Discurso durante a 233ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Insatisfação com a derrubada do veto ao Projeto de Lei nº 5.029, de 2019, que trata dos fundos partidário e eleitoral.

Considerações sobre a destinação das emendas de S. Exa. ao orçamento de 2020.

Autor
Styvenson Valentim (PODEMOS - Podemos/RN)
Nome completo: Eann Styvenson Valentim Mendes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Insatisfação com a derrubada do veto ao Projeto de Lei nº 5.029, de 2019, que trata dos fundos partidário e eleitoral.
ECONOMIA:
  • Considerações sobre a destinação das emendas de S. Exa. ao orçamento de 2020.
Aparteantes
Alvaro Dias, Reguffe.
Publicação
Publicação no DSF de 29/11/2019 - Página 55
Assuntos
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • CRITICA, DERRUBADA, VETO (VET), PROJETO DE LEI, RELAÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, FUNDO PARTIDARIO, ELEIÇÕES.
  • COMENTARIO, RELAÇÃO, DESTINAÇÃO, EMENDA, AUTORIA, ORADOR, ORÇAMENTO.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN. Para discursar.) – Gratidão. Paz e bem, irmão. Não é assim que o senhor cumprimenta as pessoas? Vou pegar esta frase: paz e bem.

    Senador Alvaro, ouvi atentamente, sempre aprendendo com o senhor. Claro, não tenho esse preparo ainda que o senhor tem na política, mas eu preciso dizer que o voto que foi dado de esperança do brasileiro em uma mudança, de ter pulverizado e de ter dedetizado a política ruim, tentando colocar uma nova, trouxe também com a esperança quando o então Juiz Sergio Moro aceitou o convite de ser Ministro da Justiça. Eu acreditei com toda a certeza – eu ainda acredito – que o combate à corrupção ia ser mais intenso, ia ser melhor e maior.

    Eu ia falar hoje, Sr. Presidente, Senador Girão, sobre o que está sendo votado. Vou aguardar e vou guardar essa fala. Vou aguardar porque eu preciso elogiar o posicionamento dos ministros. Como em 2016 já houve uma votação semelhante sobre o compartilhamento de informações do antigo Coaf com órgãos de investigação. Em 2016, Senador Alvaro Dias, já havia tido uma discussão sobre isso e, por incrível que pareça, o Presidente daquele Tribunal, o Ministro Toffoli, se mostrou favorável, naquela época, ao compartilhamento. Ele mesmo criou a tese dele no seu voto dizendo que não era uma informação em que seria invadida a privacidade ou algo do gênero e, sim, um compartilhamento daqueles dados.

    Então, tudo bem? Prazer chegarem aqui. O senhor e a senhora são do Congresso em Foco, não é isso?

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Ranking dos Políticos. Obrigado, viu? Obrigado por terem lembrado do Senador Styvenson e de outros mais 35 Parlamentares, que aqui se esforçam para fazer uma política limpa, justa e honesta para a população e para zelar por cada voto que foi dado – pelo meu, eu zelo: zelo com economia, com eficiência, com enxugamento de cargos, com transparência, com a defesa de causas que a população brasileira realmente quer. Eu não quero problema com ninguém, nem com o STF. Mas eu também não tenho medo nenhum de falar. Não tenho nenhum rabo preso. Pode investigar minha vida, revirar. Como eu já disse, dei tiro em vagabundo, quebrei perna de marginal, quebrei, sim. Não preciso esconder nada de ninguém. Ganhei a eleição assim, sendo bem sincero.

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) – Senador Styvenson, só fazer um cumprimento ao Renato e também... Qual é o seu nome?

(Manifestação da galeria.)

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) – À Tatiana e também ao Alexandre, do Ranking dos Políticos, que fazem um trabalho sério, um trabalho com base em critérios, um trabalho que estimula muito a cidadania. Que o cidadão cobre, que o cidadão acompanhe o trabalho do Parlamentar. Então, vocês estão de parabéns. Eu me senti muito honrado em participar da solenidade ontem, muito prestigiada. Que continuem assim, sempre com essa integridade e seriedade.

    Muito obrigado.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Parabéns ao Rio Grande do Norte, ao Ceará, ao País, que soube eleger. Espero que, nas próximas eleições, peneire mais, tire o joio todinho. (Risos.)

    Não foi assim que o senhor disse, Senador Alvaro?

