Discurso durante a 17ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem ao Dia Internacional da Mulher; considerações acerca da importância da busca de igualdade entre homens e mulheres.

Autor
Styvenson Valentim (PODEMOS - Podemos/RN)
Nome completo: Eann Styvenson Valentim Mendes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DIREITOS HUMANOS E MINORIAS:
  • Homenagem ao Dia Internacional da Mulher; considerações acerca da importância da busca de igualdade entre homens e mulheres.
Aparteantes
Izalci Lucas, Plínio Valério.
Publicação
Publicação no DSF de 07/03/2020 - Página 34
Assunto
Outros > DIREITOS HUMANOS E MINORIAS
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, MULHER.
  • REGISTRO, IMPORTANCIA, IGUALDADE, HOMEM, MULHER, COMENTARIO, CAPACIDADE, QUALIDADE, TRABALHO, PRESENÇA, MERCADO DE TRABALHO, NECESSIDADE, EQUIPARAÇÃO SALARIAL, OBSERVAÇÃO, PRESTIGIO, NIVEL, ESCOLARIDADE, EMPREENDEDORISMO.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN. Para discursar.) – Agora só tenho amigos: saindo um, dois na Mesa.

    Obrigado, Sr. Presidente. Cumprimento o Senador Plínio, o Senador Paulo Paim e a todos que estão nos assistindo em casa e pela Rádio Senado.

    Ontem recebi vários áudios, Senador. O pessoal estava discutindo ontem aqui o ECA, nós estávamos falando, e, lá do Rio Grande do Norte, o pessoal, ouvindo a Rádio Senado naquele horário, enviou mensagens. Então, foi interessante saber que a Rádio Senado está sendo... Eu achei que fosse só funk... TV também, não é? Mas na rádio eu achei que só escutassem músicas sertanejas... E eram jovens, viu? Foram jovens.

    Eu vim aqui falar hoje, Senador Izalci, Senador Plínio, do dia 8. Acho que todos subiram aqui para homenagear as mulheres. Mas, nessa homenagem, infelizmente, a gente muitas vezes se lembra de coisas ruins aqui, da quantidade de feminicídio, que aumentou. No meu Estado, pelo menos, em um final de semana, foram dois; e num pequeno interior, Portalegre.

    A mãe – isto eu preciso dizer, porque é um caso bem particular meu – de uma ex-aluna da Escola Maria Ilka, a Rosinha, teve a vida tirada pelo companheiro por estrangulamento; e uma outra, num Município já perto, Riacho da Cruz, que tinha se divorciado do ex-marido e já tinha arranjado um outro companheiro, perdeu a vida dentro de um motel, porque o ex não concordava que ela o deixasse.

    Mas eu vim falar também, Senador, de alguns dados e vim homenagear, primeiro, a minha mãe, D. Edilma. A educação que eu tenho é mérito dela. Eu sou de uma família ainda tradicional, cuja mãe, professora, ficava ali com a sobrecarga: tinha de dar aula, voltava, fazia almoço, levava o Styvensonzinho para a escola, ia às reuniões dos pais – ia com cinturão, viu, dentro da bolsa, porque, se houvesse uma reclamação na escola, apanhava lá mesmo. Depois que chegava em casa, além de todos os afazeres, lavava minha roupa. Arrumar meu quarto, não, porque eu arrumava. Só deixei de fazer isso tudo, Senador Plínio, quando eu tive 14 anos e fui morar só, no Rio Grande do Norte, em Natal. Mas, até os meus 14 anos, 15 anos, por ali, minha mãe fazia tudo isso. Então, a primeira homenageada é ela, por todas as surras que ela me deu também, para eu aprender a virar gente, como ela dizia. "Vai aprender a virar gente, Nhazinho", como ela me chamava.

    Depois, homenageio a minha esposa, que, querendo ou não, tem de suportar, Plínio, esta atividade nossa. Muitas vezes, sofre com as nossas angústias, com os nossos anseios, com os nossos estresses, mal humor. Acordar de mal humor, dormir de mal humor, porque as coisas não acontecem como o Brasil quer. E a gente levar essa carga para a casa. A Candice Figueiredo, além de empresária, além de mãe, além de atleta, além de tudo isso – faz todo o esporte –, além de tudo isso, Senador Plínio, ainda tem de conviver comigo, o que não é fácil – o que não é fácil.

    Homenageio as minhas irmãs também, as esposas do Senador Izalci, do Senador Plínio. A do Senador Plínio, eu conheço bem. A do Senador Izalci, eu não conheço. Espero um dia conhecer.

