Presidência durante a 120ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a homenagear as vítimas de acidente de trânsito no Brasil e conscientizar a população sobre a importância do trânsito seguro.

Autor
Fabiano Contarato (REDE - Rede Sustentabilidade/ES)
Nome completo: Fabiano Contarato
Casa
Senado Federal
Tipo
Presidência
Resumo por assunto
Homenagem:
  • Sessão Especial destinada a homenagear as vítimas de acidente de trânsito no Brasil e conscientizar a população sobre a importância do trânsito seguro.
Publicação
Publicação no DSF de 25/09/2021 - Página 24
Assunto
Honorífico > Homenagem
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, DESTINAÇÃO, HOMENAGEM, VITIMA, ACIDENTE DE TRANSITO, BRASIL, IMPORTANCIA, CONSCIENTIZAÇÃO, POPULAÇÃO, SEGURANÇA, ACIDENTE, TRANSITO, COMENTARIO, NECESSIDADE, AUXILIO.

    O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. PDT/CIDADANIA/REDE/REDE - ES) – Obrigado, minha querida Patrícia. Obrigado pela compreensão do equívoco que ocorreu aqui, mas você sabe que, além dessa sessão, nós vamos fazer uma audiência pública na Comissão de Educação e na Comissão de Direitos Humanos, de que eu sou Vice-Presidente. Lá nós vamos ter um tempo maior para ficar debatendo, discutindo e até mesmo saindo com proposições sobre o que a gente pode lutar em termos de legislação, em termos de resolução, de qualquer sugestão que possamos dar ao Contran, aos DETRANs dos Estados e do Distrito Federal, e sempre trabalhando nessa parceria para tentar reduzir essas perdas que são irreparáveis e que são evitáveis.

    Eu volto a falar: cada perda dessa é evitável, nós não podemos banalizar isso – nós não podemos banalizar isso! E aí a importância da Psicologia e da Medicina caminharem de mãos dadas. Todos sabem do projeto que eu sempre idealizei, que eu queria tanto que se tornasse um sonho para todo o País, um projeto humanizador com alunos de Psicologia e Serviço Social dentro do DML, para acolher as famílias naquele momento mais doloroso; alunos de Serviço Social para monitorar as famílias, se eles receberam pensão por morte, se as vítimas estão tendo fisioterapia, se estão tendo prótese, se estão tendo cadeira de rodas. Como se faz isso?

    Passou da hora de o Estado ter mais empatia e se colocar na dor do outro. Ele tem que cumprir o que está no art. 37 da Constituição Federal, que a administração pública é regida pelos princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência. Nós não podemos ver o Estado simplesmente de uma forma pragmática, nós temos que ver o Estado como acolhedor, como um Estado plural.

    Hoje eu entendo cada vez mais o que é local de fala. Por mais que fale aqui, eu não falaria com a sensibilidade de quem passa essa dor. Por mais que eu fale, por mais que eu tente, por mais que eu lute, por mais que eu tenha vivenciado, liberando vítimas fatais e vítimas de lesões corporais, dentro do Departamento Médico Legal no Estado do Espírito Santo, porque só quem passa isso, como diz a minha querida Renata e o Fernando, sabe disto, sabe o que é passar um Dia dos Pais, sabe o que é passar um Natal...

    Eu não me esqueço de um dos relatos que mais me comoveu na Delegacia de Trânsito, em que, num crime de trânsito, o motorista alcoolizado e sem habilitação matou duas filhas de uma mulher. Aquela mãe toda semana me ligava, toda semana me ligava! E vocês não têm noção de como é receber a fala daquela mãe para mim. Ela virava para mim e falava assim: "Doutor, eu vou encontrar minhas filhas e rezo para que esse dia chegue logo.". Olha, não tem dor para ouvir isso. E eu me sentindo impotente diante daquela situação. Daí eu vejo e quero falar para a Sra. Renata, Sr. Fernando, para todas as vítimas: tenham perseverança, tenham coragem, força, tenham fé em Deus, busquem apoio, busquem todos nós, cobrem dos políticos, cobrem do Estado, da União, do Município, para que, de alguma forma, a gente possa amenizar e suavizar. Eu sei que jamais, nada que nós fizermos vai trazer de volta o seu filho, a sua filha, mas, por favor, vamos continuar, vamos fazer disso uma grande corrente do bem em defesa da vida humana, para que não existam outras Amandas, para que não existam outros pais como o Sr. Fernando.

    Eu lembro que eu era muito exigente com essa coisa de beber e dirigir no Espírito Santo, e muita gente falava assim: "Por sua causa eu parei de dirigir depois que eu bebo". Aí eu falava assim: "Tudo bem, mas o que você está fazendo para mudar o seu comportamento local?" Porque às vezes a pessoa faz isso num churrasco, ela não está bebendo, ela foi de táxi ou de Uber, mas ela vê o melhor amigo saindo do churrasco numa situação deplorável e não faz nada, nenhum trabalho de intervenção ali, vê o seu tio saindo e não faz nada. Perdoe-me, mas isso é um comportamento egoísta, você só está visando ao seu lado. Você tem que se contaminar com essa grande corrente do bem em defesa da vida humana.

    Por esse motivo, eu peço perdão a todos que estão aqui, mas vou conceder a palavra aos dois pais que perderam vítimas no trânsito para fazer suas considerações finais, porque eles, melhor do que todos nós, sabem o que é a dor da perda, a dor da impunidade.

    Neste momento, concedo a palavra ao Sr. Fernando Alberto da Costa Diniz para fazer suas considerações.

    Muito obrigado, Sr. Fernando.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/09/2021 - Página 24