    Eu vim falar aqui, Senador Girão, que, quando se quer – ouviu, Senador Alvaro? –, o acordo funciona, a palavra vale. Eu vim falar aqui sobre a derrubada do veto presidencial, ontem, ao projeto que limitava o fundo eleitoral.

    Todos os que estão assistindo, que estão ouvindo, que estão acompanhando nas redes sociais, que estão presentes aqui agora, Senador Girão, a democracia neste País custa muito caro – e ontem eu vi –, caro demais para uma sociedade que sofre com inúmeras mazelas na educação, na saúde e na segurança pública, só para a gente citar algumas áreas. Eu estou citando só algumas, fora as outras. E a conta tem até nome, aliás, tem dois nomes, que é o Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, o fundo partidário, e o Fundo Especial de Financiamento de Campanha, o fundo eleitoral. A fatura foi enviada ontem, nessa votação, lá para a sua casa, cidadão que está me ouvindo, que está me assistindo, que está me vendo pelas redes sociais. A conta chegou para vocês. Quem vai pagar é você, viu? Então, com a derrubada do veto, Senador Alvaro, depois... Eu perguntei ao senhor, como Líder, se houve o acordo de Líderes para que se derrubasse o veto, porque, se o senhor tivesse acordado, eu ia desobedecer, como sempre desobedeço a coisas ruins para o País. Voto coisas boas para o nosso País. Independentemente de estar num partido ou não, eu sempre tomo minha posição em relação à população brasileira da melhor forma.

    Então, eu tenho que dizer aqui, Senador, que para mim, que fui eleito com um gasto total de campanha de exatamente R$35.535,57, sem nenhum dinheiro público, sem nenhum tempo de TV, sem rádio, sem Prefeito na minha cola para ficar me abusando em porta de gabinete agora, sem ninguém... Eu posso lhe dizer com propriedade. Quem achar ruim... Eu gosto de falar para as cadeiras vazias, sabe, Senador Girão? Porque, pelo menos, elas prestam atenção. Elas ficam bem caladinhas, prestando atenção.

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) – Mas cuidado com o horário de 2 horas da tarde, 2h40. Toma conta aqui, porque a gente...

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – O pessoal fala assim: "Só fala quando está vazio". Claro, as cadeiras são mais educadas, ficam caladas. (Risos.)

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) – Mas eu queria, antes de o senhor, de V. Exa., do senhor, de você...

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Pode me chamar de amigo, de irmão.

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) – ... continuar o seu pronunciamento, saudar aqui também a presença, nas nossas galerias, da comitiva de oficiais do Exército colombiano e brasileiro. Então, muito obrigado pela presença. Muito nos honra, a esta Casa, cada vez que a gente vê aqui muita participação das pessoas, vindo conhecer, vindo perguntar. Isso é muito importante para a democracia, para a cidadania.

    Muito obrigado, e vamos continuar ouvindo o Senador Styvenson Valentim...

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Agora capitão.

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) – ... do Estado do Rio Grande do Norte.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Capitão. Capitão da PM do Rio Grande do Norte. Eleito por um trabalho sério, que não foi corporativista: não passei mão em cabeça de ninguém, pelo contrário, parti no meio.

    Vou explicar, Senador Girão, que em setembro, há cerca de dois meses, aqui, neste Plenário, esta Casa aprovou – não foi com o meu voto, não, porque eu levantei o braço e ainda botei uma emenda –, a toque de caixa, o PL nº 5.029, de 2019, que alterava algumas regras eleitorais, aumentando o valor do fundo eleitoral. E qual era a pegadinha, Senador Alvaro, que já está rindo? Que pela lei em vigor até a votação desse PL, o fundo seria formado, em ano eleitoral, pelo valor equivalente a 30% das emendas de bancada. Esse limite foi retirado pelo PL, e essa parte foi vetada pelo Palácio do Planalto. Qual a justificativa? Que, ao retirar o limite de 30% que vigorava, aumentava as despesas públicas, sem o cancelamento equivalente de outras despesas obrigatórias – esse foi o motivo do veto presidencial – e sem que se tenha estimativa desse impacto orçamentário e financeiro. Como, aliás, determina a própria lei, não é? O valor do fundo eleitoral é definido na lei orçamentária a cada ano e, como o teto era de 30% do total das emendas de bancada estadual, que, para 2020, estão estimadas em cerca de R$6 bilhões, esse fundo ficaria em cerca de R$1,3 bilhões, somados à parte que a União ainda coloca como renúncia fiscal por causa das propagandas de rádio, TV, tudo aquilo a que você não tem mais saco para assistir durante as campanhas políticas.

