Presidência durante a 135ª Sessão Especial, no Senado Federal

Encerramento da Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Nacional da Vacinação.

Autor
Marcelo Castro (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Marcelo Costa e Castro
Casa
Senado Federal
Tipo
Presidência
Resumo por assunto
Data Comemorativa, Saúde Pública:
  • Encerramento da Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Nacional da Vacinação.
Publicação
Publicação no DSF de 20/10/2021 - Página 33
Assuntos
Honorífico > Data Comemorativa
Política Social > Saúde > Saúde Pública
Matérias referenciadas
Indexação
  • ENCERRAMENTO, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, DIA NACIONAL, VACINAÇÃO, SAUDE PUBLICA.
  • NECESSIDADE, CONSCIENTIZAÇÃO, POPULAÇÃO, IMPORTANCIA, VACINAÇÃO, ERRADICAÇÃO, NOVO CORONAVIRUS (COVID-19), PANDEMIA.

    O SR. PRESIDENTE (Marcelo Castro. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PI) – Nós é que agradecemos a V. Sa., Dr. Cláudio, e a todos os nossos convidados que nos honraram muito com as suas presenças e as suas contribuições.

    Aqui, enquanto os senhores e as senhoras falavam, eu me lembrava de Ruy Barbosa, que gostava de dizer que, fora da lei, não há salvação. Eu tenho vontade aqui de parafraseá-lo para dizer que, fora da ciência, não há salvação. Essa questão de querer resolver as coisas de maneira mágica, impulsiva, com subjetivismo, com crendices, com ideologia não dá certo com ciência.

    É claro que a gente sabe que a Medicina é ciência e é arte também a um só tempo, mas eu brinco às vezes com os colegas e digo que começou a Medicina muito mais arte do que ciência. Hoje, não; hoje a Medicina é quase que exclusivamente ciência. É claro que é arte também, mas a ciência é preponderante. E nós não podemos abrir mão disso daí.

    Então, acredito ser hoje um dia importante na vida, na história do nosso Senado. Todos nós aqui, unidos, os cientistas brasileiros, em nome de uma só causa: a defesa da ciência, a defesa das vacinas para salvar vidas. Esse é o objetivo que nos une hoje aqui nesta manhã, nesta sessão remota.

    E o nosso esforço de conscientização da população brasileira de que a vacinação é antes de tudo um ato coletivo. Quando a pessoa se vacina, ela se vacina para se proteger e para proteger o próximo. E aqui a gente ouve as pessoas às vezes dizendo: "Ah, eu me vacino se eu quiser; se eu morrer, a vida é minha". Eu já ouvi as pessoas dizendo isso. Não, senhor! Não é assim! Se você é um ermitão, se você mora numa ilha isolada e quer fazer o que quiser da sua vida, é problema seu e ninguém tem nada a ver com isso. Mas, se você vive em sociedade, você tem que se submeter às regras sociais de boa convivência, e ninguém tem o direito de não se vacinar e ser um agente transmissor de doença para os outros.

    Vamos, então, laçar essas pessoas, pegar no laço, na marra, derrubar no chão e vacinar? Não. Mas nós temos mecanismo para isso. Vamos exigir como os países, a maioria dos países, exigem: que, em ambientes fechados, em viagens aéreas, as pessoas exibam seu cartão de vacinação ou um atestado recente de que não estão contaminadas para poder não ser um agente transmissor de doenças para os outros. Então, a liberdade tem que ser preservada, mas todos nós temos que entender que a liberdade individual tem que estar submetida à liberdade coletiva.

    Quando estou dialogando com os colegas, às vezes eu digo: rapaz, imaginemos, sempre é invocado na Constituição o direito de ir e vir, que alguém pudesse ir numa fila indiana que só cabe uma pessoa. Você vai no sentido de lá, outra pessoa vem no sentido de cá: "Ah, mas eu tenho o direito de ir e vir. Eu vou". O outro também diz: "Eu tenho o direito de ir e vir" e vai. E aí? Um vai passar por cima do outro? Um vai matar o outro? Não pode ser assim. Chega uma hora em que tem que ter as regras, as normas do mundo civilizado. A civilização nos impôs isso e o nosso direito, a nossa liberdade evidentemente que vai até onde começa a liberdade dos outros.

    E nós vimos que há um movimento, realmente internacional, que, graças a Deus... Eu estive preocupado, Dr. Gonzalo Vecina, no início, que eu vi uma pesquisa do Datafolha, dizendo que 22% da população brasileira declaravam que não iriam se vacinar. E, quando perguntavam se tomariam a vacina chinesa – foi até o motivo de um pronunciamento meu –, esse percentual aumentava para mais de 50%. Olha, você imagina como a desinformação leva as pessoas a se posicionar de maneira equivocada.

