Interpelação a convidado durante a 67ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal

Sessão de debates temáticos destinada a ouvir o Vice-Presidente da República, Sr. Hamilton Mourão, convidado para discutir a criação do Conselho Nacional da Amazônia Legal e prestar informações sobre o Plano de Combate ao Desmatamento na Amazônia.

Autor
Telmário Mota (PROS - Partido Republicano da Ordem Social/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Interpelação a convidado
Resumo por assunto
MEIO AMBIENTE:
  • Sessão de debates temáticos destinada a ouvir o Vice-Presidente da República, Sr. Hamilton Mourão, convidado para discutir a criação do Conselho Nacional da Amazônia Legal e prestar informações sobre o Plano de Combate ao Desmatamento na Amazônia.
Publicação
Publicação no DSF de 15/07/2020 - Página 19
Assunto
Outros > MEIO AMBIENTE
Indexação
  • SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, CRIAÇÃO, CONSELHO NACIONAL, Amazônia Legal, PLANO, COMBATE, DESMATAMENTO, REGIÃO AMAZONICA.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR. Para interpelar convidado.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Sras. Senadoras, eu quero aqui primeiro parabenizar o Presidente Hamilton Mourão, que deu um show de apresentação, de conhecimento, num espaço de tempo muito curto. E V. Exa. assumiu praticamente dia deste este conselho. Não poderíamos esperar outra coisa de um homem pelo qual temos admiração. Acreditamos na sua formação, no seu amor, no seu patriotismo e na sua origem, principalmente, as nossas Forças Armadas, o Exército Brasileiro, pelo qual eu tenho uma grande admiração.

    Começando, eu o convidei a vir a esta Casa para fazer esta apresentação, porque eu sou daqui. Sou caboclo desta terra, nasci numa comunidade indígena e vivi nela até os 11 anos de idade. Eu não falo pelo que os outros me indicam, eu falo pelo que eu sinto e vivo ali dentro. Eu tenho parentes ali dentro.

    Vejam vocês, eu queria partir para a questão do meu Estado, para dar uma demonstração. Como é que pode um Estado da Federação, que é o Estado de Roraima, com 224.290 quilômetros quadrados, não estar interligado? – por causa de ONGs dentro de uma comunidade indígena interferindo. Não são povos indígenas que não querem, não; são as ONGs que estão inventando dificuldades para colher facilidades.

    A questão da mineração. Não há como a gente não explorar a mineração em todo o Território nacional de forma sustentável. É claro que nós não queremos dos índios a exploração ilegal, como agora mesmo foi colocada a questão ianomâmi. Isso naturalmente prejudica, mas, se não der a legalidade, onde nós vamos colocar 50 mil garimpeiros? Vão voltar para a Venezuela? Vão para a Guiana Inglesa? Então nós temos que dar empregos a essas famílias.

    Como é que pode o Estado de Roraima não estar interligado por 800km com o Pará? Por que o Estado de Roraima não tem uma ferrovia que ligue o Estado do Amazonas à Guiana Inglesa e caia no Atlântico para exportar?

    Então nós precisamos olhar a Amazônia desse ponto de vista.

    Por exemplo, a Ministra da Agricultura disse que o agronegócio não precisa da Amazônia. Não, o agronegócio pode não precisar, mas o povo de Roraima e do Amazonas precisam do agronegócio! Como é que nós vamos desenvolver, por exemplo, o Estado do Amazonas, o Estado de Roraima se não for pelo setor primário? Como é que você vai fazer crescer mais a indústrias no Estado do Amazonas se não houver o setor produtivo? Então, é importante a integração de forma responsável, entendendo que realmente a Amazônia é nossa.

    Vejam vocês, um jornal internacional disse que investidores estavam suspendendo os negócios no Brasil porque, agora em 2020, Roraima teve a maior queimada dos últimos 11 anos. Sabem o que diz o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais? Que caiu 22%, considerando junho de 2018 a 2019, e de junho de 2019 a 2020. Então, nós não podemos balizar as nossas ações políticas, as políticas públicas da Amazônia por interesses internacionais. Será que, explorando o nosso minério, nós não vamos afetar o mercado internacional? Será que, explorando a nossa água, nós não vamos afetar interesses internacionais? É preciso olhar com um olhar de brasileiro, com um olhar de amor a esta Pátria.

    Falamos isso porque, em 1639, foi criado o Forte de São Joaquim, e o último comandante do Forte de São Joaquim foi meu avô, pai do meu pai. Lá morreu meu tio lutando contra os ingleses, que queriam invadir o Território nacional. O primeiro Prefeito de Boa Vista, em 1889, foi meu bisavô, o Coronel Mota. Então, nós temos uma história das forças nacionais defendendo o Território brasileiro. E nós temos que continuar entendendo que a Amazônia é nossa, é dos brasileiros.

    Foi bonito aquele slogan "A Amazônia é o pulmão do mundo", mas a Europa toda desmatou, os Estados Unidos todos desmataram, e somos nós que temos que pagar por isso. O índio não quer mais viver da caça porque não tem mais... O índio não quer mais andar nu, o índio quer viver de forma sustentável, ele quer integração política, econômica e social. Lá tem médicos, tem advogados, tem oficiais, tem engenheiros, tem todos eles, e esse discurso de quatro paredes defendido por "ONGzinhas', nós temos que acabar com isso. Nós temos que encontrar o Brasil real.

    Mas eu estou muito feliz, Presidente Hamilton Mourão, porque V. Exa. tem esse sentimento, V. Exa. conhece como a palma da mão as necessidades reais deste nosso Brasil, e a Amazônia tem vários biomas. Em 1789, Lobo D'Almada, Governador do Amazonas, implantou o pastoreio no Estado de Roraima, porque aqui o nosso bioma é de lavrado, nós não temos matas. Então, não podemos ter uma só lei, Senador Kajuru, para uma Amazônia de floresta e para uma Amazônia de campos, não podemos ter isso.

    E sem nenhuma dúvida, Presidente Mourão, V. Exa., como um patriota, conhecedor que assumiu... É o homem certo, na hora certa para o assunto certo. V. Exa. conta com o meu apoio, mas olhe: lembre que Roraima precisa de energia, vamos interligar; Roraima precisa de uma estrada para a Guiana Inglesa e de ferrovia; Roraima precisa de uma estrada para ligar lá de Entre Rios ao Pará. Roraima é Brasil! E nós estamos gritando aqui do Brasil, onde os meus avós e outros militares defenderam essa fronteira – e quem quis invadir foram os europeus. Por isso, vivam os brasileiros!

    Muito obrigado pela sua presença.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/07/2020 - Página 19