Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solidariedade aos brasileiros que têm sofrido em razão das fortes chuvas em vários Estados.

Homenagem ao centenário dos freis capuchinhos no Estado do Paraná.

Autor
Flávio Arns (REDE - Rede Sustentabilidade/PR)
Nome completo: Flávio José Arns
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CALAMIDADE:
  • Solidariedade aos brasileiros que têm sofrido em razão das fortes chuvas em vários Estados.
HOMENAGEM:
  • Homenagem ao centenário dos freis capuchinhos no Estado do Paraná.
Aparteantes
Jorge Kajuru.
Publicação
Publicação no DSF de 06/02/2020 - Página 47
Assuntos
Outros > CALAMIDADE
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, PESSOAS, VITIMA, FATO, CHUVA, INUNDAÇÃO, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES).
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, GRUPO RELIGIOSO, IGREJA CATOLICA, ESTADO DO PARANA (PR).
  • COMENTARIO, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), FUNDO DE MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BASICA E DE VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO (FUNDEB).

    O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - PR. Para discursar.) – Agradeço, Sr. Presidente.

    Como eu faço de hábito, eu quero saudar o povo de Minas Gerais na pessoa do Senador Anastasia, que está presidindo esta sessão, e dizer ao povo de Minas Gerais que podem ter absoluta convicção de que o Senador honra, e muito, o mandato que foi outorgado a ele e honra muito a política também. Então, nós temos nele uma referência aqui dentro do Congresso Nacional. Ao mesmo tempo, quero externar ao querido povo de Minas Gerais – já tinha feito isso em relação ao povo do Espírito Santo, do Rio de Janeiro – e aos brasileiros, de uma maneira geral, a solidariedade pelas dificuldades pelas quais vêm passando em função das fortes chuvas que vêm se abatendo sobre esses Estados.

    Para Senadores desses Estados também já me coloquei, como outros Senadores e Senadoras também, à disposição para auxiliar no que for necessário para a recuperação, a restauração, a reorganização das vidas, porque é uma dificuldade intensa. Cenas que a gente acaba vendo na televisão são cenas assim terríveis, que acabam muitas vezes com a história de tantas pessoas e de tantas famílias.

    Eu estou aqui nesta tribuna hoje para prestar uma homenagem aos freis capuchinhos do Paraná. Eu quero dizer aqui que os freis capuchinhos do Paraná, neste ano, estão completando cem anos de presença. O Paraná está celebrando, neste ano, o centenário da presença dos freis capuchinhos em nosso Estado.

    Em 1920, chegava em Curitiba o primeiro grupo de freis vindos da Itália. Naquela época, viviam no Estado do Paraná mais de 30 mil italianos, espalhados por 14 colônias etnicamente italianas e outras 20 colônias mistas. Buscando se adaptar a esse enorme contingente de italianos, o então bispo da Diocese de Curitiba, D. João Francisco Braga, viajou a Roma para solicitar ao Papa Bento XV o envio de missionários para contribuir no processo de evangelização e no acompanhamento dos milhares de imigrantes que haviam recentemente chegado ao Estado do Paraná. Os imigrantes eram originários principalmente da região do Vêneto, de cidades como Veneza, Padova e Verona, e trouxeram na bagagem a língua vêneta. Comunicar-se no Brasil era complicado, tanto que o vêneto falado no Brasil aos poucos foi-se diferenciando do vêneto falado na Itália, dando origem o termo "talian", que é uma variação da língua vêneta com o português.

    Em Roma, D. Francisco Braga, Bispo de Curitiba, foi orientado a procurar a província de Veneza, onde solicitou ao Ministro-Geral dos Capuchinhos o envio de missionários para atuarem na Diocese de Curitiba. A solicitação foi prontamente atendida. Em 20 de janeiro de 1920, depois de passarem pelo Rio de Janeiro e por São Paulo, chegavam definitivamente a Curitiba o Frei Ricardo de Vescovana, o Frei Angélico de Ênego, o Frei Teófilo de Thiene e o Frei Maximiliano de Ênego. De imediato, foram destinadas a eles várias paróquias nos Municípios de Cerro Azul, Tomazina, Colônia Mineira, atual Município de Siqueira Campos.

    Com o crescimento da missão dos capuchinhos, que estava se expandindo pelo Vale da Ribeira e Norte do Paraná, fez-se necessária a vinda de novos freis, que chegaram ao Brasil no mesmo ano: o Frei Donato de Valleggio, o Frei Juliano Fonzazzo, o Frei Bentivoglio de Treviso e Frei Gotardo de Mondelebotte.

    Pouco tempo depois, teve início a construção do primeiro convento capuchinho no Brasil, localizado em Curitiba, no bairro das Mercês, passando a ser a sede oficial dos missionários.

    De lá para cá, muitos freis se formaram, e os capuchinhos se tornaram uma forte referência no Paraná, com trabalho religioso e voluntário, que ajudou a transformar a realidade de lugares muitas vezes esquecidos. Seguindo os passos de São Francisco de Assis, os capuchinhos cumprem com amor e fraternidade sua missão.

    Parabéns a todos que fazem parte dessa linda história em nosso Estado e no Brasil!

    Portanto, cem anos da presença dos capuchinhos no Paraná, seguindo os passos de São Francisco de Assis. E eu quero lembrar, inclusive, pessoas da nossa família, dois deles franciscanos e um bem conhecido no Brasil, D. Paulo Evaristo Arns, que foi bispo, arcebispo e cardeal de São Paulo, com uma grande presença na luta por direitos humanos, a favor das pessoas mais vulneráveis.

