Discurso durante a 54ª Sessão Deliberativa Remota, no Senado Federal

Crítica ao Governo Federal em razão da alteração dos critérios de contagem de infectados e óbitos decorrentes da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

Comentário sobre a revogação da transferência dos recursos destinados ao Bolsa Família para a Secretaria Especial de Comunicação (Secom) da Presidência da República.

Autor
Jean-Paul Prates (PT - Partido dos Trabalhadores/RN)
Nome completo: Jean Paul Terra Prates
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Crítica ao Governo Federal em razão da alteração dos critérios de contagem de infectados e óbitos decorrentes da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
POLITICA SOCIAL:
  • Comentário sobre a revogação da transferência dos recursos destinados ao Bolsa Família para a Secretaria Especial de Comunicação (Secom) da Presidência da República.
Publicação
Publicação no DSF de 10/06/2020 - Página 26
Assuntos
Outros > SAUDE
Outros > POLITICA SOCIAL
Matérias referenciadas
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, ALTERAÇÃO, CRITERIOS, CONTAGEM, DOENTE, MORTE, PANDEMIA, NOVO CORONAVIRUS (COVID-19).
  • COMENTARIO, REVOGAÇÃO, TRANSFERENCIA, RECURSOS FINANCEIROS, BOLSA FAMILIA, SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA PRESIDENCIA DA REPUBLICA (SECOM).

    O SR. JEAN PAUL PRATES (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN. Para discursar.) – Meu querido Presidente Weverton, queridas Senadoras, queridos Senadores, amigos que assistem a esta sessão de casa, eu sigo aqui na linha do Senador Humberto Costa, que fez um pronunciamento anterior ao meu. Quero saudar também o retorno e a recuperação do nosso Líder Rogério Carvalho, presença importante aqui entre nós.

    Mas quero aqui, na linha do Senador Humberto, colocar e, na verdade, deplorar essa tentativa absurda de mascarar, de escamotear – mais uma, não é? –, de minimizar, de desprezar essa pandemia. Eu acho que, na falta de um factoide político ou de uma agressão a fazer, já que o curralzinho da imprensa foi esvaziado pelos principais canais nacionais – certamente isso ajudou a diminuir essas reverberações de crises fabricadas –, o Governo resolveu, então, alterar critérios de contagem de infectados e óbitos. E isso tem uma repercussão muito mais grave, muito mais séria do que meramente tentar frear um caminhão desgovernado segurando o ponteiro do velocímetro, porque isso traz incongruências de comparação com países, com Estados, entre Estados, entre Municípios. Isso traz uma incongruência na série histórica dos dados. Isso tem consequências seriíssimas.

    E o mais grave, a meu ver – tomara não passe despercebido –, é que a imprensa deu conta que isso se dava em função da interferência de empresários não especialistas nesse tema, nem em indexação e estatísticas públicas, muito menos em saúde pública. Citou-se o famoso papagaio, sei lá, Zé Carioca aí, o Hang, e citou-se também um certo Wizard – tem nome de mago –, que queria entrar para o Governo, ocupar um cargo, para fazer mágica de números. E aí parece que desistiu diante da repercussão péssima que isso trouxe aos seus negócios, franquias, sei lá.

    Enfim, o Governo deu esses indícios de recuo, mas acabou implementando e vociferando esses dias que vai implementar de fato essa nova contagem. E, como eu disse, isso afeta as estatísticas, inclusive para efeito de comparação internacional. Isso motivou, a meu ver acertadamente, a decisão do Senado, do Presidente Davi Alcolumbre e de nós todos, no sentido de usarmos as estatísticas que já vinham sendo usadas. Só que vai dar mais trabalho compilar tudo de cada Estado e utilizar as estatísticas que os Estados, que são de fato quem está na linha de frente, as secretarias estaduais, compilam todos os dias com os critérios aceitos internacionalmente.

    O que eu me pergunto a essa altura, Presidente Weverton, é o que sobrará como papel para o Ministério da Saúde. O que fará o Ministério da Saúde? Porque já fazia pouco. Distribuir e entregar respirador qualquer entidade logística do Governo sabe fazer. Gerir a política, o planejamento, as diretrizes nacionais, agora ainda mais com números confusos... Sobrou o que para o Ministério da Saúde fazer? Isso é grave.

    Por fim, quero dizer que nós conseguimos uma vitória, um recuo também do Governo naquela realocação maldita do Bolsa Família do Nordeste para a assessoria de comunicação do Governo, o famoso gabinete de fake news. Então, esses R$86 milhões voltam – pelo menos é o que o Governo disse – para o Bolsa Família do Nordeste. Significa que a estratégia do constrangimento público funciona ainda.

    Obrigado a todos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/06/2020 - Página 26