Discurso durante a 172ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Lamento pelos atos cometidos contra jornalistas e cinegrafistas por seguranças e seguidores do Presidente Jair Bolsonaro, durante a visita presidencial à cidade baiana de Itamaraju. Alerta para a inclusão do País na zona vermelha do Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa, segundo relatório divulgado pela organização Repórteres sem Fronteiras. Apelo aos Poderes Legislativo e Judiciário por proteção à imprensa.

Autor
Jorge Kajuru (PODEMOS - Podemos/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atuação do Congresso Nacional, Atuação do Judiciário, Imprensa:
  • Lamento pelos atos cometidos contra jornalistas e cinegrafistas por seguranças e seguidores do Presidente Jair Bolsonaro, durante a visita presidencial à cidade baiana de Itamaraju. Alerta para a inclusão do País na zona vermelha do Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa, segundo relatório divulgado pela organização Repórteres sem Fronteiras. Apelo aos Poderes Legislativo e Judiciário por proteção à imprensa.
Publicação
Publicação no DSF de 15/12/2021 - Página 11
Assuntos
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Congresso Nacional
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Judiciário
Outros > Imprensa
Indexação
  • COMENTARIO, AGRESSÃO, JORNALISTA, SEGURANÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, JAIR BOLSONARO, VISITA, ITAMARAJU (BA), REGISTRO, INCLUSÃO, BRASIL, PREOCUPAÇÃO, LIBERDADE DE IMPRENSA, RELATORIO, DIVULGAÇÃO, ORGANIZAÇÃO CIVIL, SOLICITAÇÃO, LEGISLATIVO, JUDICIARIO, PROTEÇÃO, IMPRENSA.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - GO. Para discursar.) – Brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências, únicos patrões, aqui fala seu empregado público Jorge Kajuru, de volta à importante tribuna deste Senado Federal.

    A pauta hoje é, Presidente Rodrigo Pacheco, a classe dos jornalistas, e eu sei o quanto o senhor a respeita e ela também o admira. Aqui vejo dois representantes maiorais do jornalismo brasileiro: Lasier Martins, nosso certamente futuro Senador do Rio Grande do Sul por mais um merecido mandato, e Plínio Valério, que representa não só a Amazônia, como este Senado do bem.

    Como jornalista por mais de quatro décadas, eu não poderia deixar de lamentar fatos ocorridos domingo, no dia 12, na cidade baiana de Itamaraju: jornalistas e cinegrafistas de duas emissoras de TV foram agredidos por seguranças e seguidores do Presidente Bolsonaro, que visitava o Município castigado pelas chuvas. Um segurança chegou a aplicar o golpe conhecido como mata leão em uma jornalista. Outro profissional que tocou com o microfone no ombro de um segurança, ao erguer o microfone, teve o objeto arrancado da mão com violência, que foi devolvido só mais tarde. Na verdade, era para tentar ouvir o Presidente em cima de uma caminhonete. Ouviu de volta, aos gritos, uma ameaça: "Se bater de novo, vou enfiar a mão na tua cara". É como se existisse uma norma não escrita: profissionais da imprensa estão proibidos de se aproximar do Presidente. Cabe recordar que, no final de outubro, seguranças avançaram contra jornalistas para impedir que eles acompanhassem uma caminhada presidencial pelas ruas de Roma. Um repórter, como eu já disse, levou um soco.

    Não é por acaso que, no relatório divulgado no primeiro semestre pela organização Repórteres sem Fronteiras, o Brasil entrou, pela primeira vez, em 20 anos, na chamada zona vermelha do Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa. Estamos qualificados como um país em que é considerada difícil a situação para o trabalho dos jornalistas, a meu ver, um qualificativo suave, afinal, depois do México, o Brasil é o país da América Latina com mais profissionais da imprensa mortos na última década.

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - GO) – Não resta dúvida de que o trabalho da imprensa acabou dificultado depois que Jair Bolsonaro chegou à chefia do Executivo, com sua tresloucada missão de minar as instituições e enfraquecer a democracia, reconquistada após o golpe militar. Jair Messias critica sistematicamente os órgãos de imprensa e se mostra agressivo com jornalistas, o que é entendido por seus seguidores como estímulo a agressões, situação que pode se agravar durante a cobertura jornalística da corrida eleitoral do ano que vem.

    O Legislativo, Presidente Rodrigo Pacheco, não pode compactuar com selvagerias do Executivo, nem o Judiciário pode se omitir. A agressão à imprensa é agressão à Constituição.

    Aqui, termino, com meu apoio à minha classe, dizendo o seguinte, colegas e amigos que aqui estão, que não são colegas, são amigos Senadores: há quanto tempo o Brasil não tinha um Presidente da República que recusava dar entrevista coletiva? Ou seja, só dá entrevista em cercadinho ou algo pior do que aquilo ali. Não se pode perguntar a um Presidente da República com liberdade. É triste!

    Obrigado, Presidente Pacheco. Um grande agraço.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/12/2021 - Página 11