Discurso durante a 32ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.

Autor
Mara Gabrilli (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SP)
Nome completo: Mara Cristina Gabrilli
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Data Comemorativa, Pessoas com Deficiência, Saúde:
  • Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.
Publicação
Publicação no DSF de 09/04/2022 - Página 9
Assuntos
Honorífico > Data Comemorativa
Política Social > Proteção Social > Pessoas com Deficiência
Política Social > Saúde
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, DEBATE, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, CONSCIENTIZAÇÃO, AUTISMO, PESSOA COM DEFICIENCIA.
  • DESTAQUE, GARANTIA, DIREITOS, PESSOAS, AUTISMO, SAUDE, ASSISTENCIA MEDICA, TRANSPORTE, MERCADO DE TRABALHO, ATUAÇÃO, RELATOR, PROJETO DE LEI, POLITICA NACIONAL, PROTEÇÃO, AUXILIO, FAMILIA.

    A SRA. MARA GABRILLI (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSDB - SP. Para discursar.) – Bom dia a todas e todos.

    Eu queria cumprimentar o Senador Izalci, meu Líder, por promover esta sessão especial de debates em atenção ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, que é celebrado em 2 de abril. Eu quero cumprimentar e agradecer a presença de todos os convidados, vou fazer isso nas pessoas dos bravos guerreiros Fernando Cotta e Adriana Zink, porque é muito bom estar com todos vocês.

    O dia 2 é uma oportunidade de a gente relembrar questões das pessoas com autismo, que ainda são tão desassistidas no nosso país, e pensar na garantia dos direitos dessas pessoas. A gente teve expressivos avanços, Izalci, olhando para trás, que foram conquistados pela sociedade, por iniciativa das próprias pessoas com autismo e de suas famílias. Se hoje a gente tem uma lei, foi porque os pais das pessoas com autismo resolveram procurar por seus direitos. Então, a gente teve uma lei que foi uma resposta ao pedido da sociedade. Eles lutaram e ainda lutam muito para poder proporcionar melhorias na assistência à saúde, na inclusão educacional, no acesso ao transporte.

    Quero cumprimentar o Senador Flávio Arns, que está aqui, nosso companheiro de tantas lutas, e lembrar, Senador Flávio, que a gente ainda luta por acesso ao transporte, ao trabalho. Oferecer equidade e igualdade de oportunidades para esse público é o mínimo que nos cabe.

    Eu tive a honra de ser a Relatora, na Câmara dos Deputados, do projeto de lei, aprovado em 2012, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Para mim foi uma das experiências mais enriquecedoras que eu já tive como legisladora. Eu aprendi demais com as pessoas com autismo, principalmente com suas mães, que são verdadeiras guerreiras e têm todo o mérito por terem tirado as pessoas com autismo da invisibilidade. Eu acho que nunca tinha conhecido um segmento tão sofrido, que tinha ouvido tantos "nãos" desde o nascimento de um filho. Foi muito impactante para mim ter sido Relatora dessa lei, porque mudou a minha visão de mundo.

    O mês de abril dos dois últimos anos foi muito atípico por conta da pandemia. A gente não assistiu a todas aquelas caminhadas azuis pelo mundo, àquela onda azul nas ruas, a gente teve que parar com isso, mas continuou trabalhando muito para encontrar humanidade em meio ao caos da pandemia, espalhando informação, inclusive para que os vizinhos fossem mais compreensivos com o confinamento forçado das pessoas com autismo, o que muitas vezes ocasionou surtos, crises. Jamais a gente pode se esquecer da empatia, da solidariedade, da tolerância.

    Eu quero reassumir aqui o meu compromisso, Izalci, para ajudar a avançar nas políticas públicas e contar com o meu trabalho incessante para que os governos ofereçam suporte aos cuidadores familiares, inclusive de apoio à saúde mental. Esses pais e mães ainda têm pavor de morrer e deixar seus filhos sem nenhum apoio.

    Esses apelos das mães e dos pais foram fruto de uma pesquisa inédita que o Instituto Mara Gabrilli realizou em redes de apoio de todo o país. A gente foi perguntar para as famílias de pessoas com deficiência como elas enfrentaram a pandemia e quais eram as suas necessidades urgentes. E o dado mais encontrado, infelizmente, era apoio financeiro e apoio à saúde mental. A maioria se mantém só com o BPC, o auxílio de um salário mínimo para a pessoa com autismo, que, muitas vezes, é a única renda fixa da família. Essa é uma luta de décadas que nenhum governo aceitou revisar. Seguimos trabalhando para ampliar o critério de renda per capita e, desse modo, garantir a mais pessoas com deficiência uma vida com o mínimo de dignidade.

    Também a gente detectou que a maioria das pessoas necessita do cuidado permanente de um familiar, que precisa sacrificar a vida profissional para os cuidados básicos de seus filhos. Isso é muito comum, não é? Estou vendo até o Fernando Cotta fazendo... Porque é a vivência do pai do autista. E é uma dedicação exclusiva. Por isso, Senador Izalci, a gente tem tentado construir uma proposta de uma política nacional de cuidado bastante ampla e que possa oferecer mais apoio às famílias.

    Para concluir, eu quero expressar minha gratidão por todo o aprendizado que eu tive e ainda tenho com as pessoas com autismo e suas famílias, porque vocês me ensinam todo dia sobre luta, sobre resiliência, sobre cidadania, sobre participação, vocês ensinam sobre amor, sobre coragem. Eu tenho muito orgulho de ter sido Relatora da lei e de ter a oportunidade de seguir lutando ao lado de vocês.

    Muito obrigada mesmo. Obrigada, Senador Izalci, pela oportunidade – eu sempre gosto de estar perto do meu Líder –, e, Senador Flávio Arns, por toda a nossa luta conjunta em prol desse público. Um beijo para vocês e obrigada por estarem aqui hoje.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/04/2022 - Página 9