Discurso durante a 218ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Consideração sobre a importância da busca de soluções para o desenvolvimento autossustentável da Região Amazônica.

Registro sobre a participação de S. Exa. em reunião com o objetivo de criar a hidrovia Pedral do Lourenço entre a cidade de Marabá (PA) e o Porto de Belém, no Estado do Pará (PA), para escoar minérios para a exportação.

Autor
Paulo Rocha (PT - Partido dos Trabalhadores/PA)
Nome completo: Paulo Roberto Galvão da Rocha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
  • Consideração sobre a importância da busca de soluções para o desenvolvimento autossustentável da Região Amazônica.
TRANSPORTE:
  • Registro sobre a participação de S. Exa. em reunião com o objetivo de criar a hidrovia Pedral do Lourenço entre a cidade de Marabá (PA) e o Porto de Belém, no Estado do Pará (PA), para escoar minérios para a exportação.
Publicação
Publicação no DSF de 19/11/2019 - Página 39
Assuntos
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Outros > TRANSPORTE
Indexação
  • DEFESA, IMPORTANCIA, SOLUÇÃO, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO AMAZONICA, COMENTARIO, DESIGUALDADE REGIONAL, REGIÃO NORTE, REGIÃO NORDESTE, ARGUMENTO, RESERVA BIOLOGICA, BIODIVERSIDADE, MEIO AMBIENTE.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, REUNIÃO, CAMETA (PA), USINA HIDROELETRICA, BARRAGEM DE TUCURUI, PROCESSO, INFRAESTRUTURA, CRIAÇÃO, CANAL, HIDROVIA, MARABA (PA), PORTO DE BELEM, ESTADO DO PARA (PA), OBJETIVO, MINERIO, EXPORTAÇÃO.

    O SR. PAULO ROCHA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PA. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, nossos convidados, já parabenizo o Senador Paim por esta sessão solene. Tem muito a ver com a nossa vida pessoal e operária a valorização do ensino profissionalizante e técnico do nosso País.

    Foi esse ensino técnico que nos oportunizou a possibilidade de sermos operários e, a partir do operariado, fomos para dentro do sindicato. E, dentro do sindicato, estabelecemos um processo de reivindicação de lutas, nos transformamos em lideranças e hoje somos dois Senadores da República, transformando este Senado em uma caixa de ressonância dos interesses dos trabalhadores brasileiros.

    O Senador Paim é técnico em metalurgia e eu sou técnico em artes gráficas. Parabéns por vocês estarem aqui.

    Presidente, eu queria registrar aqui um momento que vivi neste final de semana no meu Estado, o Pará, sobre a questão permanente que trazemos para cá, a questão do desenvolvimento do nosso País. E aqui quero refletir o debate sobre o desenvolvimento da Amazônia.

    Já foi falado pelos companheiros lá de Roraima sobre essa questão, que é o centro do desenvolvimento lá da nossa região. O grande problema do nosso País é que o problema do desenvolvimento foi pensado a partir de uma visão elitista, por isso que há um Centro-Sul mais desenvolvido e um Norte e um Nordeste em desenvolvimento.

    No meu Estado, que é uma das regiões mais ricas do mundo porque, lá, está a maior reserva florestal do mundo, estão as maiores reservas de água doce do mundo, está a maior reserva da biodiversidade do mundo e está a maior reserva, no subsolo, de minerais do mundo. Mas é um Estado que está em desenvolvimento, e, dentro do Estado, há diferenças regionais. Há um sul do Pará, por exemplo, onde está o minério, que já está em pleno desenvolvimento, mas há uma região chamada Região do Marajó, que tem o menor IDH do Brasil.

    Então, sempre trouxemos essa visão de desenvolvimento para refletir aqui, principalmente porque fica sempre esse debate quando falam da questão da Amazônia. Nós não somos daqueles que defendem a Amazônia imaculada. Nós mesmos, povo da Amazônia, quer sejamos os pequenos, quer sejamos os grandes, já buscamos formas de desenvolvê-la, que é o chamado desenvolvimento autossustentável.

    A própria indústria madeireira, que era uma grande devastadora, buscou saída para poder fazer uma espécie de rodízio na exploração da madeira. Quando está explorando uma área, a madeira está preservada em outra. Dez anos passam aqui, dez anos passam acolá, e essa aqui já se recupera de novo.

