Discurso durante a 254ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Prestação de contas de S. Exa. do primeiro ano de mandato como Senadora pelo Distrito Federal (DF).

Autor
Leila Barros (PSB - Partido Socialista Brasileiro/DF)
Nome completo: Leila Gomes de Barros Rêgo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Prestação de contas de S. Exa. do primeiro ano de mandato como Senadora pelo Distrito Federal (DF).
Aparteantes
Izalci Lucas, Styvenson Valentim, Wellington Fagundes.
Publicação
Publicação no DSF de 19/12/2019 - Página 36
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • REGISTRO, PRESTAÇÃO DE CONTAS, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, DISTRITO FEDERAL (DF), APRESENTAÇÃO, PROPOSIÇÃO, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), CRIAÇÃO, FUNDOS, REGIÃO METROPOLITANA, PROIBIÇÃO, CONCESSÃO, BENEFICIO PREVIDENCIARIO, PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR (PLP), RECURSOS FINANCEIROS, RESERVA DE CONTINGENCIA, DESTINAÇÃO, FUNDO ESPECIAL PARA CALAMIDADE PUBLICA (FUNCAP), CONTABILIZAÇÃO, ORÇAMENTO.

    A SRA. LEILA BARROS (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - DF. Para discursar.) – Obrigada, Sr. Presidente.

    É uma honra estarmos aqui os dois representantes do Distrito Federal nesta última sessão, ao lado do amigo também Senador Styvenson e do Senador... Perdão, Senador...

(Intervenção fora do microfone.)

    A SRA. LEILA BARROS (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - DF) – Paulo. Seja bem-vindo. Sucesso para o senhor no próximo ano. O senhor está substituindo o Lucas Barreto, não é?

(Intervenção fora do microfone.)

    A SRA. LEILA BARROS (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - DF) – Maravilhoso, um grande companheiro, queridíssimo aqui. Saúde para o Lucas. Inclusive, deixo aqui o meu carinho também ao Senador Lucas.

    Sr. Presidente, Sras. Senadoras e Srs. Senadores, chegamos ao final do ano de 2019, o que significa o encerramento do meu primeiro ano de mandato como Senadora da República. Com bastante humildade e satisfação, venho à tribuna desta Casa, nesta última sessão deliberativa, para prestar contas à população do Distrito Federal e do Brasil desses cerca de dez meses de intenso trabalho aqui nesta Casa, no Senado Federal.

    Nesse período, Sr. Presidente, apresentei 45 proposições legislativas, sendo 5 propostas de emenda à Constituição, 2 projetos de lei complementar, 33 projetos de lei, 3 projetos de resolução e 2 propostas de fiscalização e controle, versando sobre os mais variados assuntos.

    Em relação às propostas de emenda à Constituição, buscamos alterações em assuntos de interesse do Distrito Federal e de todas as capitais do País ao propor a criação dos fundos das regiões metropolitanas. Tratamos das privatizações ao determinar que o produto da arrecadação da União decorrente da venda de empresas e imóveis públicos deveria ser destinado aos fundos previdenciários. Ainda em relação à questão previdenciária, apresentamos PEC para vedar a concessão de benefícios previdenciários enquanto estiver vigorando o teto de gastos constitucional. Em atendimento à educação, apresentamos uma PEC, Sr. Presidente, que traz mecanismos para financiar as instituições federais de ensino, o que pode trazer grande repercussão para o ensino público técnico e universitário do nosso País. E, por fim, dentre as mudanças na Constituição, apresentamos proposta para estabelecer a pluralidade de ideias e a diversidade de opiniões como princípios a serem atendidos pelas emissoras de rádio e televisão na produção e na programação do conteúdo por elas veiculado.

    Abro parêntese para justificar essa iniciativa, pela necessidade de assegurar o amplo debate sobre os grandes temas nos principais veículos de comunicação do País, algo que, por exemplo – e eu senti isto na pele –, não aconteceu na reforma da previdência, quando tivemos, na grande maioria da mídia, um pensamento único a favor da proposta.

    Aproveitando o tema da reforma da previdência, que tive a convicção de votar contrariamente, em virtude dos demasiados prejuízos que causa aos mais pobres e à ausência de medidas contributivas para as camadas mais privilegiadas, encerro este ano satisfeita com a minha participação nos grandes debates que transcorreram nesta Casa. Procurei manter a minha coerência em relação aos compromissos assumidos na minha campanha, votando em defesa das camadas mais carentes da sociedade. Procurei também votar favoravelmente as matérias que, a meu juízo, fortaleciam o combate à corrupção, aos abusos e à impunidade. Assim foi com o PL da segunda instância, quando votei favoravelmente; com o projeto de reforma eleitoral, que teve o meu voto contrário; e com o pacote anticrime, ao qual votei favoravelmente; entre tantos outros.

