Interpelação a convidado durante a Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal

Sessão de Debates Temáticos destinada ao comparecimento do Ministro de Estado da Saúde, Eduardo Pazuello, convidado a prestar informações sobre as dificuldades enfrentadas pelo País para imunizar a população contra o novo coronavírus (Covid-19) e sobre as medidas adotadas pelo Ministério da Saúde para promover a vacinação em todo o território nacional. Interpelação ao convidado.

Autor
Rogério Carvalho (PT - Partido dos Trabalhadores/SE)
Nome completo: Rogério Carvalho Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Interpelação a convidado
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Sessão de Debates Temáticos destinada ao comparecimento do Ministro de Estado da Saúde, Eduardo Pazuello, convidado a prestar informações sobre as dificuldades enfrentadas pelo País para imunizar a população contra o novo coronavírus (Covid-19) e sobre as medidas adotadas pelo Ministério da Saúde para promover a vacinação em todo o território nacional. Interpelação ao convidado.
Publicação
Publicação no DSF de 12/02/2021 - Página 44
Assunto
Outros > SAUDE
Indexação
  • SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, COMPARECIMENTO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), INFORMAÇÕES, DIFICULDADE, PAIS, IMUNIZAÇÃO, POPULAÇÃO, NOVO CORONAVIRUS (COVID-19), PROVIDENCIA, VACINAÇÃO, INTERPELAÇÃO, CONVIDADO.

    O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE. Para interpelar convidado.) – Quero cumprimentar o Ministro Pazuello, e também dizer que é um momento difícil da nossa capital. Através do Secretário de Relações Institucionais, o Sr. Cascavel, nós tivemos acesso aos recursos necessários.

    Mas, Ministro, a mim parece que nós estamos colhendo parte do que semeamos. O Presidente da República, no meu modo de ver como médico-sanitarista, foi o principal agente propagador da pandemia no nosso País. Primeiro, porque ele banalizou a doença. Ele disse que era uma gripezinha, e uma gripezinha não mata 230 mil pessoas, com a possibilidade de a gente chegar a 400 mil mortos. Isso não é uma gripezinha: isso é uma catástrofe sanitária sem precedentes na nossa história. Segundo, ele estimulou aglomerações. Terceiro, ele negou o uso de máscara como recurso para proteger quem não tinha a doença e evitar que quem a tinha fizesse a transmissão. Quarto, ele estimulou o uso de medicamentos que todos nós sabemos que não têm a menor eficácia quando se trata de vírus. Vou dar o exemplo da aids, do coquetel antirretroviral: foram mais de 20 anos para a gente ajustar uma droga capaz de combater o vírus da aids. E nós aqui, com a ilusão de que dois vermífugos, na prática, seriam capazes de impedir a penetração do vírus numa célula – nós sabemos que é assim que ele age e ocupa a célula para sua serventia. Ele não é um ser vivo por definição, ele é uma molécula que tem a capacidade de se associar a algo vivo e produzir os seus efeitos. Então, esse também foi um erro cabal.

    E vou dizer: o senhor tem sido questionado por conta de Manaus. Eu diria que Manaus é o retrato de uma estratégia completamente equivocada – e várias Manaus, infelizmente, teremos no Brasil. Parecia que o negacionismo tinha vencido, porque diminuiu o número de casos; e aí, como não houve um incentivo ao afastamento, à diminuição das aglomerações, como não houve uma ação de Governo...

    Veja, o Brasil é campeão em programas de saúde pública, como redução do tabagismo, aleitamento materno, controle da aids, sabe por quê? Porque sempre se fez propaganda, porque sempre se comunicou com muita força. A comunicação na saúde é fundamental, e a gente não tem comunicação para falar dos riscos da pandemia, a não ser de forma independente.

    O Brasil tem 37 mil pontos de vacinação. Se nós tivéssemos vacina hoje, em 30 dias, seriamos capazes de vacinar mais de 70% da população, e a tal imunidade de rebanho seria adquirida pela competência e pela qualidade do Sistema Único de Saúde.

(Soa a campainha.)

    O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Para concluir, eu queria deixar muito claro que, se há um responsável, se há incompetência, esta vem do centro do Poder e da forma criminosa como, do ponto de vista sanitário, o Presidente da República se conduziu ao liderar o País. E essa história de que o Ministério da Saúde não tem competência sobre isso ou sobre aquilo, o Ministério da Saúde é o coordenador do SUS. Ele tem ação complementar aos Estados e Municípios e todos são concorrentes; por isso, formam o Sistema Único.

    Para concluir: o que, na prática, nós vamos fazer e em quanto tempo? Por Jesus Cristo! Nós precisamos de pelo menos, Brasil, 300 milhões de doses de vacina no nosso Território, no mínimo!

(Interrupção do som.)

    O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Para concluir aqui o raciocínio.

    O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - MG) – Para concluir, Senador.

    O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Qual é o risco? O risco de a gente se demorar ao vacinar é já haver uma cepa não suscetível a essa vacina, e a gente perder tudo o que fez.

    Então, pelo amor de Deus, eu clamo que este Governo se empenhe ao máximo e compre vacina. Vamos desideologizar, mas vamos botar vacina dentro do Brasil e vacinar todas as pessoas que precisam dela, sob pena de jogarmos tudo o que fizemos até agora no lixo, e, em vez de 400 mil mortos, termos um 1 milhão de mortos, 1,5 milhão de mortos de entes queridos e famílias destruídas.

    Para mim, o grande responsável é o Presidente da República, que não foi capaz de assumir a ciência como norte, como guia para conduzir os rumos de uma nação complexa de 210 milhões de habitantes.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/02/2021 - Página 44