    Então, utilizo hoje esta tribuna para essas homenagens. Ah, vocês duas aqui embaixo. Não sei o nome. Qual é o seu nome? Cláudia. E, na Taquigrafia, há mais mulheres ali, a assessora, Miriam. E há uma ali também. Há várias. Para vocês verem como elas são muitas.

    Normalmente, morrem menos do que a gente. Normalmente, como os dados estatísticos mostram, ocupam menos os presídios – 42 mil mulheres. Normalmente, Senador Plínio, quando eu falo de segurança pública é porque a gente tem de conduzir. Quando eu ia lá prender o traficante do sexo masculino, a mulher logo assumia aquela função dele. É um dado triste. Não queria passar isso, não, mas é verdade.

    Outro dado triste também: quando eu era policial e tinha de ir às ocorrências, eu chegava por uma lesão corporal, por uma briga de marido e mulher, e, quando a gente ia fazer a condução do marido para a delegacia, a mulher o agarrava. Ela dizia: "Não, é meu amor, não leve, é o que paga aqui as coisas na casa". E a gente ficava sem entender por que sofria aquelas agressões e ainda passava por tudo aquilo e aceitava.

    Casos também, como os que eu cito sempre, da Escola Maria Ilka, porque ali foi um experimento para mim, de violência sexual: o pai violentando a filha de oito anos. E, quando a gente faz a prisão, porque foi feita a prisão pelos próprios policiais da escola, que conduzem para a delegacia e fazem todo aquele inquérito, quando você vai àquela casa humilde, a mãe diz assim: "E agora? Quem vai manter a gente?". Então a mãe, aquela mulher, aceitava aquela violência sexual contra aquela menina.

    Estou dando alguns exemplos aqui, Senador Izalci, de que antes de homenagear as mulheres, a gente precisa fazer uma lei que seja respeitada, precisa fazer uma lei que torne as mulheres iguais à gente.

    Dados estatísticos – e eu não vou nem lê-los porque já estão aqui na minha consciência – mostram que 72% dos trabalhos científicos deste País são apresentados pelo sexo feminino. Se eu passar um olhar rápido, sem estatística nenhuma, Senador Izalci, no Enem, a presença do sexo feminino é bem maior do que a do masculino. Querendo ou não, as mulheres, pela sua natureza ou pela sua educação ou cultura, são menos violentas do que os homens. Não são elas que causam os acidentes de grande monta nas vias. Não são elas que compram carros Porsche e Ferrari para desenvolverem 200km, 300km/hora. Elas compram carros de família. Não são elas que pensam em estar...

    Agora, não, porque está havendo essa modificação de cultura no sentido de que as mulheres têm que beber tanto quanto a gente. Não é essa a igualdade que a gente está procurando, não. É a igualdade em competição na política, que não seja 30%; que seja 50% a 50%. E que na igualdade também, Senador Plínio, não fique só nas costas delas levarem todos os dias as crianças para a escola, lavarem a louça, limparem a casa. Que a gente divida com elas isso também. É essa a igualdade que eu preciso, que eu luto para elas. Na igualdade salarial, deveriam ganhar até mais, se são mais qualificadas, se têm cérebros melhores do que os nossos. Ou é muita pretensão a gente achar que está acima delas? Eu não vejo isso.

    Eu disse aqui, quando iniciei, Senador Izalci, que fui educado pela minha mãe. Então, em campanha, o pessoal dizia assim: "Ah, o Capitão Styvenson tem que concorrer ao governo, tem que concorrer ao Senado, a Deputado." Eu dizia: "Gente, quem deveria estar ali naquela cadeira dando entrevista ou indo para debate era minha mãe". Isso porque tudo em relação ao caráter, à honra, à disciplina, tudo que aprendi foi com ela. Mas ela era uma professora que também era dona de casa, que também era mãe. Hoje tem 76 anos e ainda me ameaça se eu fizer coisa errada. Quando fui entrar na política foi só uma frase que ela me disse, Senador Plínio, e eu fico rindo: "Não suje o nome a gente, não, viu?". Isso ficou gravado. O nome é muito forte na minha família, o Valentim. Então, é bom que nenhum familiar nosso o suje, senão vai ter problemas.