    Voltando às proposições de minha autoria, há dois projetos de lei complementar que merecem registro. O primeiro estabelece que no mínimo 25% dos recursos da reserva de contingência da Lei Orçamentária Anual sejam destinados ao atendimento de situações de calamidade pública. O projeto permite que o Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil (Funcap) possa ser utilizado para o atendimento às pessoas afetadas por desastres e obriga empresas de radiodifusão, inclusive as rádios comunitárias, a transmitir gratuitamente informações de alerta à população sobre os riscos de desastre. O segundo prevê a contabilização nos orçamentos públicos de despesas necessárias à efetiva e correta conservação das estruturas e equipamentos públicos; também propõe que os entes federados desenvolvam sistemáticas de controle e manutenção do seu patrimônio. Trata-se aqui, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, de assegurar e facilitar a manutenção de obras por parte do Poder Público. Acho que vale lembrar que, infelizmente, o País já assistiu, nos tempos recentes, à queda de pontes e viadutos por falta de manutenção.

    Como já foi dito, apresentei ainda 33 projetos de lei ordinária sobre os mais variados assuntos. Dividindo em temas para não precisar detalhar todos os projetos – e, desde já, convido a todos a que entrem na minha página no site do Senado para conhecer cada uma delas –, chamo a atenção para os seguintes abordados: a defesa da mulher, o aperfeiçoamento do esporte nacional, a transparência na Administração Pública, os direitos das crianças e dos adolescentes, a defesa do Distrito Federal e de nossa Brasília, a melhoria da mobilidade urbana, a melhoria da educação pública, o fortalecimento da segurança pública, os direitos do trabalhador e o atendimento à saúde.

    Apesar de entender que todos os 33 projetos são bastante relevantes e merecem a atenção deste Congresso, eu não poderia deixar de destacar alguns de maior importância. É o caso do PL 550, que hoje está na Câmara, onde já foi pautado umas dez vezes. Ainda não conseguimos ter a sua votação, mesmo neste finalzinho de ano, mas tenho esperança de que, no início do próximo ano legislativo, a Câmara dê respostas. Esse projeto altera a Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010, para reforçar a efetividade da Política Nacional de Segurança de Barragens, oferecendo à população proteção contra os desastres, como os que aconteceram em Mariana e, agora, no início de janeiro, há quase um ano, em Brumadinho. E ainda há o PL 2.832, de 2019, que institui o Programa de Modernização da Gestão do Esporte (Proesp), com a finalidade de sanear as dívidas e aumentar a governança e a transparência nas entidades esportivas.

    Além das proposições apresentadas, tive a honra de ser designada Relatora de mais de cem proposições ao longo do ano nesta Casa, sendo que a absoluta maioria já teve encaminhamentos. Dezesseis dessas relatorias foram transformadas em normas jurídicas, como é o caso dos PLs 13.827, 13.880 e 13.894, promovendo aperfeiçoamentos na Lei Maria da Penha, para beneficiar mulheres vítimas de violência doméstica em nosso País; e ainda as Leis 13.850, que altera as competências no primeiro grau de jurisdição do Distrito Federal para criar a Vara de Execução de Títulos Extrajudiciais e de Conflitos Arbitrais e modificar as competências da Vara da Fazenda Pública, e 13.912, que determina que a torcida organizada que, em evento esportivo, promover tumulto, praticar ou incitar violência ou invadir local restrito aos competidores, árbitros, fiscais, dirigentes, organizadores ou jornalistas será impedida, assim como seus associados ou membros, de comparecer a eventos esportivos pelo menos num prazo de até cinco anos. Onze dessas relatorias foram aprovadas no Senado e enviadas para a Câmara dos Deputados, com destaque para o PLS 769, de autoria do Senador José Serra, que restringe o consumo e veda a propaganda de tabaco – esse foi um momento muito especial para mim, até porque nós estamos falando de José Serra, Ministro, uma figura política muito forte dentro desta Casa, e eu tive o prazer, como jovem Senadora, de relatar um projeto com um tema tão polêmico que é o tabaco, porque hoje busca-se ludibriar de todas as formas, com os cigarros saborizados e com o narguilé, a nossa população jovem. Então, fiquei muito feliz com essa aprovação e de ter sido Relatora desse projeto do Senador José Serra. Doze outros relatórios foram aprovados e seguem tramitando aqui no Senado. E 25 estão prontos para deliberação no Plenário do Senado ou nas Comissões permanentes desta Casa.

