Discurso durante a 29ª Sessão Conjunta, no Congresso Nacional

Homenagem ao General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas por sua trajetória no Exército brasileiro e por sua luta contra a doença esclerose lateral amiotrófica, doença degenerativa conhecida pela sigla ELA.

Autor
Chico Rodrigues (DEM - Democratas/RR)
Nome completo: Francisco de Assis Rodrigues
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Homenagem ao General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas por sua trajetória no Exército brasileiro e por sua luta contra a doença esclerose lateral amiotrófica, doença degenerativa conhecida pela sigla ELA.
Publicação
Publicação no DCN de 05/12/2019 - Página 25
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM, GENERAL DE EXERCITO, ELOGIO, CARREIRA, COMENTARIO, LUTA, DOENÇA.

    O SR. CHICO RODRIGUES (DEM - RR. Para uma breve comunicação. Sem revisão do orador.) - Sra. Presidente, meus cumprimentos a V.Exa., que preside esta sessão do Congresso nesta tarde, bem como às Sras. e Srs. Deputados e Senadores.

    Subo a esta tribuna para falar do exemplo do General Villas Bôas e da sua luta pela vida, diante da enfermidade que o acometeu: esclerose lateral amiotrófica. Ao longo de 197 anos de existência, o Exército Brasileiro deu inúmeros motivos de orgulho à Pátria que serve. Formado por homens e mulheres de bem, abnegados, que trilham a carreira militar como opção de vida, nosso Exército segue como um celeiro de pessoas cuja bravura se manifesta não só em relação aos desafios típicos da guerra, mas principalmente no tocante à necessária ponderação para manter a paz duradoura e pessoas como o General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, um quadro de excelência respeitado dentro e fora das Forças Armadas, para quem tive a oportunidade de propor uma sessão de homenagem no Plenário do Senado Federal.

    De formação sólida, ingressou no Exército em 1967 e, em 1970, foi aprovado no rigorosíssimo exame da Academia Militar das Agulhas Negras. Dedicado e competente, galgou posições até a merecida promoção de oficial superior, na condição de major, em 1986. Dono de reconhecida capacidade intelectual e de articulação, Vilas Bôas continuou a subir, por merecimento, na hierarquia até alcançar o posto de General de Brigada e ser nomeado em 2003 para o cargo de Chefe do Estado Maior do Comando Militar da Amazônia.

    Em 2008, chegou ao posto de General de Divisão e, em 2011, foi promovido a General de Exército. Em seguida, foi Comandante Militar da Amazônia, Comandante de Operações Terrestres e, finalmente, o posto máximo de Comandante do Exército Brasileiro, de 2015 a 2019. Nenhuma destas glórias, entretanto, se compara à maior de todas as lutas que o General Villas Bôas vem travando atualmente com honra e altivez: a luta pela vida.

    Acometido pela esclerose lateral amiotrófica, doença degenerativa conhecida pela sigla ELA, Villas Bôas é exemplo de resistência e de coragem. Mesmo apresentando sintomas típicos da fase avançada da patologia, o General permanece firme no trabalho, honrando a farda e exercendo papel fundamental nas Forças Armadas e junto à sociedade civil. Com voz equilibrada e conciliadora, o General Eduardo Villas Bôas atuou nos momentos agudos de crise institucional dos tempos recentes, ajudando na garantia da ordem jurídica e da força democrática do País.

    A luta comovente de Villas Bôas pela vida é hoje a face mais visível da figura humana do meu amigo General. Uma forma de homenageá-lo é mobilizar esforços de toda a sociedade, no sentido de entender a doença que o acomete, a esclerose lateral amiotrófica, e procurar soluções para proporcionar qualidade de vida aos brasileiros por ela acometidos.

