Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Discurso de posse de S. Exa. como Senador, primeiro Suplente do Senador António Anastasia, do Estado de Minas Gerais (MG). Destaque para a atuação parlamentar de S. Exa. priorizando o combate à fome, à miséria e à inflação.

Autor
Alexandre Silveira (PSD - Partido Social Democrático/MG)
Nome completo: Alexandre Silveira de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atuação do Senado Federal:
  • Discurso de posse de S. Exa. como Senador, primeiro Suplente do Senador António Anastasia, do Estado de Minas Gerais (MG). Destaque para a atuação parlamentar de S. Exa. priorizando o combate à fome, à miséria e à inflação.
Publicação
Publicação no DSF de 03/02/2022 - Página 22
Assunto
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Senado Federal
Indexação
  • DISCURSO, POSSE, SENADOR, ALEXANDRE SILVEIRA, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG).
  • DESTAQUE, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, COMBATE, FOME, INFLAÇÃO, MISERIA, PANDEMIA, NOVO CORONAVIRUS (COVID-19), ORÇAMENTO, DIVIDA PUBLICA.

    O SR. ALEXANDRE SILVEIRA (PSD - MG. Para discursar.) – Brasileiras e brasileiros; meus conterrâneos de Minas Gerais; Sr. Presidente do Senado Federal, Senador Rodrigo Pacheco; Sr. Prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil; Sr. Presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Agostinho Patrus; Sra. Ministra Flávia Arruda; Sra. Ministra Tereza Cristina; Srs. Ministros Rogério Marinho e Tarcísio de Freitas; Sras. Deputadas e Srs. Deputados; Sras. Prefeitas e Srs. Prefeitos; Sras. Senadoras e Srs. Senadores; boa noite!

    Todos reconhecem a importância e a imensa responsabilidade de assumir o cargo de Senador da República Federativa do Brasil; mais relevante se torna para um servidor de carreira que ora chega até aqui.

    Sou alguém que escolheu dedicar sua vida ao serviço público. Estudei em escola pública, comecei a trabalhar aos 14 anos, nada diferente da grande maioria dos brasileiros. Vivi, de perto, as agruras e dificuldades dos que, sem privilégios, começam a vida no chão de fábrica.

    Como servidor de carreira da segurança pública de meu estado, fiz o juramento de defender a sociedade e os cidadãos contra toda e qualquer ameaça, arriscando, muitas vezes, a própria vida.

    Não distante da honra de me tornar Senador da República, destaco a lucidez da responsabilidade e do desafio que é me juntar a homens e mulheres tão preparados na Casa Alta do Legislativo federal brasileiro.

    Comprometo-me, de forma inarredável, a lutar para construir uma sociedade mais justa, unida, sólida e fraterna, por meio do diálogo e da conciliação, que deve orientar a democracia e a convivência civilizada.

    Poderia, nessa primeira oportunidade na tribuna do Senado, discorrer sobre a minha história, mas o tempo urge e a verdadeira prioridade salta aos olhos. Eu me junto a meus pares nesta Casa na busca de soluções para os graves problemas, principalmente econômicos e sociais, que vivemos no Brasil, que acarretam a assustadora volta da inflação, do desemprego, da fome, da miséria que já assola nossa gente.

    Assumo o cargo de Senador da República em uma fase de muita maturidade, consciente e já despido do desejo de acumular títulos e honrarias. O meu propósito é colaborar – repito – para resolver o grave problema da inflação, da fome e da miséria. É preciso, antes de tudo, reconhecer: o nosso Brasil adoeceu e empobreceu. É uma realidade que não podemos aceitar. Fome, miséria e dor não têm partido. Não é verde, vermelho ou amarelo; é sofrimento. Esse tema, tenho certeza, sensibiliza a todos nós. Só a união de todos – independentes, oposição e situação – poderá salvar este país da vergonha de voltar ao mapa da fome.

    A gravidade da pandemia do covid-19 e suas consequências exigem de todos nós trabalho, criatividade, esforço e coragem. Não posso deixar de registrar: uma doença grave se combate e exige um remédio amargo. Não são ações ortodoxas e conservadoras na economia que resolverão os problemas do Brasil. Não se cura câncer com placebo. Sugiro à economia chamar o mercado, apresentar a ele a covid, apresentar a ele a fome, os buracos nas rodovias, as crianças fora das escolas, as filas dos hospitais, a dor das famílias mais carentes deste imenso país, e dizer: precisamos de investimentos para evitar o caos.

