Interpelação a convidado durante a 16ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal

Sessão de Debates Temáticos destinada a debater o uso de tratamento profilático no combate à Covid-19.

Autor
Marcos do Val (PODEMOS - Podemos/ES)
Nome completo: Marcos Ribeiro do Val
Casa
Senado Federal
Tipo
Interpelação a convidado
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Sessão de Debates Temáticos destinada a debater o uso de tratamento profilático no combate à Covid-19.
Publicação
Publicação no DSF de 16/03/2021 - Página 39
Assunto
Outros > SAUDE
Indexação
  • SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, DESTINAÇÃO, DISCUSSÃO, UTILIZAÇÃO, TRATAMENTO, PREVENÇÃO, COMBATE, PANDEMIA, NOVO CORONAVIRUS (COVID-19).

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - ES. Para interpelar convidado.) – Boa tarde a todos.

    Obrigado, Senador Girão, que está presidindo esta sessão temática; quero agradecer a todos os participantes e, em especial, aos meus convidados que, brilhantemente, colocaram as suas posições.

    Bom, eu vou falar de forma bem rápida sobre um pouquinho da minha experiência. No ano passado, eu fui contaminado e tornei público, logo em seguida, que eu estava tomando a hidroxicloroquina, a azitromicina e a ivermectina. Quando eu tornei isso público, eu recebi uma quantidade enorme de solicitações para que isso se tornasse uma grande bandeira, inclusive de médicos que são favoráveis, mesmo vendo até hoje uma campanha ferrenha da imprensa contrária a isso. Isso, 12 meses atrás ou dez meses atrás.

    Mas isso me fez lembrar quando eu praticava uma arte marcial, e, na época, os meus professores, todos japoneses, trouxeram para o Brasil a acupuntura. E aí eu lembro que, na época, havia um debate em que se dizia que a associação médica estava dizendo que não funcionava a acupuntura, que era coisa de charlatanismo e tal. E eu lembro que depois foi validado, foi comprovada a acupuntura e depois disseram que só médico poderia aplicar a acupuntura. Isso eu vivenciei junto com a comunidade japonesa, aqui no Brasil.

    Então, eu queria dizer que, como temos uma parte dos médicos que são contrários, nós temos uma grande parte – eu considero até que é a grande maioria – dos médicos favoráveis ao tratamento precoce.

    Eu tenho uma família médica: meu pai é médico, tenho tios médicos, primos médicos, todo mundo na área da Medicina, e todos, todos são favoráveis ao tratamento precoce. Inclusive, minha mãe foi contaminada, e ela é idosa, cardíaca, e eu fiquei muito preocupado com a possibilidade, porque era a nova cepa, de ela realmente perder a vida – ela estava com quase 80 anos –, e ela passou bem, porque fez o tratamento precoce, e foi o meu cunhado, que é cardiologista, médico, que acompanhou o tratamento dela.

    Bom, a minha experiência: então, quando eu fui levantar essa bandeira, eu deixei muito claro para todo mundo que eu não iria levantar bandeira partidária nem ideológica. E eu ficava muito triste de ver amigos meus, dentro do Senado, dizendo que quem estava encabeçando isso ou que qualquer gestor público que estivesse à frente disso era um charlatão – e pessoas, Senadores que nem médicos são dizendo isso.

    Bom, eu fiquei muito triste na época, porque estavam ceifando, tirando a possibilidade de pessoas estarem curadas ou, até melhor ainda, nem serem contaminadas ao ponto de precisarem de internação.

    Mas o que, na época, eu questionava muito é porque cabe ao Município o tratamento básico, o tratamento principal, e os Estados começaram a dizer que "não, vocês não vão cuidar dos pacientes. Vocês vão esperar eles agravarem e, quando agravarem, eles vêm para o Estado, para o hospital do Estado". Basicamente, foi essa a ação por todos os Estados, tirando dos Municípios a função deles, que é o primeiro tratamento, o tratamento básico.

    Bom, eu fiz um movimento, deixando clara a minha posição apartidária, se era a favor de Presidente ou contra Presidente – eu achava e ainda acho um absurdo a gente, numa pandemia como esta, ainda politizar um tratamento –, e eu tive uma base muito grande, com a Doutora Nise Yamaguchi e a equipe toda me dando suporte.

    Nós montamos um grupo de médicos favoráveis ao tratamento. Nesse grupo, todos debatiam, conversavam e davam as suas experiências de onde eles estavam trabalhando, em seus Municípios, seus Estados, dando as suas experiências...

    Depois eu montei outro grupo. É claro que eu tentei junto com o Governador, e o Secretário de Saúde do meu Estado era muito resistente, mas eu fui quebrando um pouquinho essa resistência, pois ele tinha determinado a proibição da hidroxicloroquina. Conseguimos fazer com que ele pudesse, ao menos, deixar a decisão da utilização a cargo do próprio médico. Então, o médico é que iria dizer se era para usar ou não, e não o Secretário de Saúde e não o Governador. Ninguém, apenas o médico formado.

    Fizemos esse grupo – e se puder dar mais um minutinho –, que funcionou muito bem – esse grupo de médicos –, e depois eu formei um grupo de secretários municipais de saúde.

    Nós temos 78 Municípios aqui no Espírito Santo. Conseguimos a adesão de todos, de todos. Eu deixei claro: "Quero um grupo apartidário, que não era um grupo para poder conversar ou discutir política ou o que o Presidente decidiu ou apoiou, absolutamente nada, ou que o Governador se posicionou assim ou assado. Era só um movimento de união dos médicos favoráveis, em esclarecimento aos secretários municipais.

    Todos começaram a fazer movimento favorável ao tratamento precoce. Eu até acredito que nós conseguimos fazer o Espírito Santo ser o único Estado que não colapsou, inclusive recebendo pacientes do Amazonas, de Rondônia e até de Santa Catarina. Nós passamos a ser um Estado acolhedor. Não colapsamos.

    A sociedade capixaba aderiu ao tratamento precoce – é claro que com algumas exceções –, mas eu atribuo muito a esse movimento apartidário e deixei muito claro que era um movimento dos médicos com os secretários municipais de saúde.

    O meu movimento foi apenas unir, e deixei claro que eu não tinha nenhum interesse político. E toda vez que se tocavam em assuntos políticos, eu era muito incisivo e deixava claro que aquele local não era o local para debater absolutamente nada sobre partido ou ideologias.

    Então, acredito que isso ajudou e espero que este debate possa esclarecer. E a minha experiência, junto ao Espírito Santo, durante o ano anterior todo, eu acredito que gerou frutos, pois os nossos hospitais não estão...

    E, é claro, dando credibilidade ao Governador do Estado, que soube fazer uma boa gestão, e ao Secretário de Saúde, que também fez umas opções que eu considero louváveis. Mas, com a união de todo esse trabalho, nós conseguimos hoje fazer o Estado do Espírito Santo ainda estar num momento não desesperador.

    Então, agradeço a todos.

    À disposição.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/03/2021 - Página 39