Pronunciamento de Jorge Kajuru em 18/05/2022
Discurso durante a 54ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Crítica ao Presidente da República, Jair Bolsonaro, por ser defendido pela Advocacia-Geral da União (AGU) em ação anterior à sua investidura como Chefe do Executivo. Crítica à atuação da AGU relacionada ao aplicativo de mensagens Telegram.
- Autor
- Jorge Kajuru (PODEMOS - Podemos/GO)
- Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
Crime Contra a Administração Pública, Improbidade Administrativa e Crime de Responsabilidade,
Governo Federal:
- Crítica ao Presidente da República, Jair Bolsonaro, por ser defendido pela Advocacia-Geral da União (AGU) em ação anterior à sua investidura como Chefe do Executivo. Crítica à atuação da AGU relacionada ao aplicativo de mensagens Telegram.
- Publicação
- Publicação no DSF de 19/05/2022 - Página 28
- Assuntos
- Outros > Crime Contra a Administração Pública, Improbidade Administrativa e Crime de Responsabilidade
- Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
- Indexação
-
- CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, JAIR BOLSONARO, REPRESENTAÇÃO, ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO (AGU), AÇÃO JUDICIAL, IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, ANTERIORIDADE, INVESTIDURA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
- CRITICA, ATUAÇÃO, ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO (AGU), SUSPENSÃO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), EMPRESA, TECNOLOGIA.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - GO. Para discursar.) – Brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências, Presidente, amigo Rodrigo Pacheco, senhoras e senhores, hoje o meu assunto é a ausência de limites entre o público e o privado, uma das características do patrimonialismo, que, segundo muitos estudiosos, talvez seja o maior empecilho ao desenvolvimento político, social e econômico do país.
Esse é um ponto perceptível quando observamos certas ações do atual chefe do Executivo brasileiro, que não se preocupa em disfarçar o quanto coloca o aparelho do Estado a seu serviço pessoal, dos amigos e dos aliados políticos – dane-se qualquer princípio republicano!
O último exemplo se deu na semana passada, quando a Advocacia-Geral da União decidiu representar Walderice Santos da Conceição, conhecida como Wal do Açaí, na ação de improbidade administrativa que ela responde juntamente com o Presidente Jair Bolsonaro. A suspeita é de que a referida senhora teria sido funcionária fantasma no gabinete de Bolsonaro na época em que era ele Deputado Federal.
Pela ação movida pelo Ministério Público Federal, Wal do Açaí se dedicava a cuidar de um imóvel de Jair Messias em Angra dos Reis, litoral do Estado do Rio, sendo remunerada como assessora do então Parlamentar sem dar expediente aqui em Brasília – um descalabro! Como se justifica a AGU defender o Presidente numa ação que envolve fatos anteriores à sua investidura no cargo? Pergunto, ponto de interrogação. Mais grave ainda do que a AGU se transformar numa espécie de AGJ, Advocacia-Geral do Jair, é a instituição assumir a defesa de um personagem sem relação com o poder público, pátria amada! Puro surrealismo, igual ao que vimos há dois meses! Em março, o Supremo Tribunal Federal, através de um de seus Ministros, determinou o bloqueio do Telegram em território brasileiro. A decisão foi criticada pelo Presidente da República e logo a Advocacia-Geral da União entrou em campo para tentar cassar a suspensão. Inimaginável, uma vez que o aplicativo não poderia recorrer por não ter até então representante legal no Brasil. Que papel ridículo cumpriu a AGU ao defender indiretamente uma empresa de origem estrangeira que reiteradamente vinha ignorando determinações da Justiça brasileira, concluindo, posicionamento esse que ficou mais constrangedor quando o Telegram acabou liberado pelo STF, depois de assumir seus equívocos e se comprometer com o atendimento...
(Soa a campainha.)
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - GO) – ... das demandas relacionadas pelo Ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Fecho rapidamente. Para encerrar, só me resta sugerir ao Presidente da República, Jair Bolsonaro, que escancare de vez o seu caráter absolutista, ocupando a cadeia nacional de rádio e TV e repetindo com ênfase a célebre frase atribuída ao rei francês Luís XIV: "O Estado sou eu", repito, "O Estado sou eu".
Agradecidíssimo.