    Todo esse trabalho, seguramente, se deve ao fato de integrar como titular ou suplente nada mais nada menos que 13 Comissões e Subcomissões, destacando a Presidência da Subcomissão Permanente sobre Esporte, Educação Física e Formação de Categorias de Base.

    Enfim, Srs. Senadores, Sras. Senadoras, consciente da eterna necessidade de seguir melhorando, o que pretendo fazer em 2020, busquei no meu primeiro ano de mandato atuar de forma qualificada e equilibrada no processo legislativo e nos debates desta Casa, apresentando um número bastante expressivo de proposições, relatando muitos projetos importantes para toda a sociedade e participando de forma permanente e efetiva em todos os debates que foram promovidos dentro desta Casa e no Plenário do Senado, com assiduidade, determinação e comprometimento na defesa intransigente dos interesses de Brasília e do Brasil.

    Agradeço a todos os meus pares pela acolhida neste primeiro ano de mandato, pela paciência e pela atenção para com esta Senadora novata.

    Agradeço a todos os servidores, funcionários comissionados e terceirizados da Casa pela educação, pela gentileza e pelo carinho que dispensaram a mim ao longo de todo este ano. O sentimento que eu tenho, finalizando este ano aqui, é de muita, muita mesmo, gratidão.

    Especialmente, não poderia deixar aqui de agradecer à minha equipe, a toda ela, que tanto contribuiu para que eu pudesse chegar ao fim deste ano com a sensação de dever cumprido, sabendo que há muito a fazer e melhorar, mas que temos condição para tanto. Aliás, tenho a convicção de que podemos fazer sempre mais e melhorar, com certeza, para o próximo ano. E assim faremos.

    Encerro, desejando a todos e ao nosso País as minhas orações de que tenhamos...

    Eu estava ouvindo, Sr. Presidente, os pronunciamentos de todos os nossos amigos aqui da Casa. Eu acho que o sentimento é igual em todos nós: de que fizemos um bom trabalho legislativo na Casa, mas, com certeza, em 2020, teremos grandes desafios. A sociedade espera isso deste Parlamento, sem muitas paixões, sem agressões. Eu acho que o Parlamento aqui tem que dar exemplo para a sociedade, tem que entender quais são as pautas que são fundamentais, independente de ideologia. E, nessa minha caminhada, eu tenho tentado trabalhar nesse sentido, fazer o meu trabalho com compromisso. Sou uma pessoa emotiva, tentando ser menos apaixonada, porque política... Já me disseram desde quando cheguei a esta Casa: "Leila, política não se faz nem com fígado... Use menos o coração e mais a cabeça". Ainda não percebi em mim que eu possa conseguir fazer política sem estar com o coração à frente. A gente decide muita coisa aqui dentro desta Casa e, toda vez em que a gente decidir, em que a gente estiver decidindo, a gente tem que colocar o coração e se pôr no lugar das pessoas, porque são as vidas dessas pessoas, são as vidas da população deste País que a gente está decidindo. Eu não sei quanto tempo terei na política, mas eu vou sempre agir com o coração. Desculpe a minha emoção. Eu sempre me emociono.

    O Sr. Wellington Fagundes (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - MT. Para apartear.) – Senadora Leila, aproveitando a sua emoção, eu acho que este momento é o momento que todos nós que trabalhamos tanto aqui, um ano de muitos desafios... V. Exa., como uma estreante nesta Casa, demonstrou a sensibilidade da mulher, a força da mulher, a competência, apresentando tantos projetos aqui em tão pouco tempo, com êxito desses projetos, mas principalmente a discussão serena que tivemos nas Comissões. Às vezes, as pessoas que não têm oportunidade de acompanhar o dia a dia aqui não sabem o que representa, principalmente, o trabalho legislativo. Muito daquilo que fazemos é exatamente lá nas Comissões, onde, com muito mais cuidado, temos a oportunidade de discutir assuntos, através das audiências públicas, de forma interminável até, porque aperfeiçoar um projeto sempre é algo a ser feito por muitas mãos. É claro que, quando a pessoa vê que chegou uma Senadora que é uma esportista, pensa que ela vai ter a vertente de defender o vôlei, de defender o esporte. Mas V. Exa. não. Veio aqui e demonstrou, em tão pouco tempo, a sensibilidade do que é o ser humano, conhecendo o dia a dia da população e discutindo de forma bastante ampla.

