Discurso durante a 222ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a lançar a Frente Parlamentar de Transparência dos Gastos Públicos.

Autor
Marcos do Val (PODEMOS - Podemos/ES)
Nome completo: Marcos Ribeiro do Val
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA:
  • Sessão Especial destinada a lançar a Frente Parlamentar de Transparência dos Gastos Públicos.
Publicação
Publicação no DSF de 21/11/2019 - Página 12
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, LANÇAMENTO, FRENTE PARLAMENTAR, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, GASTOS PUBLICOS, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.

    O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES. Para discursar.) – Bom dia a todos.

    Primeiro, dou os parabéns à nossa Presidente pela iniciativa do projeto, pela coragem de sair do lugar. Agradeço ao nosso amigo Girão, que também é um cara que está fazendo muita diferença aqui no Senado. Digo a vocês que para nós os novos – nós chegamos agora no Senado – a resistência é muito grande. Não é fácil você quebrar o sistema. A gente sofre bastante, há muita pressão em cima disso. E a iniciativa dessa Frente Parlamentar é algo com muita coragem.

    Com muita admiração, eu vejo a nossa amiga Soraya tendo essa iniciativa. Muita gente fala da posição das mulheres, e a gente vê que as mulheres aqui realmente comandam, têm iniciativa e fazem várias... Têm a habilidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo. O homem já é mais limitado; a gente tem mais limitações.

    Bom, eu estive, complementando a fala do nosso amigo Senador Girão, recebendo no meu gabinete o grupo da OCDE, e eles estavam extremamente preocupados com o enfraquecimento ao combate à corrupção no Brasil. Eles estiveram no STF, saíram do STF... Estiveram no Ministro Moro, no STF e no meu gabinete – e eu acho que houve uma outra instituição de que eu não estou me recordando agora. E, assim que ele saiu do STF, foi até o meu gabinete, nós tivemos uma reunião com o grupo, e eles colocaram a preocupação enorme, primeiro, com a Lei de Abuso de Autoridade, que vai ter início em janeiro, a preocupação enorme com o fim da prisão em segunda instância, com que, por sinal, nós estamos, lá na CCJ, já correndo, porque essa é uma demanda da sociedade, é uma demanda nossa também, para que possa ser aprovada – quero agradecer também à Simone Tebet por ter dado início a isso, está todo mundo trabalhando em prol de voltar a prisão em segunda instância, porque senão não vamos estar combatendo a corrupção: vai continuar o Brasil prendendo muito, mas prendendo mal, prendendo só aqueles pequenos criminosos, e os grandes, que acabam saqueando nosso País, ficam impunes. O próprio dinheiro que roubam é o dinheiro que eles gastam com advogados para os seus recursos.

    A OCDE foi embora daqui desmotivada. É muito difícil que a gente fique entre os países na próxima fila a serem indicados ao grupo. São grupos de países ricos e, se fôssemos indicados e estivéssemos participando disso, a economia estaria dando um salto muito grande, os investimentos no País dariam um salto muito grande, a credibilidade do País perante o mundo mudaria. Eles foram embora daqui desmotivados. Vão fazer um relatório, que vai ser apresentado em dezembro, mas basicamente é este o relatório que eles vão dar: a preocupação pela falta de combate à corrupção.

    Tive oportunidade de falar desta frente parlamentar. Falei para eles que os novos estavam se mexendo, junto com alguns que já têm experiência, mas não entraram no sistema, para dar início a esse trabalho. Eles ficaram felizes com isso, com esta frente parlamentar de fiscalização, de combate à corrupção, mais os critérios e responsabilidade sobre o gasto com dinheiro público. Tentei colocar o máximo de pautas positivas para que eles não fossem embora tendo uma impressão só ruim do Brasil.

    Mas eu recebi um e-mail esta semana que me deixou muito feliz. No e-mail que eu recebi deles, do Presidente, ele disse o seguinte: que o Brasil e o mundo precisam ter pessoas como vocês, que estão determinados em combater a corrupção. Então, isso nos motiva, motiva estar aqui com os meus amigos, saber que são pessoas da mais pura responsabilidade, credibilidade. Isso nos incentiva muito. A gente chegou aqui – tenho certeza de que vocês pensaram da mesma forma – e a vontade que nós tínhamos, nos primeiros meses, era largar isso aqui e ir embora, porque percebíamos que nós éramos a minoria: os grandes, os tubarões comandando aqui a Casa, comandando Congresso, e a gente se sentindo impotente. Graças a Deus, uma luz surgiu e foi criado o grupo Muda Senado e nós podemos nos unir. Aquela chama que estava se apagando voltou acender. Então, hoje nós fazemos parte desse grupo que está lutando por um Brasil melhor. Não estamos querendo dizer que nós somos os melhores que estão aqui, não; mas as pautas que nós temos são as pautas que a sociedade está demandando. E nós aqui, como representantes da sociedade, temos que fazer o que a sociedade nos pede, ponto. Não é fazer o que nós queremos ou articular para que, então, nas próximas eleições, nós possamos ser reeleitos e criar estratégias de mandar investimento para o Município X, que tem mais eleitor, e não para o Município Y, porque não tem tanto eleitor. Nós não viemos com essa estratégia política.

