Fala da Presidência durante a 248ª Sessão Especial, no Senado Federal

Abertura da Sessão Especial destinada a comemorar os 20 anos da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão – Abrapa, completados no dia 7 de abril do corrente ano.

Autor
Luis Carlos Heinze (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Luis Carlos Heinze
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Abertura da Sessão Especial destinada a comemorar os 20 anos da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão – Abrapa, completados no dia 7 de abril do corrente ano.
Publicação
Publicação no DSF de 13/12/2019 - Página 10
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • ABERTURA, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ASSOCIAÇÃO CIVIL, PAIS, PRODUTOR, ALGODÃO.

    O SR. PRESIDENTE (Luis Carlos Heinze. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

    A presente sessão especial é destinada a comemorar os 20 anos da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), nos termos do Requerimento nº 960, de 2019, do Senador Luis Carlos Heinze e outros Senadores e Senadoras, entre os quais a Senadora Soraya, que está presente neste ato conosco.

    Convido para compor a Mesa a Sra. Tereza Cristina, Ministra de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Da mesma forma, convido: a Senadora Soraya, Presidente da Comissão de Agricultura aqui do Senado Federal; o Sr. Milton Garbugio, Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa); Sr. Celso Moretti, Presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Sr. Fernando Valente Pimentel, Presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit); Sr. Henrique Snitcovski, Presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea).

    Desculpem-me a falha. Há mais uma cadeira? Quero convidar também o Sr. Brasilino Pereira dos Santos, que representa neste ato o nosso Procurador-Geral da República, Augusto Aras, que me ligou agora de manhã, Ministra Tereza Cristina, dizendo que queria estar presente para homenagear os algodoeiros do Brasil, mas, não podendo estar presente, mandou o Dr. Brasilino, que é Procurador também (Subprocurador-Geral da República), para representar o Dr. Augusto Aras.

    Convido a todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional brasileiro.

(Procede-se à execução do Hino Nacional.)

    O SR. PRESIDENTE (Luis Carlos Heinze. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Assistiremos agora a um vídeo institucional da entidade.

(Procede-se à exibição de vídeo.)

    O SR. PRESIDENTE (Luis Carlos Heinze. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Sra. Ministra; colega Soraya; Milton Garbugio, nosso Presidente da Abrapa; demais convidados, quero citar aqui também a presença do Presidente da Acopar (Associação dos Cotonicultores Paranaenses), Sr. Almir Montecelli; Presidente da APA (Associação Paulista de Produtores de Algodão), Sr. Peter Derks; Diretor Executivo da Abrapa, Sr. Marcio Portocarrero; Diretor Executivo e CEO da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa; Diretor Técnico do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), Sr. Gustavo Rodrigues Prado; e também o Presidente Executivo do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e Presidente da Abrapa no período de 2008 a 2010, Sr. Haroldo Rodrigues da Cunha.

    Em primeiro lugar, quero registrar meu agradecimento aos colegas Senadores e Senadoras, entre os quais a Senadora Soraya, que subscreveram e apoiaram o Requerimento 960, de minha autoria, para que pudéssemos trazer essa importante, justa e merecida homenagem para o Parlamento brasileiro.

    Agradeço, portanto, aos Senadores Confúcio Moura, Acir Gurgacz, Jayme Campos, Nelsinho Trad e às Senadoras Soraya Thronicke e também Juíza Selma por terem endossado a nossa proposição, bem como aos colegas que aprovaram, ao final do mês de outubro, o requerimento para a realização desta sessão especial do Senado Federal.

    É muito importante dar visibilidade às grandes iniciativas, aos grandes projetos brasileiros que dão certo, que comprovam não só que o Brasil tem imenso potencial, mas também que nós temos competência de sobra, que os nossos empreendedores sabem se organizar, sabem planejar e sabem construir o futuro deste País.

