Discurso durante a 207ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa de um manejo sustentável para o setor madeireiro do País.

Autor
Zequinha Marinho (PSC - Partido Social Cristão/PA)
Nome completo: José da Cruz Marinho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MEIO AMBIENTE:
  • Defesa de um manejo sustentável para o setor madeireiro do País.
Publicação
Publicação no DSF de 30/10/2019 - Página 48
Assunto
Outros > MEIO AMBIENTE
Indexação
  • COMENTARIO, DEFESA, MANEJO ECOLOGICO, SUSTENTABILIDADE, SETOR, MADEIRA, BRASIL, MEIO AMBIENTE.

    O SR. ZEQUINHA MARINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PSC - PA. Para discursar.) – Sr. Presidente, nos últimos anos, a gente tem assistido aos ambientalistas, à imprensa, ao próprio Ibama construírem uma campanha de demonização do setor madeireiro ou do setor florestal madeireiro. E eu tive oportunidade de, agora, sexta-feira passada, dia 25, participar de um dia de campo numa empresa que fica na região sudeste do Estado do Pará, uma empresa muito organizada, a Cikel, que é do Grupo Keilla e que tem uma grande área, com projeto de manejo há vários anos. Está lá há mais de 20 anos trabalhando e, do nosso ponto de vista, é um modelo de manejo sustentável para a Amazônia. E a gente pôde ver e também aprender, com aquelas boas práticas, a possibilidade de se fazer manejo sustentável. Um negócio incrível!

    Nós fomos levados, Senador Nelsinho Trad, à floresta para visitar um projeto de manejo que foi explorado há 24 anos, e fizemos a constatação de que a mata se regenera de uma forma extraordinária. Vimos a maneira como eles colhem a madeira e puxam para a estrada com maquinário adequado, não mais com um trator, mas com uma Skidder, que não impacta tanto quanto um trator para abrir o caminho até onde está a madeira. Depois, naquele espaço aberto, plantam-se outras árvores. Enfim, dá para a gente entender que o setor madeireiro, quando trabalhado de forma inteligente e também muito responsável, é possível ser feito de forma sustentável, gerando emprego, renda, economia para o Município, para o Estado e para a União.

    Lamentavelmente, em toda atividade, há pessoas que fazem as coisas certas e as que fazem a coisa errada, e, lamentavelmente, aqueles que fazem errado terminam comprometendo um setor e sujando a imagem daqueles que fazem as coisas de forma correta.

    Eu quero parabenizar aqui a empresa Cikel, quero cumprimentar os seus diretores – o Diretor João Bosco, o Diretor Damião, o Diretor Francisco – e todos os técnicos que estão envolvidos de uma forma muito comprometida com a sustentabilidade daquele grande projeto. Lamentavelmente, os órgãos ambientais têm a plaquinha na testa dizendo que madeireiro é uma pessoa que não se comporta corretamente perante a lei, mas quero dizer aos senhores que nós temos empresários e pessoas físicas também corretas, que fazem a coisa certa.

    Além da boa prática do replantio de algumas espécies, até para dar retorno econômico ao longo dos, digamos, oito, dez anos depois do corte da madeira, aquela empresa também recolhe a galhada e toda a madeira que deveria, de repente, se perder pela mata, apodrecer por lá. Recolhe-se tudo aquilo, coloca-se sobre o caminhão e leva-se para o pátio. Eu pude ver, juntamente com as lideranças – Prefeitos, Vereadores, uma grande quantidade de Deputados Estaduais e um dos nossos Deputados Federais aqui, o Deputado Joaquim Passarinho –, quanta madeira se aproveita; madeira que não serve para o uso, para fazer tábua, fazer qualquer coisa, mas que serve para se transformar em carvão. E a gente pôde ver aquele trabalho muito bem feito, muito bem trabalhado, muito bem organizado, muito bem pensado, muito responsável.

    Mas uma coisa a gente encontrou ali: o carvão advindo da galhada, daquela madeira que é, digamos assim, o resto que não serve para comercialização, que vira carvão, é apenas para atender o mercado interno. Não pode ser exportado. E aí fica a grande interrogação: por que, se é tudo legal, se se obedece rigorosamente a cada vírgula da lei, não poder exportar?

    A legislação está equivocada. Mercado é mercado. Eu posso vender para o consumo interno ou posso vender para outro. As empresas que querem trabalhar de forma legal precisam se viabilizar do ponto de vista econômico, porque senão o projeto não se sustenta.

    Um outro aspecto também que a gente observa nessa legislação muito equivocada, por exemplo, é o aproveitamento dessa mesma galhada, quando o Estado autoriza a supressão vegetal para o uso da terra, para plantar grãos, para plantar capim. Enfim, dentro dos 20% que a lei permite na Amazônia, você entra com um projeto de licenciamento para supressão de uma área, e aí a legislação não permite que a galhada, o resto, o aproveitamento seja usado para transformar aquilo em carvão. Fica apodrecendo e entulhando a floresta. Que coisa, não é? A gente precisa amadurecer muito. A gente precisa aprender a pensar. Estamos fazendo coisa de criança, de gente que demonstra, com clareza, a falta de compreensão, Senador Veneziano, das coisas. E a gente precisa corrigir isso.

    Daqui para frente, nós vamos trabalhar no sentido de que se possa dar a esse setor e a quem quer trabalhar de forma correta a possibilidade de fazer a exploração completa. Se eu tenho mercado para o aproveitamento da galhada, daquilo que se vai perder na floresta, eu não posso utilizar por quê? Só posso utilizar a madeira, aquela que vira tábua, vira móvel, vira qualquer coisa? Isso não existe. Se eu posso aproveitar 100% disso, é tanto para o mercado interno, o mercado brasileiro, como para o mercado externo.

    Assim, Sr. Presidente, nós queremos aqui, de público, dizer ao povo da Amazônia, dizer ao povo do Brasil, dizer ao mundo que, para se sustentar a floresta de pé, se precisa dar uma finalidade econômica a ela. Com um projeto de manejo sustentável, com as boas práticas que a legislação e que o mercado também exigem, é possível sim manter essa floresta de pé, porque ela é capaz de se regenerar numa velocidade incrível, até porque sobre a madeira que é colhida existe toda uma normatização, existe um diâmetro que tem que ser observado – hoje gira em torno de 48cm a 50cm. Qualquer árvore que não der a espessura, o diâmetro que a lei recomenda em termos de centímetros, fica lá, vai ser colhida daqui a 30 anos, quando se voltar novamente para fazer a colheita da madeira, que já cresceu, já engrossou. Então, é uma forma inteligente, uma forma boa, uma forma sustentável e até inovadora, como é o caso da questão da Cikel.

    Parabéns ao setor que quer demonstrar que pode fazer de forma correta e não viver debaixo da crítica ácida, incompreensível, irracional da imprensa, dos ambientalistas e até mesmo do Governo, através do Ibama.

    Muito obrigado.

    Era esse o registro, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/10/2019 - Página 48