Discurso durante a 10ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Exposição sobre o impacto da reforma tributária nos Estados. Destaque para a notícia de que o Estado do Amazonas puxou o crescimento do Brasil em 2019, segundo o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br). Defesa da Zona Franca de Manaus.

Autor
Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Exposição sobre o impacto da reforma tributária nos Estados. Destaque para a notícia de que o Estado do Amazonas puxou o crescimento do Brasil em 2019, segundo o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br). Defesa da Zona Franca de Manaus.
Publicação
Publicação no DSF de 20/02/2020 - Página 26
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • COMENTARIO, REFORMA TRIBUTARIA, INFLUENCIA, ESTADOS, REGISTRO, INFORMAÇÃO, AUTORIA, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), IMPORTANCIA, ESTADO DO AMAZONAS (AM), LIDERANÇA, CRESCIMENTO, DEFESA, PERMANENCIA, ZONA FRANCA, MANAUS (AM), CRITICA, ENTREVISTA, PAULO GUEDES, REFERENCIA, EMPREGADO DOMESTICO.

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - AM. Para discursar.) – Sr. Presidente Anastasia, meu ex-companheiro de infortúnio, agora só de ideais, porque era do PSDB – isso é brincadeira, pois sabe do carinho que nós temos. Mas o Senador Tasso pediu para eu lhe dar um recado: estamos sentindo a sua falta às terças-feiras no almoço, viu? Portanto, o senhor está intimado a comparecer novamente.

    Sras. Senadoras, Srs. Senadores, o Senador Serra me mandou um estudo pequenininho, mas que chama muito a atenção. Ele já fez um resumo, uma análise de como a reforma tributária vai atingir os Estados. E eu aproveitei e, com a nossa assessoria, confirmamos. Realmente, a gente já pode ter uma coisinha sobre a reforma tributária, porque ninguém sabe qual vai ser a reforma, se a do Senado, a da Câmara ou se o Executivo vai mandar. O que eu sei é que não sai tão cedo.

    O Amazonas teria a sua receita atual de ICMS mais ISS reduzida em R$1,133 bilhão, caso a transição feita para o novo IBS, previsto na reforma tributária, se fizesse de imediato. Hoje, a receita do ICMS estadual lá no meu Estado e a municipal também é de R$10,050 bilhões. Com o IBS, cairia para R$8,9 bilhões. O cálculo é do Ipea em estudo que avalia o efeito das propostas de criação de novo imposto sobre o valor adicionado no País.

    Também sofrem perdas significativas, Sr. Presidente Anastasia e Senador Paulo, do Amapá, o Estado de São Paulo, que perderia vinte e um bilhões e alguma coisa; Minas Gerais, 4 bilhões e alguma coisa; Rio Grande do Sul, R$2,5 bilhões; Santa Catarina, Espírito Santo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os demais Estados, como o do Senador Paulo, o Amapá, acabam tendo ganho, e o do Senador Prisco, o Ceará, acaba ganhando também.

    Por que eu estou mostrando esses números, Srs. Senadores e Sras. Senadoras? Para reafirmar aquilo que eu disse aqui: quando se apregoa por aí que vão votar a reforma tributária em três meses, eu digo aqui que não vão – não vão votar em três meses. Como é que eu, do Amazonas, e o Senador Anastasia, de Minas Gerais, vamos aprovar uma reforma dessas que prejudica os nossos Estados? Nunca! Nunca! E esse "nunca" implica conversação, negociação, obstáculo – isso mesmo –, porque nós somos Senadores da República, mas representamos os nossos Estados. Então, ninguém vai dar tiro no pé. Eu falo desses números para reforçar a opinião que dei aqui na semana passada, quando afirmei, alto e bom tom: "Quando o Presidente da Câmara falou que, em três meses, aprovaria a reforma tributária, eu apostei que não". Uma reforma tributária, Senador Prisco, não passa aqui há vários anos. Imagine duas! Aí é que não vão passar mesmo. Mas isso não tem nada a ver com ser contra ou a favor. A reforma tributária é necessária, mas ela é necessária desde que não prejudique alguns Estados. Há que se encontrar, dentro da reforma, medidas de compensação, instrumentos que possam compensar esses prejuízos. Mesmo assim, teremos muito problema. Portanto, reafirmo o que disse aqui há alguns dias: a reforma tributária não passa tão cedo.

    Eu conversava há pouco com Senador Prisco, do Ceará, sobre essa mania que o Executivo Federal tem de querer acabar com as coisas que estão prontas – prontas e dando certo.