    Eu quero até falar de Brumadinho, já que V. Exa. também citou no seu pronunciamento. Eu fiz parte também da CPI de Brumadinho. E nos causa, às vezes, até angústia, porque, naquele momento que foi a convulsão... E, por isso, eu sempre faço uma advertência: votar uma lei na pressão ou na opressão sempre é um risco, porque, às vezes, a gente acaba votando por uma vertente daquele momento.

    Na CPI de Brumadinho, a consequência foi isto: a própria população pressionando e nós, os Congressistas, todos, querendo dar uma resposta. Muitos projetos de lei vieram naquele momento – V. Exa. inclusive trabalhou muito –, mas, infelizmente, ainda não foram concluídos. Aquilo que foi votado aqui no Senado ainda não se concluiu na Câmara. Por isso, eu quero registrar esse trabalho de V. Exa. e o de todos nós.

    Às vezes até há incompreensão, porque o Poder Legislativo realmente tem que ser fruto do amadurecimento, de muito diálogo, para que realmente saia uma lei, se possível, fruto exatamente desse amadurecimento.

    Então, eu espero que a gente possa ter este ano agora de 2020 realmente com muitas realizações e principalmente com muita produção legislativa.

    Votamos a reforma da previdência, que foi aquilo que o Governo entendeu que era o mais importante. E votamos. Focamos na reforma da previdência, todos nós, com toda a nossa energia. Foi a reforma ideal? Foi a possível, fruto de um entendimento entre a Câmara dos Deputados e o Senado, sem o protagonismo tão famoso, com cada um querendo ser o protagonista. Não. Houve esse avanço exatamente porque não houve essa vaidade do Congresso.

    E aí eu quero parabenizar aqui os Senadores todos, principalmente o Presidente Davi, pela competência da qual muitos duvidavam – "O Davi é muito jovem, ele vai ter capacidade de conduzir o Congresso Nacional?" E ele teve essa capacidade. Inclusive ontem encerramos, com a votação do orçamento, fruto também desse grande entendimento.

    Então, no ano que vem, nós teremos aí uma pauta bastante difusa, porque são muitas matérias. Eu, é claro, como municipalista convicto, entendo que é fundamental votarmos o Pacto Federativo e também a reforma tributária. Hoje, todos aqueles que querem empreender no Brasil têm muita dificuldade. Não é só o volume da carga tributária, mas o volume de impostos. São mais de 40 impostos. Então, o cidadão não consegue atender a burocracia. Quem quer produzir tem que trabalhar para ter resultado na sua empresa.

    Eu sempre tenho dito – e V. Exa., que é talentosa – que, no Brasil, às vezes se valoriza muito mais a garantia do que o talento das pessoas. Nada mais do que uma esportista de sucesso, como V. Exa.... Este dia estávamos aqui com o Gustavo Kuerten, com a sua mãe recebendo aqui a homenagem. Isso é nada mais do que o talento das pessoas.

    Às vezes uma pessoa lá no interior tem aquilo que Deus lhe deu, mas não teve oportunidades. Então, o talento junto com a oportunidade é aquilo que a gente pode fazer, acima de tudo, para valorizar o ser humano.

    Eu fui relator este ano da pasta das mulheres e da família. Acho que tenho um grande desafio e V. Exa., que também defende tanto essa área aqui.

    Eu poderia estar aqui me delongando muito, mas eu quero mais é parabenizá-la em nome de todas as mulheres aqui do Senado da República, em nome de todas as mulheres brasileiras, de todas aquelas que sofrem ainda muitas consequências de um país ainda machista. A minha esposa – por quem sou apaixonado, quem namorei oito anos e com quem vivo há 35 anos, mãe dos meus dois filhos, do meu netinho – sempre, quando vai fazer as palestras, ela diz: "Se nós não forçarmos em criar mais oportunidade para as mulheres, ainda vai demorar 200 anos para que as mulheres tenham a mesma condição de igualdade, para que, com a mesma jornada de trabalho, com a mesma capacidade, ganhem igual aos homens".

