Presidência durante a 166ª Sessão Especial, no Senado Federal

Encerramento da Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Nacional do Delegado de Polícia.

Autor
Marcos do Val (PODEMOS - Podemos/ES)
Nome completo: Marcos Ribeiro do Val
Casa
Senado Federal
Tipo
Presidência
Resumo por assunto
Data Comemorativa, Segurança Pública:
  • Encerramento da Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Nacional do Delegado de Polícia.
Publicação
Publicação no DSF de 04/12/2021 - Página 18
Assuntos
Honorífico > Data Comemorativa
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas > Segurança Pública
Matérias referenciadas
Indexação
  • ENCERRAMENTO, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, DIA NACIONAL, DELEGADO DE POLICIA.

    O SR. PRESIDENTE (Marcos do Val. Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - ES) – Agradeço a fala do Sr. Victor Cesar Carvalho dos Santos, que é o Superintendente da Polícia Federal do DF.

    Antes de encerrar, eu só queria fazer algumas colocações. Escutei atentamente as posições da carreira de vocês. Como alguns ou a grande maioria sabe, eu nunca fui político na minha vida, nunca fui nem síndico do meu prédio.

    Em 2017, houve uma grande greve da polícia no meu Estado, no Espírito Santo, e foi a primeira vez que a sociedade entendeu o que é falta de polícia nas ruas. Pela falta de polícia nas ruas, não se podia abrir nem hospitais, nem escolas, nem comércio. Então, tudo parou: a economia parou, a saúde parou, a educação parou. Infelizmente, vários policiais cometeram suicídio naquele ano. Quando você fala que policiais estão cometendo suicídio, é algo inacreditável, porque a função policial já é uma função que trabalha num cenário sempre muito caótico, muito perigoso para a própria vida, cobrança da família, saber que pode sair de casa para o trabalho, mas pode não mais voltar. Eu entendo e acompanho isso há 20 anos, não só no Brasil, mas em várias partes do mundo onde eu trabalhei.

    Muitos policiais de outros países, principalmente os dos Estados Unidos, diziam para mim que não teriam coragem de ser policiais no Brasil por todos os fatores, desde apoio da sociedade, salário, investimentos, equipamentos, legislação. Eles não conseguem entender tamanha dedicação dos senhores numa função tão desprestigiada pela sociedade.

    Então, em 2017, seguindo a demanda do meu Estado, pediram-me para eu me colocar à disposição para ser um candidato ao Senado. E muitos questionavam: "Por que ao Senado? Tem que começar como Vereador, Deputado Estadual, Deputado Federal, até chegar ao Senado, o Senado vem de sênior, de políticos experientes". Aqui os meus colegas são, na sua grande maioria, ex-Governadores, ex-ministros – ministro da defesa, ministro da segurança, ministro da saúde –, ex-Presidentes da República... Então, são esses perfis que se encontram aqui no Senado.

    E eu cheguei com aquela vontade de fazer diferente, de ser diferente, desprendido de qualquer acordo, porque muitos sabem, no meu Estado, que o Partido não investiu na minha campanha, graças a Deus. Eu fiz com recursos próprios, foi uma das campanhas ao Senado mais baratas da história e, por ter investido com investimentos próprios, a minha esposa falou que nunca queria ter se casado com um político e que era para eu decidir entre ser político ou estar casado com ela. Bom, o resultado está aqui, hoje eu sou político e divorciado dela.

    Quando a gente tem uma missão de vida que a gente sabe que ajudará muito mais onde nós estamos, em outras posições em que, automaticamente, quando a gente entra, a gente é taxado pela sociedade como aproveitador, como um funcionário público que quer aproveitar todos os benefícios e não quer, efetivamente, trabalhar para a sociedade... Meu pai, na época, dizia, meu pai, médico aposentado, dizia: "Meu filho, eu farei campanha contra você, eu não quero você lá, você vai perder os seus valores." E eu discuti com ele dizendo: "Ao contrário, meu pai, os valores que você me deu precisam estar lá."

    Hoje, eu não tenho dúvida de que o Senado Federal é a única Casa com capacidade de mudar o Brasil, mais do que um Presidente da República, porque, aqui, nós fiscalizamos o Presidente da República e liberamos o Orçamento para que o Presidente da República possa governar. Também é aqui que é passada a sabatina dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, e de outros que ocupam cargos importantes na Federação e passam por aqui. Passam em nossos gabinetes, para que possamos escutá-los, conhecê-los, para, então, depois, serem sabatinados. Recentemente, tivemos um caso especial em que se passaram mais de quatro meses para o Ministro entrar no Supremo Tribunal Federal. Então, eu não tenho dúvida de que é o Senado Federal a Casa que, realmente, fará diferença na mudança do Brasil.

    É muito triste, também, ver que, na Constituição, que é o nosso guia, o art. 144, que fala da segurança pública, é um dos menores artigos da Constituição e, todas as vezes que a gente propõe algo para a segurança pública, há um temor, realmente, há um temor do setor político.

