Pronunciamento de Jaques Wagner em 10/02/2022
Discurso proferido da Presidência durante a 4ª Sessão Especial, no Senado Federal
Sessão Especial destinada a homenagear e relembrar as vítimas do Holocausto e realizar a cerimônia do Yom HaShoá,”Dia da Lembrança do Holocausto”.
- Autor
- Jaques Wagner (PT - Partido dos Trabalhadores/BA)
- Nome completo: Jaques Wagner
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso proferido da Presidência
- Resumo por assunto
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Direitos Humanos e Minorias,
Homenagem:
- Sessão Especial destinada a homenagear e relembrar as vítimas do Holocausto e realizar a cerimônia do Yom HaShoá,”Dia da Lembrança do Holocausto”.
- Publicação
- Publicação no DSF de 11/02/2022 - Página 20
- Assuntos
- Política Social > Proteção Social > Direitos Humanos e Minorias
- Honorífico > Homenagem
- Matérias referenciadas
- Indexação
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- SESSÃO ESPECIAL, DESTINAÇÃO, HOMENAGEM, VITIMA, HOLOCAUSTO, REALIZAÇÃO, CERIMONIA, JUDAISMO.
O SR. PRESIDENTE (Jaques Wagner. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - BA. Para discursar - Presidente.) – Obrigado, Senador Flávio Arns, pelas suas palavras. Eu quero me somar a elas. Eu concordo com V. Exa. O que estamos discutindo aqui não diz respeito às nossas opções político-partidárias, é algo anterior a isso. Na verdade, nós estamos reunidos aqui para defender a vida, para defender a pluralidade, para defender a convivência dos diferentes, que é a grande arte da democracia.
O que nós queremos é que as imagens que nós vimos no filme da ONU ou os relatos feitos sirvam para as novas gerações não tolerarem a intolerância. Na verdade, nós não podemos tolerar a intolerância porque ela é a semente da erva daninha que produziu esse maior crime humanitário da história da humanidade. É, às vezes, inconcebível, mas nós estávamos falando de um povo e de uma nação desenvolvida como a Alemanha, que consegue ser sequestrada por um pensamento absurdo de raça superior. E, como V. Exa. colocou, a faceta talvez mais cruel a que esse povo foi levado foi exatamente a morte de 250 mil deficientes que estavam acolhidos em instituições. Imagine a que ponto chega o sadismo de algumas pessoas: exterminar os que têm algum tipo de deficiência por serem seres inferiores.
Então, eu acho que V. Exa. coloca muito bem: nós estamos num ano de escolhas. E aí eu não defenderei o partido A, B ou C, mas eu concordo que deveria haver um pré-requisito nas nossas escolhas. Nós não podemos admitir na vida pública brasileira os intolerantes, aqueles que pregam qualquer tipo de discriminação à opção individual de cada um de nós: religiosa, política, sexual, qualquer uma delas – e nós estamos vendo isso. Além do absurdo que a citação do radialista, do jornalista, do influenciador dessa semana parece nos dizer – é preciso fazer muitas sessões como esta, porque ainda existem alguns que pregam –, há o assassinato do congolês no Rio de Janeiro, numa área nobre do Rio de Janeiro, seguramente por acharem que é um ser inferior porque é um imigrante, porque é um negro que foi reclamar seu dia de trabalho.
Então, eu concordo com V. Exa. e, na verdade, a ideia de fazer esta sessão é exatamente esta: talvez mais do que lembrar, é educar, plantar a semente da convivência, o que é tão bonito na democracia. Eu, graças a Deus, a minha vida inteira – talvez tenha aprendido isso com minha mãe; talvez com ela, porque teve que fugir da Polônia por conta dos horrores nazistas –, soube que não há nada melhor do que buscar a conciliação entre os diferentes. Sempre haverá um ponto em comum onde a gente possa caminhar. Sempre haverá um interesse em comum onde a gente possa caminhar na sociedade democrática.
Então, eu quero agradecer a V. Exa. as palavras e dizer que o objetivo da sessão é exatamente este: refletirmos um pouco. Como V. Exa. citou, é um ano de escolhas: escolham o partido que quiserem, mas não escolham a intolerância como seu partido. Vamos ser do partido dos tolerantes, dos que respeitam a diversidade.
Antes do encerramento desta sessão, já que não há outros Senadores inscritos, eu peço que... (Pausa.)
Senadora Leila, V. Exa. pediu a palavra? (Pausa.)
Perdão, não a havia visto.
Então, com a palavra a Senadora Leila, Senadora pelo Distrito Federal.