Interpelação a convidado durante a 24ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal

Sessão de Debates Temáticos destinada a discutir as causas, a situação e os efeitos da Guerra entre Rússia e Ucrânia e suas consequências para a economia.

Autor
Rose de Freitas (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Rosilda de Freitas
Casa
Senado Federal
Tipo
Interpelação a convidado
Resumo por assunto
Assuntos Internacionais, Conflito Bélico, Economia e Desenvolvimento:
  • Sessão de Debates Temáticos destinada a discutir as causas, a situação e os efeitos da Guerra entre Rússia e Ucrânia e suas consequências para a economia.
Publicação
Publicação no DSF de 25/03/2022 - Página 21
Assuntos
Outros > Assuntos Internacionais
Outros > Conflito Bélico
Economia e Desenvolvimento
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, DESTINAÇÃO, DISCUSSÃO, MOTIVO, RESULTADO, GUERRA, RUSSIA, UCRANIA, EFEITO, SITUAÇÃO, ECONOMIA, INTERPELAÇÃO, CONVIDADO, MINISTRO DE ESTADO, CHANCELER, ITAMARATI (MRE), CARLOS FRANÇA, RELAÇÕES INTERNACIONAIS, DEPENDENCIA, FERTILIZANTE, AGRICULTURA, AGRONEGOCIO, EXPORTAÇÃO, GAS NATURAL, PETROLEO, COMBUSTIVEL, CAPACIDADE, EXPANSÃO, COMERCIO EXTERIOR.

    A SRA. ROSE DE FREITAS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - ES. Para interpelar convidado.) – Eu gostaria de saudar a todos, agradecer a presença aqui nesta sessão importantíssima do Chanceler, do Secretário Especial da Secretaria Especial do Comércio Exterior, da nossa competente Ministra, que está conosco, e falar que esse requerimento foi mais do que uma oportunidade para o debate, foi uma reflexão que o Brasil precisa fazer oportunamente para debater assuntos que parecem tão distantes da nossa realidade, mas aqui recebemos as consequências das atitudes e atos que são formados em blocos de partido ou individualmente, que se refletem profundamente no nosso país e na nossa economia. É evidente que os tempos são difíceis, eu não preciso falar sobre isso, mas, observando, em primeiro lugar, o que foi dito pela Ministra da Agricultura... Eu sou de um estado em que 95% dele vivem da agricultura sobretudo, inclusive familiar, e fiquei um pouco angustiada quando V. Exa. competentemente discorreu sobre a situação do Brasil frente à guerra da Ucrânia e da Rússia e sobre as consequências funestas que estão se apresentando diante do Brasil. Eu poderia falar sobre tudo, a questão dos combustíveis, da inflação brasileira, falar do cenário todo que nós estamos vivendo, mas eu queria ir direto às perguntas a V. Exa.

    V. Exa. falou que, por enquanto, o Brasil não... Foi a primeira fala de V. Exa., quando disse que o Brasil ainda não está sofrendo as consequências desta guerra, em cima, sobretudo, dos fertilizantes – somos dependentes da importação de fertilizantes. E V. Exa. fala que, por enquanto, tudo bem. Eu gostaria de saber: por enquanto tudo bem, e daqui a pouco não tudo bem... Quais são as principais atitudes, conversas que V. Exa. está tendo para discutir a questão do abastecimento de fertilizantes no Brasil? Isso diz respeito não só ao dia a dia do meu estado, mas do Brasil, não é? Falar que pode faltar comida na mesa e pode desaquecer esse setor fundamental para o Brasil nos deixa sobremaneira preocupados. A compra de alimentos, como é que vai ocorrer? E quais são os contatos que V. Exa. manteve até hoje com outros países para que possamos dizer: "Estamos conversando aqui e ali e poderemos ter uma previsão de que não ficaremos sem os fertilizantes" – haja vista a nossa condição de dependência dos fertilizantes? Não vou falar aqui que no passado... Eu já disse a V. Exa. ali do quanto eu me ressinto, no oitavo mandato, da falta de planejamento do Brasil para superar suas dificuldades, tendo a dependência que nós temos, principalmente – falando de agricultura –, dos nossos fertilizantes.

    A outra questão que eu gostaria de perguntar é se V. Exa., diante desse quadro de agora, pretende também – e isso me interessa profundamente – implantar uma discussão dentro do Governo, ainda que seja residual, para nós não passarmos no futuro, com todas as possibilidades que temos, o que estamos passando agora. Nós não temos um planejamento estratégico para ter uma planta das fábricas de fertilizantes, tão necessários para o Brasil, que produz tanta alimentação.