    Então, há processos de autossustentabilidade para buscar soluções para o desenvolvimento da nossa região.

    Eu estou registrando isso porque participei de uma reunião numa cidade chamada Cametá, uma cidade das mais antigas, com cerca de 342 anos, que fica na beira do Rio Tocantins, numa região chamada Tocantina. Lá é onde foi inserida a Hidroelétrica de Tucuruí. Estão ocorrendo debates lá para discutir o processo de criação de um canal chamado Pedral do Lourenço. Vão fazer um canal lá para poder fazer uma hidrovia entre a cidade de Marabá e o Porto de Belém para escoar os minérios.

    E os paraenses têm um trauma muito grande com essa questão da exportação, com a criação de corredores de exportação, porque, no caso do minério, já há um trem que sai lá de dentro da floresta, vai para o Maranhão, e o paraense só ouve o sinal do trem, o apito o trem. E as nossas riquezas vão embora in natura lá para a China, onde se vão agregar valores de geração de emprego, de criação de impostos etc., porque a nossa riqueza sai in natura.

    Agora, estão criando a hidrovia exatamente para poder ser outro corredor de escoamento dessa produção, e o povo da beira do Tocantins está preocupado, porque eles acham que também vão só ouvir o apito – agora não é mais do trem; o apito daqueles barcos que empurram, são os empurradores, para poder carregar os nossos minérios, a nossa matéria-prima in natura.

    Qual é a concepção que nós defendemos lá? É que, tudo bem, tem uma política de exportação, mas tem que ter uma política de verticalização das nossas riquezas, dos minérios, tirando metalurgia, verticalizando minério para o aço, e, depois, com o aço, a produção do aço, pode chamar plantas, outras plantas de produção de carro, de fogão, de geladeira, etc., porque ali vivem, na Amazônia, 22 milhões de brasileiros, que precisam de trabalho, que precisam de renda, para poderem viver bem, viver dignamente.

    Então, essa concepção de desenvolvimento de um país rico mas com um povo pobre é que gera essa situação do nosso país: desemprego, violência nas grandes cidades, etc. Ou seja, tem saída para resolver o problema do nosso País, que não é essa de que há pouco, Senador Paulo Paim, na sua intervenção, reclamou – que sempre quando a elite pensa em desenvolvimento, eles se viram para os trabalhadores e dizem: "Tu tens muito direito; portanto, para a gente poder desenvolver o País, nós temos que tirar o teu direito". Porque é esta concepção que está sendo colocada de novo no nosso País. A reforma trabalhista na época do Temer, qual foi a justificativa? Para resolver o problema do desemprego. Tem que reduzir, tem que acabar com as jornadas, fazer a jornada intermitente... Que foi que aconteceu? Gerou emprego? Precarizou o emprego! Vide as ruas do Brasil. Isso não é coisa de petista radical que está denunciando. Saiam nas ruas, ali. Os sinais voltaram a estar cheios de novo. As ruas, cheias de ambulantes, de pedintes, etc.

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO ROCHA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PA) – Então, é a busca de uma concepção de desenvolvimento que oportunize para todos. E, pior: nós estávamos construindo isso, um Estado social, criando mais universidades para qualificar nossos jovens, criando mais institutos técnicos federais, escolas técnicas federais, para preparar o trabalhador a ser um profissional para ajudar o desenvolvimento do nosso País, etc.

    Então, é oportuno eu registrar isso neste momento dos debates que nós estamos fazendo lá na Amazônia, para que a gente realmente enriqueça mais aqui essa audiência pública, Senador Paulo Paim, com a presença desses não só dedicados que eu estou vendo aqui. Devem ser representantes de entidades, professores, etc., mas também...

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO ROCHA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PA) – ... um conjunto de trabalhadores que, com certeza, já se prepararam tecnicamente para enfrentar este momento que a gente está vivendo no nosso País. É fundamental que a gente brigue para a concepção de desenvolvimento que as elites sempre pensaram para o nosso País.

    O que nós queremos é oportunidade. O que o trabalhador quer é oportunidade de trabalhar, de viver, de ganhar o seu dinheiro para poder criar as condições de dignidade para a sua família.

    Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/11/2019 - Página 39