    A LDO prevê para 2020 um valor de R$2 bilhões para o fundo eleitoral. Eu digo que o fundo – porque agora é sem limites, não é? – atingiria agora tetos absurdos. Será uma verdadeira disputa na Comissão Mista de Orçamento. No caso do meu Estado, Senador Girão, eu posso até mostrar o impacto. Por enquanto, para o orçamento de 2020, R$16,5 milhões foram rateados entre os Parlamentares da bancada do Rio Grande do Norte, excluídas três frentes, que seria o Governo do Estado, a capital Natal e uma obra que era, se eu não me engano, a Oiticica; cada um recebeu R$16,5 milhões de emenda.

    Depois de ouvir a população do meu Estado através das redes sociais, que eu tanto uso, e me elegi por elas – graças a Deus que existem, que são de graça; aí é uma campanha de graça –, numa enquete, Senadores, o pessoal escolheu a saúde. Escolhendo a saúde, eu enviei tudo isso para um hospital que está totalmente destruído, chamado Tarcísio Maia, na cidade de Mossoró. Pasmem: R$16,5 milhões parece muito, mas ontem eu recebi uma notícia ruim, Senador Alvaro, de que o Executivo, por causa de diminuição de receita líquida, já tinha cortado esse valor.

    Dos 16 milhões, agora, Tarcísio Maia, Mossoró – não sou eu quem está cortando de vocês, não –, vocês vão receber 14,6 milhões para fazer a reforma, ampliação e comprar equipamentos para esse hospital.

    E agora, com esse veto, a gente vai ter que rezar; sinceramente, vamos ter que rezar muito – vou até pedir a ajuda do senhor – para que o hospital Tarcísio Maia receba alguma coisa.

    Eu estive lá nesse hospital pessoalmente. É inacreditável o abandono da saúde, como em qualquer outro lugar do País; o descaso com a saúde como com outras áreas também que eu já citei. O hospital não tem equipamentos, não tem tomografia; falta um reanimador; a estrutura do prédio é comprometida, há mofo, não há nem portas, Senador Alvaro.

    A água – lá em Mossoró é muito quente e a água vem de poço, do subsolo – chega à temperatura de 50ºC, e não tem como resfriar, porque não há o equipamento que resfria. As pessoas têm que tomar banho, no calor, com água a 50ºC. Se fosse no frio, estaria tranquilo, mas lá já é quente...

    Então, equipamentos básicos não existem no Tarcísio Maia. E agora, com esses cortes de um dinheiro que ainda nem chegou... Eu animei as pessoas e elas agora podem estar todas desanimadas com esses cortes que estão acontecendo.

    Estamos falando apenas de um hospital, Senadores, um hospital só. Será que os outros Parlamentares que votaram ontem para derrubar o veto – e não falo só do Rio Grande do Norte, falo dos outros Parlamentares – não pensam nisso? Não pensam que, quando aprovaram que essa minirreforma, em setembro, esse dia iria chegar, que esta hora iria chegar: a hora de tirar direito das pessoas, o direito de ter um hospital digno, uma segurança pública eficiente, uma educação melhor para os filhos dos brasileiros, e destinar todo esse dinheiro para aproximadamente 35 partidos? Já não basta o fundo que já existia? Já não basta os partidos hoje terem um orçamento tão alto que, em dez meses, pode ser mais alto do que o da segurança pública deste País? Senador Alvaro, será que cada Parlamentar aqui precisa mesmo desse fundo partidário? Senador Reguffe, que chegou agora, será que nós, que fomos eleitos agora – eu praticamente, como já disse, com R$35,5 mil, sem TV, sem nada – precisamos desse recurso?

    Foi lamentável ver Parlamentares ontem derrubando esse veto presidencial, foi lamentável mesmo. Agora, se as pessoas tivessem interesse pela política iriam procurar quem foi cada Parlamentar que votou para derrubar o veto e tirou o dinheiro deles.

