Discurso durante a 12ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Internacional da Mulher e a homenagear as mulheres chefes de família, as mulheres negras, as mulheres vítimas de violência doméstica durante a pandemia e as mulheres que atuam diretamente no combate à pandemia do Covid-19.

Autor
Wellington Fagundes (PL - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Wellington Antonio Fagundes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Internacional da Mulher e a homenagear as mulheres chefes de família, as mulheres negras, as mulheres vítimas de violência doméstica durante a pandemia e as mulheres que atuam diretamente no combate à pandemia do Covid-19.
Publicação
Publicação no DSF de 09/03/2021 - Página 32
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, DESTINAÇÃO, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MULHER, HOMENAGEM, CHEFE, FAMILIA, NEGRO, VITIMA, VIOLENCIA DOMESTICA, ATUAÇÃO, ATIVIDADE PROFISSIONAL, COMBATE, NOVO CORONAVIRUS (COVID-19), PANDEMIA.

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - MT. Para discursar.) – Senadora Leila, na sua pessoa eu gostaria de cumprimentar tantas mulheres neste Brasil e a Senadora Rose, que não está mais, mas foi a proponente. Eu fui vizinho de apartamento da Senadora Rose ainda na Câmara dos Deputados, acho que por mais de 20 anos. Portanto eu, a minha família e meus filhos tivemos sempre uma grande amizade.

    Eu quero cumprimentar também a Senadora Nilda Gondim, que aqui está conosco, e também a todas as Senadoras, a Eliziane, que já passou por aqui.

    Mas eu preciso cumprimentar mais mulheres. Eu tenho que citar aqui a minha querida esposa, Mariene Fagundes, com quem vivo há mais 40 anos – temos dois filhos –, uma grande parceira, uma pessoa que me estimula nos momentos de dificuldade com a sua ternura, com a sua sapiência mineira, que sempre sabe a hora de falar. Eu acho que foi uma mãe exemplar porque cuidou sempre dos filhos e agora dos netos – tenho dois netinhos – de uma forma toda especial. E até os cachorrinhos também que ela tem atende como se fossem uma criança. Então, é muita sensibilidade.

    Quero cumprimentar a minha única cunhada, a Dra. Mariana Fagundes; e também a minha sogra, por quem eu tenho um grande carinho também. Muitos falam de sogra, às vezes, em forma de brincadeira, mas a sogra para mim é minha sogrona – e ela me chama de meu genrão também. Então, a Dona Almerita – que também esteve na UTI mais de cem dias, está na cadeira de rodas, contraiu a Covid, mas felizmente sem sintomas – essa semana já tomou a vacina. É uma graça divina.

    Na pessoa delas, eu queria cumprimentar também as minhas irmãs – tenho cinco irmãs: a mais velha é freira franciscana, a Irmã Euiranydes, a Elenita, a Lourdes, a Cirani e a Clotildes, a mais nova, todas Fagundes.

    Então, na pessoa das minhas irmãs, eu quero cumprimentar todos os profissionais da educação, porque as cinco irmãs, todas elas, são professoras. Essa é uma área a que a mulher tem uma dedicação especial, através do magistério, através da educação, como professoras universitárias.

    E aí eu quero cumprimentar também mais duas mulheres da minha cidade: a Analy Polizel, e a Marilia Nardes. A Analy Polizel é a Reitora da Universidade Federal de Rondonópolis, que acabamos de criar; e a Marilia Nardes, a Vice-Reitora – ela é prima do Ministro Nardes, do Tribunal de Contas. Então, a nossa nova universidade já nasce com a força da mulher.

    E eu tenho certeza de que elas, com muita fé...

    Chegou a Rose. Oi, Rose. Felicidade em estar te vendo aí.

    Então, a nossa nova universidade cria-se com toda a força, e é um trabalho que elas inclusive fizeram como se fossem criar um filho, mas mais do que criar: gestar um filho. Então, todo esse trabalho foi feito pela Analy e pela Marilia.

    Então, eu parabenizo também essas duas professoras e, nas pessoas delas, todos os profissionais de educação.

