, com 75% dos televisores conectados em todo o Território nacional.

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE) – Eram nove jornalistas, muito conceituados, com diferentes visões de mundo, dentre eles o próprio Saulo, fazendo todos os tipos de pergunta a respeito de assuntos referentes à Ciência, História, Medicina, Filosofia e Religião. As respostas dadas com absoluta precisão deixavam a todos muito perplexos, com exceção de Saulo, que já conhecia a capacidade mediúnica de Chico Xavier.

    A forte repercussão posterior levou a emissora a repetir o convite, transmitindo, na noite do dia 21 de dezembro do mesmo ano, uma edição especial com o médium, que durou quatro horas, alcançando a marca, fabulosa para a época, de 20 milhões de espectadores.

    Quem não teve a oportunidade de assistir ainda a esse programa...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE) – ... ele está disponível, Presidente, no YouTube. Está disponível. É uma aula fantástica, de sabedoria, de serenidade, de compaixão. E ele pergunta sobre vários temas, vários: homossexualidade, vida após a morte, vida de extraterrestre... E são respostas, como o próprio Saulo falou – me encaminhando para encerramento aqui –, do espírito de Emmanuel, o seu mentor espiritual, que estava próximo a ele ditando as mensagens.

    Então, eu queria encerrar esse pronunciamento falando da minha alegria em ter conhecido o Saulo, que faleceu ontem, desencarnou ontem, em Ribeirão Preto.

    Eu conversei com a esposa, D. Edna, uma pessoa fabulosa, serena com a morte do marido.

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE) – Eles conviveram por décadas juntos, e ela, até pela fé que eles adotaram, que é o espiritismo, estava muito tranquila, resignada e sabendo que o reencontro entre eles é uma questão de tempo, já que os espíritas sabem que a vida continua após a morte e que a gente vem para a terra para aprender a perdoar, para aprender a amar, para ajudar, para evoluir e, depois, nos reencontrarmos na nossa verdadeira pátria, que é a pátria espiritual.

    Eu encerro agradecendo a oportunidade, Presidente, e também saudando ali dois amigos, um casal por quem tenho admiração grande, o Pr. Marlan e a Cíntia, que são pessoas que, em 2014, foram fundamentais para que a maconha não fosse liberada no Brasil, porque participaram ativamente de discussões.

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE) – Esse assunto está na pauta de novo com interesses pesadíssimos querendo a liberação dessa droga, que de leve não tem nada. E eu fico muito honrado em receber aqui a visita do Pr. Marlan e também da Cíntia.

    Muito obrigado. Que Deus abençoe esta Casa.

    E, especialmente hoje, peço aos brasileiros que orem pelos ministros do Supremo. Sempre que tenho oportunidade, peço para orar por nós aqui também, pelo Presidente da República, pelos ministros, pelos Governadores, pelos Prefeitos, Vereadores, mas, especialmente dessa vez, porque a gente sabe que a guerra é espiritual, peço que orem pelos ministros do Supremo Tribunal Federal para que se mantenha neste País a nossa importante conquista contra a impunidade.

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE) – Nós não podemos retroceder na questão da impunidade. Refiro-me à prisão em segunda instância, que agora eles estão votando no Supremo. Daqui a pouco, vou dar uma passada lá para acompanhar esse julgamento.

    Brasileiros, assistam, acompanhem, manifestem-se porque está em jogo a tentativa de destruir a Lava Jato e de libertar gente que precisa pagar pelo que fez.

    Muito obrigado.

    O SR. PRESIDENTE (Vanderlan Cardoso. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - GO) – Senador Girão, antes de o senhor deixar a tribuna, eu quero dizer ao senhor que conheço parte do seu testemunho – o senhor já disse para mim – e também da sua fé, da fé que o senhor tem. Então, quero parabenizar o senhor por chegar aqui e expressar um pouco do seu testemunho nesses quase 30 minutos em que o senhor falou para nós e para o Brasil inteiro.

    Nesta Casa aqui, onde nunca se discute religião, há desde os espíritas kardecistas, como o senhor é; há os evangélicos como eu – e aqui há muitos –; há os católicos; e há até alguns que não professam fé nenhuma, mas acreditam no Criador.

    Quero aqui também deixar nossos sentimentos à família do Sr. Saulo Gomes na pessoa da sua esposa, Dona Edna, para que Deus possa confortar o coração dessa família, os corações dessa família, que leva as nossas condolências. Que Deus possa abençoá-lo e também a sua família.

    Obrigado, Senador.

    Ainda em tempo aqui, Senador Elmano Férrer, do nosso querido Piauí – enquanto o senhor se dirige, o senhor é o próximo orador –, quero registrar a presença... Vejo o Itamar aqui, do meu querido Estado de Goiás. Acho que a maioria aqui é do Estado de Goiás, todos os irmãos que estão presentes. É uma honra ter vocês aqui no Senado Federal, em nossa Casa, nesse final de tarde de quinta-feira.

    Sejam sempre bem-vindos! Um abraço a todos!

    Também, Senador Elmano, enquanto o senhor se organiza, eu quero dizer a todos e àqueles que nos veem em casa que para nós, Senador Elmano, está sendo o maior prazer ver o nosso Presidente, o Senador Davi Alcolumbre, Presidente do Congresso, Presidente do Senado, hoje Presidente do Brasil, já em uma missão oficial pelo Nordeste vendo o estrago que aquelas manchas de óleo fizeram ali no Nordeste brasileiro.

    Estou orgulhoso de ter o nosso Presidente aqui como Presidente da República até sábado.

    Com a palavra o Senador Elmano Férrer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/10/2019 - Página 47