Pela ordem durante a 86ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentário sobre a tragédia decorrente das queimadas no Pantanal mato-grossense e apreensão com a situação ambiental e econômica da região. Defesa de melhorias no Fundo Constitucional do Centro Oeste e da aprovação de um estatuto especial para o Pantanal.

Autor
Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
MEIO AMBIENTE:
  • Comentário sobre a tragédia decorrente das queimadas no Pantanal mato-grossense e apreensão com a situação ambiental e econômica da região. Defesa de melhorias no Fundo Constitucional do Centro Oeste e da aprovação de um estatuto especial para o Pantanal.
Publicação
Publicação no DSF de 23/09/2020 - Página 43
Assunto
Outros > MEIO AMBIENTE
Indexação
  • COMENTARIO, CALAMIDADE PUBLICA, QUEIMADA, PANTANAL MATO-GROSSENSE, APREENSÃO, SITUAÇÃO, MEIO AMBIENTE, ECONOMIA, REGIÃO, DEFESA, MELHORIA, FUNDO CONSTITUCIONAL DE FINANCIAMENTO DO CENTRO-OESTE (FCO), APROVAÇÃO, ESTATUTO, ECOSSISTEMA.

    O SR. JAYME CAMPOS (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - MT. Pela ordem.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, é um prazer grande estar aqui e rever hoje nossos companheiros, nossos pares, nesta Casa.

    Mas, Sr. Presidente, V. Exas. têm acompanhado nestes últimos dias a escalada dessa tragédia que aconteceu com o Pantanal mato-grossense, tanto em Mato Grosso, como em Mato Grosso do Sul. E aqui eu queria manifestar a minha preocupação. Acho que chegou o momento da união, não só do Poder Executivo Federal, Estadual e Municipal, mas sobretudo da própria sociedade em entender o que está acontecendo, não só com a Floresta Amazônica, mas também com o Cerrado, com a nossa região, com o Brasil e sobretudo com o Pantanal.

    O Pantanal, é bom que se esclareça àqueles que talvez não conheçam com maior profundidade, quem conhece o Pantanal de fato é o pantaneiro, é o homem que nasceu ali, onde se criou e mora. Esta seca foi uma das maiores dos últimos 50 anos, e trouxe enormes e imensuráveis prejuízos para a nossa flora, para a nossa fauna e, sobretudo, para o homem pantaneiro.

    Estivemos no último sábado lá, junto com o Senador Fávaro, com o Senador Wellington Fagundes, que é Presidente da comissão externa que foi aprovada por esta Casa aqui, e junto com vários Deputados Federais, inclusive de outros Estados. E ali eu vi a tragédia, Senador Plínio, que aconteceu no meu Estado. Foram quase 2 milhões de hectares de terra, ou mais, imagino que foi, entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Senador Eduardo Braga, e realmente não sei o que se vai fazer.

    Estão muito preocupados só com o fogo. Graças a Deus, já choveu em Mato Grosso do Sul, aos poucos está chovendo em Mato Grosso, em algumas regiões, e veio a discussão. E quase nada foi feito nestes últimos anos naquela região, sobretudo uma política nefasta em relação a incentivos para que se pudesse fazer o manejo adequado. Lamentavelmente, houve uma invasão dos pseudoconhecedores da realidade que, a bem da verdade, não conhecem como é feito o manejo. Aquilo ali se transformou numa verdadeira combustão de pólvora, gasolina, etc., etc., que não havia cidadão que conseguisse apagar. E os Governos, lamentavelmente, chegaram muito tarde para fazer o combate a esse incêndio, a essa tragédia.