    Graças a Deus, em 2018, entraram muitos novos, não eram novos Senadores que ocupavam outros cargos como Deputado Federal ou Estadual, Governador, enfim, e que vieram para cá. Pessoas com a minha característica, que nunca foram nada, entraram logo no Senado Federal, e a gente está conseguindo, claro, a curtos passos, até porque a democracia não tem a velocidade que nós gostaríamos, a gente precisa sempre dialogar com quem pensa o contrário, que foram eleitos por um grupo de brasileiros que pensam o contrário de nós, e a gente não pode radicalizar, a gente precisa dialogar, não compactuar com nada ilegal, ilícito ou imoral, mas fazer um mandato entendendo que a espinha dorsal para que a nossa Constituição possa ser exercida em plenitude é por meio da segurança pública.

    São empresas que vão investir no Brasil sabendo que é um país seguro; são famílias que vão morar em determinados locais porque têm a segurança de uma cidade segura, é um estrangeiro que vem morar aqui ou o próprio brasileiro que não quer mais sair do Brasil porque confia na instituição da polícia, principalmente na Polícia Federal, que tem nos representado com muito orgulho, com muita honra.

    Eu cheguei a escutar aqui, no Congresso, não nesta Casa, mas no Congresso, que há políticos que ficam desesperados quando dá cinco e meia ou seis horas da manhã com medo de a Polícia Federal bater à sua porta. Quando a gente escuta isso, chega a ser vergonhoso. E meu gabinete sempre esteve e sempre estará à disposição dos senhores, tanto da Polícia Federal quanto da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Polícia Rodoviária Federal e de tantas outras, porque eu entrei aqui com a missão de fazer a sociedade entender a importância da segurança pública, de as famílias terem vocês, como vejo em outros países, nos quadros na sala principal, tendo orgulho de, quando chega uma visita, dizer que um membro da família faz parte da segurança pública e se doa pelo seu Município, pelo seu Estado, pelo seu País.

    Peço que nunca desistam. Confesso que tem hora em que eu também tenho vontade de deixar a Casa, mas ninguém me obrigou a estar aqui. Eu não cheguei colocando a arma na cabeça de ninguém para ocupar a cadeira, nem ameaçando a vida de ninguém, mas cheguei porque a sociedade acreditou na possibilidade de mais um Senador ajudar nesse crescimento do País. Então, sempre que me pego com o desejo de sair, eu me lembro dos treinamentos que todos vivenciam, que a gente veio porque quis. Sabíamos que era pau e viemos porque quisemos. Sangue nos olhos e seguindo a missão. Claro que todo mundo tem esse momento de reflexão, mas, por saber que eu tenho uma filha de 15 anos – mesmo nascendo nos Estados Unidos, sendo americana, eu a tornei cidadã brasileira –, eu tenho lutado para deixar um Brasil melhor para ela, para que ela também possa não pensar em sair do Brasil, para que ela possa pensar em ficar aqui, e o trabalho de vocês é um complemento do que fazemos aqui.

    Eu gostaria de, em três anos de mandato que tenho, e ainda tenho mais cinco, quase seis, encerrar minha carreira política, porque eu não penso em projeto político nenhum, mas em voltar ao que eu exercia antes, e eu gostaria de ter deixado um legado, de ter deixado o País um pouco melhor, com a espinha dorsal sendo vocês, da carreira da segurança pública – eu não tenho dúvida, como eu falei inicialmente –, dando boas condições de vida, de trabalho, de salário. A pressão familiar vai ser menor e o desejo de cumprir a missão vai ser maior. E a gente precisa apoiar essa questão que vocês pontuaram muito aqui, da independência. Eu acredito que nós precisamos continuar essa caminhada de renovação – teremos eleições no ano que vem –, para botar pessoas comprometidas com isso, que não sintam medo da segurança pública, mas, pelo contrário, sintam-se aliadas da segurança pública, para que a gente possa um dia, num futuro próximo, chegar a esse resultado pelo qual vocês, através das instituições e também através das associações, federações, estão lutando.

    Eu quero finalizar deixando o meu gabinete, que fica no Anexo I, 18º andar – eu tenho mais quase seis anos de mandato –, eu quero que esse meu gabinete continue sendo a extensão do gabinete de vocês, das delegacias que os senhores ocupam, das superintendências que os senhores ocupam nos Estados, para que vocês possam se sentir representados aqui. E a cada dia eu tenho convencido outros Senadores a estarem comigo nessa caminhada, e aos poucos a gente tem conseguido isso. Mas, infelizmente, nem todos que estão no Parlamento sentem essa tranquilidade de se juntar à polícia, ainda mais à Polícia Federal.

    Eu sou contra o foro privilegiado de Senadores virarem refém do Supremo Tribunal Federal e não terem coragem de fazer pedido de impeachment de algum Ministro, porque têm medo que o seu processo, que talvez esteja tramitando lá, tenha velocidade e ele perca o seu mandato, a sua estabilidade, o seu foro. A gente tem que, de uma vez por todas, mudar essa página. E precisamos é disto: de acreditar, de estar aqui neste dia importante para sempre relembrar, não esquecer isso e mostrar aos senhores que não estão sozinhos nessa missão.

    Estou junto, estarei junto e que Deus nos proteja.

    Muito obrigado. (Palmas.)

    Cumprida a finalidade da sessão especial remota do Senado Federal, agradeço às personalidades que nos honraram com suas participações.

    Está encerrada a sessão.

    Muito obrigado.

(Levanta-se a sessão às 16 horas e 14 minutos.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/12/2021 - Página 18