Discurso durante a 12ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Internacional da Mulher e a homenagear as mulheres chefes de família, as mulheres negras, as mulheres vítimas de violência doméstica durante a pandemia e as mulheres que atuam diretamente no combate à pandemia do Covid-19.

Autor
Paulo Rocha (PT - Partido dos Trabalhadores/PA)
Nome completo: Paulo Roberto Galvão da Rocha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Internacional da Mulher e a homenagear as mulheres chefes de família, as mulheres negras, as mulheres vítimas de violência doméstica durante a pandemia e as mulheres que atuam diretamente no combate à pandemia do Covid-19.
Publicação
Publicação no DSF de 09/03/2021 - Página 28
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, DESTINAÇÃO, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MULHER, HOMENAGEM, CHEFE, FAMILIA, NEGRO, VITIMA, VIOLENCIA DOMESTICA, ATUAÇÃO, ATIVIDADE PROFISSIONAL, COMBATE, NOVO CORONAVIRUS (COVID-19), PANDEMIA.

    O SR. PAULO ROCHA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PA. Para discursar.) – Salve, Rose!

    A SRA. PRESIDENTE (Rose de Freitas. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - ES) – Oi, Senador.

    O SR. PAULO ROCHA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PA) – Rose, não vou falar da nossa relação, que é bastante antiga, senão vai criar ciúmes para quem está mandando beijos para você, mas, em seu nome, eu quero falar para todas as suas colegas e companheiras nossas de atuação no Senado Federal.

    Eu preparei, aqui, um discurso cheio de dados, de números etc., mas eu vou deixar de lado, até porque outras companheiras, principalmente, já falaram sobre esses números, sobre esses índices contra a mulher.

    Vou abrir aqui o meu coração e vou falar do que estou sentindo neste momento ou senti em toda a minha vida no que diz respeito à mulher, desde criancinha.

    Claro que a luta das mulheres começou – e este dia é simbólico – a partir da luta das mulheres principalmente para terem os direitos equiparados aos dos homens. Inicialmente, foi essa a luta, que se remetia a reivindicações de igualdade salarial, enfim. Hoje avançou e simboliza a luta contra as demais desigualdades promovidas pelo machismo, pela violência e pelo chamado poder dos homens.

    Eu queria falar deste dia, embora a gente lute historicamente por ele todos os anos, referindo-me, especificamente, ao que estamos vivendo neste País, trazendo para nós a tarefa dos chamados representantes do povo, o que aumenta a nossa responsabilidade mais ainda, porque nós representamos também o País, a chamada Federação.

    O momento que estamos vivendo no País é grave, muito difícil para o nosso País. O nosso País viveu poucos momentos como estes. A pandemia aprofundou os problemas estruturais da nossa sociedade, escancarou as desigualdades de raça, mas, principalmente, as de gênero, no nosso País.

    Naturalmente, as mulheres são as que estão sofrendo mais, todas as mulheres, mas, principalmente, as negras, a ponto de que todos aqueles que são responsáveis pela história, pela luta dos povos, pela luta dos trabalhadores, das mulheres, sintam-se irmanados nesses dias. Vejam quem está aqui processando este debate, esta discussão.

    Eu tenho o maior orgulho, vocês não sabem quanto orgulho eu tenho de viver, de fazer minha atividade política no Senado Federal, principalmente com homens e mulheres do nível destes que estão aqui exercendo este mandato; mas me orgulha muito, muito mais as mulheres com quem eu estou convivendo: a Rose, desde lá da Câmara Federal, desde o momento Constituinte, pós–Constituinte, e até agora. Eu acho que desse tempo aí tem nós dois, o Paim e o Esperidião, que, ombro a ombro, estamos juntos aí, nesses momentos difíceis que a gente tem vivido aqui no Congresso Nacional do nosso País. Mas este momento, realmente, é muito mais difícil, está sendo muito mais difícil.

    Sem dúvida nenhuma nos fortalece ver mulheres lutadoras aqui do nosso lado, juntos, para a gente enfrentar essa dificuldade. E, sem dúvida nenhuma, Rose, você representa, assim como todas as suas colegas, Zenaide, Leila, embora chegando novinha no pedaço, mas com toda essa experiência da vivência na luta do esporte; Zenaide; Simone Tebet; agora chega também uma nova aqui no pedaço, a Nilda, está chegando; a Daniella...

    Enfim, não sei se vocês sentem o carinho que alguns de nós devotamos a vocês; ou, se não percebem o carinho, mas o respeito, porque mesmo vocês sendo minoria, vocês fazem a diferença, e às vezes, ajudam a apontar o melhor caminho; ou na maioria das vezes.

    Então, eu queria dedicar este dia, esta nossa sessão em homenagem principalmente a essas mulheres que estão sofrendo, neste momento, o enfrentamento da dificuldade, das crises que está vivendo o nosso País. Como se não bastasse, nós estamos sendo dirigidos por um homem que faz questão de reafirmar a sua misoginia, os seus preconceitos, os seus poderes, não é? Esses são os desafios que estão colocados para nós.

    Então, queria homenageá-las, todas as nossas Senadoras, mas também aquelas que estão no front da luta, as mulheres médicas, enfermeiras, profissionais da saúde, os ajudantes, as ajudantes delas dentro das clínicas, dentro dos hospitais, as mulheres que estão na limpeza das ruas, as mulheres que estão na roça tentando continuar a produzir alimentos para a nossa população. Eu vejo aqui nas feiras, essas feiras livres que rodam as nossas quadras, aos sábados, na nossa quadra da 309, que a maioria das pessoas que vendem os produtos de primeira necessidade são mulheres – podem verificar aí –, mulheres que além de plantar lá na roça vêm também vender aqui para poder ganhar o seu chamado ganha-pão de cada dia. Essas mulheres merecem as nossas homenagens, tanto quanto as outras que lutam historicamente pelo respeito à mulher.

    E, por fim, eu tenho razões de ter essa sensibilidade, principalmente esse respeito... E eu queria terminar a minha homenagem citando a minha mãe. Minha mãe teve 17 filhos. A Rose sabe dessa história. Mulher pobre, do interior. Ela e meu pai não tinham condições de sustentar um filho. E eu fui o primeiro. Vejam as mulheres que são mães, que ela teve os 17 filhos, todos com parto normal, lá no interior, como se dizia, pegado por parteiras. Eu via a dificuldade da minha mãe já desde pequeno. E desde os oito anos, eu ajudei, primeiro, na roça; depois, como operário gráfico, mas ajudava também a cuidar dos outros irmãos. São 12 homens e cinco mulheres. Na verdade, para alguns, principalmente para as mulheres, que vieram depois, eu seria mais o pai, porque elas vieram morar comigo, desde novinhas, desde crianças. Houve uma que hoje é doutora, ela veio morar comigo com oito meses de idade. Então, foi isso que a minha mãe me oportunizou, não só respeitar a mulher, mas também ver as dificuldades que tem uma mulher durante a vida para cuidar dos filhos, do marido, ou cuidar do seu trabalho. E agora, vocês, Senadoras, cuidarem da autêntica representação política da sociedade brasileira.

    Eu queria homenagear todas as mulheres com o respeito devido, mas principalmente minha mãe, que me ensinou a respeitar todas as mulheres, independentemente de posição econômica, posição social, cor, raça. Com isso, eu queria dizer que amo todas vocês, todas as 12, com carinho, com respeito... E respeito a determinação que vocês têm.

    Muito obrigado, Presidenta.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/03/2021 - Página 28