Discurso durante a 98ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a homenagear o centenário do nascimento de Nilo de Souza Coelho.

Autor
Eduardo Braga (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/AM)
Nome completo: Carlos Eduardo de Souza Braga
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Especial destinada a homenagear o centenário do nascimento de Nilo de Souza Coelho.
Publicação
Publicação no DSF de 20/11/2020 - Página 11
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, CENTENARIO, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, NILO COELHO, EX SENADOR.

    O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM. Para discursar.) – Eminente Presidente do Senado, meu caríssimo amigo Senador Anastasia, que sempre tem marcado a sua passagem nesta Casa não só pela competência, mas também pela forma habilidosa e gentil com que trata todos os seus pares; meu caro amigo, correligionário, nordestino de Petrolina, Líder do Governo nesta Casa, Fernando Bezerra Coelho, quero cumprimentar o representante da família do homenageado, Senador Nilo Coelho, Cézar Coutinho, e abraçar todos aqui, inclusive, de forma muito especial, o nosso querido Deputado Federal que é carinhosamente chamado de Fernandinho.

    Mas, Presidente, veja que coincidência: o Senador Nilo Coelho, um homem que marcou a história do Brasil, foi Senador da República de 1978 a 1983. Entre seus pares, o Presidente José Sarney, que foi par deste humilde Senador que vos fala, no meu primeiro mandato aqui no Senado da República. Tive o prazer de conviver com o Presidente Sarney e de aprender com a sua sabedoria e habilidade.

    Não menos coincidência, o Senador Itamar Franco, com quem tive o prazer e a honra de iniciar meu primeiro mandato aqui, no Senado da República, trazendo, portanto, luzes de nossas Minas Gerais para os primeiros debates do nosso mandato iniciado em fevereiro de 2011.

    Mas, Fernando, talvez V. Exa. desconheça: o meu tio, Braga Júnior, foi Senador da República pelo Estado do Amazonas – e eu mostrava ainda há pouco ao nosso eminente Senador Anastasia – exatamente quando Nilo Coelho era Presidente do Senado.

    Por todas essas razões e coincidências, eu tenho grata e enorme satisfação.

    E aqui cumprimento os Senadores Eduardo Gomes e o nosso sempre Senador, do nosso Centro-Oeste, aqui presente conosco nos ajudando, Vicentinho.

    Mas, como eu dizia, eu tenho uma enorme satisfação de estar aqui. Por quê? Porque o Senador Nilo Coelho talvez tenha como sua principal marca a seguinte característica, Fernando: um homem que acreditava que uma ideia é capaz de ser transformadora.

    Olhando um deserto, olhando um sertão, olhando uma desesperança, ele tem uma ideia de um projeto de irrigação que foi capaz de, em apenas quatro anos de Governo, de quatro anos no Senado, transformar definitivamente a história de uma região.

    Eu vou ler aqui diversas passagens da biografia e da história de Nilo Coelho, mas, se de nada mais houvesse, apenas a coragem de crer numa ideia transformadora e que nós podemos ver hoje e testemunhar – as uvas, as mangas, sendo exportadas, gerando emprego, renda, perspectiva futura... É a mão do homem transformando o destino da humanidade. Portanto, nossas homenagens a um ser humano que é capaz de acreditar que é possível, sim, transformar a história da humanidade através de uma boa ideia.

    Gostaria de cumprimentar, portanto, Fernando, V. Exa. e toda a família do eminente Senador Nilo Coelho nesta sessão especial, Governador de Pernambuco, Presidente desta Casa, do Congresso Nacional, Deputado Federal, Senador da República, em meu nome e em nome da Bancada do MDB. Cumprimentando os familiares e amigos de Nilo Coelho e manifestando, como fiz ainda há pouco, a minha alegria de participar desta solenidade.

    De todas as qualidades de Nilo Coelho aqui mencionadas, quero destacar o seu reconhecimento como Governador da integração. E aqui de novo faço um parêntesis: ainda há pouco, olhando um Governador do seu tempo dizer da integração da Amazônia e do Centro-Oeste... É exatamente a diferença entre um político e um estadista. Daí a capacidade de compreender como alguém, um ser humano, seria capaz de acreditar que a força de uma ideia poderia transformar o destino de um povo: porque era um estadista; porque enxergava além do seu tempo; porque acreditava que era possível transformar regiões, transformar as desigualdades econômicas através de ações integradoras e desenvolvimentistas.

    De todas as qualidades, portanto, quero destacar a integração.