    O Ranking viu isso? O Ranking está cuidando disso? Então, informe às pessoas, porque, no minuto em que se derruba um veto presidencial, que se exclui, que se tira dinheiro de bancada, que já é pouco... Como eu citei aqui: foram 16,5 milhões que eu mandei para o hospital para reformar, ampliar e equipar. Já foi contingenciada uma parte, já ficaram 14 milhões...

    Agora, vão ficar quanto? Vai acabar ficando nada, sabe por quê? Porque as pessoas precisam saber quem colocou o dedo ali para votar ou quem anota aquela cédula e tira o dinheiro deles. E para quê? Para financiar campanha política.

    Aqui ninguém aguenta mais, Senador Alvaro. O senhor, que vai ser candidato à Presidência pelo Podemos, possivelmente, não faça isso, não, pelo amor de Deus. Eu nem ligo televisão.

    O Sr. Reguffe (PODEMOS - DF) – Senador Styvenson, V. Exa. me permite um aparte?

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Sim, Senhor.

    O Sr. Reguffe (PODEMOS - DF. Para apartear.) – Só para justificar: eu estava participando de audiência pública aqui na Casa, numa Comissão aqui da Casa.

    Quero apenas lhe dizer que fui um dos pouquíssimos Parlamentares do Congresso Nacional inteiro que, na legislatura passada, votei contra a criação desse fundo eleitoral. Considero que o montante colocado é absolutamente absurdo e qualquer aumento desse fundo terá o meu voto contrário aqui como Parlamentar. Às vezes, isso inclusive contribui para a má imagem que tem o próprio Congresso Nacional, porque não existe Estado democrático de direito sem um Poder Legislativo forte e atuante, não existe democracia sem um Poder Legislativo forte e atuante, mas ele não precisa ser gordo e inchado como é no Brasil e não precisa construir esses artifícios doidos, como, por exemplo, esse fundo eleitoral.

    Você imaginar que vai destinar essa quantidade de recursos para os partidos custearem campanha política... Não é aí que o contribuinte brasileiro quer ver aplicado o dinheiro dos seus impostos. É uma magnitude de recursos absolutamente absurda, um montante absurdo e, mais do que isso também, uma distribuição que é feita na legislação para perpetuar poder, porque ela favorece os grandes partidos e ainda favorece, dentro dos partidos, quem tem mandato. Quem tem mandato passa a receber mais do que quem não tem mandato. Então, que eleição democrática é essa que a gente tem no Brasil? Uma eleição deveria pressupor tempo igual de televisão, uma eleição deveria pressupor igualdade de condições de disputa e aí se cria uma legislação que, na própria legislação, já põe uma desigualdade. Então, isso também é um elemento de perpetuação de poder.

    Eu me orgulho de ter sido um dos pouquíssimos Parlamentares que, na legislatura passada, votou contra a criação desse fundo eleitoral, e aqui qualquer votação que aumente esse fundo também terá meu voto contrário. Acho que o que foi feito é um desrespeito ao contribuinte deste País, aquele que paga impostos neste País.

    Você pode até ter uma discussão sobre qual o modelo de financiamento que se quer neste País, mas não do jeito que foi feito. Do jeito que foi feito, desmoraliza inclusive aqueles que defendem legitimamente o financiamento exclusivamente público de campanha para evitar que se deva favor a empresário, para evitar que haja uma desigualdade na campanha. Até esses são desmoralizados por esse fundo, que é num montante absurdo e, volto a dizer, é um verdadeiro desrespeito ao contribuinte deste País.

    Muito obrigado.

    O Sr. Alvaro Dias (PODEMOS - PR) – Senador Styvenson...

    O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. PODEMOS - RN) – O senhor é o Líder.

    O Sr. Alvaro Dias (PODEMOS - PR. Para apartear.) – Eu não poderia deixar também de manifestar a V. Exa. Primeiramente, meus cumprimentos pela forma como atua no Congresso, especialmente aqui, no Senado, sempre combatendo o mal.

