Discurso durante a 22ª Sessão de Premiações e Condecorações, no Senado Federal

Sessão de Premiações e Condecorações destinada à entrega do Diploma Bertha Lutz às agraciadas, em comemoração aos 20 anos do Prêmio. Homenagem à Sra. Inês Santiago.

Autor
Simone Tebet (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Simone Nassar Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Homenagem, Mulheres:
  • Sessão de Premiações e Condecorações destinada à entrega do Diploma Bertha Lutz às agraciadas, em comemoração aos 20 anos do Prêmio. Homenagem à Sra. Inês Santiago.
Publicação
Publicação no DSF de 24/03/2022 - Página 36
Assuntos
Honorífico > Homenagem
Política Social > Proteção Social > Mulheres
Indexação
  • SESSÃO DE PREMIAÇÕES E CONDECORAÇÕES, ENTREGA, DIPLOMA, BERTHA LUTZ, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PREMIO, DESTINAÇÃO, ATIVIDADE, FAVORECIMENTO, EQUIDADE, GENERO, MULHER.
  • DESTAQUE, ATUAÇÃO, MULHER, TECNICO DE ENFERMAGEM, VACINAÇÃO, PROFESSOR, EDUCAÇÃO, SENADOR, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PANDEMIA, NOVO CORONAVIRUS (COVID-19).
  • HOMENAGEM, MULHER, DIRIGENTE, ENTIDADE, REPRESENTAÇÃO, EMPRESA, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS).

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS. Para discursar.) – Obrigada, Sra. Presidente. Tenho a responsabilidade de falar como última oradora em nome das minhas colegas Senadoras e colegas Senadores. Na sua pessoa, eu cumprimento todas as queridas amigas que se fazem aqui presentes e também as nossas queridas homenageadas.

    É bom sempre lembrar que nós ficamos dois anos sem esta festa – não é, Soraya? –, dois anos esperando poder ter a honra de homenagear mulheres as quais nós representamos.

    Hoje, eu estava vendo vocês sentadas aqui e falei: "Esta cadeira é de vocês". Nós apenas sentamos representando vocês, podendo falar em nome de vocês, em nome das milhões de mulheres anônimas deste Brasil. Então, ver a mulher brasileira aqui representada por cada uma de vocês não só transforma esta sessão em uma sessão solene, mas transforma esta Casa na verdadeira Casa da população e da mulher brasileira.

    Ao render as minhas homenagens a todas vocês não só pela história de luta, mas pelo espelho que são, eu preciso lembrá-las que esses dois anos não foram por acaso: eles vêm para reforçar o papel da força da mulher brasileira. Não foram dois anos simples, foram dois anos muito difíceis, mas foram dois anos que colocaram a mulher no centro do debate, da discussão e do protagonismo. No momento em que o Brasil mais precisou, quando a vida estava por um fio, quando nós tivemos que perder nossos entes queridos, filhos, pais, amigos, foi a mulher que colocou vacina no braço do povo brasileiro, através dos técnicos de enfermagem e enfermeiros majoritariamente femininos nos hospitais deste país. Foram as mulheres, nas salas de aula, como professoras, Jocilene, como professora que eu sou, que tiveram que se redobrar e se reinventar, aprender como fazer no virtual, aprender a chamar a atenção das nossas crianças, para que elas não perdessem ainda mais com os dois anos no aprendizado. Foram as mulheres que foram lá às favelas, às comunidades atender, levar cesta básica a quem mais precisa.

    E foram as mulheres da Bancada Feminina que fizeram a diferença na CPI da Pandemia para mostrar que hoje nós temos um Governo não só incompetente, mas insensível, que não teve a capacidade de olhar a gravidade do momento. Independentemente de coloração partidária, estávamos todas lá, da oposição ou da situação, sem holofotes, sem preocupação com televisão, fazendo aquilo que era nossa obrigação. E eu rendo a minha homenagem aqui, falando da minha grata satisfação de ver a imparcialidade e o comprometimento das Senadoras, na pessoa de uma Senadora que era da bancada de sustentação, mas que teve a capacidade de olhar pelas mulheres e pelo Brasil acima de um projeto político, que é a Senadora Soraya, minha amiga, minha aluna na faculdade, que hoje homenageou e homenageia uma ex-aluna minha também, a Ana. Como é bom vermos os alunos suplantarem os mestres, como é bom ver Ana brilhar muito mais do que eu tive oportunidade de fazer como advogada!

    A minha palavra hoje é de homenagem a todas as mulheres que nós representamos.