    A história da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, a nossa querida Abrapa, representa, sem dúvida, um desses grandes projetos, uma dessas grandes iniciativas que engradecem o País e nos enchem de orgulho. Desde a sua criação, em abril de 1999 – eu cheguei aqui, Tereza, em março de 1999, acho que nós começamos juntos. Eu cheguei à Câmara, em março de 1999; em abril, a Abrapa foi fundada, Soraya –, os protagonistas da história da Abrapa foram a cooperação, o compromisso com a excelência e, acima de tudo, a manutenção de uma visão de futuro, sustentada mesmo em tempos de grandes dificuldades.

    Poucos anos antes da fundação da Abrapa, Senadora Soraya, a cotonicultura brasileira ainda sofria as consequências da sua maior crise: instabilidade econômica, restrições de crédito, abertura do mercado para o algodão estrangeiro e pragas, às vezes, incontroláveis. O nosso Presidente da Embrapa foi também parceiro nesse processo, ajudando nas pesquisas.

    Nesse contexto de adversidades e de baixa produção, era difícil imaginar que, pouco mais de 20 anos depois, o Brasil bateria sucessivos recordes de produção, de produtividade e se consolidaria como o segundo maior exportador de algodão do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

    O Brasil exporta hoje um de cada cinco fardos vendidos internacionalmente e é considerado um fornecedor estratégico, tendo como clientes os principais produtores têxteis do mundo. Exportamos para China, Indonésia, Vietnã, Bangladesh, Turquia, entre tantos outros grandes mercados que confiam na qualidade da cotonicultura brasileira.

    É de se perguntar, portanto, senhoras e senhores: de que forma chegamos, em tão pouco tempo, a esse elevado nível de produção, de produtividade e de competitividade internacional?

    O que ocorreu na produção brasileira de algodão nas duas últimas décadas foi, verdadeiramente, uma revolução. E, no centro dessa revolução que continua a pleno vapor, esteve e está a Abrapa, que fez da qualidade, da rastreabilidade, da sustentabilidade e da promoção internacional as bases da nova cotonicultura brasileira.

    Com base nesses valores modernizados, foi possível quadruplicar a produção nacional desde os anos 90. Nas últimas duas safras, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção superou 2,7 milhões de toneladas. Colhemos hoje mais de 10% de toda a produção mundial, e o PIB da nossa cadeia do algodão é de quase US$75 bilhões, se considerarmos as vendas do setor de confecções. A balança comercial, em 2018, fechou em US$ 2,3 bilhões e, para 2019, já estão previstos mais de US$ 3 bilhões.

    Os números são impressionantes, Senadora Soraya. São dignos, por si só, de celebração. Mas por trás desses números existe uma história que merece ser contada, recontada e conhecida por todos os brasileiros e brasileiras. Uma história de transformação, de reorganização, de reinvenção, que demonstrou ser possível integrar, em poucos anos, a produção do campo brasileiro à economia global, com um sucesso retumbante.

    Senhoras e senhores, a primeira grande conquista da Abrapa veio após sua fundação, já no ano 2000, com a retomada das exportações brasileiras de algodão. Naquele ano, depois de um longo período, foram vendidas 800 toneladas para uma empresa sediada na Suíça.

    Um ano depois, em 2001, o Brasil atingiu a autossuficiência, tornando desnecessárias importações para o suprimento da indústria nacional.

    O grande salto, contudo, veio a partir da famosa luta, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), contra os subsídios fornecidos pelo governo americano aos produtores de algodão daquele país. A Abrapa comandou os esforços brasileiros naquele momento.

    Uma das únicas disputas, Ministra Tereza, Senadora Soraya, que os produtores brasileiros ganharam e aqui renderam homenagem, em nome do Milton, do Haroldo e dos demais ex-presidentes – quero citar aqui também o Sérgio de Marco, nosso parceiro –, que me diziam que faziam rifa, Tereza. As empresas de máquinas doavam trator, doavam plantadeira e faziam almoços e jantares para arrecadar dinheiro para bancar os advogados – e ganharam! Uma ação nos Estados Unidos, na América do Norte. Não é para qualquer um!