    Então, trata-se de trazer dados como esse, Senador Plínio, que 72% dos trabalhos científicos são feitos por mulheres e mostrar que no mercado de trabalho, por mais que as mulheres ocupem o seu espaço, ainda existe um preconceito, ainda existe uma limitação. Quero dizer que as mulheres hoje, neste País, só são lembradas por feminicídio, por homicídio ou em Carnaval, dançando com os corpos bonitos – nada contra. Mas eu estou falando de respeito aqui. As mulheres têm que mudar essa visão e se respeitarem. As mulheres têm direitos, sim, de usarem o que quiserem, de estarem onde quiserem. Mas também têm que entender que não podem utilizar o que elas têm de melhor, de mais sedutor, de mais convincente para ser só aquilo, como arma, como ferramenta ou como exposição. Senador Izalci, quando eu falo de respeito, quando eu falo de igualdade, quando eu falo de trazer a mulher para todos os lugares, Senador Plínio, eu tento também protegê-la. E estou fazendo isso aqui.

    "Ah, Capitão Styvenson, não brigue, não, porque o senhor assiste ao Carnaval e gosta daquelas mulheres dançando lá." Bom, não era para pensar da forma lasciva como a gente pensa. Era para pensar numa forma artística, como deveria estar sendo exposto. Não é essa a discussão, entre a artística e a lasciva? Mas é impossível para um cérebro masculino, com testosterona, analisar e separar. Então não quero criticar, mas eu quero só alertar, sugerir.

    E quero dizer também que as mulheres empreendedoras, Senador Plínio, são 16%. Dezesseis por cento dessas mulheres empreendedoras têm um nível maior de escolaridade do que os homens, aqui no Brasil. E são responsáveis por 50% dos negócios abertos neste País.

    Quando eu falo que a gente teve um avanço agora na política, Senador, é porque em 2018 houve um acréscimo: em 2014 eram 51; agora são 77. O número ainda é pequeno, porque a porcentagem ainda é pequena. Impressionante também como as mulheres que estão me assistindo e estão me ouvindo ainda não se interessam por política. É aqui que é feito, é aqui que é debatida justamente a sua defesa, o seu respeito. É aqui isso que eu estou falando. É aqui que a senhora pode utilizar este microfone para poder falar da senhora mesma. Não precisar de um homem a defendendo. Não precisar de um homem falando pela senhora. Era a sua voz que deveria estar aqui, e essa voz não pode ser só em 30%.

    Então a gente teve um acréscimo, graças a Deus, mas eu acho pouco. Eu faço, lá no partido Podemos do Rio Grande do Norte, Senador Plínio, uma inversão: pelo menos 70% – 70% – têm que ser de mulheres no partido. Muito mais organizadas, são competentes, têm uma estratégia melhor, são convincentes, são solidárias, têm amor, são maternas.

    Como eu já disse, não consigo enxergar na mulher o símbolo da violência; já no homem, eu consigo ver. Eu já citei alguns números. São menos, o número é bem menor, inferior, de pessoas do sexo feminino presas, em relação aos homens. Se elas partiram para um crime, se estão na área criminal, muitas vezes é porque... É o que eu disse, quando prendia um traficante, ela tinha que ocupar o lugar dele. Então era uma necessidade? Talvez possa ser só uma necessidade naquela ocasião.

    Então, Senadores, digo que o aumento das mulheres também é uma outra estatística: segundo a Organização Internacional do Trabalho, em 2017, poderiam injetar, se as mulheres participassem mais do mercado de trabalho, quase 400 milhões a mais aqui, bilhões, na economia brasileira.

    Não vou citar mais nenhum número de violência, mas eu vou lembrar que pelo menos no meu Estado, em se tratando de violência, é complicado uma mulher procurar hoje uma delegacia, procurar um policial militar, porque muitas vezes ela vai sentir vergonha, ela se sente acanhada. Eu não ia falar de violência, eu vou falar do tratamento da violência. Porque as mulheres ocupam também pouco espaço na Polícia Militar, ocupam pouco espaço na Polícia Civil, elas ocupam pouco espaço em muitos lugares. Elas precisam ocupar mais. Então, fica difícil, Senador Izalci. Coloque-se no lugar de uma mulher que foi violentada, que foi estuprada, que foi assediada, e ela procurar uma delegacia ou um policial ou uma ajuda, e aquele homem, Senador Plínio, dizer o seguinte: "O que foi que você fez? Você provocou, foi? Que roupa você estava usando? Você estava dançando como?". A mulher passa até a ser vítima. Então, muitas vezes desencoraja a mulher a prestar a denúncia. E normalmente ainda tem a carga preconceituosa dos homens.

    Então, falando sobre esse dado estatístico, o Brasil conta com 642 mil profissionais de segurança pública. Desses, 13,5% são mulheres. Nas polícias militares, a média de profissionais do sexo feminino é de 9,8%, não chega nem a 10. Em alguns Estados, como o Ceará e o Rio Grande do Norte, somos vizinhos, não chega nem a 5%.