    Então, eu faço aqui a homenagem, em nome de todas as mulheres, a uma mulher negra do meu Estado, Teresa de Benguela. A nossa primeira capital de Mato Grosso foi a primeira capital fluvial do Brasil, projetada em Portugal, e essa negra, mulher, escrava, tomou aquilo como seu reinado e dominou por 40 anos.

    Então, isso é a força daquelas que, às vezes, não tinham oportunidade, representando ali todas as minorias, os quilombolas, os africanos que para cá vieram e ajudaram a construir o Brasil, como os nossos irmãos índios.

    Enfim, todos nós que temos aqui a oportunidade de representar esta Nação, tão múltipla na sua cultura e, principalmente, na miscigenação tão forte, estamos aqui cada um com a sua capacidade, mas, acima de tudo, o voto é uma confiança que o eleitor deposita no político. E a melhor forma que a gente tem para retribuir a confiança é o trabalho.

    Ontem, ao inaugurar uma obra lá no Mato Grosso, o pastor fazia sua pregação e dizia: "esforça-te". Com o esforço, a gente consegue vencer todas as barreiras. Vejo aqui que V. Exa. é uma Senadora que se tem esforçado muito para atender aos anseios da população e, principalmente, ao voto de confiança daqueles que lhe depositaram.

    Muito obrigado.

    A SRA. LEILA BARROS (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - DF) – Obrigada, Senador Wellington. Obrigada pelo carinho.

    O Sr. Styvenson Valentim (PODEMOS - RN) – A senhora permite um aparte?

    A SRA. LEILA BARROS (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - DF) – Pois não, Senador Styvenson.

    O Sr. Styvenson Valentim (PODEMOS - RN. Para apartear.) – Eu ouvi atentamente a parte emocionada da senhora. Acho que a senhora deve sentir a mesma coisa que eu sinto, que eu senti: primeiro, a exigência em cima dos novatos. Estou aqui cercado de ex-Governadores, no mínimo ex-Deputados ou ex-Senadores que voltaram para esta Casa e que já têm uma larga experiência política.

    A nossa experiência, no entanto, dentro de cada área, bem diversificada, mostrou para a população que ela confia, e essa confiança foi traduzida em votos, muitas vezes usando ou não recursos – televisão, como alguns aqui fizeram, a senhora também –, usando os meios tradicionais políticos ou os meios inovadores, que seriam as redes sociais. Mas tudo isso demonstra a responsabilidade de carregar a confiança de centenas de eleitores que agora estão ouvindo, e inevitavelmente essa responsabilidade chega a sufocar a gente, chega a asfixiar.

    Quando a gente estava do lado de fora, não estava sentado nestas cadeiras, a gente não tinha ideia de como as coisas funcionavam, de tantos acordos, de tanta morosidade, de que os projetos que, no caso, interessam aos novatos – no caso a mim, à senhora e a alguns outros – têm que ser muito bem detalhados, muito bem debatidos. Creio que a gente está esperando, e a nossa angústia, a nossa ansiedade, nossa pressa está sendo hoje esfriada com esse recesso.

    A senhora estava me falando agora, aqui atrás, que dá um alívio.

    E há que se preparar para o próximo ano. Este ano foi de aprendizado para mim – não sei para a senhora –, observando, ouvindo, vendo, conhecendo, enxergando mais tudo isto aqui. No próximo ano, eu creio que teremos eleições municipais, e é inevitável também nós nos envolvermos com os nossos candidatos. É complicado ficar muito distante disso para quem é novo na política e não tem ainda o traquejo ou o molejo de fazer a política como era vista até agora.

    Digo para a senhora que, quando ficou emocionada, passou para a gente justamente ou para a população que está assistindo, não só a nossa aflição, mas nossas alegrias também. Coisas boas acontecem aqui dentro. Coisas ruins acontecem. Não é do nosso jeito. Eu acho que o problema da nossa juventude é justamente este: querer rápido, querer imediato, querer de todo o jeito fazer e dar esse resultado e essa resposta. As pessoas que estão do lado de fora, quando a gente vai a um mercado, a um posto de gasolina ou andando num shopping, cobram isso, elas questionam isso, elas não têm a nossa visão de estarmos sentados nessa cadeira, elas não têm a nossa audição de estarmos ouvindo o que está aqui dentro. Então, elas não conseguem compreender. É quase uma missão nossa, diária, de informar e dar transparência total a tudo o que acontece aqui.

