Discurso durante a 222ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a lançar a Frente Parlamentar de Transparência dos Gastos Públicos.

Autor
Eduardo Girão (PODEMOS - Podemos/CE)
Nome completo: Luis Eduardo Grangeiro Girão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA:
  • Sessão Especial destinada a lançar a Frente Parlamentar de Transparência dos Gastos Públicos.
Publicação
Publicação no DSF de 21/11/2019 - Página 10
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, LANÇAMENTO, FRENTE PARLAMENTAR, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, GASTOS PUBLICOS, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODEMOS - CE. Para discursar.) – Muito bom dia a todos vocês. Muito obrigado, Senadora Soraya Thronicke, que é a Presidente e requerente desta sessão especial e Presidente da Frente Parlamentar para a Transparência dos Gastos Públicos; nosso Vice-Presidente, que também fez uma explanação louvável aqui, impecável, o Senador Arolde de Oliveira; o Secretário da Região Sudeste da Frente Parlamentar da Transparência dos Gastos Públicos, Senador Marcos do Val; Senador Elmano Férrer; Senador Jayme Campos; todos vocês que estão aqui, especialmente as assessorias, que têm desenvolvido um trabalho tão importante, tão elementar para que a gente possa desenvolver essa Frente e atender aos objetivos.

    Eu sou de primeiro mandato aqui, minha primeira experiência com política; junto com a nossa Presidente Soraya, nosso Senador Marcos, estou aprendendo muito, mas antes já gostava de acompanhar os destinos da nossa Nação. E para mim é muito evidente, muito evidente a falta de transparência – nós temos muito que evoluir, nós temos muito que trabalhar. E essa iniciativa é uma iniciativa brilhante, brilhante, Senadora Soraya, brilhante, e a gente tem que dar prioridade.

    Eu anotei poucos pontos aqui para rapidamente passar para vocês, algumas coisas que me deixam angustiado, abrindo meu coração com vocês. O povo brasileiro foi às urnas, foi às urnas pedindo mudança. Foi uma eleição de muita polarização, que propôs uma renovação não apenas no Executivo, como também uma quebra de paradigmas no Legislativo. E a gente percebeu, andando nas ruas, Senadora Soraya, o cuidado das pessoas. E aí eu quero voltar a Platão, 350 anos antes de Cristo, quando ele dizia o seguinte, que o destino das pessoas boas e justas que não gostam de política é serem governados por pessoas nem tão boas e nem tão justas que gostam de política, e o povo brasileiro, Pedro, está gostando de política – isso é muito importante. E precisa acompanhar as contas, os gastos, e a gente precisa, como bem falou o Senador Arolde, caminhar com a tecnologia, inteligência artificial, a gente precisa caminhar para o simples, simplificar as informações.

    Nesse pouco tempo que a gente está aqui, Kleber, essa estrutura aqui do Senado gasta – a gente tem que primeiro limpar nossa casa, para depois querer pensar em limpar as outras – R$4,5 bilhões do povo brasileiro por ano, um número impressionante para rodar esta Casa. Eu não quero nem falar de propostas de colegas nossos, que eu subscrevi, para reduzir a quantidade de Parlamentares, que é um desejo claro do povo brasileiro, até para dar agilidade e também economizar, mas o que me chama atenção nesses R$4,5 bilhões é que um colega nosso, Senador Lasier Martins, do Rio Grande do Sul, desde o início desta gestão se reúne com a Casa, com a Diretora-Geral da Casa – ele participa da Mesa – e fez uma análise. Rapaz, você sabe quantos milhões ele me mostrou que – cortando pouca coisa, não se aprofundando muito, mas fazendo uma análise e vendo os excessos gritantes de gastos desta Casa, junto com a consultoria competente que nós temos aqui e com a Diretoria-Geral da Casa –, na ponta do papel, ele conseguiria reduzir, sem sentir nada? Quinhentos milhões de reais por ano.

    Gente, no momento em que a gente passa por reforma de previdência, no momento em que a gente tem 13 milhões de desempregados; 500 milhões só assim, sem sentir? Eu acho que esse é o primeiro relatório que esta frente parlamentar deveria pedir, uma sugestão prática, porque foi um trabalho que ele desempenhou com a equipe dele e com a Diretoria-Geral do Senado.

    Eu não sei se vocês sabem, povo brasileiro: pouca gente sabe, mas aqui na Casa, se você tem uma liderança, se você forma uma liderança, três Senadores, você já tem direito a uma cota extra, fora a que o Senador tem direito para manter a sua equipe de assessores e tudo. Se você forma uma liderança com três Senadores, você já tem direito a mais uma cota de R$250 mil. Ainda bem que as pessoas estão sentadas aqui.