    Ainda vivemos num País em que o machismo ainda é forte, ainda é rígido, começando pelo militarismo. As mulheres só entram quando no serviço militar? Elas não entram no serviço obrigatório. Mas não é igualdade que a gente busca? "Ah, porque numa guerra, num front elas não têm a mesma capacidade de carregar um fuzil, 32kg de mochila; não têm capacidade...". Quem disse que não têm? Quem diz isso não assiste àquelas mulheres fazendo CrossFit... Eu tenho até vergonha de quando eu olho aquelas mulheres carregando aqueles pesos todos. Eu estou falando por mim, viu, Senador Plínio!

    Então, quero dizer do número dessas mulheres que ocupam esses espaços, que deveriam estar sendo mais ocupados. Aí se faz um remanejo do sexo feminino em delegacias, em polícias para atender a ocorrências.

    Eu vou dizer uma coisa para o senhor, Senador Izalci, na verdade, eu não tinha o preparo, quando policial militar, para lidar com situações muitas vezes peculiares do sexo feminino. Até mesmo ali naquela condição da violência doméstica, eu saber o que falar para aquela mulher naquela ocasião. Normalmente, a gente queria, como policial, resolver logo levando preso todo mundo, que era a nossa função. Mas não tinha como a gente tratar da forma do convencimento que a mulher teria que dar continuidade àquela queixa, e não ficar apanhando silenciosamente dentro de casa.

    Então, é trazer esse dia 8 para cá, Senador Plínio, antecipadamente. Eu creio que tem gente que fala muito desse dia das homenagens ao sexo feminino. E aqui a gente está realizando alguns trabalhos legislativos, mas, na prática, na prática, Senadores, a gente precisa fazer a defesa da mulher acontecer onde ela precisa, porque não adianta também ela denunciar e não ter proteção nenhuma. Não adianta nada também ela procurar a Justiça, dar uma liminar de afastamento, de distância, de que não pode ficar próximo, e o crime acontecer.

    Então, antes de encerrar esse...

    O Sr. Plínio Valério (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - AM) – Antes de encerrar, eu queria um aparte, Senador Styvenson.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Sim, senhor. Depois eu leio, então, o que eu ia ler. Pode falar.

    O Sr. Plínio Valério (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - AM. Para apartear.) – O senhor estava falando, e eu viajando aqui, aquela passagem da peia. Apanhava mesmo se fizesse uma coisa errada na escola, se o vizinho dedurasse. Apanhava mesmo. E eu fiquei lembrando das vezes em que... Hoje eu sou pescador amador fanático. Aí, quando eu estou pescando, eu me lembro das vezes em que eu apanhei de palmatória da minha mãe lá no beiradão, na beira do Rio Juruá, nas barrancas do Rio Juruá, no Amazonas. Minha cidade fica a 1,2 mil quilômetros de Manaus.

    Eu ficava pescando e perdia a noção do tempo. E, quando eu olhava, ela lá em cima no barranco com a palmatória, e tome peia. E hoje a minha mãe tem 89 anos. Aí, outro dia eu falando com ela: "Mãe, a senhora lembra que me batia assim". Ela ria e disse: "E era?". Claro, confirmando. Minha mãe tem 89 anos. Eu adoro minha mãe.

    Eu tenho quatro filhas, uma esposa, quatro netas e um neto. Quer dizer, mesmo que eu não quisesse, eu sou dominado por mulheres, sempre fui. Nas minhas campanhas políticas, se você entrar no meu gabinete aqui, em Brasília, e lá em Manaus, de dez, oito são mulheres. Quando eu trabalhava em jornal, como chefe de reportagem e editor, via que as mulheres são assim: encerrava o expediente delas, elas chegam lá na porta e perguntam "chefe, está precisando de mim ainda?". São solidárias. Os homens, não, já vão para o barzinho, já vão... Então, eu acho bobo...

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – A gente percebe essa diferença até aqui dentro no gabinete, né?

    O Sr. Plínio Valério (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - AM) – É, sim.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Os homens abandonam a gente; as mulheres perguntam: "Capitão, ainda precisa de alguma coisa?".

    O Sr. Plínio Valério (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - AM) – As mulheres são solidárias. Elas não vão embora se você estiver precisando. Bobo, otário é quem acha que mulher é o sexo frágil.

