Discurso proferido da Presidência durante a 12ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Internacional da Mulher e a homenagear as mulheres chefes de família, as mulheres negras, as mulheres vítimas de violência doméstica durante a pandemia e as mulheres que atuam diretamente no combate à pandemia do Covid-19.

Autor
Rose de Freitas (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Rosilda de Freitas
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso proferido da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Internacional da Mulher e a homenagear as mulheres chefes de família, as mulheres negras, as mulheres vítimas de violência doméstica durante a pandemia e as mulheres que atuam diretamente no combate à pandemia do Covid-19.
Publicação
Publicação no DSF de 09/03/2021 - Página 12
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, DESTINAÇÃO, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MULHER, HOMENAGEM, CHEFE, FAMILIA, NEGRO, VITIMA, VIOLENCIA DOMESTICA, ATUAÇÃO, ATIVIDADE PROFISSIONAL, COMBATE, NOVO CORONAVIRUS (COVID-19), PANDEMIA.

    A SRA. PRESIDENTE (Rose de Freitas. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - ES. Para discursar - Presidente.) – Muito obrigada.

    Eu gostaria de lembrar aos nossos colegas e às nossas colegas que esta sessão é uma sessão diferenciada. Aqui nós iremos homenagear mulheres que estão à frente nessa luta contra a pandemia; mulheres que se destacam no Brasil e, muitas vezes, que nem se destacam, mas que tiveram papel e têm papel importante e que merecem ser lembradas aqui, no campo da ciência, no campo do atendimento humanitário e no combate à pandemia.

    Eu queria, antes de mais nada, dizer que as minhas duas homenageadas, três homenageadas, aliás, serão a Zeni Bueno Pereira, Técnica de Enfermagem, que atuava na linha de frente do combate ao coronavírus e que, senhoras e senhores, infelizmente, faleceu no dia 27 de fevereiro, em Itapema, Santa Catarina, na lista de espera. Zeni, dedicada e suadamente, noite e dia, no combate ao coronavírus, assistindo às pessoas, todas elas, com a maior dedicação, morreu, no dia 27 de fevereiro, na lista de espera por um leito de UTI. Ela tinha 53 anos. Deixou dois filhos, de 22 e 15 anos. Zeni tocou o coração de todas as pessoas com o seu exemplo de dedicação e de amor ao trabalho. Não era justo, mas ela faleceu à espera de cuidados médicos, como ela deu tantas vezes, à espera de alguém que poderia ter-lhe salvado a vida, de um leito.

    A outra pessoa que eu gostaria de homenagear é Margareth Dalcolmo. Quem no Brasil não conhece essa pneumologista, essa professora, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Margareth é uma mulher sem medo. Desde o início da pandemia, ela tem desempenhado relevante papel de sensibilizar a população, trazer as informações, falar sobre a importância da adoção de uso de máscaras, distanciamento social, de estratégias que ela cobrou, e insistentemente cobra, do Governo no combate ao coronavírus.

    Margareth defende a ciência e merece a nossa homenagem. A história da luta das mulheres por melhores condições de vida e de trabalho encontra nela uma identidade absoluta. Uma mulher que estudou, nasceu em Colatina, cursou a Emescam, foi para o Rio de Janeiro, é um destaque importante no nosso País. Na sua humildade, ela não faz questão de holofotes, ela não faz questão de honrarias; ela faz questão apenas de cumprir o seu juramento médico, o que aprendeu a colocar a serviço da ciência e do povo brasileiro.

    Então, eu queria homenagear essas mulheres e, por fim, homenagear, tristemente, a Luana. Luana é uma pessoa, uma moça, uma jovem de 25 anos que foi esfaqueada várias vezes pelo ex-marido, ex-companheiro, Rodrigo Pires. Rodrigo achou que tinha o direito – porque Luana queria seguir um caminho, procurar seu destino, a felicidade – de interromper a vida dela.

    E isso quem fala é a autora do projeto de feminicídio que torna imprescritível, Paim, o crime de feminicídio e que está, até hoje, na Câmara. Como é que um político acha que esse projeto pode esperar? As estatísticas estão mostrando: matam-se mulheres a cada minuto neste País. Mulheres que, com a autonomia das suas vidas, querem procurar um caminho, querem ter liberdade, querem se distanciar do seu algoz, e não têm direito.

    Portanto, eu vou aqui homenagear também uma jovem de 25 anos que perdeu a sua vida. Poderia ser uma Margareth Dalcomo, poderia ser uma Zeni, mas que, apenas pelo direito de poder expor o seu pensamento, por procurar a sua liberdade, perdeu a sua vida.

    Ao citar essas três mulheres, eu quero homenagear todas as mulheres do nosso País e dizer que temos muito o que fazer. Nós, mulheres, sabemos da importância de acabar com essa discriminação de gênero, acabar com a humilhação. Por isso, nós festejamos quando encontramos um companheiro como o Presidente desta Casa, disposto, aperfeiçoando os nossos instrumentos de luta para que possamos avançar.

    É isso o que eu queria dizer.

    Hoje não conseguiremos fazer distribuição de rosas, não conseguiremos fazer discursos alegres, não conseguiremos comemorar, mas apenas relembrar que a luta contra a pandemia tem que ser uma bandeira, sobretudo da mulher, para que possamos dizer que este Brasil não pode ficar indiferente e não pode permitir que o Presidente da República fique indiferente e que olvide aquilo que a população brasileira está dizendo e que o mundo está falando, colocando-nos na situação em que estamos hoje, envergonhados diante do mundo.

    Por isso, eu quero abraçar as minhas companheiras virtualmente, todas elas: as serventes da Casa, as secretárias, as advogadas, as professoras, as médicas e dizer que nós estamos integralmente, de corpo e alma. Eu posso esquecer qualquer coisa na minha vida, mas eu não posso esquecer a minha condição de mulher, com a qual eu vim ao mundo, filha de uma mulher, mãe de uma mulher e avó de uma mulher. Nós temos que estar nos lembrando sempre disso. A história nos trouxe até aqui desse tamanho, dessa forma. Portanto, nós vamos hoje comemorar o Dia da Mulher, lembrando os outros desafios que nós temos pela frente.

    Eu me sinto muito honrada em estar aqui ajudando a coordenar esta sessão e quero dizer que nós deveremos nos revezar.

    A palavra está franqueada para as mulheres, mas, sobretudo, eu quero dizer que os homens serão muito bem-vindos aqui nesta sessão para conversar conosco, para partilhar conosco este momento. Se ele não é integralmente de júbilo, ele é pelo menos de reconhecimento de que a luta está aí e que ela continua.

    Eu quero, em seguida, ceder a palavra à Senadora Zenaide Maia; em seguida, à Nilda Gondim; em seguida, à Daniella Ribeiro; em seguida, à Simone Tebet; em seguida, ao Senador Paulo Paim.

    Há outras inscrições ainda, com vários Senadores: Esperidião Amin, Adriano Contarato, Paulo Rocha, Fernando Bezerra, Humberto Costa e tantos quantos ainda se inscreverem para se pronunciar.

    Com a palavra a Senadora Zenaide Maia, pelo prazo de 5 minutos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/03/2021 - Página 12