Discurso durante a 247ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do Dezembro Vermelho e alerta para a necessidade de prevenção e de tratamento do HIV/aids e de outras Doenças Sexualmente Transmissíveis.

Autor
Styvenson Valentim (PODEMOS - Podemos/RN)
Nome completo: Eann Styvenson Valentim Mendes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Registro do Dezembro Vermelho e alerta para a necessidade de prevenção e de tratamento do HIV/aids e de outras Doenças Sexualmente Transmissíveis.
Publicação
Publicação no DSF de 12/12/2019 - Página 84
Assunto
Outros > SAUDE
Indexação
  • REGISTRO, DIA, MES, DEZEMBRO, CONSCIENTIZAÇÃO, NECESSIDADE, PREVENÇÃO, SINDROME DE IMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA (AIDS), DOENÇA GRAVE, DOENÇA TRANSMISSIVEL.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN. Para discursar.) – Obrigado a todos os que estão assistindo à TV Senado e acompanhando pela Rádio Senado, pelas redes sociais.

    Sr. Mauro Benevides, Senador Mauro Benevides, é uma honra ter o senhor aqui, do Estado do Ceará. Passaram-me o resumo aqui da sua história. É uma honra estar do seu lado agora, ao lado de V. Exa.

    Senador Cid, eu subi aqui hoje para falar de um assunto que pelo menos eu achava que estava controlado, erradicado.

    Por se tratar do mês de dezembro, do Dezembro Vermelho, que foi criado pela ONU para chamar a atenção da sociedade em relação ao HIV e à Aids, ontem também foi divulgado um sumário chamado índice de estigma em relação às pessoas convivendo com HIV e Aids. Essa pesquisa mostrou que oito em cada 10 pessoas com o vírus da imunodeficiência humana, que é o HIV, tem dificuldades para dizer que são portadoras desse vírus.

    Neste ano, aproximadamente 1.784 mil pessoas com HIV e Aids que responderam a um questionamento com 80 perguntas disseram que não falam que são portadoras principalmente por causa do julgamento de outras pessoas, que consideram que a principal causa seria devido ao sexo não seguro, que seria sem preservativo.

    Entretanto, há outras formas de contágio, como a transfusão de sangue contaminado, o uso de seringas por mais de uma pessoa e instrumentos cortantes não esterilizados.

    Por isso, Sr. Presidente, Exmo. Sr. Anastasia, eu questionei aqui porque eu achava que este assunto seria ultrapassado, em que já haveria controle, pois já seria algo passado. É um erro meu. Estou trazendo aqui justamente para alertar as pessoas.

    Uma mãe infectada passa ou pode passar o vírus para o filho durante a gravidez ou no parto ou na própria amamentação.

    De todo modo, a carga é muito maior sobre os portadores do que o risco de viver com a possibilidade de a doença se desenvolver. Eles enfrentam o preconceito que está ao redor deles. Um grupo de 15% dos entrevistados relatou que o preconceito vem até dos profissionais de saúde que acompanham o paciente.

    Desde a década de 70, o Planeta vem enfrentando a doença. O primeiro caso de Aids confirmado no Brasil foi em 1980. E muita gente morreu até que a ciência desenvolvesse medicamentos que permitissem hoje o paciente ter uma vida considerada normal, apesar de ele estar infectado. Só no início da década de 90 que os brasileiros tiveram acesso gratuito aos remédios que dificultavam a reprodução desse vírus dentro das células.

    O Ministério da Saúde registrou em 2018 43.941 novos casos de HIV e 37.161 casos de aids no Brasil. E qual a diferença entre o HIV e a aids? Há gente que não conhece essa diferença. Quando se fala em casos de HIV, não é que a pessoa está com aids, ela tem o vírus que causa a doença, mas não desenvolveu a aids em si. O vírus ataca o sistema imunológico e afeta a capacidade de o organismo se defender. Quem tem o HIV pode estar com a aids, porque a aids é quando a doença já está manifestada, e há uma infecção por todo o corpo. A pessoa infectada tem dores no abdômen, tosse seca, fadiga, febre, mal-estar, perda de apetite, suor noturno, problemas gastrointestinais, perda de peso, fraqueza e por aí vai, entre outros sintomas. A pessoa fica à mercê de doenças oportunistas que surgem, porque a imunidade está baixa.

    São mais de 80 mil pessoas diagnosticadas só em 2018. De 2010 a 2018, o Brasil teve um aumento de 21% do número de infecção pelo vírus HIV. De 1980 a junho de 2019, 966.058 casos de aids foram registrados no País. De 2008 a 2018, houve um aumento de 81% na taxa de detecção nos casos no meu Estado, que é o Rio Grande do Norte – mais de 80%. E, no mesmo período, mais de 2 mil pessoas morreram devido à aids.

    É uma conjuntura que demanda atenção, alerta e principalmente muitas campanhas de conscientização. Os mais infectados estão na faixa de 25 a 29 anos. É uma doença letal quando já está se manifestando e que traz consigo tantos males e que pode ser evitada com o simples uso de um preservativo.

    Eu não quis deixar de registrar a pesquisa que apontou para o sofrimento dos portadores de HIV e aids, porque, da mesma forma que eles ficam vulneráveis pela condição física, a condição emocional também importa muito. Quero chamar atenção para o cuidado que temos que ter em relação ao trato humanitário com essas pessoas.

    E também quero aqui alertar, Senadores, àqueles que podem a qualquer momento contrair esse vírus: qualquer um está sujeito a isso. Cuide-se, pense em você, pense no futuro e na família, em criar situações em que se possa evitar.

    Senador Anastasia, este mês é um mês de conscientização e um mês de trazer, através dos meios de comunicação, as formas com que se pode contrair esse tipo de vírus, que tira a imunidade das pessoas e as torna vulneráveis a qualquer outra doença. Principalmente com esse número crescendo, como mostraram aqui essas pesquisas, e com os preconceitos que ainda existem em relação a tudo isso, o que afasta as pessoas de procurarem esse tipo de exame, essa detecção, a minha preocupação é que está se aproximando do mês festivo, e o meu Estado teve um aumento de 81%. As causas desse aumento são diversas, desde uma má informação, uma falta de educação, até mesmo o consumo de substâncias entorpecentes, como bebidas, como drogas, que tornam a pessoa naquele momento sem capacidade de ter discernimento sobre usar ou não o preservativo, de utilizar ou não a mesma seringa. Tudo isso contribui, colabora para a proliferação dessa doença, que é silenciosa. E ainda há muitas pessoas que podem estar sofrendo com isso e não têm a coragem ou a responsabilidade ou o compromisso com a própria vida de procurar essa ajuda, de forma precoce. O melhor tratamento ainda é evitar.

    Como eu já disse, estamos chegando agora ao período de Carnaval, e, logo, logo, vão aparecer na TV, no rádio ou pelas redes sociais as propagandas do Ministério da Saúde, que deveriam ser todo o ano, porque não se pega HIV só no Carnaval. Não se contrai essa doença apenas nesse momento, e por que só nesse momento se faz esse alerta, essa busca, essa informação, essa publicidade? Porque se envolvem bebida alcoólica, felicidade, euforia, perda de consciência e, muitas vezes, relações sexuais ou uso de drogas, em que se possa passar esse tipo de vírus.

    Fica aqui o alerta para este Dezembro Vermelho, para as pessoas terem esse cuidado com a própria vida e que busquem o diagnóstico para que não cometam o crime de estarem infectando outras pessoas.

    Muito obrigado, Sr. Presidente e todos os Senadores que ouviram.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/12/2019 - Página 84