    Eu acho que nós, nesses dois anos, mudamos no vocabulário, no dicionário português o que é a palavra "feminino". Feminino não é símbolo de fragilidade, como todos pensam, mas é, sim, símbolo de sensibilidade. Nós mulheres somos mais sensíveis e, por isso, temos um amor mais incondicional pelo país, pelos nossos filhos e pelos filhos de todas as mães. E é essa sensibilidade e é esse amor que fazem com que cada uma de vocês, na profissão que vocês abraçam ou abraçaram, procurem transformar. Vocês transformam o ambiente em que vocês convivem!

    Eu trago aqui uma homenageada não por ela, mas pelo que ela representa. Inês Santiago, aos dez anos de idade, teve que vender limão, porque os seus pais achavam que mulher não precisava estudar, e ela queria estudar e bancou os estudos vendendo limão no interior do interior deste país, no meu querido Mato Grosso do Sul. Ela se formou advogada pós-graduada e depois virou uma empreendedora, mas ela não está aqui por ser uma comerciante de sucesso. Ela está aqui, porque ela foi a primeira mulher à frente da comissão de comércio de dirigentes lojistas e não se contentou em ser a primeira mulher. O que ela fez, Senadora, minha querida Presidente e Líder, nossa Líder da Bancada Feminina? Ela estimulou e estimula todos os dias que mulheres sejam empreendedoras, que mulheres sejam bem-sucedidas.

    Eu encerro as minhas palavras aqui para dizer da importância da mulher empreendedora. A mulher empreendedora, a mulher empreendedora é aquela que tem autossuficiência, autoestima e o...

(Soa a campainha.)

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) – ... poder – já encerro – econômico necessário não só para sustentar a sua família, mas principalmente para romper o ciclo de violência dentro de casa.

    Uma em cada três mulheres neste país sofreu, sofre ou sofrerá algum tipo de violência. Ela não escolhe classes, mas as mais favorecidas sofrem menos feminicídio, porque elas rompem mais rapidamente o ciclo de violência por ter para onde ir – ou ela expulsa o companheiro ou ela sai de casa, ela tem para onde ir com os filhos. A mulher sofre violência em qualquer ambiente, independentemente de ser rico ou pobre, mas a mulher mais humilde é aquela que é assassinada, porque começa com um tapa na cara, depois vem um empurrão, vem uma violência psicológica, vem a violência sexual, às vezes até um estupro por parte do companheiro, e ela não consegue romper o ciclo da violência e é assassinada.

    É por isso que você está aqui, Inês, não só por você, mas pelo que você representa, porque nós do Parlamento temos que aprovar projetos...

(Soa a campainha.)

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) – ... estimulando um grande planejamento em que todas as mulheres brasileiras tenham capacidade de serem empreendedoras para que elas possam ser autossuficientes e ser donas da sua própria vida.

    Encerro, Sra. Presidente, não sem antes dizer algo que aprendi nessa minha última ida a Minas Gerais, fazendo aqui também homenagem ao Presidente do Senado, que permitiu esta sessão. E que vocês possam espalhar, pois tudo que eu aprendo eu procuro espalhar e copio, porque os bons exemplos têm que ser copiados. Numa fala de um evento que fizemos com as mulheres do meu partido, o MDB, uma delegada pediu a palavra – e eu vim com esta cor por isso – e disse assim: "Sabem por que a cor rosa é a cor da mulher, embora homem possa usar rosa e menina possa usar azul, sim? Porque, nos momentos mais difíceis, nos momentos de treva, de guerra, diante do sangue do seu filho ou do seu companheiro, a mulher levava um pano branco...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) – ... com o vermelho da guerra e da morte. Ele foi mudado com o branco da paz do lenço de uma mulher". É essa a cor que nós temos, com a capacidade de levarmos pureza, a capacidade de levarmos paz. E aí eu complemento, utilizando as palavras de Senadora Zenaide: Madalena também enxugou as chagas de Cristo com o manto branco. É por isso que o rosa, de alguma forma, representa tudo que nós queremos, toda cor, todo brilho e toda luz que nós queremos que se espalhe especialmente neste momento de guerra não só para o Brasil, mas também para o mundo.

    Que nós façamos uma oração pedindo a Deus que o mundo tenha paz, em nome dos milhões de famintos que hoje são considerados miseráveis por conta desta crise política que está virando uma crise econômica. E poderá vir uma crise sem precedentes de falta de alimentos e de fome no Brasil e no mundo.

    Muito obrigada. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/03/2022 - Página 36