    Se você forma um bloco – olha a escalada! – de nove Senadores, juntando alguns partidos, que dê nove, no mínimo nove Senadores, você tem direito a mais R$250 mil de nomeações, de gastos.

    Gente, em que país a gente está vivendo? Que país a gente quer? Precisa disso? Precisa disso? Nós precisamos repensar o nosso País e colocar as coisas de forma transparente. Então, eu me sinto muito à vontade nesta Casa.

    O Supremo Tribunal Federal, que foi colocado pela Senadora Soraya Thronicke, é uma caixa-preta total. A gente tem lampejos de vez em quando, algumas coisas que vazam, que saem, como, por exemplo, lagostas, vinhos, gastos de passagens, coisas astronômicas do Supremo Tribunal Federal. Não condiz o número de assessores, o número de funcionários terceirizados para se manter os 11 ministros do nosso Supremo ali para trabalhar. Então, tem muita coisa que a gente precisa trazer.

    Acho que o Marcos do Val teve um desempenho fantástico, na semana passada, recebendo o pessoal da OCDE, e eu fiquei muito orgulhoso, repercutiu muito bem no meu Estado o seu trabalho, a sua recepção honrada, digna e buscando a verdade. A OCDE já está, ele vai falar daqui a pouco, vendo com maus olhos o nosso País, baseada nas últimas decisões.

    Inclusive, eu votei – Soraya também, o próprio Marcos do Val – no atual Presidente da República, no Governo Federal, com a esperança de uma quebra de paradigma, de uma ruptura de um sistema político corrupto, carcomido, que vinha de alguns Governos. Eu votei. Não me arrependo, mas confesso para vocês que esperava mais com relação a este quesito: transparência do nosso atual Governo. Vejo que está existindo a mesma política do toma lá dá cá, a mesma política da troca de cargos, emendas parlamentares, de uma forma não republicana. Então, isso nós vamos ter que enfrentar pela verdade, pelo bem do nosso País.

    O Coaf foi jogado de um lado, foi jogado de outro, hoje está lá como um apêndice do Banco Central. E ele tinha que ser cada vez mais fortalecido, ele precisava ter cada vez mais autonomia.

    Então, nós temos um Estado muito pesado. Muito bom o que colocou a Soraya, a gente está sempre aprendendo com ela aqui. São 600 subsidiárias estatais e tudo – 600. Imagina o cabide de emprego que é isso! São 20 bilhões por ano de prejuízo. A Eletrobras está na marca do pênalti. Eu vou votar a favor, eu não tenho a menor dúvida, porque a gente tem que ter um Estado mais leve. O Estado atrapalha, Marcos.

    Eu estava em São Paulo esse final de semana olhando as pessoas trabalhando, 5h da manhã nas ruas para ganhar o seu pão, e a gente aqui. Eu imagino o que a gente atrapalha, o que o Governo atrapalha. É um povo... A gente tem um povo muito trabalhador, muito pacífico, muito resiliente, porque o Governo atrapalha muito, são muitas normas – você vai aos outros países e não tem isso, essa tributação atrapalhando –, é alvará para tudo, é documento para tudo, é uma burocracia sem tamanho.

    Então, eu peço desculpas porque me estendi muito, desculpe-me pelo desabafo, mas eu vejo que a gente precisa, cada vez mais, de transparência. E eu fico muito feliz, espero colaborar no que for preciso. Soraya, você é nossa Líder, Marcos do Val, Arolde, que tem muita experiência, contem comigo para o que a gente puder fazer para transformar isso.

    E eu vejo muita boa vontade dos colegas. A consciência está chegando para todo mundo. Ontem, foi colocado neste Plenário aqui, foi um discurso muito pesado ontem, não é? Ontem, a coisa veio, aflorou. Foi um pouco passional. Quem estava aqui sabe, a assessoria que estava aqui, quem estava acompanhando, mas eu achei bacana. Achei bacana porque saiu daquela tranquilidade fétida, daquela tranquilidade do Mar Morto, que não era verdadeira. As pessoas colocaram as posições delas.

    Então, eu vejo com muita esperança os posicionamentos que a gente vai ter, a consciência de cada um aflorando. E eu vejo que ninguém é melhor do que ninguém. Digo de coração. A gente aprende aqui uns com os outros. Há partidos aqui, por exemplo, que pensam ideologicamente diferente de mim, que venho de uma área do empreendedorismo e tudo, os quais eu admiro e estou com eles em algumas pautas que eu acredito, que são de convicção, e em que eles têm colaborado muito.

    Então, todo mundo tem alguma coisa positiva para se associar. A gente aprende, a gente compartilha. E eu acho que isso é que faz a gente crescer. Nós estamos aqui para evoluir, para aprendermos uns com os outros, para perdoar, para amar. E chegou a hora de este País ser amado, principalmente por quem está com essa missão de poder servir ao próximo aqui.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/11/2019 - Página 10