Discurso durante a 253ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a 25ª Conferência do Clima (COP 25), com ênfase na defesa da soberania nacional no uso dos recursos naturais do País.

Autor
Marcio Bittar (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Marcio Miguel Bittar
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MEIO AMBIENTE:
  • Considerações sobre a 25ª Conferência do Clima (COP 25), com ênfase na defesa da soberania nacional no uso dos recursos naturais do País.
Publicação
Publicação no DSF de 18/12/2019 - Página 19
Assunto
Outros > MEIO AMBIENTE
Indexação
  • COMENTARIO, RELAÇÃO, CONFERENCIA INTERNACIONAL, CLIMA, CIDADE, MADRI, PAIS ESTRANGEIRO, ESPANHA, ENFASE, DEFESA, SOBERANIA NACIONAL, UTILIZAÇÃO, RECURSOS NATURAIS, BRASIL, MEIO AMBIENTE, EMISSÃO, GAS CARBONICO.
  • REGISTRO, COMENTARIO, EX SENADOR, MARINA SILVA, ESTADO DO ACRE (AC).
  • COMENTARIO, COMBATE, QUEIMADA, REGIÃO AMAZONICA, PAIS ESTRANGEIRO, BOLIVIA, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), AUSTRALIA.

    O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AC. Para discursar.) – Srs. Senadores e Sras. Senadoras, foram 15 dias, 25 mil pessoas, US$100 milhões e nenhuma conclusão.

    Estou falando aqui da COP, que acabou de se realizar na Espanha. Abro aspas: "É importante haver um debate com foco, com objetividade. Muita gente se beneficia com essa protelação, com essa enrolação. Joga para a frente e, daqui a três meses, se reúne de novo, vai para outro lugar do mundo e se reúne de novo! Nesse meio tempo, faz seminário, faz palestra, vende consultoria, faz parecer. Há uma indústria em torno desse assunto. Em Madri, havia vários stands, com várias entidades, correndo atrás de dinheiro, justamente para manter essa mesma discussão de forma interminável, em vez de ter um foco, determinar exatamente o que tem que ser feito, qual o prazo e como se constrói. Parece que a protelação é algo proposital". Fecho aspas. A frase é do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

    Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, na COP em Madri, caro Senador Fernando Bezerra, competentíssimo Líder do Governo nesta Casa, mais uma vez, ficou provado o que eu venho dizendo ao longo deste ano aqui na tribuna do Senado. Presidente Davi Alcolumbre, que se fez representar e que representou o Congresso Nacional nessa Conferência: é muita conversa, é muita embromação, e por que é que não se chegou a um acordo?

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AC) – Porque aquilo tudo que disseram, que colocariam à disposição dos países pobres US$100 bilhões, é enrolação. O que está em jogo, Sr. Presidente, senhores e senhoras que nos assistem pela TV Senado, são países ricos, que consomem a maior parte da riqueza do Planeta, não querendo que os países pobres possam crescer. E tudo isso, que há décadas vem acontecendo no Planeta, vem camuflado de uma preocupação: o veneno da hora e da moda é o CO2.

    Pois bem, Sr. Presidente, vamos falar sobre o CO2. Primeiro, isso é um mito, caro Senador Irajá. Se você tirar o CO2 do Planeta, não há vida.

    Mas vamos lá! Do total de emissão de CO2 no Planeta, caro amigo Eduardo Braga, mais ou menos, a natureza é responsável por cerca de 97% do CO2 da atmosfera, cabendo ao homem e à atividade humana 3% da emissão de CO2 no Planeta. Agora o mais interessante é que, desses 3% da emissão de CO2 no Planeta que cabem ao homem, os países ricos representam cerca de 89% da produção de CO2 do Planeta, ou seja, brasileiros e brasileiras do Sul, do Sudeste... Vou rememorar: calcula-se que a natureza – os oceanos, a vegetação, a terra – joga na atmosfera 200 bilhões de CO2. Noventa e sete por cento da produção de CO2 são produção da própria natureza, cabendo 3% ao homem. Agora o que é mais interessante: dos 3%, 89% são de responsabilidade dos países ricos, como França, Alemanha, Estados Unidos, Arábia Saudita. Do total de CO2 emitido na atmosfera pelo homem, apenas 0,35% é emitido pelos países pobres. E aí está o nosso País, o Brasil.

    Mais um dado, Sr. Presidente e aqueles que nos assistem. Vou citar aqui qual é a composição da nossa atmosfera. Eu disse agora há pouco que 97% da produção de CO2 do mundo são produzidos pela natureza. Pois bem. Vamos lá! Composição da atmosfera: nitrogênio, 78%; oxigênio, 21%; argônio, 0,9%; e gás carbônico (CO2), 0,035%. Ou seja, Presidente Davi, Sras. e Srs. Senadores, população que nos assiste, sobre todas as contas há uma histeria mundial, uma lavagem cerebral.

