Interpelação a Ministro de Estado durante a 39ª Sessão para Comparecimento de Autoridade, no Senado Federal

Sessão destinada a receber, por meio de videoconferência, o Ministro de Estado da Saúde, Sr. Nelson Teich, para que apresente esclarecimentos sobre as providências a serem tomadas para socorrer Estados e Municípios no combate à Covid-19.

Autor
Marcelo Castro (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Marcelo Costa e Castro
Casa
Senado Federal
Tipo
Interpelação a Ministro de Estado
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Sessão destinada a receber, por meio de videoconferência, o Ministro de Estado da Saúde, Sr. Nelson Teich, para que apresente esclarecimentos sobre as providências a serem tomadas para socorrer Estados e Municípios no combate à Covid-19.
Publicação
Publicação no DSF de 30/04/2020 - Página 63
Assunto
Outros > SAUDE
Indexação
  • SESSÃO, COMPARECIMENTO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), ESCLARECIMENTOS, INFORMAÇÕES, PROVIDENCIA, COMBATE, PANDEMIA, NOVO CORONAVIRUS (COVID-19), SAUDE PUBLICA, ESTADOS, MUNICIPIOS.

    O SR. MARCELO CASTRO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PI. Para interpelar Ministro.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, Sr. Ministro Nelson Teich e Gen. Eduardo Pazuello, quero, evidentemente, em primeiro lugar, desejar todo o sucesso do mundo nessa empreitada, nesse esforço hercúleo que nós teremos que fazer para vencer a pior crise sanitária, nos últimos cem anos, do Brasil e de toda a humanidade.

    Quero dizer ao nosso Ministro que fui também Ministro da Saúde num momento difícil, na crise do zika vírus, com inúmeros casos de microcefalia, a primeira vez que ocorria na história da humanidade. Sei que a dificuldade pela qual ele está passando é grande. Todos nós aqui estamos juntos para ajudá-lo, para que tenhamos um bom desempenho.

    Não quero dar conselhos, porque quando se fala em conselho fica parecendo tratar-se de uma pessoa mais experiente, mais competente, mais preparada. Não! Mas vou me dar a liberdade aqui de dar pelo menos duas opiniões ao nosso Ministro, que acaba de chegar.

    Primeiro, nós temos um corpo técnico excelente no Ministério da Saúde. Como V Exa. chegou no meio do problema, seria de todo conveniente que não houvesse muitas mudanças rapidamente. Deixe a crise passar, e aí V. Exa. vai colocar naturalmente aquelas pessoas que se afinem melhor com o seu trabalho.

    Outra opinião que eu gostaria de dar é a seguinte: nessa hora nós precisamos ter um foco e não arredar dele nem um milímetro. Que foco é esse? É fazermos todo o esforço possível – União, Estados, Municípios, sociedade brasileira – para não deixar colapsar o nosso sistema de saúde. Esse é o foco essencial. Não podemos de jeito nenhum descuidar desse foco. E como nós devemos fazer isso? Em primeiro lugar, protegendo os profissionais de saúde, porque eles são essenciais, entre eles não pode haver baixas, eles precisam estar protegidos, precisam de EPI e de todos os meios para continuar salvando vidas. Em segundo lugar, fazendo hospitais de campanha, aumentando o número de leitos, aumentando o número de leitos de UTI e de respiradores. E por quê? Porque vão faltar.

    Não quero aqui estar pregando que as coisas vão piorar, mas é claro que vão piorar. Nós estamos hoje com mais de seis mil casos novos por dia. Nós somos, no meio de 200 países, o segundo com o maior número de casos novos por dia. É o Brasil. A nossa curva está ascendente. E o nosso Kajuru pergunta se nós vamos melhorar ou piorar. Infelizmente, Kajuru, nós vamos piorar, e muito.

    Evidentemente, em terceiro lugar, estão as medidas preventivas, Sr. Ministro. Tem que ficar claro que o isolamento, o distanciamento social, a testagem, as máscaras são essenciais. Tem que haver uma concertação nacional, e é esse o grande papel que V. Exa. pode desempenhar. O nosso SUS foi concebido de modo que as ações dele são descentralizadas, mas são integradas em nível nacional, estadual e municipal, e o grande coordenador de tudo isso é o Ministério da Saúde. Está nas mãos de V. Exa. poder fazer essa concertação para tirar o Brasil dessa dificuldade tão grande em que nos encontramos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/04/2020 - Página 63