    Presidenta – Presidentas, não é? –, nós estamos aqui. Você representa tanto a força da mulher no esporte, Leila. Você orgulhou tanto os brasileiros nas quadras e orgulha todos nós sendo uma das Senadoras mais competentes.

    A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - DF) – Obrigada, Senador.

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - MT) – E, olha, já chegou chegando, tanto é que, logo de cara, apresentou um projeto de lei que foi aprovado, projeto de alta representação. Portanto, a sua luta demonstra também a competência e a capacidade da mulher.

    A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - DF) – Obrigada.

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - MT) – Eu tenho aqui um pronunciamento para ser lido, mas eu não posso deixar de me lembrar da raiz do meu Estado, o Estado do Mato Grosso.

    Nós tivemos a primeira capital brasileira, projetada em Portugal, para manter a costa fluvial brasileira, que foi Vila Bela da Santíssima Trindade. Essa cidade, então, foi projetada em Portugal e construída pela força do homem e da mulher negra brasileira, os escravos que para cá vieram.

    Vila Bela da Santíssima Trindade foi tomada como um reinado por uma mulher que reinou nessa cidade por 40 anos: Tereza de Benguela, uma negra que foi, inclusive, tema da Beija-Flor, de Joãozinho Beija-Flor, dada a força, a raça e a dureza também, porque, para reinar por 40 anos, tinha que ter força, firmeza.

    É que mulher, às vezes, se parece: "Ah, ela é muito frágil...". Muito pelo contrário, as mulheres mostram a sua força desde agora, de ter uma criança...

    E eu sempre faço questão, Leila, quando vou entregar nos conjuntos habitacionais a chave da casa, de entregar na mão da mulher, porque só a mulher tem a capacidade divina de gerar um filho e ela sabe o quanto isso representa para a solidez da família. Então, é mais uma homenagem que eu gostaria aqui de fazer neste Dia Internacional da Mulher.

    Eu quero destacar especialmente o papel que elas estão desempenhando neste período de pandemia, cuidando da orientação de sua família, sempre atentas às medidas de proteção, cuidados que cabem a todos nós, cidadãos, mas que contam com esse reforço fundamental das mulheres. Elas estão sempre mais atentas às questões da saúde, tanto que são as que mais demandam o Sistema Único de Saúde.

    Quero aqui homenageá-las nas pessoas das profissionais que atuam na linha de frente no combate à Covid-19, que estão nos hospitais e em outras unidades de saúde dedicando-se incansavelmente a salvar vidas e a vencer esse inimigo que ameaça a todos nós.

    As mulheres, Senadora Leila, representam 70% de todos os profissionais de saúde e, além de atuarem nas unidades de saúde, também têm demonstrado papel fundamental nas pesquisas e, mais do que nunca, merecem as nossas homenagens. Aliás, 50% da população são mulheres e os outros 50% são filhos de mulheres, então a mulher está presente em tudo.

    Por isso, quero aqui lembrar que o documento elaborado pela ONU Mulheres mostra que as mulheres são essenciais na luta contra a pandemia, como socorristas, profissionais de saúde, voluntárias da comunidade e prestadoras de cuidados. Elas estão na linha de frente da resposta à pandemia, assumindo, assim, os custos físicos e emocionais, além de um maior risco de infecção em resposta à crise. E, por estarem à frente de tantas atividades, correm mais risco de exposição à doença, tanto que uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais mostra que a pandemia atinge majoritariamente pacientes do sexo feminino, com média de idade de 44 anos, mas são os homens que mais vão à óbito por causa da doença. Isso por quê? Porque também procuram os hospitais quando já estão em condições de mais gravidade.

    Além de estarem mais expostas ao vírus, também estão sujeitas ao estresse, ansiedade e depressão como consequência da sobrecarga de trabalho e do distanciamento social.

    Só pra citar, Senadora Leila, um exemplo: é principalmente sobre elas que recai a decisão do fechamento das escolas e das áreas de lazer para os filhos, tendo que conciliar, em grande parte dos casos, o trabalho doméstico, a educação dos filhos e o teletrabalho.

    Há que se notar também o crescimento dos casos de violência doméstica, devido ao aumento das tensões em casa e à convivência mais prolongada e forçada com o seu agressor.