    No pronunciamento que eu fiz, estava presente o Ministro da Saúde, à época, o Pazuello, eu digo: olha, que coisa sem lógica. As vacinas que nós temos aqui são a CoronaVac, cujo insumo vem da China e a AstraZeneca, vacina da Fiocruz, cujo insumo vem também da China. O nosso pessoal da Anvisa foi verificar as indústrias lá na China tanto da Sinovac quanto da AstraZeneca. Então, de um jeito ou do outro, nós vamos tomar vacina cujos insumos vêm da China, mas aquilo cria um preconceito e essas posições têm um efeito muito destruidor.

    Eu num debate, uma vez, com um colega que é médico e é político, ele falando assim, sem valorizar a vacina. Eu digo: companheiro, não diga uma coisa dessa. A responsabilidade que o homem público tem é muito grande, que um médico tem é muito grande. Eu disse pra ele na época: imaginemos que um astronauta chegue para mim e me dê uma informação, que, num momento de dificuldade, ele apertou o botão, ele fez isso, botou a velocidade a não sei quantos quilômetros por hora, que deu uma redução, que fez isso, fez aquilo, uma manobra... Eu vou dizer o que para o astronauta? Não vou dizer nada. Eu vou aceitar passivamente o que ele está dizendo. Eu não tenho elementos para contraditá-lo.

    Imaginemos a maioria da nossa população, chega um médico, conceituado, como V. Sas. todas conhecem, vai para a televisão e diz: "Não, não precisa de isolamento social. Isso é bobagem, pode andar na rua. Não precisa de máscara, não precisa de vacina". Disseram isso e isso repercute e as pessoas acreditam infelizmente.

    O G1 – eu assisti hoje por sinal – está fazendo um apanhado dessas histórias e saiu algumas. Eu gravei uma delas: uma senhora falando da sua mãe, que havia morrido, porque, quando pegou a covid, não queria ir ao médico: "Não, isso é uma besteira, isso é uma gripezinha. Essas pessoas e esses caixões que estão aparecendo na televisão aí, que estão dizendo, que estão simulando que estão enterrando gente... Não estão enterrando ninguém. Essa gripe não mata ninguém. Esses caixões aí só têm pedra!" Coitada. É influenciada, por quê? Porque as autoridades disseram isso. Ela acreditou nisso daí. Infelizmente veio a falecer.

    Então, o G1 está fazendo esse favor à população brasileira, relatando esses casos de pessoas que desacreditaram na ciência através de fake news, de informações, de desinformações e terminaram se prejudicando. Então, acredito que hoje é um dia importante.

    Para finalizar aqui, eu quero relatar uma pesquisa que eu vi nos Estados Unidos e eu queria saber... Eu sou psiquiatra, mas minha psiquiatria, Cláudio, não alcança a mente de uma pessoa que vê uma estatística como esta, que a gente viu, outro dia: nos Estados Unidos, 97% das pessoas que estavam internadas nos Estados Unidos, naquele dia, eram pessoas não vacinadas por covid e 99,5% das mortes que estavam acontecendo nos Estados Unidos, naquele dia, eram de pessoas não vacinadas – 99,5%! Como é que um ser humano racional vê uma coisa dessas e deixa de acreditar em vacina, meu Deus do céu?

    Infelizmente a gente tem que entender que o ser humano tem esse lado emotivo, instintivo, impulsivo, irracional e que vaiam até aqueles que acreditam na ciência.

    Quero relembrar aqui que o Trump, que é um negacionista de primeira linha, outro dia, num comício lá nos Estados Unidos, foi contar para os seus seguidores que havia se vacinado, que vacina é uma coisa boa e ele foi copiosamente vaiado. Quer dizer, até o Trump! (Risos.)

    Até o Trump, o símbolo máximo do negacionismo universal foi vaiado.

    Infelizmente, o ser humano tem esse lado irracional, esse lado místico que, evidentemente, que a gente luta para trazê-los ao momento, ao método científico. O Iluminismo já ficou para trás há muito tempo e nós temos que estar sempre caminhando no sentido de cada vez mais civilização. A marcha inexorável da civilização nos trouxe até o ponto a que nós chegamos.

    Acredito que nós cumprimos hoje bem o nosso trabalho. Eu quero agradecer aqui a todos que vieram hoje, neste dia, que eu reputo assim luminoso. Esse abraço forte com a ciência, a defesa da vacina, da lógica, da razão.

    É isso que tem que prevalecer no nosso espírito, nas nossas mentes, para que a gente possa caminhar sempre no sentido de melhorar, de aperfeiçoar e de trazer mais saúde para a nossa população.

    Então, cumprida a nossa finalidade de hoje, agradeço penhoradamente a todos e declaro encerrada a nossa sessão, que eu reputo muito proveitosa.

    Muito obrigado a todos.

(Levanta-se a sessão às 11 horas e 24 minutos.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/10/2021 - Página 33