    Digo que não é fácil, é mais um desafio na nossa vida. Eu creio que, quando a senhora pisou o pé pela primeira vez numa quadra de vôlei, ficou nervosa, deu a suadeira na mão, engasga para falar de vez em quando. A primeira vez que eu entrei numa viatura, peguei uma arma e fui prender marginais, também fiquei ansioso, fiquei nervoso, deu um nervoso, mas com o tempo a gente vai vencendo tudo isso e este ano acho que já foi o suficiente para a gente já estar mais à vontade como esse rapaz que subiu aí, o Senador Jayme Campos, com tanta experiência, que nos ensina também. A gente aqui, a nossa missão é extrair o máximo possível de coisas boas de utilizar.

    A SRA. LEILA BARROS (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - DF) – É verdade.

    O Sr. Styvenson Valentim (PODEMOS - RN) – Linda a sua fala hoje.

    A SRA. LEILA BARROS (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - DF) – Eu quero agradecer a todos vocês e dizer que a minha emoção é uma emoção assim de: "Ufa! Chegamos ao final do ano entregando alguma coisa".

    O que aprendi na minha vida é que para o sucesso não existe atalho, nem para a excelência. O caminho para você desenvolver um bom trabalho, para você entregá-lo, para você ganhar a confiança das pessoas e até o respeito, é trabalho. Então, eu trabalho muito. Eu sou uma pessoa que fui forjada no barro daqui da terra, da terra vermelha do Planalto, e aprendi com os meus pais que tem que trabalhar todo dia, acordar com disposição e mobilizar as pessoas que estão ao seu lado para que elas entendam o seu espírito, entendam o sentido de você estar aqui.

    Então, eu agradeço muito à população do Distrito Federal pela confiança. Agradeço também a generosidade de todos vocês e que venha 2020.

    Feliz Natal para todos vocês, que seja um ano melhor para todos nós aqui e que a gente efetivamente consiga atender a cada um nas suas especificidades, nas suas regiões. Acima de tudo, somos Brasil e a gente precisa dar uma resposta melhor para vários temas, várias pautas, dentre elas a educação que, como foi citado aqui, é uma pauta, para mim, suprapartidária, ela não tem ideologias, ela é importante.

    O País, os jovens, quem anda nas ruas, o político que anda nas ruas sabe do que eu estou falando: o número de crianças na rua mendigando, vendendo coisas. Elas deveriam estar e têm faixa etária para estarem na escola e estão na rua vendendo, pedindo esmolas para sobreviverem.

    Então, assim, nós precisamos fazer política, sim, com o cérebro, mas, acima de tudo, com o coração, com compaixão, pondo-se no lugar dessas pessoas.

    Obrigada a todos.

    Feliz 2020.

    O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF. Para apartear.) – Senadora Leila, quero só também dizer da minha alegria e...

    A SRA. LEILA BARROS (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - DF) – Fale, parceiro.

    O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) – ... e honra de compartilhar o mandato com V. Exa. E aqui a gente sempre coloca a nossa cidade acima dos interesses partidários.

    A SRA. LEILA BARROS (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - DF) – Com certeza.

    O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) – Então, só para dizer que para mim é uma honra muito grande.

    A SRA. LEILA BARROS (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - DF) – Estendo a você também.

    O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) – E vamos continuar trabalhando juntos em prol da nossa cidade.

    A SRA. LEILA BARROS (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - DF) – Quero até aproveitar, Izalci, para dizer que vivemos uma campanha árdua, sangrenta, todo mundo aqui sabe.

    Eu sempre falo para as pessoas que no início eu cheguei a esta Casa tímida, ainda procedo com uma certa timidez, mas posso olhar nos olhos de todos os Senadores aqui e dizer: eu entrei pela mesma porta e enfrentei o mesmo desafio, o mesmo teste que todos aqui.

    Então, é muito bacana mesmo compartilhar esse dia a dia não só com você como com o Reguffe e, acima de tudo, com todos os Senadores. Há Senadores aqui por quem eu tenho muito respeito, por todos que estão aqui eu tenho muito respeito, pela história. São pessoas que eu gosto de ouvir, cujos projetos eu vejo muito, vejo a biografia deles. Eu acho importante que quem está vindo entenda da história para não se repetir o errado, para se copiar, compartilhar e fazer o que vem dando certo e, acima de tudo, organizar e planejar o futuro, e estamos precisando fazer isso.

    Então, eu quero te dizer isso, em rede nacional, que neste primeiro ano foi muito bom compartilhar esta Casa com você, os trabalhos aqui.

    Valeu.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/12/2019 - Página 36