Discurso durante a 253ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Cobrança de uma atuação adequada do Governo brasileiro no impasse jurídico que envolve uma família paranaense, na qual a criança está retida na França com o pai, enquanto a mãe se encontra no Brasil.

Autor
Alvaro Dias (PODEMOS - Podemos/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Cobrança de uma atuação adequada do Governo brasileiro no impasse jurídico que envolve uma família paranaense, na qual a criança está retida na França com o pai, enquanto a mãe se encontra no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 18/12/2019 - Página 60
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • COBRANÇA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, IMPASSE, GUARDA, FAMILIA, ESTADO DO PARANA (PR), CRIANÇA, PAI, PAIS ESTRANGEIRO, FRANÇA, MÃE, BRASIL, COMENTARIO, DECISÃO, VARA DA JUSTIÇA FEDERAL, PORTO ALEGRE (RS), RETORNO, FILHO, CRITICA, UNIÃO FEDERAL, MINISTRO, ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO (AGU), DESRESPEITO.

    O SR. ALVARO DIAS (PODEMOS - PR. Para discursar.) – Sr. Presidente, há algum tempo eu venho trazendo à tribuna do Senado Federal um drama vivido por uma família paranaense brasileira, exatamente em função de um impasse que ocorreu na França.

    Logicamente se admite sempre que o Governo brasileiro há de ser parceiro, há de ser solidário, há de sentir o drama vivido por uma família brasileira. E o tempo passa e o impasse perdura.

    Uma criança é obrigada a ficar retida na França com o seu pai, enquanto a mãe, no Brasil, sofre a distância da filha. E há aí uma disputa. Não é a primeira vez que isso ocorre.

    Mas eu quero, ao invés de fazer um discurso, ler o que escreveu o avô dessa criança, o meu amigo Ricardo Mac Donald.

     Ele envia a decisão do último dia 10 de dezembro, da Vara Federal de Curitiba, responsável por cumprir o acórdão unânime do Tribunal Regional Federal 4, que está em Porto Alegre, do dia 1º de agosto de 2018, que determinou a volta imediata da criança e condenou o genitor por conluio, fraude processual e má-fé.

    O juiz federal reconhece a falta da União, que exigiu execução provisória, e agora tem que retornar à situação anterior, isto é trazer a criança ao Brasil; determina que a União custeie as ações na França, visando o retorno; determina a intervenção direta da Administração Pública e do Itamaraty; determina que a AGU e o Ministério da Justiça apresente os nomes dos funcionários responsáveis pelo cumprimento das decisões, a fim de que haja punição pessoal, em razão de desacato; amplia a multa diária de R$600, em face ao reiterado descumprimento de ordem judicial.

    O que manifesta o avô dessa criança é a sua indignação em relação ao comportamento do Governo brasileiro, que se ausentou na defesa de uma família brasileira. E ele diz:

No distante dia 6 de fevereiro deste ano, a bancada completa do Senado esteve junto ao Ministério da Justiça, onde foram expostos vários absurdos ocorridos nesse processo, bem como crimes em tese cometidos por subordinados do Ministério. Em junho, a bancada reiterou os pedidos por ofício. Embora, já em fevereiro, tenha se comprometido com uma resposta, não teve nenhuma manifestação, nem mesmo de simpatia a uma criança e uma professora brasileira abusada na França. Novamente, em junho deste ano, a bancada do Senado esteve em audiência com o Ministro da AGU. Além de demonstrar os abusos, apresentou relatório do Cônsul brasileiro em Paris, que relata as críticas feitas à Justiça brasileira pelo genitor, que chegou a dizer que não cumpriria decisões do Brasil porque até um ministro da AGU não concordava com a decisão do Tribunal Regional Federal e que iria recorrer até o Supremo.

    Notem que isso está em ata de janeiro deste ano.

Pois não é que, mesmo avisado, o ministério determinou, em julho, depois dessa reunião na AGU, que recorresse do acórdão unânime do tribunal, favorecendo o estrangeiro agressor e cumprindo determinações da França, que queria esse recurso.

    Olhem, existe e-mail a respeito.

    O que provoca indignação nesse avô paranaense é que esse impasse surgiu em razão de agressões à sua filha lá na França. Foi agredida, foi agredida fisicamente. E, por isso, surgiu o impasse da guarda da criança.

    Ele vai além, fala da bancada do Paraná, nós pulamos essa parte:

Mas os Ministros, especialmente o Ministro da AGU, tratam com descaso que beira o desrespeito não só aos Parlamentares, que apenas estão pedindo o cumprimento de decisões judiciais e o respeito aos direitos humanos da criança e da mulher. Imaginem [diz ele] como me sinto, eu e minha família, que somos vítimas de um processo que nos atacou de todos os lados e mudou a vida de uma criança? Confesso que me sinto um lixo. Às vezes, penso que estamos sendo punidos porque tivemos a audácia de contestar ações da alta burocracia de Brasília, que não admite o exercício da cidadania e se curva covardemente à França.

As provas estão nos autos. Mas repito: não existe para mim outro caminho a não ser a luta permanente em defesa de minha neta e minha filha. Conto com todos.

Abraço, Ricardo Mac Donald.

    A minha solidariedade. Eu, que conheço esse impasse desde o seu início, tenho que dar completa razão à família brasileira.

    E quero dizer que eu não entendo porque o Governo brasileiro... Isso são anos já, não apenas neste ano do atual Governo, isso vem de longe. São anos de omissão do Governo brasileiro, que se ausenta, que não defende a gente brasileira vítima de injustiça em outro País. Isso é que revolta, certamente, não apenas o avô da criança, mas a família toda e todos nós, que não podemos admitir essa insensibilidade, essa displicência, esse descaso com um assunto desta natureza.

    Fica feito o registro, Sr. Presidente.

    Aproveito para desejar a todo o Brasil um feliz Natal, e que o ano de 2020 possa ser extraordinário para todos nós.

    Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/12/2019 - Página 60