Discurso durante a 218ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas à postura do Ministro da Educação, Abraham Weintraub, ao repelir comentários de seguidores em redes sociais.

Autor
Jorge Kajuru (CIDADANIA - CIDADANIA/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO:
  • Críticas à postura do Ministro da Educação, Abraham Weintraub, ao repelir comentários de seguidores em redes sociais.
Aparteantes
Alvaro Dias, Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 19/11/2019 - Página 10
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO
Indexação
  • CRITICA, ABRAHAM WEINTRAUB, MINISTRO DE ESTADO, EDUCAÇÃO, MOTIVO, REJEIÇÃO, COMENTARIO, GRUPO, INTERNET, DEFESA, DEMISSÃO, MINISTRO.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO. Para discursar.) – Senador Paim, apenas por uma questão de justiça, e nós somos justos – e aqui chega e bate em minhas costas, carinhosamente, o Senador Alvaro todos os Dias –, eu fui o primeiro Senador desta Casa, na última terça-feira, a tratar desse assunto de forma dura, de forma independente. Depois de mim, inclusive me citando, usou a palavra o Senador Randolfe e depois o Senador Tasso Jereissati, quando o senhor estava aqui inclusive num bom debate com ele. Então, o senhor deve se lembrar, porque, para mim, foi muito triste. Eu cheguei a comparar aquele momento como um momento de um descalabro, descalabro! E coloquei até um pouco da literatura no texto, lamentando o erro grave do Ministério da Economia, porque aquele erro quis fazer inveja na verdade a Samuel Beckett, o escritor irlandês que, no século passado, criou o teatro do absurdo, tamanho o absurdo do que aconteceu.

    Portanto, acompanho as suas palavras, mas depois o senhor tomará conhecimento do meu pronunciamento.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Kajuru...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – Saindo da economia para a educação, nós tivemos também um exemplo triste, fúnebre do Ministro da Educação na última sexta-feira.

    Pois não.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para apartear.) – Eu aproveito para cumprimentar V. Exa. Eu estava dando uma entrevista aqui do lado sobre esse assunto. Claro que a minha linha de condução eram os 20%, porque o empregador não pagará mais sobre a folha.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – Claro.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – E, quando eu cheguei ao Plenário, eu estava vendo o Senador Randolfe falar, e ele explorou esse assunto.

    Fico sabendo, posteriormente, que V. Exa. foi o primeiro a falar, a quem eu teço aqui as minhas homenagens, porque de fato é muito cruel. Você retira do empregador – e essa foi a minha fala naquele dia com o Senador Tasso Jereissati –, o empregador não paga mais 20% sobre a folha e diz que o empregado é que vai pagar 7,5%, o desempregado. Eu dei esse vínculo com a questão da previdência, porque alguém deixa de pagar e alguém passa a pagar.

    Então, V. Exa. está coberto de razão, o Senador Randolfe também com a razão e o Senador Tasso Jereissati também com a razão, porque de fato eu só li aqui agora esse artigo desse jornalista conceituado em todo o mundo e vinculo sempre – e ele também vincula – à questão da previdência.

    É justo você dizer: "Olha, empregador, você não paga mais 20% sobre a folha, está liberado da previdência", "Olha, desempregado: você paga 7,5%"?

    Então, parabéns a V. Exa. e parabéns a todos os Senadores. Esses absurdos não passarão aqui.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – Claro.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – São mais de 135 mudanças na CLT. E, hoje pela manhã, eu ouvi inclusive na CBN um outro Senador dizer que, com as três PECs e ainda com as alterações que estão fazendo, por via indireta, na Constituição, são mais de 85 alterações na Constituição.

    Se tudo isso é verdadeiro, eles estão fazendo uma nova constituinte e uma nova CLT.

    Eu espero que o Senado não aprove.

    Obrigado. Parabéns a V. Exa. e obrigado pela tolerância ainda de me garantir cinco minutos e agora mais cinco.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – É a tradição. Mesmo o Kajuru sendo o primeiro, o senhor pede uma comunicação. E é prazeroso para mim, porque sempre me dá gancho para fazer o que nós fizemos aqui agora, essa abordagem sobre essa contradição abismal, que eu francamente não esperava.

    Agora, brasileiros e brasileiras, minhas únicas Vossas Excelências, meus únicos patrões, seu empregado público, Jorge Kajuru, sobe a esta tribuna, segunda-feira, 18 de novembro de 2019, para algo que eu não sei se o Senador exemplar todos os dias, Alvaro Dias, tomou conhecimento. Creio que não; se ele tivesse tomado, ele teria reagido, como eu vou reagir aqui.

