Discurso durante a 87ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Considerações sobre as queimadas na Região Amazônica e no Centro-Oeste e sobre sua influência na não celebração de acordos internacionais com países estrangeiros.

Autor
Luis Carlos Heinze (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Luis Carlos Heinze
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL:
  • Considerações sobre as queimadas na Região Amazônica e no Centro-Oeste e sobre sua influência na não celebração de acordos internacionais com países estrangeiros.
Publicação
Publicação no DSF de 24/09/2020 - Página 64
Assunto
Outros > POLITICA INTERNACIONAL
Indexação
  • REGISTRO, QUEIMADA, REGIÃO AMAZONICA, REGIÃO CENTRO OESTE, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), AQUECIMENTO GLOBAL, COMENTARIO, PRODUÇÃO AGRICOLA, ALIMENTOS, BRASIL, EXPORTAÇÃO, PROPOSTA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), VALOR, FLORESTA AMAZONICA, IMPORTANCIA, ACORDO INTERNACIONAL, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), UNIÃO EUROPEIA.

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS. Para discursar.) – Sr. Presidente, colegas Senadores e Senadoras, eu quero fazer uma colocação chamando a atenção não apenas de V. Exas., que estão aqui no Plenário, mas também daqueles que estão nos assistindo através da TV Senado.

    Nós temos visto ultimamente críticas ao Brasil e à nossa agricultura, Senador Telmário Mota, dizendo que os acordos internacionais não saem pelo desrespeito que o Brasil tem em função das questões climáticas.

    Chamo atenção para a Amazônia; chamo atenção agora para as queimadas, por exemplo, do Centro-Oeste, no Mato Grosso do Sul ou no Mato Grosso. E quero dizer o seguinte: o grande foco é o chamado aquecimento global. Pego uns dados aqui de que, no aquecimento global, a China é responsável por 27% da emissão dos gases de efeito estufa; os Estados Unidos, na ordem de 15%; a Europa está em torno de 17%, 18%; o Brasil não chega a ter 2% da emissão de gases do efeito estufa – 2%, veja! E neste instante a crítica é com relação à Amazônia, a crítica é com relação ao Pantanal brasileiro. Pelo amor de Deus! Nesses 2%, o que nós temos lá? O grosso da emissão é em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre, as grandes capitais brasileiras, Brasília; não tem nada a ver com o nosso Pantanal ou com a Região Amazônica.

    Qual é o grande problema? O Brasil hoje é um dos maiores produtores de alimento do mundo. Se nós somos um dos maiores produtores de alimento, nós tomamos o mercado de alguém. É o maior exportador de fumo do mundo, é o maior exportador de açúcar do mundo, de café do mundo...

(Soa a campainha.)

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – ... suco de laranja do mundo, soja em grãos do mundo, carne de frango do mundo, carne bovina do mundo, terceiro exportador de soja, segundo exportador de óleo de soja, segundo exportador de farelo de soja, segundo exportador de algodão, de carne suína é o quarto, e assim vai.

    Neste instante, quero chamar atenção porque nós não temos os subsídios que os europeus têm, não temos os subsídios... Para os colegas terem uma ideia, os Estados Unidos têm US$96 bilhões de subsídios para os seus agricultores; a União Europeia, US$104 bilhões para os seus agricultores; a China, US$239 bilhões para os seus agricultores; o Brasil, US$7 bilhões. Não temos subsídio em comparação com a Europa, enfim.

    As florestas primárias do mundo – dado levantado de 8 mil anos atrás...

(Soa a campainha.)

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – A Ásia tem hoje 5% das florestas primárias de 8 mil anos atrás; a África, 7,8%; a Europa, 0,3% – 0,3%! –; a América do Sul, 54%; e, dentro da América do Sul, está o Brasil, com 69%. Nenhum país do mundo – nenhum país do mundo! – tem moral para criticar o Brasil ou a nossa agricultura.

    Hoje o Brasil exporta para mais de 200 países, colegas Senadores e Senadoras. Mais de 200 países compram alimentos do Brasil. Produzimos para os nossos 200 milhões de habitantes e exportamos para mais de 1,6 bilhão de habitantes do mundo, que comem a nossa comida. Portanto, é sadia, é saudável, e nós temos que respeitar a produção brasileira e deixar de criticar. Critiquem os chineses, critiquem os americanos, critiquem o efeito estufa da Europa, e não critiquem as queimadas da Amazônia ou alguma coisa assim. Portanto, é extremamente importante que nós possamos raciocinar.

    Sr. Presidente Davi Alcolumbre, V. Exa. é de um dos Estados da Amazônia brasileira. Estou fazendo uma proposta para fazer esse debate que estou colocando aqui, com números reais sobre a economia agrícola da Região Amazônica.

    Por exemplo, o Brasil hoje, com seus 851 milhões de hectares, explora apenas 30% do Território brasileiro; 66% é preservado. A Região Amazônica, que tem quase a metade do Brasil, ou seja, 419 milhões de hectares, explora apenas 12%.

    Os Estados Unidos da América do Norte...

(Soa a campainha.)

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – ... uma nação com 983 milhões de hectares, exploram em torno de 80%. Assim é qualquer país da Europa.

    Agora, os trouxas aqui têm de preservar e não cobrar nada pelas riquezas naturais que temos.

    Quanto a este debate, Sr. Presidente, estou apresentando uma proposta para trazer autoridades da nossa Embrapa de Belém, da nossa Embrapa de Campinas, trazer especialistas do Ibama, que possam trazer números reais do que vale da Floresta Amazônica. A Floresta em pé tem valor. É para isso que eu quero chamar a atenção das colegas e dos colegas Senadores, e não aceitar as críticas.

    Agora não vão fazer o acordo Mercosul-União Europeia por causa disso. Eles temem a produção brasileira pela capacidade dos nossos agricultores, que, muitas vezes sem renda, são os maiores produtores mundiais de alimento.

    Respeito aos nossos produtores.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/09/2020 - Página 64