    No noticiário de ontem, a manchete de um jornal de economia foi: "Amazonas puxou o crescimento do Brasil em 2019, indica BC. De acordo com o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), a média da atividade econômica do Amazonas foi de 4,61% no ano passado".

O Índice de Atividade do Banco Central [...], considerado uma prévia do PIB, decepcionou economistas e cresceu apenas 0,89% em 2019; no entanto, Amazonas, São Paulo, Santa Catarina, Goiás e Paraná podem se gabar de uma temporada mais [...] [profícua] com crescimento econômico maior do que o dobro do país como um todo.

A atividade econômica do estado do Amazonas teve média anual robusta de 4,61%.

    Se a média anual do Amazonas foi ótima, o crescimento do Estado, nos últimos três meses, não foi menos impressionante: alta de 5,97% em relação ao mesmo período do ano anterior.

    Mais uma vez, por que estou dizendo isso? Estou dizendo isso na esperança de que o setor de economia, de que os papas da economia, de que o semideus Paulo Guedes, de que os seus economistas se entendam de uma vez por todas que a Zona Franca é um bem para o País.

    Este crescimento, Senador Prisco, do Amazonas se deve à Zona Franca de Manaus: 95% no mínimo, o maior crescimento dos Estados do Brasil. Esse modelo que emprega 90 mil pessoas, o modelo que arrecada R$86 bilhões por ano. Eu tenho que estar aqui – eu não estou rouco porque estou defendendo, não; é o clima de Brasília – o tempo todo. Está aqui Senador Anastasia, Senador Paulo, os números mostram: o Amazonas foi o Estado que mais cresceu, e cresceu graças à Zona Franca de Manaus. Por que acabar com uma coisa que está dando certo? A Zona Franca gera emprego, gera renda, tem serviços e tem compras, porque a Zona Franca produz produtos, eu não diria supérfluos, que não são de primeira necessidade: televisão, telefone; produtos que a pessoa só compra quando está empregada, a pessoa compra quando tem renda. E lá no Amazonas estão comprando porque tem renda, e tem renda porque tem emprego e tem emprego porque há a Zona Franca. Simples assim: dois e dois, quatro; não vai dar nem cinco nem seis. Nem nas canções do Roberto Carlos não está certo quando dá cinco.

    Então, Senador Anastasia, Senador Paulo e Senador Prisco, incomoda sobremaneira ter que estar dizendo a eles: olha, a Zona Franca está certa, deixa a gente em paz para que possamos trilhar este caminho – um caminho que está dando certo.

    Eu confesso que fiquei surpreso em ser o Estado que mais cresceu. Fiquei surpreso mesmo. Temos problemas seriíssimos de violência, das facções se matando, matando inocentes, temos o problema menos crucial, mas que é um problema, da floresta também. Temos problema de desemprego, sim – temos, claro, no Brasil e no Amazonas –, mas temos um caminho que já está lá há 50 anos dando certo.

    Prometo que é a última vez que falo, nesta semana, sobre a Zona Franca, porque, depois do Carnaval, vai começar tudo de novo. Não vamos poder tocar numa coisa que está dando certo. Essa renúncia fiscal que tanto falam: "Ah, sou contra a renúncia fiscal, Ministro Paulo Guedes, a Zona Franca não pode ter isso porque produz isso, produz aquilo." Eu fico encantado. São uns homens que... Mas também eu nem deveria – não é, Senador Anastasia –, porque é um Ministro que afronta as domésticas da forma mais pejorativa, então eu não deveria, mas como eu tenho a rara felicidade que a doméstica não tem de ser Senador da República e poder falar em nome dela, abominar essa frase, essa postura... Na concepção, na cabeça dessa gente, nenhum pobre pode ascender, nenhum pobre pode crescer, pois ele diz que o dólar baixo permite que a doméstica viva em Miami. Na cabeça dele, ninguém pode crescer neste País. Se depender do Ministro da Economia, de seu time, de sua equipe, nenhum pobre pode crescer. E pode! Pode, porque todos nós nascemos iguais e em condições iguais.

    Essa questão de abominar a doméstica – vou te contar, viu! – foi a gota d'água, a gota d'água que transbordou no copo. É um absurdo um Ministro desse falar tamanha besteira! Eu já passo a duvidar. Como é que uma pessoa dessa pode ser inteligente se diz, a cada semana, frases abomináveis? Pessoas inteligentes não agem assim, não, a não ser que a prepotência engula a inteligência, que eu acho que é o caso do Ministro.

    Fica aqui o meu repúdio, Sr. Presidente. Um grande abraço e até depois do Carnaval. Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/02/2020 - Página 26