    A Pátria amada precisa ter conhecimento de que para nós, especialmente aqueles independentes, como somos, que não têm o perfil de oposição por oposição, que não querem o País quanto pior, melhor, pelo contrário, que torcem pelo Brasil do Governo Bolsonaro, que só desejam o bem – e é de coração, é por Deus... Mas a gente, com essa isenção, não pode deixar que isso passe e que aqui no Congresso não haja alguém com a devida coragem para dizer a esse Ministro da Educação que chega. Tudo tem limites! Conhecedor como sou, por mais de dez anos trabalhando em redes sociais, eu sei quando você é criticado e bloqueia, bane aqueles seus seguidores e, covardemente, responde sem ele estar mais te seguindo. Olha a brutalidade! Olha a falta da educação!

    Então, aproveitando este fim de ano, eu quero aqui na tribuna deixar claro que sei respeitar os bons Ministros escolhidos pelo Presidente Bolsonaro no seu primeiro ano de Governo. Aqui cito o amigo capacitado e Ministro da Saúde Mandetta, e o próprio amigo e Ministro Paulo Guedes. Mesmo com esse erro abismal de fazer lembrar o teatro do absurdo, de Beckett, o irlandês, sobre os 7,5% do desempregado, ou seja, da taxa de desemprego, as qualidades, as virtudes do Paulo Guedes são maiores à frente da economia nessa batalha que ele tem. Da mesma forma, como não qualificar um Ministro como Sergio Moro, que realiza um trabalho criterioso no combate às facções criminosas? É impossível não reconhecer nele virtudes raras. Como não louvar também a Ministra da Agricultura Tereza Cristina, intransigente na defesa da ampliação dos nossos negócios? É evidente que aqui faço questão de enaltecer e cumprimentar o trabalho desenvolvido na infraestrutura pelo Ministro Tarcísio de Freitas, um incansável empregado público. Enfim, haveria aqui, numa lista feita de cabeça ou até por escrito, outros nomes a merecer reconhecimento.

    Agora, vamos para a principal pasta de qualquer Governo deste mundo. Chama-se educação. Educação, Senador Telmário, é prioridade. O resto é perfumaria, não? Aí se coloca, depois da saída do colombiano filósofo Ricardo Vélez Rodriguez, que, pelo menos, era educado e, para mim, mais preparado do que este, o Abraham Weintraub, tanto que este que entrou no Ministério da Educação, em audiência pública com a gente aqui no Senado, foi sincero ao dizer que ele reconheceu da seguinte forma para o Presidente Bolsonaro: "Presidente, para a educação o meu nome não é o melhor. O meu irmão é melhor do que eu, Presidente, é muito mais preparado do que eu". Errou o Presidente Bolsonaro, então. E eu falei para o Presidente, na cara dele. Eu não falo nada nas costas. Falei: "Presidente, o senhor deveria ter contratado o irmão dele, porque, se ele próprio, que é irmão, reconhece que o irmão é melhor, o senhor ficou com o pior". Agora, ponha pior nisso.

    Veja bem, esse Ministro da Educação Weintraub tem dado mostras de que faz jus à expressão que criei para designá-lo: o Ministro da falta de educação. No feriado da Proclamação da República, Weintraub aprontou mais uma das suas. Olha o desrespeito com um brasileiro, que é patrão dele, simplesmente isso.

    Depois de escrever no Twitter dele um post com comentários sobre a monarquia, o Ministro não poupou os seguidores que dele discordaram sem ofendê-lo – sem ofendê-lo. Discordaram com inteligência, inclusive, e com educação. Uma das críticas, segundo publicado no jornal Correio Braziliense, tinha o seguinte texto – aspas: "Se voltarmos à monarquia, certamente você será nomeado o bobo da corte" – fecho aspas. Um seguidor respondeu para o Ministro. Vejam a resposta do Ministro da Educação, gente, para um patrão dele, para um brasileiro, que sabe que, até agora, não aconteceu nada na educação. Se há um setor do Governo Bolsonaro literalmente parado, como um poste, esse segmento chama-se educação. Eu não vi nenhuma evolução. Nada. Olha o que ele respondeu para esse seguidor que discordou dele – aspas: "Uma pena, prefiro cuidar dos estábulos, pois assim ficaria mais perto da égua sarnenta e desdentada da sua mãe" – fecho aspas.

    É de revoltar, não, Presidente Alvaro Dias: "ficaria mais perto da égua sarnenta e desdentada da sua mãe"?

    Na liturgia do cargo de um Ministro da Educação, ele pode responder assim para um seguidor, para um brasileiro que apenas discordou dele quando ele veio falar de monarquia?

    Um outro seguidor demonstrou ironia ao escrever – aspas: "Ministro, andando eu pela rua, encontrei o seu bom senso. Ele mandou lembranças e disse que está com saudades" – fecho aspas. Um seguidor inteligente, com ironia. Não há palavras ofensivas aqui. Lá vem a resposta dele, do perfil do Weintraub, Ministro da Educação – aspas: "Que bom, agora, então, continue procurando pelo seu pai".

    Ah, pelo amor de Deus! Como se envolve mãe e pai para responder a um seguidor brasileiro que apenas não concordou com o Ministro da Educação?