    Então, parabéns às direções da Abrapa e aos produtores de algodão, que, ao longo desses anos, participaram da disputa que teve início no ano de 2002 – na época o presidente era o Sr. Jorge Maeda – e terminou 12 anos depois, em 2014, com a vitória definitiva do Brasil, que recebeu no total o valor de US$800 milhões, que deveriam ser aplicados – e são – no fomento da cultura do algodão brasileiro.

    Com a vitória na OMC houve a criação do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), que se tornou o principal provedor de soluções tecnológicas e metodológicas para os projetos de fortalecimento da cotonicultura nacional. Da criação do IBA até hoje, já são 293 projetos executados, desde capacitação e treinamento de produtores e trabalhadores, projetos de combate a pragas, melhoria da qualidade da fibra, investimentos em laboratórios de classificação de algodão e a construção do Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão, entre outros tantos.

    Sem recorrentes investimentos em tecnologia, Senadora Soraya, não há produção algodoeira competitiva. Produzir algodão, como sabem os especialistas aqui presentes, é muito caro. Ciente dessa exigência de investimentos contínuos e crescentes, a Abrapa sempre esteve na vanguarda da tecnologia nacional.

    A Internet das Coisas está chegando ao campo brasileiro. A Abrapa estará, como de costume, na vanguarda dessa transformação, discutindo e viabilizando a instalação de sensores, a coleta, o processamento e a análise, em tempo real, de dados gerados no cultivo do algodão no solo brasileiro.

    Senhoras e senhores, no radar da Associação, hoje, estão os temas da burocracia excessiva nas exportações, a questão das deficiências logísticas que dificultam o escoamento da produção e a concorrência, nos períodos de baixa do preço de petróleo, com a fibra sintética.

    Os desafios não devem impedir, contudo, que em um futuro não muito distante, o Brasil venha a superar os Estados Unidos e consiga tornar-se o principal exportador de algodão do Planeta. Já somos primeiro em soja, primeiro em boi, primeiro em frango, em vários produtos o Brasil hoje é campeão; em algodão nós somos o segundo. Não é exagero, Senadora Soraya, é um objetivo factível, dado que nossa produtividade é bastante superior à dos americanos e que somos o único país, entre os grandes produtores, que ainda pode aumentar a área dedicada ao cultivo.

    E isso tudo respeitando, sempre, o meio ambiente. O Brasil é o maior exportador mundial de algodão ambientalmente certificado. Somos líderes absolutos nessa área. Mais de 80% da produção brasileira é certificada, e a projeção é de que, já em 2020, 95% da pluma produzida saia das fazendas com atestado de boas práticas ambientais, sociais e econômicas.

    Nos próximos dez anos, se confirmadas as projeções da Fiesp, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a produção algodoeira nacional aumentará mais de 40%, e o Brasil poderá conquistar mais de 15% do mercado mundial.

    Quem diria, Senadora Soraya, quem acreditaria, lá na década de 1990, que o Brasil poderia ser, um dia, um dos maiores produtores e, quem sabe, o principal exportador de algodão do mundo? A Abrapa acreditou! E, a depender da Abrapa, chegaremos lá. Seremos o campeão mundial das exportações de algodão e o faremos, se Deus quiser, antes de 2030.

    Senhoras e senhores, o Estado que represento é o Rio Grande do Sul, não é produtor de algodão. Mas é certo que há, espalhados Brasil afora, nos Estados que se dedicam à cotonicultura, muitos agricultores gaúchos, inclusive do Paraná, que há um pessoal aqui, o pessoal do Rio Grande do Sul começou a colonizar Santa Catarina, depois o Paraná, e hoje está em qualquer canto do Brasil. Começou do Rio Grande do Sul, por dois gaúchos. Respeitando os paranaenses, os paulistas, enfim. Então, um abraço aos gaúchos que saíram do Rio Grande lá nos 50 e ajudaram, Ministra, a colonizar o Brasil, inclusive no seu Estado, o Mato Grosso do Sul.