    Essa é uma questão que nos coloca em dívida com a população brasileira. Nós ouvimos o debate sobre reforma política há décadas. Eu acho que, antes de falar sobre reforma política, Senador Reguffe, nós temos que pedir perdão para a população brasileira, porque, embora procurando fazer a nossa parte, somos da política e não tivemos ainda a capacidade de convencer a maioria de que é preciso adotar um novo modelo político neste País. E essa improvisação, esse oportunismo abre portas à corrupção. O que se fez em matéria de legislação recente é facilitar a corrupção. A população deseja um modelo político compatível com a modernidade e com as suas aspirações, sobretudo com o objetivo de reduzir os índices de corrupção na atividade pública. E o que se vê é o legislador atuando contrariamente a essa aspiração. Eu sempre defendi a tese de que o modelo político deveria nascer fora do Congresso Nacional, ou seja, o Presidente da República deveria eleger uma comissão de especialistas para elaborar uma proposta de reforma política, subscrever e encaminhar ao Congresso para o debate, escapando a esse corporativismo, à legislação em causa própria, atendendo a interesses partidários ou mesmo pessoais. Dessa forma, nós chegaríamos a um novo modelo político compatível com as nossas aspirações.

    Eu defendo – e tenho, inclusive, solicitado à Presidente do Podemos, Deputada Renata Abreu – que se encaminhe ao Supremo Tribunal Federal uma ação direta de inconstitucionalidade para derrubar essa proposta que foi aprovada, com alguns vetos – foram mantidos apenas três vetos, e os demais foram derrubados, mas todo o projeto é muito ruim. A legislação que se fez é muito ruim, e nós deveríamos ir ao Supremo Tribunal Federal tentar tornar sem efeito esse projeto. Ainda vamos continuar insistindo nesta tese de ingressar junto ao Supremo Tribunal Federal com uma ação direta de inconstitucionalidade.

    Todos nós acompanhamos: o Senado Federal rejeitou a proposta e manteve apenas um dispositivo do que veio da Câmara. O projeto vai para Câmara e é reabilitado na sua inteireza. O Presidente veta alguma coisa, quando nós queríamos que o projeto fosse vetado integralmente. Então, vamos ao Supremo! Realmente, é sempre desagradável recorrer ao Supremo para resolver questões do Legislativo, mas, se não há outra alternativa, nós devemos recorrer ao Supremo.

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) – Senador Styvenson, rapidamente.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Eu queria deixar só claro aqui, Senador Alvaro Dias, meu Líder, e Senador Reguffe, que, mesmo com aquilo tudo lá, com aquelas condições, eu votei contra. Não era para dar nada, dinheiro nenhum, zero real para político fazer campanha, não – nem público nem privado. Sabe por que, Senador Reguffe? Eu não usei nada. Se eu estou aqui e não usei nada, por que outros não podem seguir?

    Agora, eu me sinto honrado por estar lado a lado, Senador Reguffe, de pessoas como o senhor, que, antes de entrar na política, eu já admirava, pela economia, pela eficiência, por estar aqui sozinho pedindo a mudança na questão democrática das eleições, porque eu não acho nada democrático, como o senhor mesmo falou. A democracia seria a candidatura avulsa, a candidatura independente, a candidatura em que eu pudesse entrar sem partido e aqui permanecer. Eu defendo isso. E eu creio que o Presidente da República perdeu uma oportunidade ímpar agora de defender isso, e não criando mais um partido, com cada vez mais mordaças, modelos ou métodos partidários que chegam aqui e cuja reprovação nós estamos discutindo.

    Senador Girão.

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) – Rapidamente, só para parabenizá-lo por levantar um assunto tão importante como esse, porque, ontem, nessa questão do Fundo, do Fundão, pouca gente percebeu, Senador Reguffe, mas foi armada a cama de gato. A cama veio ontem, depois vem o gato, que é o aumento do Fundo, já muito alto. Eu tenho um projeto de lei para ele ficar pela metade e congelado por 20 anos. Nós entramos com esse projeto de lei aqui, no Senado, para que o Fundo seja diminuído em 50% e congelado por 20 anos.

(Soa a campainha.)

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) – A gente tem que ficar atento, a população precisa ficar atenta, porque, ontem, poucos vetos sobre essa minirreforma eleitoral foram mantidos. Pouquíssimos vetos. O Presidente, como você bem colocou, poderia ter vetado mais ainda. Agora, o que eu não entendo é o Presidente vetar e muita gente ligada ao Presidente, do partido, que andava junto com ele na campanha e está junto com ele até agora, votar para derrubar o veto.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Não dá para entender, não.

