Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão Solene destinada a comemorar o Dia Internacional da Mulher.

Autor
Rose de Freitas (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Rosilda de Freitas
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Data Comemorativa, Homenagem, Mulheres:
  • Sessão Solene destinada a comemorar o Dia Internacional da Mulher.
Publicação
Publicação no DCN de 10/03/2022 - Página 23
Assuntos
Honorífico > Data Comemorativa
Honorífico > Homenagem
Política Social > Proteção Social > Mulheres
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MULHER.
  • DEFESA, AUMENTO, PARTICIPAÇÃO, MULHER, POLITICA, DIREITOS POLITICOS, VOTO.
  • COMENTARIO, ATUAÇÃO, MULHER, SOCIEDADE, EQUIDADE.

    A SRA. ROSE DE FREITAS (Bloco/MDB - ES. Para discursar. Sem revisão da oradora. Por videoconferência.) – Bom dia a todos.

    Desculpe, Senadora Eliziane, mas aqui eu ativava e não se abria o som. Peço desculpa a todos.

    Primeiro, eu queria saudar todos que estão nesta sessão. Depois de 40 anos no Parlamento, Eliziane, nós aprendemos a conviver com todas as fases da nossa luta, como se cada dia fosse uma conquista nova. Como é importante olhar a Dra. Margareth Dalcolmo, uma cientista aqui nesta sessão, estar de novo com Marina, estar com a Moema aqui ao nosso lado! Fui Constituinte como ela. Quero dizer que a gente olha tudo isso com muita satisfação pelo desenvolver dessa luta, que ainda, demoradamente, nos mostra um resultado que consideramos pequeno diante da necessidade de aumentar a participação da mulher.

    Eu só queria, ouvindo várias companheiras falarem, representantes da sociedade organizada, representantes dos setores profissionais, dizer o seguinte: nós não estamos distraídas. Nós não estamos distraídas nem das palavras que ainda continuam incidindo sobre a vida das mulheres, como o que fizeram agora com as mulheres da Ucrânia, não estamos distraídas com as mãos que frequentam as costas das mulheres dentro das Assembleias Legislativas. Nós estamos atentas. E como é importante saber, Eliziane, que a nossa atenção chama a atenção daqueles que ainda ousam praticar os atos que nós estamos vendo agora.

    No meu Estado, Espírito Santo – eu estou no oitavo mandato –, aumentou a violência contra as mulheres em 54%. Eu sou autora da lei da imprescritibilidade, que dorme na Câmara, lá dentro da Câmara, votada no Senado; não se votou naquela Casa.

    A Eliziane sabe que temos uma pauta – Leila, eu e Simone Tebet estamos nela – de buscar fazer com que os nossos projetos rapidamente sejam votados, e isso não acontece. Nós estamos falando todo dia que nós precisamos de mais mulheres na política. Mas como, se os partidos continuam sem dar força às mulheres? Não é verdade que os partidos incentivam as mulheres. Agora, que sabem que têm uma cota de 30% a cumprir, eles põem os nomes das mulheres e nem procuram saber quais as condições para exercitar uma campanha eleitoral, em que rapidamente é formada uma chapa masculina, que desempenham com muita propriedade e domínio.

    Então, eu gostaria de dizer aqui – primeiro saudando as mulheres e cumprimentando todas as mulheres que estão na luta – que, outro dia, fizemos uma sessão lembrando que 90 anos atrás conquistamos o direito ao voto, esse direito ao voto. Saímos das calçadas. As mulheres ficavam nas calçadas, esperando seu pai, seu irmão, seu marido votar, e elas, silenciosamente, acompanhavam essa cena. Hoje elas votam. Hoje também estão sendo votadas. Elas são escolhidas para participar da luta injusta contra discriminação, escolhidas para votar e ocupar parcelas importantes de poder na sociedade. Mas são mulheres que eu acabei citar. Estudaram para tudo isso, enfrentaram os seus desafios. Com sua coragem, mostraram que exigiam respeito. Exigiam que olhassem também para os seus valores e a sua competência.

    Então, o que eu queria dizer a todas as mulheres que nos ouvem; às que lutaram; às que venceram; às que lutam e estão vencendo agora, enquanto estamos discursando; às outras mulheres que estão na batalha, na caminhada, cheias de coragem para enfrentar os desafios? Eu quero deixar aqui a nossa homenagem. Não é apenas na data de 8 de março, sabe, Eliziane? Quero homenagear todas aquelas mulheres que todos os dias, com a mesma fé, com a mesma coragem, participam das lutas sociais deste país, das lutas políticas e da luta econômica. Não se pode ignorar a força do trabalho da mulher na sociedade brasileira e não se pode ignorar o tanto que ela luta pelo seu estado e pelo seu país.

    Hoje votamos, precisamos aumentar as mulheres votadas para que elas se sentem no lugar que amanhã eu deixarei e em outros lugares que se abrirão, vagas de homens. Não é contra os homens, não é contra os homens, é a favor de uma sociedade mais justa e mais igualitária. E luta pela igualdade nós conhecemos.

    Eu queria deixar um abraço a todos. Ver Marina de volta é uma grande alegria, viu, Marina? Você é precursora dessa nossa luta e lá, na Constituinte, nós tivemos a oportunidade de escrever alguns... Falando para Marina, no capítulo da titularidade da terra, quando o homem morria, a mulher pegava a sua trouxinha, com seu cinto na mão e tinha que ir embora, porque ela não tinha direito àquele pedaço de terra. De lá para cá mudamos muito, não é? O crime de honra acabou. O homem tinha direito de matar uma mulher se ele sentisse atingida sua honra. Tudo isso mudou. Mas, no longo tempo que estamos percorrendo, séculos de desigualdade, eu quero dizer que precisamos de mais, mais mulheres na política para poder tomar as decisões certas, justas, para melhorar este país.

    Muito obrigada a todas. A minha homenagem a você, Marina, na pessoa de todos as outras mulheres que aí estão.

    Muito obrigada!


Este texto não substitui o publicado no DCN de 10/03/2022 - Página 23