    Olha aqui: a origem da Soraya é Rio Grande do Sul. Nós exportamos uma Senadora para o Mato Grosso do Sul!

    Agricultores que deixaram a sua terra natal para produzir, entre outras culturas, algodão no Mato Grosso, na Bahia, em Goiás, no Mato Grosso do Sul, em Minas Gerais, no Maranhão, em São Paulo, em Rondônia, em Roraima e no Paraná, à medida que a fronteira agrícola se redesenhava.

    A história nos mostra, aliás, que a fronteira agrícola pode se deslocar rapidamente, e a configuração geográfica do campo brasileiro, no futuro, pode vir ser muito diferente do que é hoje.

    Portanto, é extremamente importante a homenagem que nós estamos fazendo hoje aqui à Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, as mais de 3 mil propriedades.

    Presidente Milton, quero fazer uma referência também. Em março eu já participava desse assunto, o Aroldo acho que estava da diretoria. E a nossa frente parlamentar, Tereza, quer render homenagem ao Sérgio De Marco, ao saudoso Homero Pereira, que não está mais entre nós, o saudoso Moacir Micheletto...

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. PRESIDENTE (Luis Carlos Heinze. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Daqueles três, só estou eu aqui. E não quero ser saudoso por muito tempo. (Risos.)

    Um dia, João Henrique – não estou o enxergando daqui – e eu sentamos num hotel daqui de Brasília para ajudar a nossa Frente Parlamentar da Agricultura. A gente se reunia a cada semana, um dia num restaurante, outro dia em outro restaurante, um dia na casa do Moka, assim nós fomos fazendo e assim a frente se reunia.

    E, naquela data, eu não sei se o Sérgio era da Ampa ou se era da Abrapa já, ele resolveu que nós tínhamos que ajudar a montar essa grande Frente Parlamentar da Agricultura. Hoje é a maior frente que eu já presidi, que a Teresa presidiu, chegou à Ministra também por méritos dela, mas também porque representa a nossa frente parlamentar.

    Então, rendo homenagem aqui, em nome dos algodoeiros, ao Sérgio de Marco, porque, naquele momento, teve uma visão do que representa uma frente parlamentar de Deputados e Senadores para que pudessem ajudar a agricultura brasileira, não apenas os algodoeiros. Então, a esse fato histórico eu quero render essa homenagem.

    Portanto, estamos aqui, neste momento, para cumprimentar todos os produtores. Aqui está o Fabrício, que representa a Aprosoja.

    Quem milita como eu, há 45 anos, nas lides classistas, pelos arrozeiros do Rio Grande do Sul – desde que eu comecei lá em 1974 –, há muito tempo, sabe que nós não temos, Tereza, nenhuma entidade tão organizada – de todas que são organizadas, os arrozeiros, os horticultores, enfim – do que são os algodoeiros. Portanto, eu quero cumprimentar aqui, em nome do Milton, do Haroldo, dos ex-Presidentes todos, a diretoria, Sérgio de Marco, que você representa neste momento aqui, é Secretário-Executivo, está sempre junto conosco nas principais demandas que o setor tem. Tantas coisas foram conquistadas, mas muitas outras serão conquistadas pela organização da categoria.

    Então, parabéns a vocês todos. É um grande prazer, junto com a Senadora Soraya, ter feito essa homenagem aos algodoeiros brasileiros. E vocês representam o algodão que está em todo Brasil, em especial no Estado do Mato Grosso, que é o maior produtor de algodão do Brasil. A minha grande homenagem, não só minha, da Soraya, mas do Senado Federal aos algodoeiros brasileiros.

    Muito obrigado.

    Concedo a palavra à Senadora Soraya Thronicke, que vai fazer também a sua homenagem também aos algodoeiros não só do Mato Grosso do Sul, mas do Brasil inteiro.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/12/2019 - Página 10