    Não quero ser simplista. Todos sabemos a complexidade dessa equação. Mas não posso engolir utilizarmos mais de 50% do Orçamento em um momento, diga-se, atípico em que vivemos no mundo para rolagem e juros da dívida. De janeiro a novembro do ano passado, os gastos com pagamento dos juros da dívida – só de juros – correspondem a R$394 bilhões. São cerca de R$1,2 bilhão por dia, apenas para pagamento de juros da dívida. A inflação alta colabora para o aumento do PIB nominal e reduz a dívida/PIB, mas o aumento dos juros, em seguida, corrói os ganhos temporários.

    Há mais de dois anos, ouço falar na tal "recuperação em V", na estabilidade do dólar e no equilíbrio fiscal como fonte geradora de justiça social, e onde está o resultado desse discurso? Não dá mais para esperar. Precisamos de ousadia e coragem.

    Não estamos discutindo viagem à Disney. Estamos falando de recorde em produção agrícola, recorde na exportação de proteína, e, em contraponto, o que temos é o quilo de músculo a R$40 e o botijão de gás a R$130. No país que mais produz e exporta comida para o mundo, é inaceitável ver mães de família revirando lixo em busca de restos e ossos para alimentar seus filhos.

    Disse recentemente ao Governo que ele pode contar com este Senador para as pautas prioritárias que interessam ao país, porque o Brasil está sofrendo. Esse apoio não significa submissão ideológica nem assunção a qualquer cargo. Pelo contrário: significará, muitas vezes, apontar o que considero errado em relação às pautas econômica, ambiental e social, não sem valorizar o que está dando certo nas pautas do agronegócio, da infraestrutura e do desenvolvimento regional. Não esperem de mim alinhamento com erro nem críticas aos acertos.

    Reitero: acredito firmemente no poder do diálogo, da moderação, da busca de convergência, independentemente de questões ideológicas e partidárias.

    A polarização política que marcou o Brasil nos últimos dez anos nos fez mal. O meu apelo é para que nos unamos em uma pauta mínima de convergência em favor das pessoas que estão sofrendo.

    Ao longo do meu período nesta Casa, não transigirei na defesa da democracia e da independência dos Poderes. Não há saída aceitável fora dos limites da Constituição. Isso deve ser observado por todos os Poderes.

    Quero reconhecer a importância e reafirmar o meu compromisso com o municipalismo. É nas cidades que a vida das pessoas acontece. É lá que está a necessidade de emprego e renda. São os Prefeitos, Vereadores, secretários municipais e lideranças locais que mais conhecem necessidades e sofrimentos da nossa gente. É por isso que merecem o mais total e irrestrito apoio para cumprir a sua missão. Contem comigo!

    Não quero delongar-me, mas não posso encerrar sem agradecer a muitos que me oportunizaram estar aqui neste momento. À minha família aqui presente, tio Agostinho, meu irmão Tuco, Athos, Paula, Xandinho e Malu, pelo companheirismo, compreensão, afeto, aconchego, renúncia e lealdade. Aos meus colegas das polícias de Minas Gerais, casa que servi durante 22 anos, que tem à frente mulheres e homens valorosos que trabalham incansavelmente pela segurança pública, promoção de direitos e garantias democráticas. Ao meu amigo, Presidente do PSD, Gilberto Kassab, pelo aprendizado político e aconselhamento constante.

    Ao meu Líder Nelsinho Trad e a toda a nossa bancada, o meu compromisso de lealdade e trabalho conjunto.

    Faço menção e homenagem à memória do ex-Vice-Presidente José Alencar, homem de coração generoso, leal e amigo, que honrou a todos nós, meu grande incentivador e responsável pela minha entrada na vida política.

    Agradeço a presença do Prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil. Tem feito um exemplar trabalho à frente da capital dos mineiros. Homem de fala franca e reta, de profunda sensibilidade social e capacidade extraordinária de gestão.

    Minas conta com o senhor, Prefeito! O PSD se orgulha de tê-lo conosco.

    Aos meus sempre colegas Parlamentares das bancadas federal e estadual de Minas, minha profunda gratidão pela amizade, convivência diária e trabalho em favor dos mineiros.