    O senhor se acha Deus, Weintraub, ou o senhor tem certeza de que é?

    Por fim, para um outro seguidor que sugeriu ao Ministro cuidar da educação e parar de postar porcaria – esse seguidor errou o quê? – no Twitter o Weintraub respondeu com crítica à aparência física do seguidor. Olhem a capacidade de um Ministro da Educação! Haja estômago para suportar ler o que eu vou ler aqui. Ele deu o nome do seguidor – aspas: "Miguel, sinto em avisar, porém seu caso não resolve estudando, tem que reencarnar. Aproveita e peça para não voltar tão feio. Você parece uma mistura de tatu com cobra" – fecho aspas.

    É de ficar realmente indignado, qualquer adjetivo aqui cabe quanto à revolta. É um primor de elegância. Acho que o Presidente Bolsonaro podia dar um presente de Natal aos brasileiros: demita este Sr. Weintraub e coloque em seu lugar alguém que possa estar à altura do status e da competência que devem ser próprios de um Ministro da Educação.

    É triste, Presidente, ter que acompanhar um descalabro que ele representa no Ministério mais importante do País, que é o Ministério da Educação. Esse cidadão chulo, esse cidadão polichinelo realmente faz inveja a Samuel Beckett, o escritor irlandês que, no século passado, criou o teatro do absurdo.

    O pior é que nesse teatro do absurdo nós, Presidente Álvaro todos os Dias, temos sido os palhaços, e eu não vou ser palhaço de uma pessoa sem nenhuma sensibilidade e, principalmente, sem nenhuma educação, que agride quem não concorda com ele, usando palavrões contra mãe, contra pai e até contra a aparência física da pessoa.

    É o fim. É aquela expressão do interior "é o fim da picada".

    Agradecidíssimo, Presidente Álvaro Dias, todos os dias. Que nós, nesta semana, tenhamos aqui paz, saúde e Deus conosco e tenhamos a certeza de que a maioria massacrante da Pátria amada só espera de nós um "sim" à prisão em segunda instância.

    Quem duvidar basta consultar por pesquisas em casas, em residências, em faculdades, onde quiser, se não é uma maioria massacrante que deseja do Congresso a sua ação, que deseja do Congresso a sua vontade feita, ou seja, que saibamos ouvir a voz das ruas porque só estamos aqui por elas, e eu nunca abri mão de ouvi-las. Na eleição presidencial, ouvi, mesmo elas discordando de mim, porque não era o Davi o meu candidato; na questão da reforma da previdência, com que eu não concordei, mas o meu público concordou, eu obedeci a ele e vou continuar assim.

    Na minha pesquisa atual, comandada de São Paulo, que impede robôs, impede qualquer tipo de gente votar duas vezes – enfim, é uma pesquisa bem filtrada, Presidente Álvaro todos os Dias –, está lá o resultado. Podem entrar no facebook.com/kakjurugoias.

    Eu não sei se é um exagero, talvez seja. Para mim o número está muito alto, mas no momento chega a 95% dos consultados o desejo de ver este Senado aprovando, nesta quarta-feira, na CCJ e no Plenário, a prisão em segunda instância.

    Pois não, Senador.

    O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PODEMOS - PR) – É a realidade, não é exagero.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – Não é exagero?

    O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PODEMOS - PR) – Não é exagero, é a realidade.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – É impressionante, porque é muito difícil uma pesquisa com 95%, nem Jesus Cristo.

    Obrigado, Sr. Presidente.

    O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PODEMOS - PR. Para apartear.) – Senador Kajuru, meus cumprimentos. Linguagem direta, franca: V. Exa. é o estilo que certamente corresponde à expectativa de Goiás, o seu Estado, e de todo o Brasil, num momento polêmico, de contradições, num momento de angústia, de desesperança de muitos, mas certamente ainda reavivando as esperanças maiores do povo brasileiro de viver numa nação democrática e justa. V. Exa. tem os cumprimentos desta Presidência eventual pelo seu pronunciamento.

    E convido V. Exa. para subir à Presidência, já que eu sou o próximo orador inscrito. Agradeceria se V. Exa. subisse à Presidência.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – Com o maior prazer, Presidente, mas me permita rapidinho...

    Eu perdi um pouco a paciência hoje, mesmo assim, eu creio que fui educado, porque eu não respondi ao Ministro da Educação como ele merecia. Por isso, eu disse que o Presidente da República daria um presente de Natal aos brasileiros se ele demitisse esse mal-educado Ministro, porque um sujeito que responde seus seguidores xingando a sua mãe, xingando o seu pai e falando da sua aparência física, que é uma mistura de tatu com cobra... Como um homem desse pode continuar Ministro da Educação?! Pelo amor de Deus!

    Subirei com o maior prazer, Presidente, e a tribuna vai esperá-lo da mesma forma, com o maior prazer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/11/2019 - Página 10