    E agora eu quero aqui fazer um pedido de desculpa. A ex-Senadora Marina Silva, cujo grupo governou o meu Estado por 20 anos, pediu desculpa à Greta, que acho que deveria estar estudando e não estar fora da sala de aula, falando daquilo que não entende. A ex-Ministra Marina Silva foi pedir desculpa a ela, em nome do Brasil. Pois eu quero aqui hoje pedir desculpa ao Brasil, aos 25 milhões de amazônidas pelas besteiras que a ex-Senadora Marina Silva fez com o Acre e com a Amazônia. Fizeram tanto, mas fizeram tanta besteira que, agora, depois de 100% de a Usina de Belo Monte estar pronta, ela passa cinco meses do ano desligada, porque não tem água. E por qual razão, Sr. Presidente, não tem água? Porque foi feita lâmina d'água. O Brasil gastou uma fortuna para fazer a Usina de Belo Monte, que é água limpa, que não é poluente, que é renovável, e aí teve que fazer fio d'água, porque não podia fazer um reservatório, porque iria largar não sei quantos campos de futebol. Agora o interessante é que a dona Alemanha, que inaugurou, recentemente, uma Itaipu e meia em termelétrica, é uma das que posam para o mundo como preocupadas com o meio ambiente. A Noruega, que, ao término da Segunda Guerra Mundial, era um país pobre, hoje é o maior IDH do mundo. E baseado em quê? Baseado em petróleo e gás, e a composição da renda norueguesa responde por 51% do PIB da Noruega. Portanto, eu sei que o assunto é polêmico.

    Mas, caros amigos, caros colegas, há uma questão fundamental.

    É preciso combater o fogo? É, é preciso, mas é preciso combater o fogo no Brasil, na Bolívia; não é só na Amazônia! Eu já disse aqui e vou repetir: em Minas Gerais, este ano agora, que está terminando...

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AC) – ... houve o maior foco de incêndio dos últimos tempos, mas o mundo não se preocupou. Aqui no Distrito Federal, há dois meses, todo dia, a partir das 11h, das 11h30 da manhã, para onde você olhava, havia foco de incêndio. É preciso combater fogo, mas não sob a ameaça de acabar com a soberania brasileira. É preciso combater o fogo lá na Califórnia, lá na Austrália, que queimou este ano, de novo, significativamente.

    Portanto, Sr. Presidente, o que fica claro... E V. Exa., a meu juízo, ainda tem uma tarefa gigantesca pela frente. V. Exa., como Presidente do Congresso Nacional, mas como amapaense, nos lidere; lidere a bancada do Norte do Brasil, da Amazônia.

    Está na cara que o que esses países quiseram foi lacrar as riquezas brasileiras. Eles querem nos proibir de fazer aquilo que eles fazem. E é uma pouca vergonha para nós. A Noruega gastou 1,1 bilhão no Fundo da Amazônia e recebeu 7,5 bilhões de isenção. Isso é brincar com a nossa cara! Está aí: acabou a COP. Foram US$100 milhões gastos, jogados fora!

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AC) – Sabe por quê, Sr. Presidente? Porque, na hora de colocar a mão no bolso e pagar pelos créditos de carbono, naquela ideia que os países ricos vão divulgando há 30 anos, olham para o Brasil e dizem assim: "Crie a reserva indígena que eu vou te recompensar", e ninguém criou mais reserva indígena do que o Brasil, que não é recompensado. "Crie unidade de conservação. Crie reserva extrativista", e o Brasil danou a criar, como nenhum país do mundo, e não recebe nada em troca.

    Para terminar, Sr. Presidente, eu quero dizer que me envergonha muito quando eu ouço brasileiros e brasileiras repetindo, ao longo do ano, a imagem do Brasil na Europa. Que imagem do Brasil na Europa, Senador Eduardo Braga? Quem é que está preocupado com isso? Isso é balela! Isso é autofagia!

    Os Estados Unidos, do Barack Obama, foram tirar petróleo no Alasca, foram tirar petróleo de xisto, quando as ONGs...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AC) – ... ele tirou e nenhum país do mundo deixou de fazer negócio com os Estados Unidos.

    A Europa Ocidental, que vive arrotando direitos humanos, negocia com a Rússia, com a China, que são ditaduras – umas disfarçadas e outras claramente. A prova, Sr. Presidente, é agora: por que a China está comprando carne brasileira? É porque gosta do Presidente da República? É porque tem identidade ideológica? Não! É porque precisa comer. Mais de dois terços da criação de porco da China morreu, afetada por febre, por doença; e tem que comprar e compra do Brasil.

    Então, o que eu espero, amigo Eduardo Braga, é que o Brasil crie vergonha nesse item. O Brasil vai negociar com o mundo se o mundo precisar e se o Brasil tiver. Essa história de abaixar a cabeça para obedecer a Europa Ocidental a troco de migalha – migalha...

(Interrupção do som.)

    O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AC) – Terminando, Sr. Presidente, eu quero aqui, ao final deste ano, cumprimentar Ricardo Felício, Prof. Molion, Evaristo de Miranda e Ricardo Salles. Sabem por quê? Porque navegar com a maré é muito fácil. Assumir um ministério e dizer aquilo que o mundo e a mídia querem ouvir é facílimo. Agora, essas figuras que eu estou dizendo tiveram e têm a coragem de fazer o contraponto e, a meu juízo, são as pessoas que estão corretas.

    Quero homenagear o Congresso Nacional, cumprimentar o meu amigo Eduardo Braga, por quem eu tenho muito carinho.

    Muito obrigado por me receber este ano aqui no Senado da República, o meu primeiro ano, o seu nono ano. É uma satisfação ser liderado por você, nós que temos vinte e tantos anos de amizade de família. Para mim, foi um privilégio estar aqui neste ano e ser liderado por você, como Líder da Bancada...

(Interrupção do som.)

    O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AC) – Muito obrigado, Presidente Davi. Em nome do Acre, eu quero lhe dizer: muito obrigado. A visita que V. Exa. fez em Cruzeiro do Sul foi uma visita fundamental para que o sonho e a esperança de todo acriano, que é de continuar a BR-364, ligando o Brasil ao Peru por aquela região, se transforme em realidade.

    Muito obrigado.

    Fiquem com Deus.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/12/2019 - Página 19