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) – Isso é que dá um nó na cabeça, porque a gente não consegue entender onde está a coerência do que está acontecendo. Mas nós vamos buscar, e é importante ficar atento, porque, na última hora, Senador Reguffe, na viradinha do ano, no último dia – o senhor, que tem mais experiência do que a gente, porque já está aqui há mais tempo fazendo um trabalho muito honrado e digno, sabe disto – virá a conta, vão tentar aumentar. Já não basta o que aconteceu, o que está acontecendo no País, o enxugamento, e é preciso enxugar cada vez mais, mas vão tentar aumentar o Fundo Eleitoral, e a gente precisa estar atento a isso.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Essa confusão já foi explicada pelo senhor.

    O Sr. Reguffe (PODEMOS - DF) – O meu voto para aumentar é que não vai ter.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Ah, só lembrando, Senador Reguffe, para as pessoas que estão nos acompanhando: este Senador que fala aqui, o Senador Styvenson Valentim, e o Senador Reguffe, entre outros, não são aquelas pessoas que eu vejo sendo acusadas aqui escutando "ah, você é contra porque você tem recurso demais; é por isso que você é contra o Fundo Eleitoral". Não, não temos.

    Mas, Girão, como o senhor mesmo disse, já está explicado: é o dinheiro. É no dinheiro que estão interessados, porque, como é que se explica defender o Governo em previdência, defender o Governo em MP de liberdade econômica, defender o Governo em tantas pautas que ele coloca aqui e você votar para derrubar o veto presidencial?

    Então, vamos à explicação. Há pessoas que querem explicação. O Presidente não vetou tudo, não acabou logo com isso de uma vez por todas. Vota só um pedaço. E, agora, a gente tem de recorrer ao STF e ficar muito atento a isso.

    Mas eu recorro à população brasileira, a quem colocou esse dedo lá, dizendo: vou querer seu dinheiro. Viu? Porque estão tirando dinheiro, como eu já disse, lá da segurança pública. A cada morte que acontece neste País, atribui-se a esse fundo partidário agora. A cada escola que tiver fechada, com aluno fora, merenda ruim, professor ganhando pouco, tudo isso se atribui a ele agora. A cada hospital lotado, gente nos corredores, nas macas, eu vou atribuir a isso agora, porque já estava ruim e vai ficar pior. O que já estava difícil, agora ficou mais precário ainda.

    Então, tudo é pelo dinheiro. É tudo pelo recurso. É tudo para se manter nessas cadeiras, para se manter no poder, para se perpetuar aqui nestes cargos. Eu acho que, aqui, não é um vale-tudo, não.

    Só para encerrar, Senador Girão, pautas importantes não são colocadas aqui para votação nem em Comissão, como a redução do Senado, a redução do Congresso, porque é inadmissível o gasto que se tem com uma Casa desta. São bilhões que se gastam aqui no Senado e na Câmara. São R$4,5 bilhões só no Senado. Devem ser mais R$10 bilhões na outra lá.

    Então, há PEC aqui feita pelos Senadores do Podemos para reduzir números de Senadores e de Deputados, e as pessoas até riram. Isso não vai passar nunca.

    Está vendo, população? O que é de interesse seu, o que é de interesse da população não passa. Pelo contrário.

    Então, é bom ficar atento, porque as eleições estão chegando. Serão agora para Vereador, para Prefeito. Então, continue escolhendo os mesmos, continue escolhendo por quem vai lhe dar uma dentadura, por quem arranja para você um atendimento médico público. Continue votando naquela pessoa que pega ambulância pública e vai levar você no médico. Continue votando naquele Prefeito que pega o ônibus e vem pedir aqui para os Senadores, aquele ônibus que é amarelo, que é para levar o aluno para a escola, para o final de semana, para fazer passeio, piquenique. Continue votando nessas pessoas.

    Agora, não reclame do País em que você vive, não. Não reclame do País em que você está. Sabe por quê? Porque faz dele este País. Começa lá, desde Vereador e de Prefeito, até chegar aqui, a Presidente, Senadores e Deputados.

    Você escolhe mal, escolhe errado. É o que dá.

    Se eu fosse você, avaliaria bem ao escolher.

    Ah, eu escolhi mal em votar no Capitão Styvenson. Então, pronto. Escolha outro. Escolha qualquer outro. Você é livre para escolher.

    Uma coisa é certa: eu não comprei voto de ninguém para estar aqui. Não comprei voto, não prometi nada a ninguém, nem cargos. Eu estou aqui porque eu falei a verdade para as pessoas. Só isso.

    Valeu, Gi.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/11/2019 - Página 55