    A ELA, também conhecida como doença Lou Gehri, é um mal, porque causa a morte dos neurônios e o controle dos músculos voluntários. Os sintomas mais comuns são a rigidez muscular, espasmos e fraqueza generalizada. Progressivamente, o paciente vai perdendo a capacidade de falar, deglutir e até de respirar. Mesmo com o primeiro caso oficialmente catalogado no ano de 1824, até hoje, não há cura conhecida, nem sequer se sabe sua causa. A explicação por fatores genéticos só é aplicável a cerca de 5% a 10% dos casos. O aumento de sua incidência entre brasileiros, nos últimos anos, tem feito com que cada um de nós conheça ou tenha ouvido falar de um conhecido acometido da ELA.

    Exemplos mais conhecidos são do físico britânico Stephen Hawking, que revolucionou a forma como vemos o universo hoje em dia, cuja história foi contada no filme A Teoria de Tudo, premiado com o Oscar de melhor ator de 2015. Com toda a tecnologia disponível e abundância dos investimentos em pesquisas, características dos países ricos, não se conseguiu alcançar soluções que amenizassem os sintomas e prolongasse a sobrevida do paciente, beneficiando-se milhares de pessoas.

    Este é o caso do nosso herói Villas Bôas, que, neste período, nunca deixou de lado o serviço à Pátria, adicionando a suas bandeiras de forma destemida, sem tabus, a luta por encontrar melhores tratamentos para os brasileiros acometidos pela doença ELA.

    Nesta direção, o General Villas Bôas lançará o Instituto General Villas Bôas -- IGVB, no próximo dia 4 de dezembro, uma entidade sem fins lucrativos que se dedicará, entre outras coisas, à organização do seu acervo pessoal e profissional, à promoção de ideias e debates de temas como geopolítica, Amazônia, defesa e difusão de informações sobre as chamadas tecnologias assistivas, voltadas a pessoas com doenças raras crônicas e deficiências diversas.

    O agravamento da enfermidade tornou nosso grande homem um herói ainda mais produtivo e atento ao bem comum.

    Como brasileiro, quero dizer, Senador da República e amigo do General Villas Bôas, que estou encampando sua luta para ajudar os pacientes de ELA e que meu gabinete estará lado a lado com nosso herói, trabalhando na difusão de informações sobre estas enfermidades, para amenizar seus efeitos sobre a vida dos brasileiros e buscar caminhos para sua superação.

    Neste sentido, faço um apelo ao Presidente do Senado Federal, o Sr. Senador Davi Alcolumbre, para que me ajude a abraçar esta luta dentro do Legislativo brasileiro. Vamos convidar o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para debater o tema conosco e, juntos, buscarmos caminhos para amenizar o sofrimento daqueles acometidos pela doença ELA, aumentar sua sobrevivência e, a longo prazo, ajudar na busca da sua cura.

    Trata-se de uma luta dura, Sra. Presidente, meus caros Senadores, Deputados e Deputadas, nós sabemos disso. Mas o General Villas Bôas está aí para mostrar o exemplo de que, diante grandes desafios, são necessários grandes homens, e este Senado Federal e este Congresso estão cheios deles.

    Meu amigo General Villas Bôas, que tanto representou e tão bem comandou o Exército Brasileiro e que agora se torna comandante em chefe da luta pela vida, contra a doença ELA, representa todos os outros pacientes desta doença terrível.

    Para concluir, desta tribuna reconheço no General Villas Bôas um símbolo do enfrentamento à doença ELA. Convido o Presidente Davi Alcolumbre, meus colegas e minhas colegas desta Casa para juntos marcharmos em seu enfrentamento.

    Este é o meu pronunciamento, dizendo que o vigor, a coragem e, acima de tudo, a obstinação deste gigante brasileiro, um exemplo de patriota, o General Villas Bôas tenha em nós este apoio.

    Sra. Presidente Geovania de Sá, solicito a V.Exa. que meu pronunciamento seja divulgado pelos meios de comunicação da Casa.

    Muito obrigado pela tolerância.


Este texto não substitui o publicado no DCN de 05/12/2019 - Página 25