    Isso é um – desculpe-me por falar aqui a quem for escutar – nojo! Eu tenho antipatia quando alguém vem ao meu gabinete e fala: "Apoia, leva recurso ao nosso Município, que tem tantos mil eleitores." Dá vontade de falar assim: "Sai daqui!" A ajuda que nós estamos fazendo é igual para todos os Municípios. Se foi um parceiro na campanha, se não foi, se é do partido, se é de partido de oposição, não me importa saber. Eu deixo claro isso para todo mundo. Se, no meu Estado, os vereadores estão escutando, se os Prefeitos estão escutando, esse recado é para vocês também. Não me importa, o que me importa é que a nossa ajuda chegue a toda a sociedade.

    Então, não fiz questão de receber fundo partidário, eu não conseguiria. Cada um tem sua opção, mas eu não conseguiria aceitar um recurso que veio do povo para fazer minha campanha. Eu fiz a minha campanha com recursos próprios, com o dinheiro que eu tinha guardado na poupança e fui eleito. Entrei no lugar de uma pessoa que era braço direito do atual Presidente da República, fui convidado até a ser o Vice-Presidente. Ele era um Senador forte no meu Estado e eu entrei no lugar dele; o Girão também entrou no lugar do antigo Presidente do Senado, então, quando a gente mostra que a gente quer fazer diferente, que a gente é diferente, a sociedade aposta, e nós não podemos desapontar a sociedade. Nós estamos trabalhando aqui incansavelmente.

    Eu escutei muito isso, não sei se vocês escutaram: "Ah, político não trabalha!" Eu confesso para vocês que eu fui enganado, porque a gente trabalha e muito aqui: 14, 15 horas por dia. Se nós fôssemos regulados pela CLT, nossa senhora! Imagina! Muita gente fala: "Mas aí é por conta do salário." E aí vêm outras questões polêmicas. Quem sabe, um dia, a gente possa debater, pois o que chega para todo mundo não é a realidade. Mas quero dizer que estamos empenhados em atender a sociedade, empenhados em ter mais responsabilidade sob a verba pública. E essa comissão é um espelho disso, é o exemplo disso, de um grupo liderado pela nossa amiga aqui, conduzindo um trabalho que vai fazer diferença. Tenho certeza absoluta de que vai fazer diferença no País, nesse momento em que o Brasil já não está suportando mais tanta corrupção.

    Eu quero até aproveitar aqui e desejar melhoras ao nosso amigo Senador Kajuru, que ontem teve um problema grave de saúde, ele teve um AVC e está internado aqui no hospital em Brasília. Isso aconteceu exatamente pelo momento que foi ontem aqui, no Senado: muita pressão, um momento muito difícil de quase ofensas, e ele acabou tendo esse AVC. Também desejo melhoras para nossa amiga Eliziane Gama, que também está com problema de saúde, está internada. Eu também estive internado há um mês com problema de coração. Então, a pressão aqui é muito grande, mas nós assumimos a responsabilidade, sabíamos que não era fácil e estamos aqui porque foi opção nossa. Ninguém colocou uma arma na cabeça e disse que nós tínhamos de vir para cá, então nós estamos fazendo um trabalho da melhor forma possível. Sintam-se à vontade para questionar, para demandar, para exigir. Nós estamos para servir e não para ser servidos.

    Para finalizar, o Presidente desta Comissão da OCDE, quando esteve no meu gabinete, disse o seguinte: que as outras instituições no País estavam esperando ser convidadas para ajudar no combate à corrupção. E eu parei para pensar e falei assim: "Presidente, vou só fazer uma pergunta sobre isso: se você estivesse passando pela rua, vendo uma casa ser saqueada, você iria esperar o proprietário convidá-lo para entrar e ajudar ou você iria entrar nessa casa para ajudar? Por que as instituições estão esperando ser convidadas se o País está sendo saqueado? Não têm que esperar serem convidadas, têm que tomar iniciativa e vir ajudar, vir colocar o nome, vir fazer parte deste grupo, vir fazer parte... De qualquer forma, onde você estiver, não caia na zona de conforto e fique esperando o convite ou fique esperando que alguém faça por você.

    Achei interessante o que a nossa Presidente colocou aqui nessa frase final. Eu vou ler, para quem não viu: deixe a fila dos que reclamam e entre na fila dos que defendem o Brasil. É isso aí. É sair da zona só de ficar questionando, reclamando e vir nos ajudar, porque o Brasil está nessa UTI, e a gente não pode entregar...

    Eu fiz uma promessa que é, no final do meu mandato, entregar um Brasil melhor para minha filha e para todos os filhos e netos. Eu estou trabalhando arduamente para cumprir essa minha promessa. Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/11/2019 - Página 12