Interpelação a convidado durante a 67ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal

Sessão de debates temáticos destinada a ouvir o Vice-Presidente da República, Sr. Hamilton Mourão, convidado para discutir a criação do Conselho Nacional da Amazônia Legal e prestar informações sobre o Plano de Combate ao Desmatamento na Amazônia.

Autor
Lucas Barreto (PSD - Partido Social Democrático/AP)
Nome completo: Luiz Cantuária Barreto
Casa
Senado Federal
Tipo
Interpelação a convidado
Resumo por assunto
MEIO AMBIENTE:
  • Sessão de debates temáticos destinada a ouvir o Vice-Presidente da República, Sr. Hamilton Mourão, convidado para discutir a criação do Conselho Nacional da Amazônia Legal e prestar informações sobre o Plano de Combate ao Desmatamento na Amazônia.
Publicação
Publicação no DSF de 15/07/2020 - Página 39
Assunto
Outros > MEIO AMBIENTE
Indexação
  • SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, CRIAÇÃO, CONSELHO NACIONAL, Amazônia Legal, PLANO, COMBATE, DESMATAMENTO, REGIÃO AMAZONICA.

    O SR. LUCAS BARRETO (PSD - AP. Para interpelar convidado.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, Senhor Vice-Presidente Mourão, eu estou aqui no Norte, do outro lado, no Amazonas, e aqui, como o senhor falou, nós ainda estamos naquela época, porque só se sai de barco ou avião, ou seja, já evoluiu muito, mas hoje só de barco, porque os voos de avião, a maioria já foi cancelada. Então, nós estamos aqui no Estado mais rico do Planeta, aqui há a Renca, que é importante que o senhor saiba e leve esses dados quando for discutir esses poucos recursos que querem ajudar pelo Fundo Amazônia. Falam em US$2 bilhões. De acordo com o Instituto Hudson, que é o centro de estudos que assessora o Pentágono, só na Renca, que o Exército, pelo Governo militar, criou, para garantir ao País essas reservas, há US$1,7 trilhão em minerais, em valores não atualizados, e nós estamos mendigando US$2 bilhões!

    Para o Amapá nunca veio um centavo desse tal de Fundo Amazônia, nunca veio nada. E olha que nós somos o Estado mais preservado do mundo. Quando o senhor for discutir com eles, pergunte quanto vale manter o clima para a Amazônia, manter o clima do Brasil para a agricultura; a Amazônia Ocidental, para a Europa Ocidental. Pergunte quanto vale fazer isso. Vale muito! Pergunte quanto vale, se eles aceitam fazer uma reserva no País deles com o tamanho que há no Brasil, de 33 milhões de quilômetros quadrados. Duvido que vão aceitar. Nunca, jamais vão aceitar fazer uma reserva. A França tem 1% de sua floresta primária reservada. O Brasil tem 33%. O Amapá tem 97%. Aqui, o incêndio que há, as queimadas de que falam, muitas delas são provocadas na Amazônia pelos nossos humildes trabalhadores rurais em suas pequenas plantações de subsistência. No Amapá, aqui, nós temos 1,1 milhão de hectares de Cerrado. E aqui o fogo acontece naturalmente nessas áreas de Cerrado. Ninguém toca, é natural o fogo acontecer.

    Então, eu quero aqui parabenizá-lo pela posição em que o senhor está, pela função que o senhor tem hoje, de ajudar no desenvolvimento, mas o senhor precisa saber desses dados, precisa saber que a floresta da Amazônia, que no subsolo da Amazônia, há US$16 trilhões, que aqui no Amapá nós temos a Renca, temos o petróleo. Está lá Caiena, Suriname e Venezuela acho que tirando um petróleo que é da nossa plataforma. A Foz do Rio Amazonas tem 350km: o senhor imagine aí 400 milhões de anos de depósito de sedimentos que formaram os hidrocarbonetos, e nós não podemos explorar o petróleo. Petróleo se explora. Se há tecnologia para explorar o pré-sal, por que não explorar aqui? A maior reserva de petróleo e de gás do mundo está aqui na Foz do Amazonas. (Falha no áudio.) ... por isso que não nos deixam explorar. Na Renca, só no complexo Maraconaí, do outro lado do Pará, ao lado do Amapá, estima-se que haja 200 milhões de toneladas de fósforo, e nós importamos o fósforo para a agricultura do Brasil da Rússia: 95% do fósforo vem de lá, e no próprio Estado está a 60km do porto, está a 500km de Miritituba, para ser levado e distribuído para o Centro-Oeste. Então, são questões nacionais. O Amapá está inserido nessas questões nacionais. É o que eu lhe peço humildemente.

    Parabéns pelo seu trabalho! Aqui no Amapá, quando passa um helicóptero, todo mundo grita: "Selva! Lá vem o Mourão". Isso significa que o senhor está trabalhando, que todo mundo está vendo o seu trabalho. Selva! Parabéns pela sua atuação, mas lembre que existe na Amazônia um povo que precisa entrar nessa discussão. São 22 milhões de amazônidas. E hoje só se discute árvore, só se discutem queimadas. Tem que discutir povo, a população.

    Um exemplo para o senhor. Aqui no Amapá, fizeram três hidrelétricas num rio só, no Rio Araguari. Inundaram 70 quilômetros de rio. Não houve uma voz de um político, de um famoso de palco ou de passarela em defesa das milhões de árvores que morreram. E nós, os amapaenses, ainda pagamos o transporte dessa energia para servir o sul.

    Que nos olhem com carinho, porque nós somos o Estado mais preservado do mundo e somos o Estado com a maior província mineral do mundo! Somos o Estado mais rico do mundo. Se não nos deixarem explorar, tudo bem, mas que nos compensem. Esse é o nosso pedido.

    Muito obrigado, General Mourão.

    Selva!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/07/2020 - Página 39