    Então, para resumir o amor que todos temos pelas nossas mães, há uma frase legal, Styvenson, que diz assim: a tua mãe é a melhor do mundo, depois da minha. Então, isso traduz o amor que os filhos têm pelas mães. Legal! Muito bom! Você me fez viajar, viajar lá pelo Amazonas, Styvenson.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Que bom! Que bom que, com essa minha fala, com essa capacidade de nostalgia... Pelo menos valeu a surra que o senhor levou, para ser Senador! (Risos.)

    O Sr. Plínio Valério (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - AM) – É.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Para ser um Senador do jeito que é.

    O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF. Para apartear.) – Eu também queria só ponderar algumas coisas no sentido de...

    Nós avançamos ainda muito pouco, mas alguns Municípios já têm as delegacias da mulher. Aqui em Brasília mesmo... V. Exa. tem razão: é muito difícil para uma mulher procurar uma delegacia que só tenha homens e falar sobre essas... É difícil para as vítimas falar sobre...

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Falar sobre as particularidades, né? E até mesmo sobre o que fazer em relação às agressões.

    O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) – A gente precisa colocar um pouco mais de tecnologia para que essas coisas também possam ser feitas nos aplicativos, sem ser preciso o atendimento presencial. É importante.

    V. Exa. também falou sobre o serviço obrigatório. Nós discutimos sobre isso recentemente. Seria bom se a gente tivesse um tempo realmente para fazer toda a infraestrutura dos quartéis, porque hoje...

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Tem que haver uma mudança.

    O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) – ... não existe essa estrutura, mas a gente precisa começar a fazer.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – No serviço militar, Senador Izalci, o sexo feminino entra ou como terceiro-sargento ou quando há um concurso temporário de qualificação profissional: médica, advogada, engenheira. E, mesmo assim, para não cometer equívoco, não sei se é igual a competição em conhecimento. Eu creio que sim, que seja igual, mas, se não for, é outra falha que a gente tem que discutir.

    O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) – Essa questão de justificar que a mulher não tem a capacidade de carregar ou ir para a guerra e não sei o quê... A guerra hoje é a inteligência. Então, muito pelo contrário, hoje, a tendência é aproveitar mais as mulheres, que são mais... Como V. Exa. disse, na prática, hoje, na educação, no Enem, nas provas todas, as mulheres estão superando muito os homens. Então, realmente precisamos mudar na educação. Acho que essas coisas acontecem muito na educação. O povo é machista em função da questão cultural, da questão de educação.

    O Senador Plínio estava dizendo aqui que apresentou um projeto, que já está na Câmara, incluindo no conteúdo transversal da educação esse tema da violência contra a mulher, que eu acho bastante importante. Então, o Conselho Nacional de Educação precisa introduzir isso, e espero que a gente possa cada dia mais...

    Mas convido V. Exa. também para, no dia 16, como o Paim marcou para a semana que vem, para segunda, uma audiência pública, nós marcamos uma sessão solene para segunda-feira, dia 16...

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – É certeza que estarei presente.

    O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) – ... em homenagem às mulheres. Se V. Exa. também puder...

    Mas parabenizo V. Exa.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (PODEMOS - RN) – Se fosse homenagem para os homens, eu não estava não, mas para as mulheres...

    Então, só para encerrar, Senador Izalci, é dessa igualdade que eu falo, é essa igualdade que eu busco, não a igualdade para competir com o homem na coisa ruim. Exemplo: eu não quero igualdade na criminalidade, não quero igualdade também na resistência de quem bebe mais, eu não quero igualdade na promiscuidade. Não, não, não! "Ah, chifrou, tem que chifrar também". Não, mulher, você não precisa se submeter a isso, não. É melhor largar, deixar para lá e procurar um outro.

    Então, antes de encerrar, Senador Izalci, eu preciso ler aqui o Rabino Chelbo. Ele escreveu algo que eu acho bacana, que eu acho interessante lembrar aqui hoje, sabe, Senador Plínio? Ele diz: "Cuida-te quando fazes chorar uma mulher, pois Deus conta as suas lágrimas. A mulher foi feita da costela do homem, e não dos pés para ser pisada, nem da cabeça para ser superior, mas sim do lado, para ser igual, debaixo do braço para ser protegida e do lado do coração para ser amada".

    Então, é isso que a gente precisa carregar já que a gente quer mudar uma cultura.

    É esse respeito que eu peço que os homens tenham pelas mulheres, tá bom?

    Então, eu tinha que falar isso aí hoje.

    Mais uma vez, mãe, obrigado por tudo – viu? –, minha esposa, minha filha também, todas, todas que são importantes todos os dias, todo santo dia, não só no dia 8, na nossa formação como homens.

    Abraço.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/03/2020 - Página 34