    E aqui eu quero crer que este é um momento ímpar, Senador Rogério, de nós passarmos a limpo o Brasil nessa questão ambiental. A questão ambiental é mais grave do que vocês esperam. Ela vai prejudicar não só o ser humano, nas doenças que estão afetando milhares e milhões de brasileiros, como também as atividades econômicas aqui. Lá houve uma verdadeira devastação. Os pecuaristas estão quebrados; a rede hoteleira, as pousadas, quebradas. E chegou o momento de nos preocuparmos com o futuro, porque o passado já foi. Não adianta querermos remover os cadáveres aqui. Eu vi ali a tragédia – não estão preocupados – dos milhares de animais que morreram ali e estão na planície, Jean Paul. Qual a destinação que vai dar? Não há nenhum inventário de quantos mil, milhares de cadáveres há ali de jacaré, de onça, de lontra, de anta, etc. Ninguém sabe. É mentira! É mentira! Ninguém sabe. Os órgãos ambientais ficaram bem aquém da participação ali. Lamentavelmente, o Brasil tem que se preocupar agora em criar uma força nacional na preservação, sobretudo para a Amazônia brasileira, para o Pantanal. Caso contrário, não sabemos o que vai acontecer neste País, nessa região, que vai ser uma tragédia, talvez, incalculável jamais vista no Planeta.

    Por isso, aqui quero fazer um apelo, primeiro, ao Governo Federal: que abra linha de financiamento, que invista mais na questão ambiental. Estamos à mercê de uma política decente. Muita gente não tem peito de falar, de abrir o coração aqui, muitas vezes refém seja do Governo do Estado, seja do Governo Federal. Eu não sou refém de ninguém aqui, Senador Davi. Fui lá, vi e estou abismado, não só no Pantanal como em outras regiões do meu Estado, porque ando muito lá. São 900 mil quilômetros quadrados que estão à mercê de uma política decente, de proteção, sobretudo, dos menos afortunados, os assentados. Sabe o que aconteceu lá no Pantanal – conforme dado estatístico do comandante do Corpo de Bombeiros da região? Que foi um cidadão lá – disse que disse, não sei, não provo e não vi – para tirar mel. E para tirar mel você tem que botar fogo, o senhor sabe. Bota o fogo para quê? Para as abelhas saírem para que ele possa tirar o mel. Uma faísca daquele fogo que ele colocou caiu numa macega lá, caiu numa macega lá. Pois bem. Dali saiu o primeiro foco; daqui a pouco, o segundo. E ninguém segurava, pelo fato de estar ventando muito. Há língua de fogo, que eu cheguei a ver, que anda mais de 200 metros – sabia? Sai daqui e vai voando 200 metros. Então, quase não há meios de segurar. E quase nada foi feito por parte dos Governos.

    É triste! Doeu o meu coração ver as pessoas ali humilhadas, sobretudo o ribeirinho. Aquele ribeirinho não tem o que comer. Mentira! Estão morrendo praticamente à míngua ali. E não é pouca gente. Há milhares de cidadãos humildes. Um simples pescador, muitas vezes, hoje está impossibilitado, até por força do calor que é insuportável. Ali não se enxergava um metro de fumaça e não tinha como fazer mais nada.

    Por isso, eu vejo aqui o meu caro Presidente da Comissão Externa, o brilhante Senador Wellington Fagundes, que, em boa hora, criou essa comissão, de sua autoria. Algo tem que ser feito de concreto. Não podemos continuar naquela coisa de conversa de bêbado mentindo para o homem brasileiro, sobretudo para o pantaneiro. Nós temos que ter um decreto aqui, melhorar a questão do FCO, porque o FCO, que é o Fundo Constitucional do Centro-Oeste, passou a ser um instrumento do Banco do Brasil em negociação, Davi, uma moeda de troca. Esse recurso tem que ser revisto. Temos que aprovar aqui um estatuto especial para o Pantanal. Caso contrário, vai haver tragédia todos os anos, não só lá no Pantanal, mas em grande parte da fronteira da Amazônia brasileira.

    Portanto, Sr. Presidente, estou aqui, ilustres Senadores, desabafando por ver o sofrimento do povo ali, humilhado, deprimido, quebrado, sem nenhuma perspectiva de melhora...

    O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Senador Jayme Campos...

    O SR. JAYME CAMPOS (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - MT) – ... por falta do incentivo dos Governos Federal e...


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/09/2020 - Página 43