    No período em que governou o Estado de Pernambuco, seus esforços para integrar o Sertão às demais regiões do Estado e para levantar o desenvolvimento ao interior pernambucano aproximam a minha trajetória política do legado de Nilo Coelho, não só pelo fato de meu tio ter sido Senador contemporâneo de Nilo Coelho, mas porque tive a honra de ser Governador do Amazonas por dois mandatos e procurei interiorizar ações e projetos que pudessem melhorar a qualidade de vida do povo amazonense.

    Estamos falando de um Estado cujas dimensões territoriais representam um desafio para os sonhos de integração do mais ousado entre os governantes. Mas, na política, é preciso ousar, e Nilo Coelho ousou ao "governar de costas para o mar", como foi dito aqui, e ao levar o desenvolvimento para a região do Vale do São Francisco, a partir da irrigação de terras sertanejas.

    Eu quero aqui também destacar que a história de Nilo Coelho é uma história de luta e de conquistas, de bravura e de perseverança, não apenas pelas obras e programas que semeou Estado afora. E vale lembrar aqui a ampliação da rede de eletricidade rural – hoje, parece que isso é simples. No passado, a eletrificação rural era a diferença entre a lamparina e a energia elétrica –, da política de irrigação e da rede rodoviária; o Laboratório Farmacêutico de Pernambuco, do qual eu, como Prefeito e como Governador, tive oportunidade de comprar medicamentos que ajudaram a salvar vidas no meu Estado; a Fundação de Desenvolvimento Municipal de Pernambuco; a Comissão Estadual de Controle da Poluição das Águas; o Instituto de Pesos e Medidas e o Departamento de Trânsito de Pernambuco.

    Também exalto a defesa da justiça social e o combate obstinado à desigualdade regional, que marcaram a história política de Nilo Coelho.

    Homem público de estatura nacional, grande brasileiro, nunca se distanciou de Pernambuco e do Nordeste.

    A desigualdade regional, que ainda hoje define o Brasil, compromete o desenvolvimento e a unidade nacional, divide o País. Portanto, o equilíbrio federativo é um princípio a ser resguardado pelo Senado da República, Casa da Federação Brasileira.

    Nesse sentido, peço licença, Sr. Presidente, para manifestar minha solidariedade à população do Amapá, que, neste momento, neste exato momento – vejam como é a roda do tempo e do destino, Senador Fernando –, cem anos depois, numa sessão de homenagem do Senado da República ao Presidente Nilo Coelho, o Presidente do Senado, Senador Davi Alcolumbre, está diante de um desafio, em pleno século XXI, de ter o Estado que ele representa nesta Casa sofrendo, e sofrendo muito, por causa de um sistema de eletricidade que não tem redundância e que não tem segurança energética para assegurar aos brasileiros da Amazônia, de onde sou filho, que não sofram as penalidades que aqueles que nos antecederam no século XVIII, antes da eletricidade, que marcou a divisão do tempo... Não sofram novamente no século XXI.

    Portanto, quero aqui prestar a minha solidariedade amazônida aos amazônidas do Amapá, que têm sofrido as duras consequências da falta de energia nas últimas semanas. Não podemos admitir uma parte do Brasil excluída e à margem do processo de desenvolvimento. Isso era o que defendia Nilo Coelho há quase cem anos.

    Sr. Presidente, não poderia encerrar a minha breve manifestação sem ressaltar a grandeza do Senador Nilo Coelho como Presidente desta Casa.

    Nas crises políticas do Brasil e deste País, Nilo Coelho soube agir em defesa da soberania do Parlamento. E quantas vezes nós que já estamos aqui há algum tempo não tivemos que ver esta cena sendo repetida em pleno Estado democrático de direito?

    A célebre frase, aqui lembrada pelo colega Fernando Bezerra oferece a dimensão do trabalho de afirmação do Congresso desempenhado por Nilo Coelho. Peço licença para repeti-la: "Não sou Presidente do Congresso do PDS; sou Presidente do Congresso do Brasil" e eu acrescentaria: e dos brasileiros.

    São condutas e declarações como esta que distinguem os grandes homens públicos, os verdadeiros estadistas, e os diferenciam daqueles que são incapazes de abandonar as vaidades pessoais em nome do interesse comum.

    Encerro, Sr. Presidente, reiterando a minha enorme satisfação em participar desta solenidade em homenagem a quem soube servir o nosso País e o seu Estado. E fica aqui o abraço da família Braga à família Nilo Coelho.

    Muito obrigado, Sr. Presidente. Que Deus abençoe. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/11/2020 - Página 11