    A questão que eu gostaria de perguntar para o nosso... Quero parabenizar V. Exa., viu? Sem sombra de dúvida, o nosso Chanceler está marcando uma nova etapa nessas relações exteriores e mostrando o Brasil com nova capacidade de dialogar e, sobretudo, refletindo junto com o Brasil as atitudes que V. Exa. tem tomado – e sobretudo me chamou a atenção a questão dos ucranianos e dos brasileiros que viviam na Ucrânia. Quero dizer a V. Exa. que conforta saber que temos alguém à frente do Ministério de Relações Exteriores com a sensibilidade e com o olhar tão atento como V. Exa. tem.

    É uma nova etapa; sofremos muito há pouco tempo e agora vivemos num mundo em que, então, temos com quem dialogar. Então, eu particularmente, como autora do requerimento, sinto-me aqui, ao lado dos meus colegas, contemplada com a sua presença, a sua disposição de dialogar e mostrar o que o Brasil está fazendo nessa quadra tão difícil desta guerra.

    Mesmo que nós não sejamos compradores dos russos, não é possível a gente esquecer, já que estamos aqui nesse debate, que a Rússia é o principal exportador e o segundo maior produtor de gás natural do mundo, bem como o terceiro maior exportador de petróleo. Isso tem um impacto evidente. Nós estamos aqui na sala, na antessala de uma crise enorme de abastecimento, sobretudo na questão dos preços que estão sendo praticados no mercado internacional.

    Não vou falar mais da mais da fragilidade – fragilidade é uma palavra muito sutil, viu, Ministra? – da questão da importação dos fertilizantes, mas eu gostaria de falar sobre a necessidade de expandir a nossa capacidade de comércio exterior para fazermos frente ao que nós estamos vivendo agora.

    Qual é, Chanceler, a verdadeira consequência imediata para a questão dos combustíveis que V. Exa. pode enfocar a partir do seu trabalho nas Relações Exteriores? E eu diria, assim, que na questão de falar, de enfocar, como V. Exa. fez, o início do Plano Safra – e agora tão perto se avizinha a questão do plantio em terras brasileiras, nas pequenas terras dos pobres agricultores brasileiros –, se V. Exa. pode também dizer que, pari passu com a Ministra da Agricultura, conseguem projetar atitudes conjuntas que podem nos colocar diante de um quadro melhor, de uma perspectiva melhor. Hoje quem está preparando sua terra para plantar tem medo. Hoje o preço dos combustíveis, mesmo com todas as atitudes tomadas, nos causa muita inquietação, e é uma cadeia de repercussão que pode levar o Brasil a ficar num caos de abastecimento muito grave. Eu queria ouvi-lo dizer se há uma ação conjunta entre a Agricultura e a o seu ministério, dialogando com outros países, para que a gente possa minimizar o impacto de todas as consequências dessa guerra sobre o Brasil.

    Eu queria também falar que eu li uma notícia sobre o risco de greve em ferrovia canadense e outras consequências de atitudes que estão sendo tomadas. Há pouco o senhor disse que não está de acordo com as sanções que, individualmente ou em bloco, são adotadas. Mas, além disso, o que poderia ser feito, a não ser as sanções, para que o Brasil não se sentisse só na ponta sofrendo as consequências de tudo que essa guerra avizinha? Nós temos dependência de vários insumos e por aí afora, mas não sabemos se tudo depende apenas de uma reação da parte da Agricultura ou se V. Exa. pode, numa atitude de antecedência e reflexão, juntar-nos no pragmatismo que precisa a Ministra da Agricultura adotar para que a gente não sofra tão arduamente as consequências que nós estamos vendo acontecer.

    Portanto, eu queria só fazer essas reflexões. A vinda dos senhores aqui nos põe de frente para o Brasil para responder àquilo que visivelmente o Presidente já apresentou. A minha rede social está invadida por perguntas de associações, sindicatos; todos querem saber. Pronto, a guerra está aí. Ela é tão distante, como diz a Ministra, mas as consequências dela estão postas para o mundo, e nos interessa dizer das consequências para o Brasil e do que pode realmente ser feito, em conjunto com a diplomacia e o pragmatismo do planejamento necessário nessa área tão importante para o Brasil, que é a agricultura. Enfim, falamos de abastecimento, comida na mesa, plantio, produção, evidentemente emprego e política agrícola necessária para o Brasil.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/03/2022 - Página 21