    Minha gratidão e reverência ao Ministro, Senador, amigo, Prof. Antonio Anastasia, fonte de inspiração e exemplo de espírito público. O Brasil o conhece como intelectual brilhante, erudito mestre do Direito Administrativo e genial administrador público. Só aqueles que têm o privilégio de com ele conviver, como eu e as senhoras e os senhores desta Casa, sabem que o senhor é também um extraordinário ser humano, cavalheiro perfeito, alguém que levou a mineiridade à perfeição.

    O Prof. Antonio Anastasia é um mineiro legítimo, que honra e encarna toda a cultura de nosso estado, os nossos mais brilhantes escritores intelectuais, mas também é o perfeito representante daquilo que a mineiridade representa na política: paciência extraordinária para ouvir e dialogar, disposição para o trabalho e humildade de aprender sempre.

    Ele é o amigo que todos querem ter, pessoa que queremos por perto, voz sábia que nos acolhe nos momentos de dúvida.

    A passagem de V. Exa. por esta Casa, Professor, deixa indelével rastro de luz e um legado para toda uma geração de servidores e homens públicos.

    Agradeço também ao meu amigo Presidente Rodrigo Pacheco, que tem conduzido esta Casa com mão firme, porém serena; alguém que, em momento tão crítico da vida brasileira, se consolida como uma das várias referências do país. São muitos anos de convivência, nunca de forma tão intensa como no último ano, no qual me tornei ainda mais admirador do ser humano virtuoso, amigo leal, do companheiro de todas as horas e dos mais diversos assuntos. Ele é aquele disposto a ouvir sempre, que, com abnegação, dedica seu tempo e esforço para ajudar; que se esmera em construir, com sabedoria, sempre a melhor solução. Quem com ele convive conhece a sua elegância e cortesia. Nunca vi S. Exa. num gesto ou numa palavra sequer de menosprezo a qualquer pessoa. Na sua alma não há fresta para maldade ou rancor. Por todas essas características, Rodrigo é hoje uma luz no fim do túnel; um líder que nos aponta um caminho para escapar da mentalidade estreita do confronto e da polarização estéril; alguém que dignifica o país com seu espírito público, trabalho diuturno e visão de estadista. O Brasil não pode prescindir da inteligência e da capacidade de V. Exa., Presidente Rodrigo.

    Meu amor e gratidão eternos à minha maior referência, minha avó Irene, que, com o seu jeito simples, legou-me os maiores exemplos: amor pelo próximo, empatia e altruísmo. Superou as dificuldades criando com amor e dedicação 12 filhos, sendo seis Marias. À minha mãe, filha caçula, coube o nome de Maria da Conceição Aparecida.

    Quando partiu, aos 94 anos, minha avó deixou essa semente em 69 netos e 106 bisnetos, dois deles aqui: o Xandinho e a Malu.

    Não passo um dia sequer sem rogar a ela que ilumine meus passos no caminho da justiça e da virtude.

    Por fim, o registro de meu compromisso com as mineiras e os mineiros. É um privilégio representar nosso Estado.

    Sob a bandeira de Minas, está a pujança da indústria do Sul, o vigor do agronegócio do Triângulo e Alto Paranaíba, a tremenda força da inventividade tecnológica da região metropolitana e da Zona da Mata, a acolhida e a força do trabalho do Vale do Rio Doce e Vale do Aço. Mas também estão os desafios do Vale do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas, riquíssimos de cultura, mas constantemente ameaçados pela seca e pela pobreza.

    Sob a bandeira, há muitos sotaques.

    Somos a síntese do Brasil.

    Temos todas as cores, uma diversidade que resume nosso multifacetado mosaico brasileiro.

    Trago em mim todo o legado da história de Minas, dos brasileiros do meu Estado, que dedicaram suas vidas a servir o Brasil, levando a boa política ao seu mais alto nível. A todos vocês, mineiras e mineiros, quero retribuir cada palavra de estímulo e de confiança com muito trabalho.

    A despeito de todos os desafios, acredito muito no Brasil, no valor das nossas riquezas naturais, na potencialidade energética, na vocação para alimentar o mundo, Ministra Tereza.

    E, principalmente, acredito fortemente no sonho e na disposição da nossa gente.

    É por isso que reafirmo aqui o meu compromisso: Trabalho, trabalho e mais trabalho, a favor de Minas e do Brasil.

    Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/02/2022 - Página 22