    Mas, nos capuchinhos, eu também quero fazer o elogio, o enaltecimento para todas as religiões. Ainda nessa semana passada, sexta-feira, eu estava conversando com inúmeros representantes da Igreja Quadrangular, que, além do trabalho religioso, tem um trabalho social extraordinário. E isso se estende para praticamente todas as outras denominações religiosas.

    Basta dizer que os espíritas, por exemplo, apesar de não ser uma doutrina espírita, têm no Estado do Paraná, e isso acontece no Brasil inteiro, dezenas de obras sociais que atendem criança, mulher, trabalho, estudo. Eu, inclusive, digo que, se nós tivéssemos a união de todas essas iniciativas defendidas pelas igrejas, como aconteceu com os capuchinhos, que agora, inclusive, há um museu dos capuchinhos atrás da Igreja das Mercês em Curitiba, mostrando essa história, nós teríamos um exército de voluntários. A Pastoral da Criança, da Igreja Católica, também da Dra. Zilda, Tia Zilda, como eu costumo falar, tem 160 mil voluntários ainda nos dias de hoje.

    Então, são cem anos da presença dos capuchinhos em nosso Estado. Através deles, faço um elogio, uma reverência, quero dizer para todos continuarem também firmes nessa caminhada, para todas as religiões, principalmente lutando por direitos humanos, porque às vezes até se pensa que direito humano se refere ao direito da pessoa que está em conflito com a lei. Nós defendemos... As Apaes defendem os direitos humanos da pessoa com deficiência, por exemplo; a Pastoral da Criança, para que todas as crianças tenham vida e tenham vida em abundância; tanta gente no Brasil que trabalha com os idosos, direitos humanos dos idosos; temos aqui o grupo, com a Senadora Mara Gabrilli...

(Soa a campainha.)

    O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - PR) – ... Subcomissão de Doenças Raras, direitos humanos das pessoas com doenças raras, ou seja, terem acesso à medicamento, à fisioterapia, à fonoaudiologia, a médico, à orientação, a família ser apoiada, e assim por diante em todas as áreas. Nós queremos um novo Fundeb no Brasil. É um direito humano de todas as crianças terem educação boa, de qualidade. É a família dizer com tranquilidade: "Meu filho tem creche, tem pré-escola, ensino fundamental, faz o ensino médio, tem profissionalização, fica o dia inteiro na escola, e com isso não vai para as drogas". Esses são direitos humanos.

    Então, que os cem anos dos capuchinhos, o trabalho de todas as igrejas e o esforço de todos nós nesse sentido possa fazer a diferença que o Brasil merece.

    Obrigado, Sr. Presidente.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – Senador Flávio Arns, permita rapidamente...

    O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - PR) – Se o Presidente permitir, Senador Kajuru.

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO. Para apartear.) – Serei rápido.

    É só para dizer que além de concordar com tudo e de acompanhar atentamente o seu pronunciamento, como faço sempre, no final, agora, o senhor fez uma observação no sentido de que todos nós, aqui no Senado, deveríamos refletir, e até no Congresso. Para mim, não há assunto neste ano mais importante do que a permanência do Fundeb, Senador. Não há nenhum assunto mais importante do que este: a educação básica, 65 milhões de crianças no Brasil, professores da rede básica. E em dezembro deste ano acaba. Perfeito? É o fim. Então, se não começarmos a discutir agora e já deveria ter sido discutido no ano passado... A gente sabe que num ano como este, eleitoral, em que muitos Senadores não vão estar aqui sempre... Eu vou estar porque eu não estou nem aí para eleição...

(Interrupção do som.)

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – Então, só para dizer ao senhor...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - GO) – ... parabéns por ter lembrado do Fundeb. Não há tema mais importante para esta Casa debater, meu Deus do céu!

(Interrupção do som.)

    O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - PR) – Foi um ótimo aparte, Senador Kajuru. E V. Exa. é autor, inclusive, de uma das propostas de emenda à Constituição, a primeira, que prevê a destinação, em vez dos 10%, de 30%, e gravou um vídeo com o Presidente Bolsonaro em que ele dá o apoio para a sua proposta. Agora, o Brasil só vai ser um País diferente pela educação, desde a creche até a pós-graduação. E dizer também que essa não é a primeira prioridade. Eu costumo falar que é a prioridade absoluta, absoluta. Depois vêm as outras.

(Soa a campainha.)

    O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - PR) – Povo educado faz um país desenvolvido, justo, com melhores salários, melhores empregos, com alternativas de crescimento. Então, a educação tem que ser a bandeira do Brasil neste ano. A reforma tributária é importante? Claro, a administrativa também. Mas a base de tudo, o guarda-chuva de tudo é a educação. Fundeb é a família dizer: "Eu quero creche, eu quero pré-escola; se eu não estudei, quero ter a chance de estudar; é meu filho com deficiência ter escola, também os quilombolas, os indígenas, todo mundo". Só para a gente ter uma ideia, 70 milhões de brasileiros não terminaram a educação básica, 70 milhões de brasileiros não têm a educação básica completa. É isso. Fundeb é isso. Vamos reverter essa situação e ter um País forte e justo pela educação.

    Parabéns, Senador Kajuru.

    Obrigado de novo, Sr. Presidente. Desculpe-me também ter me alongado além do tempo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/02/2020 - Página 47