    As mulheres também foram diretamente impactadas pela redução da atividade econômica, já que elas são a maioria do trabalho informal e, assim, perderam seus meios de sobrevivência e de sustento.

    Por isso, quero aqui registrar que, somente no trabalho doméstico informal, elas representam 77% e, de acordo com a Cepal, Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe... Isso aqui é pesquisa que demonstra a força do trabalho da mulher e a confiança que nós, a família, nela depositamos, principalmente ao cuidar dos filhos.

    Elas também ocupam a maioria das vagas no setor de serviços diretamente afetados pela pandemia, como é o caso de hotelaria, alimentação, salão de beleza e outras tantas profissões. São atividades que foram fortemente afetadas pelo isolamento social. Muitas, muitas, milhares, milhões perderam sua autonomia econômica. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, 8,5 milhões de mulheres haviam perdido o emprego no terceiro trimestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano anterior.

    Diante de todo esse quadro, Senadora Leila, acredito que devemos ter uma atenção especial para a situação da mulher na pandemia, formulando programas sociais e de saúde que atendam a esse público. Nisso incluo o auxílio emergencial, cujas condições fiscais para que seja retomado aprovamos agora, na semana passada aqui, no Senado da República – V. Exas., todas as mulheres, estavam lá presentes, cobrando para que pudéssemos aprovar esse projeto. Portanto, a luta que travam hoje, neste tempo de pandemia, quiçá seja tão grande e desafiadora como os movimentos que deram origem à data que hoje comemoramos, sempre marcada por uma luta em favor do respeito e da igualdade.

    Como Relator da Comissão temporária da Covid-19, que instalamos hoje, Senadora Leila, e que foi criada recentemente pelo Senado Federal para o acompanhamento de ações de enfrentamento ao vírus, quero contar com a imprescindível contribuição de todas, de todos, mas de todas em especial, sobretudo de vocês, Senadoras, bem como da sociedade em geral para esta questão.

    Para encerrar, Sra. Presidente, eu gostaria de anunciar que apresentei nesta Casa, na semana passada, um projeto de lei visando alterar o Código Eleitoral de forma a estabelecer a reserva de ao menos 30% das cadeiras de Deputado Federal, de Deputado Estadual, de Deputado Distrital e de Vereador para as mulheres – 30% para as mulheres –, reservando, assim, as vagas não das candidaturas, mas do Parlamento. E ainda, quando da renovação no Senado de dois terços, também uma vaga seria para a candidatura de mulheres.

    Como sabemos, cerca de 52% da população brasileira são formados por mulheres. No entanto, sua representação na política ainda é muito pequena. Após as eleições de 2018, esse número aumentou, mas é ainda muito baixo. São 12% das vagas na Câmara dos Deputados e perto de 13% no Senado – portanto, V. Exas. são heroínas que estão na representação feminina no Senado da República. A mulher, de fato, escolhe onde deve estar, sem dúvida, mas vou lutar para oferecer condições para que a escolha seja estar também na política, nos ajudando a construir um Brasil mais justo e mais solidário, como é próprio da mulher. Que possamos avançar nesse sentido!

    Concluindo, Sra. Presidente, no Brasil, segundo a minha esposa Mariene, nas palestras que ela faz, a mulher hoje, com a mesma jornada de trabalho, com a mesma competência, ganha muito menos que os homens. E, se nós não criarmos condições especiais para abrir espaço para as mulheres, ainda vamos demorar 200 anos para alcançar essa condição de igualdade e de reconhecimento.

    Então, é um trabalho que todos nós temos que fazer. Aliás, todos nós, homens sensíveis, temos também o nosso lado feminino, de que não podemos nos esquecer jamais. Afinal de contas, somos filhos de mulheres, criados por mulheres.

    Então, parabéns a todas as lutadoras, como a Senadora Rose, a Senadora Leila, a Senadora Eliziane e todas que estão conosco aqui na labuta do dia a dia e também presentes no Congresso Nacional não só votando, mas trazendo orientação para que todos nós possamos ter sensibilidade humana, principalmente no sentido de atender aqueles que mais precisam.

    Parabéns! Felicidades! Cumprimento as mulheres pela beleza, pela ternura e pela pureza também!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/03/2021 - Página 32