Interpelação a convidado durante a 11ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal

Sessão de Debates Temáticos destinada ao comparecimento de autoridades da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde para prestarem informações sobre o andamento da imunização contra a Covid-19 e sobre os processos de aprovação de vacinas.

Autor
Jean-Paul Prates (PT - Partido dos Trabalhadores/RN)
Nome completo: Jean Paul Terra Prates
Casa
Senado Federal
Tipo
Interpelação a convidado
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Sessão de Debates Temáticos destinada ao comparecimento de autoridades da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde para prestarem informações sobre o andamento da imunização contra a Covid-19 e sobre os processos de aprovação de vacinas.
Publicação
Publicação no DSF de 05/03/2021 - Página 85
Assunto
Outros > SAUDE
Indexação
  • SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, DESTINAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, AUTORIDADE, AGENCIA NACIONAL DE VIGILANCIA SANITARIA (ANVISA), MINISTERIO DA SAUDE (MS), SOLICITAÇÃO, INFORMAÇÃO, ANDAMENTO, IMUNIZAÇÃO, COMBATE, PANDEMIA, NOVO CORONAVIRUS (COVID-19), PROCESSO, APROVAÇÃO, VACINA.

    O SR. JEAN PAUL PRATES (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN. Para interpelar convidado. Por videoconferência.) – Presidente, como algumas perguntas já foram colocadas, que eu tinha listado aqui, sobre o spray israelense e outras, eu vou direto a uma pergunta que faz basicamente o contraponto à pergunta que acaba de fazer o meu colega Eduardo Girão.

    Se, de um lado, temos, evidentemente, o direito de tomar a medicação, os médicos têm o direito de prescrever, inclusive os off-label, dentro de todas as regras que foram explicitadas, por outro lado, eu queria perguntar aos nossos convidados, aproveitando para agradecê-los pela disponibilidade de estarem aqui entre nós esclarecendo essas dúvidas, sobre a recomendação feita por gestores públicos – Prefeitos, Governadores, Vereadores – que, Brasil afora, em alguns lugares com maior ou com menor intensidade, recomendam publicamente, em canais em horário nobre, que se tomem esses ou aqueles medicamentos. Medicamentos esses que, inclusive, são facilmente adquiríveis nas farmácias, cujas vendas aumentaram tanto que o próprio laboratório de um deles, o laboratório Merck, veio a público, lá na Alemanha, para esclarecer, a tempo de não tomar processos, provavelmente por conta disso, no futuro, alertar que o remédio não tem o respaldo do próprio fabricante para os efeitos que se preconiza que ele tenha contra o Covid. Nesse caso, o laboratório Merck em relação à ivermectina. Isso foi amplamente noticiado.

    O problema da questão desses medicamentos não é exatamente cortar, ou tirar a esperança de alguém que queira, e que tenha uma receita médica, depois de examinado devidamente e em caráter de tratamento precoce, mas é quando o gestor vai à televisão e diz: "Tome ivermectina e fique à vontade, que você não vai pegar Covid". Isso é que é o grave. Isso é de altíssima responsabilidade, independentemente de esses gestores – Vereadores, políticos, Governadores, Prefeitos – serem ou não médicos, porque estão ali na capacidade de líderes de uma comunidade e dizem, sem frisar a absoluta necessidade do exame médico, que tomou um remédio que é fácil de adquirir na farmácia, como é uma aspirina, por exemplo, e pode ir pra feira, pode ir para o convívio, pode ficar sem máscara, porque está blindado, com a sensação de imunidade.

    E a minha pergunta é exatamente esta: existe algum acompanhamento dos resultados e sequelas desses tratamentos off-label? Porque há meses ocorrem distribuições de medicamentos, em ginásios, em drive-thrus País afora, inclusive aqui em Natal, grandemente, e os números de contaminação e óbitos nessas localidades não são melhores do que em outros locais. Ao contrário, o fato, como eu disse, de terem sido propagandeados como preventivos e não como tratamento precoce, tem feito que essas pessoas tomem os comprimidos e saiam por aí, normalmente, sentindo-se blindados contra o vírus.

    Seria interessante que a agência, depois de tanto tempo, já tivesse alguma estatística a respeito. A minha pergunta é se tem e se os off-label, uma vez desenganados pelos próprios laboratórios, podem continuar sendo utilizados como tal.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/03/2021 - Página 85